Capítulo Um - G H O S T L Y

Atravessei a plataforma sentindo um embrulho no estômago. Olhei em volta, admirada. Centenas de adolescentes e crianças se despedindo de seus pais, que se mantinham emocionados, mesmo parecendo que não era a primeira vez se despedindo. Meio perdida, fui andando por entre os espaços que as famílias não usavam da plataforma, ao lado da locomotiva vermelha.

Mordi o lábio completamente dispersa, dando de cara com um cara de provavelmente trinta anos, com o que parecia uma insígnia de Hogwarts no lado do coração. Ele me olhou rapidamente, folheando uma prancheta em suas mãos. O vi franzir as sobrancelhas, e me olhar como se não estivesse acreditando em algo.
–Alexandra Chang Corner? – Sua voz soou como se estivesse lido errado, o que me fez revirar os olhos.
–Pois não? – Falei tendo que levantar consideravelmente minha cabeça para olhar em seus olhos.
–Eu sou Neville Longbotton, professor de Herbologia e vice-diretor de Hogwarts. Prazer em conhecer a filha de Cho. – Deu um sorriso de muitos dentes brancos e estendeu a mão para mim. Sorri meio envergonhada, pensando se ele era próximo dela.

A buzina estridente da locomotiva tocou, convocando os bruxos que ainda não haviam embarcado devido –muito provavelmente- as instruções repetitivas dos pais. Neville sorriu novamente para mim, me ajudando com a “bagagem”.
–Primeiro as damas. – Falou dando passagem. Assenti, subindo á bordo. Suspirei, olhando as cabines á minha frente. Não pense em amarelar agora, Alex. Você resolveu ir para Hogwarts, agora aguente as consequências.

Neville foi caminhando pelo corredor dando instruções de algo, mas eu estava envolta de pensamentos negativos demais para prestar atenção.

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Autora Povs

Rindo novamente do rosto avermelhado de seu irmão mais novo, Albus, James olhou para fora da cabine, onde seu sorriso foi se desfazendo aos poucos. Engoliu em seco, vendo o professor de Herbologia, Neville, passar pela cabine onde os seis amigos se encontravam. Mas não fora isso que chamou sua atenção. Uma juba morena acompanhou o professor, fazendo os olhos do Potter se arregalarem. Pele branca, olhos negros levemente puxados, cabelos castanhos quase pretos, e uma aura de quem parece santa só que não é. James lambeu os lábios no momento em que essa passou reto pela porta de sua cabine, aumentando seu sorriso maroto.
–Que sorriso é esse, James? – Fred II perguntou ao perceber o amigo olhar fixamente para a janela da porta. O moreno se voltou para o amigo, rindo vagamente.
–Nada demais. – Respondeu encostando as costas no assento. Sorriu novamente. – Apenas...esse ano vai ser divertido.

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Alex Povs

–(...) Entendeu o que eu disse, Alexandra? – Neville falou risonho ao me ver dar um pulo no assento. Meu rosto avermelhou-se rapidamente, o que eu realmente odiava quando acontecia, já que minha pele pálida vangloriava ainda mais a vermelhidão.
–Poderia repetir? – Perguntei fazendo o meu futuro professor soltar uma risadinha.
–Eu estava falando sobre as casas em Hogwarts. – Ele repetiu pacientemente. Ajeitei-me na poltrona, prestando total atenção. – Existem quatro casas em Hogwarts, onde o chapéu seletor irá leva-la á aquela que mais se caracteriza com você. Bom, existe a Grifinória, onde o símbolo principal é o Leão, e sua característica, a coragem. – Ele deu uma pausa, vendo se eu estava realmente o escutando.- A Sonserina, a Cobra e a astúcia. Na Corvinal, o Corvo e a inteligência. E finalmente, na Lufa-Lufa, o Texugo, e a lealdade aos amigos.
–Como sei que estarei na casa certa? – Perguntei dando finalmente um pingo de nervosismo.
–O chapéu nunca erra, Alexandra.
–Ok, mas pare de me chamar assim. Alex é mais fácil e rápido. – Resmunguei com um fingido bico, fazendo Neville rir mais abertamente.
–Ok, Alex. – Ele olhou para janela afora, começando a se levantar. – Vamos?
–Chegamos? –Perguntei acompanhando-o para fora da cabine, onde ainda não havia alunos.
–Ainda não, mas logo vamos. Venha. – Me ajudou á descer da locomotiva, que mal havia acabado de estacionar. Escutei um grande murmúrio dentro dela, vendo os alunos irem em direção á carruagens. Olhei para o professor, que continuou com a minha mochila nas costas e começou a ir em direção á uma carruagem isolada das outras. Entrei seguida dele, que logo quando me sentei senti aquilo andar.
–Acho que vai querer descansar. – Assenti bocejando, e logo encostando a cabeça na janela, cai no sono.

