Coração de Soldado escrita por Incrível


Capítulo 39
Capítulo 39 - Essa Pessoa sou Eu


Notas iniciais do capítulo

Oie, Tudo bem com vcs?
Infelizmente esse cap ainda não tem Leonetta, mas tem uma coisinha... Bem, não vou contar, então: Leiam!!!



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Pov's Violetta

– Sério, Annie? - digo sem acreditar - sexta-feira da primeira semana de aulas, e eu encontro você estudando na biblioteca - digo observando as pilhas de livro que estavam na mesa da biblioteca, onde Annie se encontrava sentada.

– O que tem? - diz confusa.

– O que tem? Ta muito cedo pra você estudar tanto! É sexta-feira, não quer sair pra conhecer a cidade?

– Hum... Não sei. Medicina é muito complicado! - diz balançando a cabeça.

– Você está complicando. Se pensar que medicina é fácil, seu cérebro vai inconscientemente acreditar nisso - digo sorrindo - vai com calma, estude o que está aprendendo.

– Ok. Vamos fazer assim: São... cinco e quinze. Eu vou estudar até às seis, depois chamamos Ludmila e Federico e vamos passear por Santa Fé - sorri.

– Ok. Enquanto isso, vou pegar uns dois livros que minha professora de Historia da Música pediu. Ah, antes de sairmos tenho que ligar pro Leon pra saber quando ele vai chegar.

– Tudo bem, nos vemos no dormitório - diz quando me afasto.

A biblioteca da faculdade era gigantesca, tanto que tínhamos um mapa para nos localizarmos nela, e para encontrarmos nossos livros no enorme acervo.

Cheguei às prateleiras de livros de música, procurando os livros que eu precisava.

Odiava historia da música. Para que temos que aprender isso? Música era algo tão simples e meus professores complicaram tudo.

Já faziam 15 minutos que eu procurava meus livros. Havia encontrado o primeiro livro, mas o segundo parecia quase "incontrável" (nem sei se essa palavra existe). Então, alguém se aproximou lentamente de mim e começou a dizer:

– Eu não sei dizer se é esse teu sorriso que me encanta e me fascina ou se é esse teu olhar que me domina e que me prende. Não sei dizer ainda se é esse teu jeito que me atrai e que me acende. Mas certamente noto em seu olhar que es alguém especial.

Olhei para ele, confusa. O tal de Robert se encostou na prateleira com um sorriso. De perto, notei suas semelhanças com os traços de Leon.

– O que? - digo sem entender porque ele havia me dito aquilo.

– Nunca escutou uma poesia? - pergunta.

– Já, mas isso não quer dizer que eu ache normal um desconhecido se aproximar de mim recitando uma - digo abrindo um sorriso torto.

– Touché - diz concordando com a cabeça - me desculpe, é que sou viciado em poesias, leio desde pequeno. Então, me aproximar recitando uma poesia é uma forma de começar um assunto.

– Interessante. Um garoto que goste de poesia, isso é o que chamo de raridade - digo voltando a procurar meu livro na prateleira.

– Devo agradecer? Ou isso não é um elogio? - pergunta um pouco confuso.

– Foi um elogio - digo rindo fracamente - então, cursa o que?

– Arquitetura, e você?

– Licenciatura em Música.

– Deixa eu adivinhar: você está procurando um livro sobre Historia da Música ou algo do tipo - diz abrindo um novo sorriso. E... Uau, como seus olhos eram verdes!

– Como sabe? - pergunto desconcertada.

– Porque todos os cursos são muito teóricos no começo, e porque eu também vim pra biblioteca pegar livros de Historia da Arquitetura. Ou se acha tão especial que pensa que vim aqui só para vê-la? - diz mostrando as covinhas.

– Claro que veio! - entro na brincadeira - somos dois completos estranhos e você vem exatamente na mesma hora e no mesmo local justamente para me ver! - digo sarcasticamente juntando as mãos sobre o peito.

– Gostei do seu senso de humor. A maioria das garotas bufaria ou daria um tapa em mim, ou as duas coisas! - ri e um sorriso involuntário brota em meu rosto.

Estar com ele me dava mais saudades de Leon, queria estar com meu... Namorado. Não sabia porque, mas não conseguia dizer a palavra "noivo".

