Coração de Soldado escrita por Incrível


Capítulo 38
Capítulo 38 - Amigos e Inimigos


Notas iniciais do capítulo

Volteiiiiii
Espero que tenham gostado do cap anterior com o anúncio do noivado de Leonetta!!!!! Peguei todo mundo desprevenido, neh? kkkkk
Vamos ter uns caps sem Leonetta, então desde já, I'm sorry
Bom cap



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Acordei às 8 da manhã com o despertador do meu celular. Como havia conseguido dormir somente às 3 da manhã, estava morrendo de sono. Mas acordei completamente "elétrica", me arrumando em 15 minutos.

Tirei meu anel, e o guardei numa caixinha que eu tinha para que papai, Angie e Federico não o vissem. A caixa coube perfeitamente em meu bolso.

Federico já estava acordado, falando com Ludmila ao telefone enquanto arrumava o cabelo num topete perfeito. Acordei papai, chamamos Federico e tomamos café da manhã juntos. Logo, Angie chegou, então colocamos as malas no carro e partimos.

A viagem foi bem tranquila, sem trânsito. Fomos conversando e, no meio do caminho, peguei no sono.

Chegamos ao nosso destino às 15:00. Hoje a faculdade abrira a partir das 13:00 para a chegada dos estudantes, e as aulas começariam no dia seguinte. Fui acordada por papai, anunciando que havíamos chegado. Então descarregamos as malas.

– Têm certeza de que não querem que carreguemos as malas até seus dormitório? - pergunta papai pela terceira vez.

– Não precisa - dizemos em uníssono com medo de ser os únicos a entrar com os pais.

– Tudo bem. Acho que esta na hora de irmos - diz Angie - tchau Federico - o abraça.

– Tchau, filha - meu pai diz me abraçando fortemente.

– Tchau, pai - digo me soltando de seu abraço. Então Angie se voltou para mim e eu lhe abracei enquanto papai e Fede se despediam - tchau, mãe.

– Tchau, filha - diz me abraçando carinhosamente - te amo.

– Também te amo - digo me soltando. Eu e Fede começamos a nos afastar.

– Amamos você! - grita papai.

– Eu também - digo sorrindo.

Eu e Fede tentamos caminhar como se aquilo fosse normal pra nós, mas não era. Tudo era incrível: Os prédios de estudo, o campus, as pessoas...

Fomos em direção a mesa de identificação para encontrarmos nossos respectivos dormitórios. Eu ficaria na ala feminina (jura?), quarto D12.

– Vou arrumar tudo e procurar a Ludmila, quando encontrar ela, nós vamos pro seu quarto, ok? - pergunta Fede.

– Tudo bem, nos vemos depois - digo dando um beijo em sua bochecha.

A faculdade era enorme. Mas, por sorte, eu encontrei a ala de dormitório feminino. Procurei uma placa para encontrar meu dormitório. Descobri que os andares eram as letras dos quartos, então teria que ir ao 4°andar do prédio, de elevador para encontrar o setor D.

Enquanto eu passava pelo corredor extenso do setor D, todas as garotas do corredor me olhavam. Tudo bem que de certa forma eu as olhava com curiosidade, querendo saber quem eram, o que cursavam, se alguma delas era minha colega de quarto, mas mesmo assim era estranho sentir olhares observando cada passo seu.

Finalmente cheguei ao quarto D12. Suspirei uma última vez antes de abrir a porta.

Ao entrar, encontro uma garota sentada na cama à direita, tentando colocar uma mala aberta em cima da mesma, sem notar minha presença. Mas a garota era muito desastrada. Então, assim que levantou a mala, não suportou o peso e a mala caiu, espalhando roupas pelo chão.

Se ela tivesse mantido a mala fechada e a levantasse em pé, tudo seria diferente. Achei melhor deixar de pensar sobre o que ela deveria ter feito, e ajuda-la.

– Aqui - digo lhe entregando algumas roupas que peguei no chão.

– Obrigado - diz agachada. Ela pegou as roupas de minha mão e elevou o olhar para meu rosto - você é a Violetta, não é? - pergunta sorridente com um olhar curioso.

– Como sabe?

– Eu te via pelo U-mix - diz se levantando - vai ser minha companheira de quarto?

– Sim, espero que não tenha problema - digo.

– Que nada, vai ser demais! - diz animada mexendo com as mãos.