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Neville me acordou atrasado, sendo que todos os alunos já haviam saído.
–Bem-vinda á Hogwarts, Alex.
–Hun, você devia ter me acordado mais ce- As palavras se perderam na minha garganta. Comecei a suar frio, enquanto meus olhos se arregalaram diante á escola. Escola? ESSE CASTELO É UMA ESCOLA?!?!
Neville deve ter percebido que meu cérebro havia entrado em pani total, já que deu uma risadinha fraca e foi me empurrando/levando pra dentro daquilo. Alex, você não pode amarelar agora, DE NOVO. Você é uma bruxa, sua mãe provavelmente te odeia, você fugiu de casa, atravessou um pilar de concreto, acabou em uma montoeira de adolescentes- aparentemente e bruxamente- normais, conheceu um possível amigo de infância da mulher que parece que vai te odiar para todo o sempre e acaba tendo que entrar em um castelo inimaginável gigante e goticamente antigo e medieval, onde você pode muito bem ser assassinada e ninguém vai dar falta nem imaginar onde você pode estar. Sua vida tá realmente uma maravilha, hein?
–...Você vai ficar aqui até chamarem seu nome, ok? – O moreno falou me deixando ainda mais confusa. Olhei á minha volta, sem entender como acabei aqui. Engoli em seco e concordei com Neville, apenas para não parecer tão idiota. Eu tenho que parar de ter um surto de resumo de vida com a minha consciência e prestar mais atenção no que as pessoas falam, anotei mentalmente.
Encostei-me na parede ao lado das grandes portas, vendo o homem entrar tranquilamente, enquanto nomes eram chamados dentro do que diabos havia ali dentro. E pelo barulho, parecia que todos os alunos na locomotiva estavam ali. Suspirei cansada, limpando o suor da minha testa. Ajeitei minha postura, avaliando minha roupa.
Eu havia colocado uma calça skinny preta com alguns detalhes pratas nos bolsos, e arranhados nos joelhos. Uma regata um pouco justa no busto branca, e um casaco/moletom fino de botões aberto com uma estampa xadrez azul. Dei de ombros, arrumando o allstar preto e gasto nos meus pés. Saiu assim da piriquita da Cho, assim ficou, pensei sozinha naquele corredor extenso.
E então, um silêncio se pôs dentro de lá, enquanto uma voz madura e feminina dava um pequeno discurso, onde eu peguei poucas partes.
–...espero que você a acolham, da mesma forma que acolheram os primeiristas. Ela pode não ter estudado com vocês desde o primeiro ano, mas prometam que irão ser amigáveis com a Srta. –Bufei impaciente, vendo um murmúrio se estender ali dentro. – Por favor entre, Srta. Corner.
As portas se abriram com um rangido, me fazendo me desencostar da parede e entrar. Um nervosismo se instalou em mim quando me vi dentro daquele gigantesco salão. Os alunos se estendiam em quatro mesas, e infelizmente todos me encaravam. Resolvi olhar para a frente, o que melhorou muito, e me fez relaxar os ombros. Caminhei até parar na frente de uma senhora com digna vestes de bruxa, porém com uma expressão tranquila e amigável no rosto.
–Sente-se, por favor. Coloque o chapéu seletor em seguida. – Apontou para a cadeira de madeira, onde acomodado no centro, se encontrava um chapéu envelhecido e com divertidamente o que parecia, as rugas do tecido formavam seu rosto. Assenti sentindo centenas de olhares queimarem minha nuca. Parece que nunca viram uma aluna nova, resmunguei em pensamento, colocando o chapéu.
–Concordo com você. –Estremeci ouvindo aquele grave e baixa voz ecoar pela minha cabeça. O que diabos..? – Eu sou o chapéu seletor, garota bobinha. – A voz soltou uma risadinha, enquanto eu revirava os olhos.
E então, chapéu? Para onde eu vou? –Perguntei olhando rapidamente em cada mesa.
Humm... Vamos ver. Você é uma garota inteligente, digna filha de Cho Chang – Ele começou, me fazendo bufar. Ignorou os meus xingamentos pensados, continuando. – Corvinal...Não. Você é uma sangue puro, mas não tem personalidade para ser uma Sonserina. Hoho, você nunca teve muitos amigos, não é? Você é uma pessoa muito desconfiada, Alexandra. Não, não é uma Lufana. E com essa coragem de seguir em frente depois de tantas tragédias em sua vida, hum, então...
–GRIFINÓRIA!! – O chapéu gritou quase rompendo meus ouvidos. A mesa dos leões aplaudiam em pé, me dando alguma coragem de ir até lá. Devolvi o chapéu ao seu lugar, dando-lhe um olhar significativo. E por incrível que pareça, ele sorriu. Fique tranquila, leoa. Seu segredo está bem guardado.