– Ei, quer ajuda? Parece que faz tempo que você está procurando esse livro - pergunta.

– Sim, já faz um tempinho - minto.

– Qual é o número da lombada? - pergunta e eu o olho com uma expressão de "o que?" - Os livros nessas bibliotecas gigantes tem números. E a lombada é a parte lateral do livro.

– Ah! - digo entendendo - bom eu estava procurando pelo nome.

– Isso vai levar um século, vamos do jeito tradicional - diz pegando o papel em minha mão.

Logo, ele encontrou o livro e me entregou. Provavelmente economizei um bom tempo com a ajuda dele.

– Obrigado - digo.

– De nada. Foi um prazer! - sorri.

– Acho que tenho que ir - digo.

– Não quer ficar e estudar? - pergunta esperançoso.

– Desculpe, vou sair com uns amigos pra conhecer a cidade.

– Eu poderia ir?

– Claro! Vamos sair umas 18:20, nos encontre no portão da faculdade.

– Tudo bem! - sorri.

Me afasto rapidamente, já pensando que em poucos minutos ouviria a voz de Leon novamente.

– Ei, espera! - chama Robert e eu me viro - eu nem sei o seu nome!

– Violetta - digo curtamente.

– Muito prazer, Violetta! Sou Robert - diz com um sorriso bobo.

Sorri levemente e voltei a caminhar. Meu coração já se acelerava e comecei a andar à passos largos. Precisava ficar sozinha para falar com Leon.

O jardim do campus estava lindo e vazio por conta de boa parte dos estudantes terem saído para conhecer a cidade. Me sentei num banco, tirei o celular da bolsa e liguei pra Leon, com as mãos já tremendo.

O bip tocou umas cinco vezes até que ele atendeu.

Ligação ON

– Oi! - digo aliviada.

– Oi, Linda! - diz no mesmo tom - nossa, como é bom ouvir sua voz.

– Também sinto isso. E logo nos veremos, o que é melhor! Já saiu? ou está saindo?

– Hã... Sobre isso... Precisamos conversar - diz cauteloso.

– O que aconteceu?

– Olha, eu juro que não sabia. Mas, esse primeiro mês, eu... Vou ter que ficar aqui na Academia Militar.

Não consegui responder, simplesmente fechei os olhos e me controlei pra não brigar com Leon. A culpa não era dele, e eu havia prometido não me importar de ficar longe por um tempo.

– Me desculpa, Violetta! Se eu soubesse... - dizia.

– Eu entendo - o interrompo.

– Não queria que fosse assim...

– Eu também não...

– Eles disseram que é para nossa adaptação. Mas pelo menos toda sexta podemos ligar pra nossa família.

– Isso é. Mas, e então? Como foi ai na Academia?

– Foi... Cansativo - ri. - Mas muito legal. O treinamento é bem puxado, mas as vezes agente tem um tempo pra descansar.

– Estão exigindo muito de você? - pergunto preocupada.

– Mais ou menos, mas eu aguento.

– Já fez algum amigo?

– Mais inimigos... - diz baixo.

– Inimigos?

– Uns caras que ficaram implicando comigo e com Jonas.

– Jonas?

– Meu amigo. Você tem que conhece-lo um dia.

– Eu adoraria! - sorri, feliz por ele estar bem.

– Mas e então? Como foi sua primeira semana na faculdade?

– Muito legal! Aqui é muito grande, muito bonito, ainda não me acostumei com a beleza do lugar! Os professores são chatos... Da pra acreditar? Música é algo tão bom que devia levar alegria, não tédio. Os alunos são muito legais, todo mundo se ajuda. Aliás, a minha colega de quarto se chama Anne, ela faz Medicina, mas é muito animada. Sabia que ela não suporta sangue? Imagina uma médica que...

– Vilu, Vilu, meu amor - me interrompe rindo - calma, me conta tudo devagar.

– Não posso ficar muito tempo. Combinei com a Ludmila, o Federico e a Anne de ir conhecer a cidade. Mas... Quer saber? Vou ficar conversando com você!

– Não, você vai. Vá se divertir! Se não, é capaz de Ludmila vir até aqui me bater por você não ter ido com ela - diz.

Rimos.

– Leon? - digo após as risadas cessarem.