Sem querer, as roupas que ela segurava atingiram meu rosto fracamente.

– Me desculpa! Eu sou tão desastrada! - diz preocupada.

– Tudo bem - rio fracamente - muito prazer, sou Violetta, como você sabe - mudo de assunto estendendo a mão.

– Sou Annie, e o prazer é todo meu! - sorri largamente - vai ser muito legal sermos colegas de quarto, você pode me ensinar a tocar algum instrumento, e eu poderia te ensinar algumas coisas legais de medicina que eu aprender... - deixei de prestar atenção a ela. Seria diferente ter ela como colega, ou até uma amiga... Disso eu não tinha dúvida.

Arrumei minhas coisas, conversando com Annie. Descobri algumas coisas sobre ela: cursava medicina, veio do Brasil pra estudar na Argentina pois as condições aqui eram melhores, amava música e dança apesar de não saber dançar nem tocar qualquer instrumento, tinha esperanças de mudar o mundo. Era uma pessoa muito sonhadora, pude perceber pelo brilho em seus olhos.

O quarto não era muito espaçoso, mas suficientemente confortável. Abrindo a porta se podia ver duas camas encostadas em cada canto da parede oposta, e no centro delas havia uma janela com uma ótima vista do campus. Entre as camas e embaixo da janela havia uma escrivaninha para estudos, que já estava ocupada com pilhas de livros de Annie. Aos pés das camas, na "parede de Annie" haviam dois guarda-roupas, encostado um ao outro. E na "minha parede", havia o banheiro.

– Tudo arrumado! - digo aliviada. Eram 18:00 quando terminamos de organizar nossas coisas.

– Finalmente - diz Annie se jogando em sua cama - nossa isso é muito bom!

Me jogo em minha cama e a sensação de relaxamento é imediata. Mas isso durou pouco ao sentir o barulho de algo se quebrando em meu bolso.

– O que foi isso? - pergunta Annie.

– Nossa - digo me sentando e tirando a caixa de madeira trincada de meu bolso. Ao abri-la rapidamente, notei que meu anel permanecia intacto - Ufa! Ainda bem!

– Que anel lindo! - diz se levantando.

– Eu também acho. Perfeito - digo pondo o anel em meu dedo anelar esquerdo, sem notar Annie sentar-se ao meu lado.

– Quem te deu? - pergunta.

"Quem"... Suspirei pensando em Leon e em tudo o que já havíamos passado, e claro na última noite em que nos encontramos. Era incrível como em menos de 24 horas separados, eu já sentia saudades.

– Leon... - digo mais pra mim mesma do que pra ela.

– Imaginei - sorri - então, se não me engano essa aliança deveria estar na mão direita, a não ser que... - ela parou olhando fixamente pra mim por longos segundos - Não acredito! - grita perplexa.

– Shhh - peço.

– Vocês vão se casar! - diz um pouco mais baixo - Quando? Onde? Como? - pergunta rapidamente.

– Calma - digo rindo fracamente - ele me pediu ontem, mas vamos demorar pra casar, provavelmente quando eu acabar a faculdade. Além de que por enquanto estamos guardando segredo, você é a primeira pessoa a saber - digo.

– Eu sou a primeira pessoa a saber? Gostei disso. E pode ficar tranquila, seu segredo está seguro comigo!

– Bom, agora que você sabe algo tão intimo de mim, eu tenho o direito de saber algo sobre você - digo sentando sobre as pernas cruzadas.

– Não sei o que lhe contar, não sou de guardar segredos - diz pensativa.

– Não precisa ser um segredo, só me conte algo sobre você.

– Ok - diz se sentando sobre as pernas cruzadas, de frente pra mim - eu sempre quis ser médica mas tenho muito nojo de sangue.

– Sério? - pergunto surpresa - como vai ser médica, então?

– Não sei e é isso que me preocupa - diz balançando a cabeça.

Antes que eu pudesse responder, escutamos batidas na porta.

– Pode entrar! - grito.

A porta é aberta e as cabeças das únicas pessoas que eu conhecia em toda a faculdade espreitaram para dentro do quarto.

– Finalmente chegaram - digo me levantando.

– Desculpe a demora, tivemos que arrumar as roupas da Ludmila, e já deve imaginar o quanto isso demora - diz Federico fazendo Annie e eu rirmos.

