Eu Ainda Estou Aqui escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 12
Capítulo 12




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Já passou da hora do almoço e eu estou sentada no escritório da academia. Jason disse que vai passar em casa as 20h para me pegar, eu não sei o que vamos fazer, ele disse que seria surpresa.

– Filha ?! – meu entra no escritório – Está ocupada ?

– Não, pai, tudo bem.

Meu pai entra e fecha a porta, o que eu acho bem estranho porque essa porta costumas ficar sempre aberta. Sempre.

– Filha, você tem que contar pra ele .

– O que ?

– Tem que contar para o garoto...

– Jason?

– É, tem que contar para o Jason.

– Pai, eu não posso!

– Mas filha, ele vai ficar sem saber até quando ? Até as coisas começarem a piorar?

– Talvez.

– Filha, isso não é certo com ele.

– Mas, se eu contar ele ficar como todo mundo!

Meu pai ia responder mas uma batida na porta nos interrompe, em seguida a porta se abre e Jason coloca a cabeça para dentro da sala.

– Interrompo ? – ele pergunta.

– Não, tudo bem – meu pai responde.

– Princesa, pode vir aqui por favor.

Meu pai olha para mim e eu levanto, vou até a porta que Jason já escancarou. Chego de frente para ele e Jason me dá uma sorriso malicioso.

– O que foi ? – pergunto com uma sobrancelha levantada.

O sorriso de Jason se abre mais ainda e ele me joga por cima do ombro.

– Jason! Meu vestido! Seu idiota!

Jason segura minhas pernas e percebo que prende meu vestido com as mãos.

– John, vou saindo mais cedo, ok. Ela vai comigo.

Vejo que meu pai está rindo, eu me debato enquanto Jason me arrasta pela academia deixando olhares curiosos atrás de nós. Nós saímos da academia e spi colocada sentada no banco da frente do Land Cruiser, em seguida ele senta no banco atrás do volante.

– Jason! Eu estava trabalhando.

Ele ri e liga o carro.

– Não, você estava conversando com o seu pai.

– Idiota! – faço uma pausa – Onde vamos ?

– Número dois.

– Mas minha bolsa ficou na academia.

– Como se eu fosse deixar você pagar alguma coisa.

– É a minha lista, está na minha hora de começar a pagar!

– Não, não está.

Olho para ele e depois volto a sentar normalmente no banco. Algum tempo depois Jason para na mesma praia onde ele nadou pelado. Nós descemos do carro e eu tiro as sandálias e deixo-as dentro do carro enquanto Jason faz o mesmo com os coturnos, ele dobra a calça até um pouco acima dos tornozelos.

– Vamos – ele diz pegando minha mão.

Saímos correndo em direção ao mar, mas ele desvia e me leva até um pequeno quiosque.

– Jim, um de pistache e um de... o que você quer ? – Jason vira para mim enquanto eu olho o lado de dentro do quiosque.

– Frutas vermelhas.

– Um de pistache e um de frutas vermelhas.

Pouco tempo depois o homem chamado Jim entrega uma casquinha para mim e outra para Jason, nós nos sentamos na praia e eu olho o sorvete.

– O que foi ? – ele diz.

– Nada. É só que eu não faço isso a algum tempo.

– Ah sim. Frutas vermelhas é ?

– Era meu sabor preferido.

– Ah sim.

– Pistache ?

Jason saboreia o sorvete e fecha os olhos teatralmente.

– É o melhor. Quer ?

– É verde – faço uma careta.

– Experimenta logo.

Eu pego seu sorvete e lhe entrego o meu, pego a colher e coloco um pouco do sorvete na boca, que por incrível que pareça tem um gosto muito agradável.

– Jason, tomou metade do meu sorvete! – digo pegando o meu de volta e ele pega o dele.

– Você estava demorando.

Tomo o que sobrou do meu sorvete de frutas vermelhas e só consigo imaginar como eu senti falta desse sabor.

– Tomar sorvete na praia. Ok. – Jason diz fazendo um check como dedo no ar.

Eu rio e ele se levanta estendo os braços para mim, eu pego suas mãos e ele me puxa de pé, depois vira de costas para mim.

– Sobe.

– O que ?

– Sobe logo!

Eu pulo nas suas costas e ele segura minhas pernas, passo os braços em volta do seu pescoço. Jason sai andando na beira do mar.

– Acho que essa foi a melhor ideia em toda a minha vida.

– Tecnicamente, essa ideia foi minha, eu quis tomar sorvete na praia.

– Não essa ideia, mas a ideia de fazer a lista e bem, de ter você fazendo essas coisas comigo.

– Ah – é apenas o que eu digo – eu sei, sou uma companhia muito agradável.

Jason revira os olhos e solta minhas pernas, eu desço de suas costas e arrumo meu vestido.

– Você é muito convencida, sabia ? – ele diz virando de frente para mim.

