Coração de Soldado escrita por Incrível


Capítulo 40
Capítulo 40 - Quando as coisas esquentam...


Notas iniciais do capítulo

eai, gente?
Cara... Já somamos 131 acompanhamentos, 31 favoritamentos, 6 recomendações e 35 815 visualizações!!!
Bom cap :)

NOTAS FINAIS IMPORTANTES



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/527864/chapter/40

Pov's Leon

Uma semana depois...

Como eu conseguia me meter em confusão na segunda semana em que estava na academia? Talvez eu devesse perguntar isso à Luke, Jhonny e Ethan, pois sem dúvida eu e Jonas eramos inocentes. Tudo bem que todos os acusados de algo dizem isso, mas eu e Jonas não estaríamos sujos de tinta se fossemos culpados.

Enquanto esperava na sala do comandante eu relembrei o que aconteceu:

– Tem só mais uma caixa, Jonas - aviso.

Estávamos descarregando o caminhão que havia acabado de chegar com novos armamentos, na tarde da sexta-feira.

– Estranho, você me disse que aquela era a última caixa - comenta Jonas enquanto caminhávamos de volta ao caminhão - ta precisando de óculos, Vargas?

– Engraçadinho. Vamos levantar - digo segurando a lateral da caixa e ele segurando a outra - um.. dois.. três...

Levantamos a caixa e parecia que aquela estava relativamente leve com relação às outras. Jonas deve ter sentido o mesmo.

– Acho que essa não tem armamento - comenta - Imagina se for uma bomba? - brinca.

– Nem diga isso, cara. Além do mais é a maior burocracia pra algo entrar e sair daqui - digo - chegamos.

Colocamos a caixa o deposito, onde todas as outras caixas tinham sido empilhadas.

– Pronto - digo batendo as mão para tirar a fuligem.

Olhei de relance a caixa, e notei que em sua lateral havia um bilhete. O peguei e li rapidamente.

– Jonas...

– Fala - diz secando o suor da testa com um lenço.

– Aqui diz pra abrir assim que chegar.

– Deve ser algo importante. Vamos abrir e entregamos o que quer que seja ao comandante Reys - diz tranquilamente.

– Tudo bem. Me ajuda aqui, folgado - chamo.

Tivemos que tirar os pregos e depois destrancar o tranco que era bem duro. Ao abrir a caixa, um jato de tinta esguichou em nossa direção.

Quando me dei por mim e pensei em sair dali, ja tinha boa parte de minha camisa e meu rosto sujos. Me afastei puxando Jonas comigo.

– O que é isso? - pergunta Jonas um pouco assustado.

– É tinta - digo tentando limpar a tinta do meu olho, notando a cor avermelhada.

Logo, nossos superiores chegaram e ao olhar nosso estado, nos mandaram direto para a sala do comandante.

– Ora, ora. O que temos aqui? - pergunta o comandante Reys adentrando a sala - Vargas e Flicker.

Nos levantamos rapidamente, fazendo continência. Ele se sentou em sua cadeira do outro lado da mesa.

– Sentem-se - ordena.

– Sim, senhor - dizemos firmemente nos sentando.

Por algum tempo, ele ficou nos encarando. Jonas é quem tinha sorte, por não ver o olhar tão severo e repreensivo que Comandante Reys transmitia. Era capaz de você se encolher diante daquele olhar.

– Eu estou pensando em como punir os dois - revela com um sorriso fraco.

– Mas nós somos as vitimas, e não os culpados - diz Jonas.

– Acho que não, Sr. Flicker - discorda - pergunte ao seu amigo, o que é isto que eu encontrei em baixo da beliche de vocês - diz ele levantando duas latas de tinta vermelha vazias.

– São latas de tinta - digo pra Jonas, vendo onde isso ia dar.

Sabia muito bem, que Luke e seus "capangas" estavam por trás disso. Os havia visto cochichando pela manhã. Desde o primeiro dia ele e sua turma encaram a mim e Jonas. Todos os que estudam na Academia Militar, não sabem que Jonas é cego.

Jonas queria que as pessoas descobrissem por si mesmas. Então se ninguém descobria era porque ele era relevante para eles, e "saber ou não que sou cego, não muda em nada a vida deles", como ele dizia.

Mas perto de Luke, Ethan e Jhonny, o cuidado para que não descobrissem era dobrado. Jonas diz que se eles descobrirem, usarão isso contra nós.

– Queriam pregar uma peça nos seus companheiros que desencaixotam as armas, não é? - pergunta o Comandante retoricamente.

– Não, Senhor - diz Jonas.

– Parem de se fazer de inocentes. Eu sei que foram vocês, não adianta negar - aumenta o tom de voz.

– Como somos culpados se estamos sujos!? - Aumento o tom e ele me olha ameaçadoramente. - ...Senhor - me retifico.

– E essas latas de tinta apareceram misteriosamente? - Pergunta retórica e ironicamente. - Provavelmente deviam estar ajeitando algo para a pegadinha e sem querer o feitiço virou contra o feiticeiro.