– Muito engraçado - diz Ludmi batendo no braço de Fede.

– Ai, amor - geme.

– Ei, "Casal perfeito", que maneiras são essas? - digo.

– Desculpe - dizem ao mesmo tempo.

– Fede e Ludmi, essa é Annie. Annie, esses são Federico e Ludmila - apresento.

– Muito prazer - dizem os três ao mesmo tempo.

– Acho que o refeitório já abriu. O que acham de jantarmos? - pergunta Annie após olhar no relógio que estava sobre a escrivaninha.

– Estou faminta - digo levantando.

– Nós também - diz Fede incluindo Ludmila.

Enquanto caminhávamos em direção ao refeitório, meus olhos capitavam tudo. Percebi que levaria algum tempo para eu não me importar com o tamanho e beleza da faculdade.

Chegando ao refeitório, nós escolhemos o que íamos comer, pagamos e sentamos numa mesa. O refeitório estava lotado, cheio de pessoas conversando animadamente.

Federico, Ludmila e Annie conversavam sobre os boatos do temperamento dos professores. Enquanto isso, meus olhos correram pelas mesas ao meu redor, então me foquei em algo, ou melhor, alguém.

Era um garoto. E era lindo. Mas eu não o achei lindo sem nenhum motivo, e sim porque se eu tivesse olhado rapidamente poderia jurar que era Leon. Tinha os cabelos num topete, usava uma camisa xadrez, calça colada ao corpo, tenis All Star e tinha olhos verdes. Os olhos de Leon eram marrom-esverdeados, mas mesmo assim eram parecidos. Apesar disso não podia comparar Leon a ele, pois meu namorado/noivo era surpreendentemente mais lindo que ele.

– Se chama Robert - diz Annie.

– Hã? - digo confusa sem tirar os olhos do garoto.

– O garoto que está olhando, já estudei com ele.

– hum - digo.

O tal Robert percebeu que eu o olhava pois me encarou por alguns segundos. Então sorriu, mostrando covinhas muito parecidas com as de alguém que eu conhecia e amava muito.

Pov's Leon

Mal havia chegado e os nossos superiores não nos deram tempo de arrumar as nossas coisas. Nos mandaram deixar as mochilas e malas num canto e depois nos encaminharmos para o lado de fora da academia.

Lá fora, ficamos em fileiras ordenadas nos explicaram todas as regras e depois nos mostraram a parte externa e interna da academia: havia quadras de futebol, basquete, volei (para os tempos livres ou pra algum treinamento específico), o campo de treinamento, e um labirinto. Dentro dos prédios havia simuladores de voo, salas de tiro, refeitório, salas de estudos, academia, ala de controle de computadores e uma sala que tinha um verdadeiro arsenal de armas.

O primeiro dia, era pra ser tranquilo, certo? Errado. Porque após nos mostrarem tudo da Academia, tivemos de ir ao campo de treinamento fazer um percurso cheio de obstáculos e armadilhas. O percurso era de 10 Km, e ao final dele, eu estava exausto, mas pelo menos havia sido o terceiro a chegar.

Mal tivemos tempo para descansar, pois logo tivemos de correr 30 voltas ao redor da quadra e fizemos 50 flexões. Disseram que faziam isso para saber quão resistentes eramos. E finalmente o dia tinha terminado.

Enquanto levava minha mochila e minha mala ao dormitório pelo corredor extenso, um homem surgiu no final do corredor e caminhou rapidamente, de encontro a mim. Também carregava malas e uma mochila. Se ele queria ir para o dormitório dos calouros, estava caminhando para o lado errado.

Caminhávamos ambos no meio do corredor, e quando nos aproximamos, ele não desviou, estava com os olhos fixos em outro lugar. Tentei me esquivar, mas nossos ombros colidiram, fazendo a mala que pendia em meu ombro cair, assim como a mochila que ele carregava.

– Não olha por onde anda? - pergunto irritado me agachando e pegando minha mala.

Ele, porém, se mantinha parado, sem pegar a mochila e as coisas que haviam se espalhado no chão, por conta da mochila estar aberta.

– Gostaria de poder dizer que sim - diz ele sorrindo. Eu estava na sua frente, mas ele olhava para outro lado, sem se fixar em meu rosto.

O encarei por alguns segundos, analisando suas palavras e seu olhar. Então entendi. Ele era cego.

