Púrpura escrita por Sah


Capítulo 4
Capitulo 4- Elliot




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Nunca imaginei que essa cidade fosse tão grande, estamos a 20 km de distância e já noto sua grandiosidade. A usina se destaca ao longe com sua fraca luz púrpura. Nos seus bons tempos essa cidade já abrigou mais de 100 mil pessoas. Agora não resta nada para contar história. Escuto Amélia dizer que um parente dela viveu aqui há muito tempo, mas depois de fugir daqui, como vários outros cidadãos de Vale Púrpura, morreu de forma inexplicável.

Vejo que ela notou meu interesse pela história.

–-- Você não tem vergonha de ficar feliz com a desgraça alheia? Ela diz na minha direção.

–-- Eu não estou feliz com a desgraça alheia. Só estou empolgado com os fatos.

Não sei o que estava na cabeça dos meus superiores quando colocaram esse dois para essa missão. Eles não são cientistas, são apenas soldados que estão nisso pelo dinheiro. Eles só vão atrapalhar, eles não contam com o mesmo incentivo que eu. Eu estou aqui para aliviar minha curiosidade, o dinheiro é só um extra.

–-- Espero que nem todos os cientistas sejam tão esquisitos com você. Falou George
.
Já me chamaram de tudo. Louco, maníaco, psicótico, obsessivo, egocêntrico, mas ninguém nunca disse na minha cara que eu era esquisito. Até me senti lisonjeado por um momento, quando eu vi a grande placa na entrada da cidade.

Bem vindos ao Vale Púrpura.

George estacionou perto da entrada.

–-- Vocês dois tem cerca de seis horas para fazer a coleta. Eu não vou me arriscar passando desse ponto. Se algum de vocês dois não estiver aqui ás 18h00min em ponto, só vou tolerar cinco minutos de atraso, caso contrário serão deixados aqui. E provavelmente resgatados amanhã. Entendido.

–-- Sim, capitão. Disse Amélia em um tom que deveria ser divertido. Parece que esses dois são amigos.

Eu não disse nada. Peguei todo o meu equipamento e fui seguindo as coordenadas do mapa. Existe um lago nessa cidade. Se eu tiver sorte ainda há seres vivos lá. Eu fiquei responsável pela coleta de material orgânico, se ainda existir algum tipo de animal nessa cidade, isso me deixará mais empolgado ainda.

O sol já está no ponto mais alto. Não consigo ouvir nada além do ronco do motor do nosso veiculo. Esse traje não me da mobilidade o bastante para me mover mais rápido. Creio que Amélia está tendo a mesma dificuldade.

Preciso memorizar tudo o que estou vendo. Meu doutorado será baseado no ápice e no fim dessa cidade.

Noto que a grama de algumas casa e lojas está menor do que deveria estar. Fico elaborando mil teorias até chegar a nenhuma resposta. Preciso coletar uma amostra da grama. Depois da coleta, estar lacrada sigo o meu caminho. Várias casas estão sem a porta e com as janelas quebradas, provavelmente foram saqueadas, espero que Amélia note isso também, não quero ficar fazendo o trabalho de gente incompetente.

Não imaginei que o lago fosse tão grande. No mapa e nas fotos aéreas as dimensões ficam distorcidas. Jogo um graveto e vejo a agitação nas águas escuras. Quantos peixes devem existir nessa porção de água? E como esse ecossistema pode resistir à radiação? Pego um recipiente e com certa habilidade consigo capturar dois exemplares desconhecidos por mim, além de uma porção de larvas. Noto que a cor predominante nos peixes é o preto. Sinto-me satisfeito.

Dou um passo para trás e enxergo uma figura conhecida. Um gato? Coloco meu equipamento no chão e tento ir atrás desse felino. Se eu conseguir captura-lo, será o maior marco na minha prematura carreira.

Ele é rápido. Não consigo acompanhar, talvez eu deva fazer uma armadilha e usar um dos peixes como isca. Viro a esquina tropeçando em meus próprios pés, e o perco de vista. Uma sensação de impotência me invade, e fico tentado a retirar esse traje. Mas eu sei dos riscos que eu estaria correndo se fizesse isso. Preciso voltar, e pegar meu equipamento. Mas como eu faço isso? Eu deixei o mapa também, não lembro como voltar. Já sei, vou até o topo do prédio mais alto, creio que de lá vou conseguir enxergar o lago, além da entrada da cidade.
Enxergo um grande edifício. Ele está a pelo menos 3 km daqui. E na minha atual velocidade vou levar um tempo para chegar lá.

Ando por uns cinco minutos quando eu escuto um barulho estranho. Pode ser o gato. Entro em uma casa sem porta. Aparentemente os antigos moradores eram abastados. O barulho vai ficando mais constante. Dou de cara com um alçapão aberto no meio da sala destruída. Cautelosamente eu desço os frágeis degraus que rangem.
No fim encontro um cofre semiaberto, daqueles usados em grandes bancos. O que essas pessoas iriam querer proteger para ter um cofre desse tamanho? Minha curiosidade fala mais alto. Empurro a porta do cofre com toda a força que esse traje me permite. O que eu vejo além de várias gavetas no chão é Amelie sem o traje, caída perto de uma pilha formada por barras de ouro.


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