– Não foi is... - dizia Jonas.

– Silêncio! - grita.

Ficamos em silêncio. Jonas parecia bem nervoso, tremendo as pernas impacientemente, mas a situação não era tão grave. Gostaria que ele pudesse me ver, assim ele notaria minha postura tranquila.

– O que vou fazer com vocês?... - diz passando a mão sobre o queixo, pensativamente.

Olhei para o relógio eletrônico sobre a mesa. Eram seis da tarde, hora de ligar pra minha família e pra Violetta. Meu celular estava desligado e guardado na bolsa, só o podia pegar quando nos era permitido ligar para os familiares. Agora eu estava impaciente. Olhava do relógio para o Comandante seguidamente.

Ele acompanhou meu olhar para o relógio e ao entender que eu esperava ser liberado para ligar para minha família, sorriu maliciosamente.

– Vejo que gosta de estar com sua família. Vejamos como se sentem ficando essas três semanas sem falar com suas famílias - diz.

Eu queria mata-lo, não só isso mas faze-lo sofrer, queria ve-lo implorando ajuda, tamanho o ódio que sentia por ele.

– Mas... - dizia Jonas.

– E, é claro, um pouco de trabalho - interrompe. - Acho que... Como vocês queriam fazer uma festinha de cores com o armamento... Todos os dias, depois de serem liberados para o jantar, vocês vão montar todas as armas do depósito e organizá-las em cor, tamanho e ordem alfabética, na sala de armas até as onze horas da noite. E também quero todas limpas, não só limpas mas brilhando.

– O que!? Mas como... - eu dizia.

– Não quero saber, isso é uma ordem direta, não uma pergunta. Já podem se retirar - diz severamente.

Depois de sairmos da sala, fomos tomar um banho, porque estar com tinta endurecendo no próprio corpo, não era uma sensação muito boa.

Depois do banho, fomos ao dormitório. Luke, Jhonny e Ethan estavam converssando entre risadas, sem dúvida falando de nós. Jonas já havia se acostumado com o quarto, então foi na frente e caminhou em direção à beliche, para guardar seus produtos de higiene. Eu deveria ter feito o mesmo mas não. Caminhei em direção a Luke e parei em sua frente.

– Gostou da brincadeira, Vargas? - pergunta descontraidamente.

– Claro, muito engraçada - respondo - hahaha - rio ironicamente.

– Não era pra você rir, e sim pra nós rirmos - diz Ethan e os três riem.

Fiquei com o rosto à centímetros do de Luke. Ele parou de rir e me analisou enquanto eu o encarava nervosamente.

– Se é assim q vocês querem... Vamos brincar - digo ameaçadoramente e me afasto.

Depois de jantar, fomos para o depósito, começar o trabalho. Eu e Jonas não havíamos conversado sobre o castigo, pois estavamos irritados demais por ter que trabalhar mais, e ainda por cima sermos proibidos de falar com nossas famílias.

As caixas estavam todas espalhadas pelo chão, por conta da limpeza que haviam feito. Jonas, acostumado com o espaço caminhou normalmente mas tropeçou em uma caixa.

– Está bem? - pergunto.

– Claro. Muito. Vou ficar três semanas sem falar com meus pais e vou dormir e descansar menos. Estou mais que bem - diz ironicamente.

– Me referia ao seu tropeço - digo sem me abalar por seu tom de voz - e acredite, eu também não estou feliz com isso.

– Você ia ligar pros seus pais? - pergunta mais calmamente se sentando na mesma caixa em que havia tropeçado.

– Sim, e pra minha... Noiva - digo, hesitando em revelar.

– Você vai casar? Uau, quem é a coitada? - brinca voltando a sua postura descontraída. Rimos.

– Se chama Violetta - digo.

– É bonita?

– Linda.

– Como ela é? - pergunta curioso.

– É mediana, com os cabelos enrolados e pontas loiras, tem um sorriso capaz de colorir o dia mais cinza - digo pensando em Violetta. Ela devia ter me ligado várias vezes...

– Você a ama? - pergunta com a cabeça baixa.

– Claro que amo! Por que?

– É meio estranho pensar em amar uma garota. Não é fácil conhecer garotas esse jeito - diz.

Eu ia responder, mas sou interrompido.

– Achei vocês! - diz Angélica adentrando o depósito - Fiquei sabendo do que aconteceu hoje.

Angélica também estuda aqui na Academia Militar, e quer fazer parte do controle de operações tecnológicas. Se tornou nossa amiga depois que eu a ajudei a levar um notebook pro quarto dela sem que o Comandante soubesse. É a única, além de nossos superiores, que sabe que Jonas é cego.

– Oi, Angélica - dizemos.

– O que veio fazer aqui? - pergunta Jonas com um sorriso.

– Vim te trazer isso - diz pegando a mão de Jonas e lhe entregando um saco de M&M - você disse que gostava muito e minha amiga trouxe um monte pra esse mês, então eu pedi e esse foi o único que eu consegui dela.