– Me desculpe - digo suspirando - eu... não sabia.

– Ninguém percebe no começo - comenta descontraidamente - Não uso óculos de sol, não gosto que saibam e as meninas curtem caras com olhos claros - ri.

– Não da pra perceber mesmo - comento prestando atenção em seus olhos azuis.

– Então, vai ficar me olhando ou vai me ajudar a pegar as coisas? - diz divertido.

– Vejo que tem muito bom humor - digo me agachando e pegando as coisas. As guardei na bolsa, fechei-a e a entreguei para ele.

– Obrigado - diz pegando a mochila - e a propósito, sou Jonas.

– Leon - digo apertando a mão que ele me estendia - você estava indo para os dormitórios, certo?

– Sim, porque?

– Porque estava indo pro lado errado - digo com um sorriso fraco.

– O que você esperava? Um cego com senso de direção? - pergunta sorrindo.

Caminhamos para os dormitórios em um certo silêncio. Uma pergunta não queria sair da minha mente.

– Já sei o que está pensando: como eu entrei na Academia Militar - advinha Jonas - digamos que eu seja um perfeito Geek. Se por um lado sou cego, por outro consigo lidar dez vezes melhor com máquinas, números e códigos do que muitas pessoas que enxergam.

– Então você é um intelectual? Gostei! - digo, percebendo que havia chegado ao meu dormitório. Segurei o braço de Jonas fracamente - aqui é meu dormitório.

– Qual o número?

– 210 - digo.

– Eu também durmo aqui - diz procurando a maçaneta da porta. Abri a porta por ele.

La dentro encontrei oito homens conversando entre si. Haviam três beliches junto da parede à direita e duas junto da parede à esquerda.

A única beliche que estava livre, era a terceira à direita. Caminhei com Jonas atras de mim e segurando meu cotovelo, até chegar à beliche.

– Quer a de cima ou a de baixo? - pergunto.

– O que? - pergunta confuso.

– A beliche - digo me esquecendo de que ele não podia ver.

– Ha sim, eu fico com a de baixo - diz - não quero tropeçar nos degraus da cama.

– Tudo bem - digo colocando minhas malas na cama de cima.

Jonas ia por as malas na cama, mas acertou a escada da mesma.

– Aqui - seguro seu braço e o guio para a direita, assim ele teria mais espaço e dificilmente atingiria a escada.

– Ei, olha aqueles dois - diz alguém na primeira beliche - parecem um casal - ri e os outros o acompanham.

– É, falta só o beijo, porque já dão as mãos - diz outro entre risadas.

– Fala ai, baixinho. Por que seu namorado não consegue tirar as mãos de você? - pergunta mais um a Jonas.

Mais alguma coisa que eles falassem e cabeças iriam rolar. Me controlei enquanto procurava minha toalha, meu sabonete e meu shampoo, pois estava louco pra tomar um banho.

– Não sei - diz Jonas se virando pra eles - talvez devessem perguntar à mãe de vocês, ela deve ter muita experiência nisso - provoca.

Os três se levantaram bruscamente e caminharam em nossa direção.

– Ei, relaxa ai - digo ficando entre Jonas e eles.

– Fica fora disso - diz o mais alto e mais ameaçador.

– Não vai dar, não - digo ameaçadoramente.

Por alguns segundos seguimos nos encarando. Analisando-nos. Não sei porque mas ele se afastou, junto com seus "capangas", sem desviar o olhar.

– Vamos comer - diz o cara ameaçador num tom imperativo.

Todos se retiram do quarto. Só restam eu e Jonas.

– Ta louco, cara? E se esses caras batessem em você? - pergunto.

– Acha que sou besta de arranjar briga sem saber brigar? - pergunta retoricamente - quando tivermos um tempo eu mostro pra você o que sou capaz.

– Ta bom, Bruce Lee - digo sorrindo - Vou tomar um banho.

– Eu também, principalmente porque não sei onde é o banheiro - ri pegando a toalha e os produtos de higiene.

Peguei minhas coisas e caminhei com Jonas ao meu lado. Parecia que havia ganhado um amigo, e junto com ele, alguns inimigos...


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Notas finais do capítulo

Gostaram dos novos personagens!!!? alguns são amigos e outros inimigos.... No que isso vai dar?
Espero que tenham gostado ;)
Até Terça!!!



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