– Sim?

– To com saudades - digo.

– Eu também estou... Morrendo, na verdade. Principalmente agora, depois de... - não termina a frase.

– Eu digo o mesmo. Toda manhã eu olho pro meu anel e sorrio. Acho que isso ainda não entrou na minha cabeça.

– Na minha também não. Olha, talvez não tenha sido uma boa ideia ter te pedido... - dizia.

– Ei, pode parar, Leon - o interrompo - não tinha lugar e momento melhores para selarmos um compromisso desse tipo. Fico pensando toda hora em você e em quanto seremos e somos felizes juntos.

– Eu sei, mas eu queria que fosse num lugar especial, e que eu não fosse embora 5 minutos depois - suspira.

– Nada de "mas", acredite. Eu não me arrependo de ter dito "sim", e o seu pedido não poderia ter sido mais romântico. Com você, tudo se torna perfeito. Eu te amo.

– Eu também te amo - diz e pelo seu tom de voz eu sei que ele está sorrindo - queria ficar a noite inteira conversando... Mas tenho coisas pra fazer amanhã, então tenho que dormir cedo.

– Tudo bem, eu também queria poder ficar, mas o pessoal ta me esperando - digo e um silêncio se forma. Esperávamos o outro se despedir.

Isso não foi necessários pois logo, uma voz ecoou do outro lado da linha.

– Um minuto, Vargas. Hoje é seu grupo que faz o turno - uma voz autoritária, disse.

– Sim, senhor - responde Leon, formalmente.

– Vai trabalhar hoje? - pergunto.

– Havia me esquecido - diz frustrado - Tenho que ir.

– Tudo bem. Beijos, te amo.

– Te amo. Tchau.

– Tchau.

Ligação OFF

Fiquei segurando o celular na minha orelha, esperando silenciosamente que Leon ainda estivesse na linha e continuasse a falar. Mas era inútil, e eu me sentia uma boba ouvido os "bip's" do telefone.

Olhei para o anel em meu dedo e sorri. Como era bom saber que pertencíamos um ao outro! O compromisso havia nos tornado mais fortes para suportar as dificuldades.

Me levantei, e fui em direção ao dormitório. Chegando lá, tomei banho, coloquei minhas roupas e chamei Annie (que estava estudando na escrivaninha).

Chegando ao portão, encontrei Federico, Ludmila e Robert conversando.

– Oi gente! Já se conhecem? - pergunto.

– Na verdade, estamos nos conhecendo agora - diz Federico - ele é um cara legal.

Noto que Federico carrega seu violão nas costas. O que significava que ele queria cantar.

– Espero que não tenha problemas eu sair com vocês - diz Robert olhando pra mim.

– Sem problemas - diz Annie sorrindo pra ele.

– Vamos? - digo.

Todos concordam e começamos a caminhar. Durante todo o caminho, Annie, Ludmila, Federico e Robert ficaram conversando. Não falei muito, pois pensava em Leon. Queria que ele pudesse conhecer a cidade também. Na verdade, só queria que ele estivesse aqui, mesmo que não visse a cidade.

Apesar de Leon estar eu meus pensamentos, nos divertimos muito. A cidade era linda, com muitas antiguidades, muito bem conservadas. Fomos a uma Pizzaria, pois todos estavam com muita fome.

– Quais são as cores do arco-íris? - pergunto para Ludmila.

Estávamos fazendo um jogo de perguntas. Quem errasse comeria a pizza de Anchovas. Escolhemos esse sabor para o jogo em si, já que ninguém gostava de anchovas. Já havíamos comido muito, mas a ideia do jogo foi de Federico.

– Hum... - diz Ludmila pensativa - vermelho,laranja,amarelo, verde, azul... anil e lilás - termina sorridente.

– Errou - diz Robert rindo.

– O que? - diz confusa.

– Esqueceu o mais importante: meu nome - digo.

– É violeta, e não lilás - diz Annie.

– Mas as duas são a mesma cor - contesta Ludmi.

– Desculpe, amor. Mas eles tem razão - diz Federico tentando segurar o riso.

– Caramba! - reclama Ludmila.

–Aqui, uma linda fatia de pizza com anchovas - diz Robert.

– Eca! - diz Ludmila com cara de nojo - me dá logo isso.