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–Hey! Tem um lugar aqui! – Olhei para o lado, dando de cara com um mutirão de ruivos. Um deles acenava para mim feliz. Sorri de volta, indo em direção á ele. Abriu espaço dentre si e uma morena de olhos castanhos, que com uma expressão divertida, me deu espaço para me sentar.
–Prazer, Roxy – Olhei para a morena que calorosamente e me deu a mão. Sorri mais abertamente, cumprimentando-o. –Quem...?
–Alex. – Falei chamando a atenção das duas ruivas á minha frente. – Alex Corner.
–Prazer, Fred Weasley ao seu dispor. – Disse o ruivo ao meu lado. Pegou minha mão, beijando feito um cavalheiro. Cheguei á acha-lo bonitinho. – Você pode não ser milho, mas pode estourar na minha panela á vontade. – As risadas das garotas ecoaram na minha mente, enquanto meu sorriso murchava. Olhei-o debochada.
–Haha. Você deve ser do tipo que gosta de levar tapa na cara. – Agora Roxy havia soltado a gargalhada escondida. – Acha que eu nunca escutei essa? – Perguntei com a sobrancelha arqueada, apesar de ser mentira. Eu tive apenas dois namorados, e nenhum deles foi do tipo de dar cantadas chulas e brochantes feito essas.
–Desculpa por ele. – Olhei para frente, vendo uma das ruivas que havia rido. – Ele ainda não se tocou que as cantadas dele são ridículas. – Fred soltou um muxoxo fingindo estar ofendido, fazendo nós quatro rirmos. – Rose Weasley. Bem-Vinda á Hogwarts. – Sorriu entre lábios, fazendo-me admirar sua beleza. Ruiva, sardas, olhos azuis. Quase o completo oposto de mim, acrescentei mentalmente.
–Lily. – A ruiva aparentemente mais nova se pronunciou. – Lily Luna Potter. – Sorriu quase envergonhada, fazendo seus olhos se fecharem um pouco com as bochechas cheias de sardas se apertarem. Que fofura, pisquei repetitivamente me contendo para não apertar as bochechas dela.
–Hey, Alex. Acho melhor eu te mostrar o resto. – Roxy falou colocando o braço nos meus ombros. –Vou te apresentar algumas pessoas que você deve conhecer.
–Aquela ali é Dominique Weasley. – Disse apontando para a loira infelizmente linda um pouco distante de nós.
Arqueei as sobrancelhas, fingindo colocar o dedo na garganta.-Só o nome me faz vontade de vomitar. Ela parece uma barbie humana. Que nojo. – As meninas riram, já que Fred estava ocupado atropelando a comida feito um caminhoneiro.
Roxy se virou no banco, e eu a segui. Alguns garotos na mesa ao lado, com uniforme verde e prata nos escarava. Descaradamente, a criatura foi apontando pra cara de cada garoto bonitinho, até parar em um loiro, que olhou para nós, e logo desviou o olhar.
–Eu juro que ele estava corado. – Sussurrei para a morena, que soltou uma risadinha.
–Ele estava olhando um pouquinho atrás de nós. – Ela falou no mesmo tom de voz. Arregalei os olhos divertida, olhando descaradamente para a Rose. Eu fiquei olhando de loiro-para-ruiva-loiro-para-ruiva-loiro-para-ruiva até ela perceber e soltar um quase despercebido fingido gemido de nojo, enquanto seu rosto queimava em vergonha, quase se igualando ás madeixas.
–Hoho, temos um casal aqui. – Falei me virando para a nossa mesa, acompanhada dela.
–Ainda não, Alex. – Roxy apontou novamente para o loiro, mas eu o abaixei antes que ele pudesse ver. – Esses dois fingem que se odeiam, mas no fundo se amam.
–Porque eles não se pegam de uma vez? – Resmunguei levando um tapinha da “rosa”.
–Isso pode também valer para nós dois, Branca de Neve? – Quase deixei meu copo cair quebrado na mesa, quando aquela voz rouca soltou-se no pé do meu ouvido. Olhei em volta, vendo que todos estavam me encarando. Ou, encarando o bastardo que falou isso.
Soltei o ar da garganta, dando meu costumeiro sorriso sarcástico, virando-me.

Só não pensei que isso iria me fazer perder o ar novamente.

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–O que? – Falei gravando cada característica daquele rosto esculpido. Seus olhos verdes e intensos me comiam sem qualquer vergonha, me fazendo quase ofegar. – Desculpa, acho que não ouvi direito. – Soltei, tentando achar algum defeito no moreno.
O vi curvar as costas, com as mãos no bolso, aproximando nossos rostos. E então repetiu, me fazendo sentir seu maldito hálito refrescante.
–Eu perguntei, -Ele começou pausando apenas para encarar meus lábios. – Se nós não podemos nos pegar de uma vez, Branca de Neve. – Seu sorriso aumentou, e eu já podia ouvir os sussurros á nossa volta.

Querem falar de mim pelas costas...comecei em pensamento.

Levantei-me, e mesmo com minha cabeça batendo na altura de seus ombros, minha mão alcançou facilmente seu rosto, com um estalo que calou Hogwarts inteira.
–Foi mal, mas...aprendi á não beijar desconhecidos.

...que falem por um bom motivo.