Dou de ombros e jogo o cabelo longo inexistente para trás, ele ri e me joga em cima dos ombros de novo, depois começa a caminhar em direção ao mar.

– Jason, não faça isso! – eu grito.

Ele ri mais ainda e continua andando.

– Jason! Não me joga na água!

Sinto que meu pés começam tocar na água e eu continuo gritando e me debatendo.

– Como eu vou embora toda...

Ele me joga na água. Sinto a água gelada em contato com a minha pele. Levanto a cabeça para fora da água e vejo que Jason está totalmente molhado também.

– Idiota! – eu grito e começo rir.

Vou para cima de Jason e empurro sua cabeça para baixo d’agua, ele levanta a cabeça e nós começamos uma guerra de água.

– Ok – eu digo cansada e saindo da água – você ganhou.

Jason ri e começa sair da águas também. O sol começa se por e sua luz está começando a ficar alaranjada.

– Pergunta: como nós vamos embora ? – pergunto me sentando na areia.

– De carro – ele se senta do meu lado.

– Obviamente, mas estamos molhados.

– Ah não se preocupe, eu trouxe roupas.

– Pra você, eu sei que tem!

– Pra você também, pedi pra Sam arrumar umas roupas pra você.

– Ah, você poderia ter me falado.

– E perder a sua cara quando eu te tirei da academia? Sem chance.

– Idiota – dou um soco brincalhão no seu braço.

Jason se deita na areia e eu deito ao seu lado.

– Vem cá – ele diz estendendo o braço.

Eu rolo e deito a cabeça em seu peito.

– Obrigado – ele diz.

– Pelo que ?

– Por estar aqui comigo.

– De nada, eu acho.

Nós ficamos assim até ficar totalmente laranja.

– Melhor a gente se trocar, não quero que você pegue um resfriado por causa dessa roupa molhada.

Nós nos levantamos e vamos em direção ao carro, ele pega duas mochilas, e me entrega uma, andamos até o banheiro do quiosque onde compramos o sorvete.

Meu vestido molhado é substituído por outro preto bem parecido, Sam foi até minha casa, porque essas roupas são minhas. Passo a mãos pelos cabelos curtos ajeitando-os, as sandálias ficaram dentro do carro.

Saio do banheiro e vejo que Jason está sentado em uma mesa me esperando. Sento numa cadeira de frente para ele.

– Acho que sei qual é o seu numero dez – ele diz sorrindo, há um certo nervosismo por trás do seu sorriso.

– Qual ?

Ele me entrega a folha e eu desdobro, passo os olhos pela lista e coloco uma mão em cima da mesa, Jason entrelaça seus dedos nos meus antes que eu chegue ao número dez, paro de ler e vejo nos dedos entrelaçados, depois volto a ler.

01.Patinar no gelo

02.Tomar sorvete na praia

03.Assistir uma luta ilegal

04.Fazer uma roadtrip

05.Assistir um filme comendo pipoca, tomando refrigerante e comendo chocolate

06.Fazer uma tatuagem

07.Jogar bilhar

08.Apostar em um racha

09.Andar de barco

10.Aceitar ser a garota do Jason ?

O número dez está escrito lápis e uma bola se forma na minha garganta, eu solto os dedos de Jason e sinto meus olhos se encherem de lágrimas.

Eu queria dizer sim, mas não posso.

– Podemos ir embora ? – minha voz está embargada.

Vejo que o rosto esperançoso de Jason se desfaz em uma expressão de decepção. Me levanto e começo a ir em direção a porta.

– Olha, desculpa, eu me precipite...

– Por favor, vamos embora – eu digo.

Ele assente e nós vamos para o carro.

O caminho de volta foi totalmente silencioso e quando paramos na frente de casa eu desço do carro com a mochilas das minhas roupas, Jason desce também e segura meu braço.

– Me desculpa, eu não sabia que ia ficar chateada...

– Jason, é melhor nós não nos vermos mais.

– O que ? – ele solta meu braço.

– Preciso que você fique longe de mim.

– Por que ? Escuta eu sei que não era o que você esperar, mas não pode me mandar ficar longe de você, prometo que não vou fazer na...

– Só... fica longe de mim, para o seu bem.

– O que ? Não – a voz dele começa a subir.

Olho para ele e vejo que seus olhos começar a ficar cheios de lágrimas, ele coloca a mão no rosto e dá um passo para trás.

– Preciso entrar.

– Não, espera aí – ele segura meu braço assim que eu começo andar.

Olho para ele.

– Jason, você precisa entender que eu não posso ficar perto de você porque...

– Por que ?

– Porque... eu não gosto de você da mesma maneira, e eu nunca vou gostar! – ele solta o meu braço – Quero que fique longe de mim.

Falo essas palavras com firmeza, vejo o quanto isso o magoou, mas eu tenho que fazer. Vejo que a porta está aberta e meu pai observa a cena. Ando para dentro de casa, mas antes de fechar a porta atrás de mim escuto Jason chutar as latas de lixo com todo sua força.


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