Robert lhe entrega a fatia de pizza. Ludmila a encara por alguns segundos mas logo dá uma boa mordida na mesma. Sua cara, enquanto mastigava a comida, não era nada boa, fazendo todos rirem descontroladamente.

Depois da pizzaria, pegamos um táxi pois era uma boa forma de conhecer a cidade. Passamos por muitos lugares, e a cidade era ainda mais bonita com as luzes. O lugar mais interessante foi a Ponte Cougante, que era gigantesca, atravessando o lago.

Logo, decidimos voltar. Mas em vez de pedir ao taxista para nos deixar na faculdade, Federico pediu para ele nos levar à praça mais próximo da mesma.

Chegando lá, nós sentamos em um banco e ficamos conversando.

Federico pegou o violão e começou a cantar junto com Ludmila, Annie e eu, algumas músicas do Studio. Primeiro foi Esto no Puede Terminar, depois Juntos Somos Más. Mas quando resolveram cantar Te creo, eu disse que precisava de um ar (o que não fez muito sentido, pois estávamos num lugar aberto) e me afastei.

Caminhei tranquila pela enorme praça. Quando já estava longe da vista deles, me sentei na grama, descansando a cabeça e as costas numa árvore.

Te creo era uma música que me lembrava muito Leon, havia escrito pra ele. E pensar que enquanto eu me divertia, ele iria ficar a noite inteira acordado, trabalhando, me partia o coração. Sem contar o fato de que eu não estava preparada psicologicamente para ficar um mês sem ve-lo. Uma semana já havia sido difícil.

Um bom tempo depois, alguém se sentou ao meu lado.

– Ainda que haja noite no coração, vale a pena sorrir para que haja estrelas na escuridão - diz Robert se sentando ao meu lado. Segui em silêncio, sem me manifestar sobre a frase que ele, sem dúvida, havia tirado de uma poesia - Estava muito quieta hoje, Violetta. Espero que não seja por minha causa.

– Claro que não. Fui eu quem te convidou - digo seriamente.

– Então por que está assim? Estava cantando perfeitamente - sorri.

– Longa historia - suspiro - além de que relembra-la seria pior, então....

– Tudo bem, não precisa me contar - sorri levemente como Leon fazia unica e exclusivamente quando estava comigo.

Balancei a cabeça, exasperadamente, tentando parar de associar tudo o que ouvia, fazia ou via a Leon.

– Obrigada - respondo.

– Disponha - sorri - nem nos conhecemos tanto pra eu ter o direito de saber sobre sua vida pessoal.

– Pois é - sorri.

– Vamos começar agora?

Deviam ter se passado vinte minutos e seguíamos conversando.

– Qual sua cor favorita?

– Violeta- digo como se fosse obvio.

– A minha é verde - diz após rir - comida favorita?

– Lasanha, ou bolo de chocolate - digo - e a sua?

– Estrogonofe - diz - apelido?

– Vilu - digo.

– Vilu... Gostei - sorri - o meu era Rob quando era pequeno, mas eu odiava, então prefiro só Robert, mesmo.

Meu celular tocou. Olhei no identificador e vi que era Annie, mas antes que eu pudesse atender, ela desligou. Provavelmente era um aviso de que tínhamos que ir embora.

– Temos que ir - digo me levantando.

– Tem razão - diz ele se levantando.

Quando encontramos os outros, caminhamos para a faculdade. Na entrada da ala dos dormitórios, nos despedimos.

Chegando ao meu dormitório, troquei de roupa e deitei em minha cama, completamente exausta.

– Ele gostou de você - diz Annie após estarmos alguns minutos deitadas. Não pude deixar de notar o tom triste em sua voz.

– O que? - digo confusa.

– Robert - esclarece.

– Claro que não - ri fracamente.

– Bom, eu já vi ele conquistando as garotas da minha escola. E era mais ou menos assim que ele agia - diz com um sorriso fraco - diziam que ninguém escapava de seus encantos.

– Pode ter certeza, Annie. Se tem alguém que Robert nunca gostará, essa pessoa sou eu.


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Notas finais do capítulo

Espero q tenham gostado :)
Obrigado a todos que acompanham, favoritam e já recomendaram!!!!!
Até apróxima terça