O carro nunca foi tão silencioso, já faziam 2 dias desde a morte de Elize, Bethanie e Tia Charlotte, estávamos a caminho do enterro. Minhas lágrimas molhavam meu belo vestido preto e rodadinho que ia até os joelhos e combinava com meus sapatinhos de boneca preto, Mamãe havia posto uma tiara em meu cabelo. Eu não entendia por que tínhamos que vestir preto, Mamãe disse que ra em respeito aos mortos, mas elas não podiam estar mortas, eu não queria acreditar.

Olhei para o banco ao lado e Beatriz examinava a cidade para fora da janela, seu cabelo loiro e cacheado estava solto e caía em seu rosto, ela estava chorando como eu seus olhos estavam inchados, mas o que eu poderia falar dela se eu estava com a mesma aparência.

Eu estava tão triste e a saudade bate tão forte, a cidade jamais seria a mesma, o sol não teria mais o mesmo brilho e eu não escutaria mais a doce risada de Beth, nem sentiria os dedos de Liz passando por meu cabelo e não abraçaria novamente Tia Char.

Sai do carro e andei de mãos dadas com mamãe até a entrada do cemitério, vários túmulos cinzas e frios estavam espalhados pelo lugar. De longe eu já avistava três caixões de madeira, um grande e dois menores, e um homem de pé chorando ao lado. Tio Jeb.

– Tio Jeb- eu murmurei enquanto corria até ele, ele me abraçou apertado como uma criança que busca conforto - Me diga que não é verdade. Porque elas? Eu sinto tanto a falta delas.

– Eu também sinto, minha filha. Eu as amava muito assim como eu amo você e lhe considero uma filha muito querida. Eu tenho um presente para você.

– Você sempre será minha família, Tio Jeb. - eu disse enquanto ele tirava um cordão do bolso, ele era dourado com um pingente de coração, o colar de Bethanie. - Eu não posso aceitar.

– Você pode e vai- disse ele a mim- Ela a amava e eu gostaria que ele ficasse com você para que vocês sempre estivessem juntas.

– Obrigada, ela usava esse colar todos os dias, eu também a amo. Vou usa-lo para sempre.

Eu passei o resto do enterro do lado de Tio Jeb, dizem que quando perdemos um ente querido da família todos ficam triste, mas dessa vez havíamos perdido três, nós jamais superaríamos isso.

O dias que se passaram após a morte delas foram um sufoco, eu estava sufocada de tanto sofrer e chorar. Eu havia visto Tio Jeb uma única vez e ele estava devastado, na verdade todos nós estamos devastados. Tia Linda estava falando com Tio Jeb, enquanto Tia Maggie passava a mão em seus ombros consolando-o; eu, Jamie, Mel, Bia e Sharon estávamos escutando atrás da porta da cozinha.

– Tudo vai ficar bem, elas estão em um lugar melhor - sussurrou Tia Linda

– Eu perdi minha família. Neste instante minhas filhas e o amor da minha vida estão mortos você quer que eu fique como feliz e radiante? Você não perceberam que eu perdi tudo. TUDO!

– Eu sei meu irmão, nós também perdemos elas, mas você vai conseguir superar, você tem que superar. Você ainda tem tempo de formar outra família. - replicou Tia Maggie

– Aos 50 anos não seja boba, Magnolia. Você esta certa talvez o tempo cure as minhas feridas.

– Coma algo - insistiu Tia Lili - Você precisa se alimentar, vá se sentar a mesa que eu vou chamar as crianças.

–Melanie, Jamie, Sharon, Beatriz e Julie - gritou Tia Lily - Entrem para tomar um lanche.

– Vamos temos que ir, antes que ela veja que estávamos escutando a conversa - sussurrou Mel

Eu entrei e me sentei entre Jamie e Tio Jeb. Eu peguei a sua mão e disse:

– Você sempre terá a mim.

– Obrigada, minha querida. Só você mesmo para me fazer sorrir.

– Viu, eu disse que você sempre teria a gente - disse Tia Maggie apertando minhas bochechas, eu olhei para ela e sorri seu lábios se mexeram dizendo 'obrrigado'.

– Sempre estaremos aqui para o que der e vier.

A vida humana é relativa, há momentos bons e ruins, mas que sempre podem ser superados com o tempo. E isso levaria muito tempo.