– Obrigado - sorri.

Me senti meio de fora da conversa, então comecei a abrir uma caixa, havia muito trabalho à se fazer. Enquanto isso os dois seguiam conversando.

Entendia a frustração de Jonas. Realmente as pessoas só sabem sentir pena de deficientes físicos. Mas Jonas era independente, desde os 17 anos morava sozinho, e agora com 19 fazia praticamente tudo sozinho. Ele só tinha que se acostumar com o local.

Cada caixa tinha 10 armas, todas desmontadas. Assim que abri a primeira caixa, peguei uma peça diferente da outra para montar a primeira arma, tentando ligar uma parte à outra. Mas isso não deu certo. Não sabia exatamente onde encaixar cada peça. Acabei derrubando uma parte no chão.

– León... O que está fazendo? - pergunta Jonas se levantando.

– Começando a montar - digo.

– Qual o nome? - pergunta.

– É um... - leio o papel grudado na lateral da caixa - Fuzil M16.

– Ele é de origem americana e tem lançador de granadas, e é usada pelas tropas da Brigada de Operações Especiais - diz tranquilamente pegando uma peça do fuzil.

Ele manuseou calmamente a peça e a conectou com outra, fazendo o mesmo com as outras partes. Logo, ele me entregou o Fuzil, deixando eu e Angélica boquiabertos.

– Parem de me olhar assim - ri adivinhando nossas expressões. - Eu disse que era bom com máquinas.

– Mas não achei que fosse tão bom. Eu, que exergo, não conseguiria montar essa arma - digo incrédulo.

– Agora sabe como montar. Vamos começar - diz com um sorriso satisfeito - Angélica, se nos der licença...

– Claro! - diz Angélica caminhando para a saída - só preciso dizer mais uma coisa: façam Luke, Ethan e Jhonny pagarem pelo que fizeram - sorri.

– Será nosso maior prazer - digo com um sorriso de lado.

Seguimos nosso trabalho. Quando eram 23h em ponto, nós deixamos o depósito. Havíamos montado 15 caixas, um número bem pequeno em relação às mais ou menos 100 caixas que havíamos retirado do caminhão.

Jonas tinha de trabalhar essa noite. Teria de ficar de guarda na porta da sala de Computadores e Outras Tecnologias. Então me despedi dele e fui pro dormitório.

Chegando lá, como as luzes estavam apagadas, noto que o "trio parada dura" estava dormindo. O resto dos rapazes do dormitório também estava em serviço.

Estava completamente exausto. Então simplesmente tirei a camisa do uniforme e me deitei na cama, sentindo o colar gelado contra minha pele quente. A expressão "dormindo com o inimigo" cruzou a minha mente, me fazendo sorrir, já pegando no sono.

–--

Não fazia a mínima ideia de que horas eram, nem sabia o porque de eu ter acordado subitamente naquela mesma noite, enquanto tremia de frio.

Me levantei num pulo da cama, caindo no chão mas logo ficando de pé. Pudia ouvir risadas enquanto gritava:

– O que é isso!? - grito.

Estava escuro e eu só ouvia as risadas ao meu redor.

– Calma, Vargas - a voz de Luke ecoa entre as risadas - é só água com gelo, você precisava se esfriar, tava muito esquentadinho.

– Resolvemos isso - diz Jhonny e volta a rir.

Me guiando pela voz de Jhonny, lhe dei um soco, ouvindo logo depois sua queda ao chão. Ou Ethan, ou Luke tentou me agarrar (não sabia quem), mas eu esquivei, deixando sua mão agarrar meu colar e o estourar com a força que ele usou.

Escutei o barulho de metal colidindo com o chão e logo me preocupei em buscar meu colar, com medo de perder a aliança que Vilu havia me dado. Esse pensamento me desorientou e eu me senti em desespero por não enxergar nada, tendo dois contra mim.

Alguém se locomoveu atrás de mim, mas antes que eu pudesse lhe dar um golpe, sou agarrado pelo pescoço com uma "gravata". Tentei me soltar mas não consegui.

Não conseguia respirar. Me agarrei aquele braço tentando me libertar.

– Aqui! - grita Luke. Noto que é ele quem me segura, enquanto sinto o sangue se prender a minha cabeça.

Então, sou acertado em cheio no rosto por um soco violento. Sinto minhas pernas amolecerem e a inconsciência chegar. A última coisa que eu me lembro, foi ouvir mais risadas, então mergulhei na escuridão mais profunda que o quarto, sendo solto pelos braços de Luke e caindo no chão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hiii, nosso galã em apuros!!!
Bom, tenho uma coisa pra contar: to pensando em ir finalizando a fic Coração de Soldado. DEIXA EU EXPLICAR: Cheguei num ponto em que a historia está se tornando cansativa e cada vez é mais difícil escrever. SE eu decidir finalizar, vai ir até o capitulo 50. Então eu iniciarei minha outra fic com minha amiga.
Gostaria de acabar mais animadamente mas dessa vez não dá...
Até terça!