A Alma escrita por Julie Stew


Capítulo 13
Capítulo 12 - Enigmas


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/527142/chapter/13

O sol queimava meu rosto, mas eu não queria sair dali. Do meu refúgio. Algo me impedia. Abri os olhos , e no mesmo instante, fechei-os, pois não queria ver o belo dia que estava. Hoje é um mal dia!

Há 17 anos atras, nascia uma graciosa garotinha que teria uma vida linda, mas ela não teve muito tempo de vida, pois eu havia sido mandada para hospedar seu corpo. Eu estava fazendo 17 anos. Dezessete turbulentos anos.

– Você vai ficar ai para sempre? - perguntou-me Bia pela quinta vez.

– Vou! Você ainda não cansou de refazer o caminho de casa-campina ainda?

– Não! Você não vai querer fazer nada mesmo? É o seu dia! Mais um ano de vida!

– Mais um ano roubando uma vida, você quer dizer. Me de um tempo, daqui a pouco irei para casa e resolverei o que fazer. Não há nada a ser comemorado neste ano! Pet não esta aqui!

– Sinto muito! Eu vou indo então. Ouvi os pés dela baterem na grama e depois correrem no asfalto. Ela já estava longe, eu podia me permitir chorar. Dois meses após meu aniversario de 16 anos, Pet desapareceu! Do nada.. PUF! Ela sumiu! E desde este dia os Buscadores tem plena certeza de que há humanos resistindo, como se um caminhão com dois humanos não fosse o suficiente. Mas eles não acharam nenhuma prova que comprovasse isso e então abandonaram a busca por Pet, pois não havia nada que indicasse onde ela estaria.

Senti um leve brisa passar por meu rosto, seguida pelo frescor que indicava que uma chuva estava por vir, os pingos começaram a banhar meu rosto me obrigando a levantar para que pudessem dar vida a terra, e eu sabia o que isso significava. Era hora de voltar para casa.

No caminho de casa permiti que a chuva lavasse minhas lagrimas, minhas dores. Não importa o que aconteça esta data sempre será triste. _________________________________________________________________

– Parabéns! E a proposito adorei seu vestido! - Mary exclamou!

– Obrigada! - digo. Assim que pisei em casa, Bia tratou de me convencer a ir jantar em um restaurante. E cá estou fazendo as vontades de minha irmã.

– Você esta linda! - Austin diz me abraçando. Apenas sorrio para ele. Eu gostava disso em nossa relação, não eram necessários gestos ou demonstrações de afeto para mostramos o quanto nos amamos, nós simplesmente nos amamos.

– Quando que vocês se casam mesmo? - Yasmin perguntou para Bia. - Nesta mesma data. no próximo ano. Julie foi muito bondosa em nos deixar comemorar nosso casamento em seu aniversário.

– É uma data especial para vocês também!

– Isso é verdade! Começamos a namorar neste dia!

– Eu me lembro! - Ah! É verdade! - Bia e Connor começam a rir lembrando-se do momento em que eu e Jamie flagramos eles se beijando. Jamie, meu Jamie, a saudade aperta e tenta sair de mim.

– Bom, eu serei a madrinha e terei um bolo só para mim, então não há o que reclamar. – rio.

– Aham – ela concorda comigo.

– E eu? – pergunta Mary?

– Também.

Já faz algum tempo em que eu reparo nas semelhanças entre Bia e Mary, ambas eram loiras com olhos verdes, mas com singelas diferenças. Bia tem olhos verdes esmeralda e madeixas louro-palha, e Mary tem longos cabelos loiros dourados e olhos verdes claros. Sem essas diferenças qualquer um diria que elas são irmãs. Talvez pela proximidade, ou pela aparência. Depois de um belo jantar, trouxeram-me um bolo.

– Faça um desejo! – Austin dissera-me. Eu só tinha um. Que esse ano seja melhor. _____________________________________________________________________

Mais uma aula e tudo isso acaba, digo para mim mesma.

Mamãe estava cumprindo sua parte no acordo deixando Justin crescer humano. Então eu tinha que cumprir a minha. Ser uma Curandeira.

A faculdade que preparava os Curandeiros para o trabalho nos Centros de Cura durava dois anos. Eu estava terminando o primeiro. A última aula era com o assistente de cura Darren. Sempre quis saber o motivo por ele ter mantido um nome humano. Uma coisa que eu havia descoberto com os humanos é que cada um tem uma historia e um segredo escondido. Eu tinha a carta de Melanie. O que Darren esconderia?

Ao término das aulas da faculdade eu tinha hora marcada com minha Confortadora Kathy, que por algum motivo havia misteriosamente mudado temporariamente para Albuquerque para acompanhar minhas sessões de cura. Ela dizia que já que ela havia me colocado neste mundo e neste corpo era o dever dela me ajudar.

– Como você esta se sentindo hoje?

– Bem.

– Conte- me a verdade.

– Péssima. Essa semana eu completei dezessete anos, e a sensação de que eu roubei uma vida não sai de mim.

– Querida não pense assim, é isso que nós fazemos, nos unimos a outras espécies e essa é uma consequência.

– Mais com os humanos é diferente. Eles tem mais sentimentos, e a culpa é um deles. Como poderei viver com isso?

– Por acaso isso tem algo a ver com Melanie? - Não só com ela, mas com tudo. Com toda a humanidade. Roubamos muitas vidas, destruímos muitas famílias. Perdemos muitos entes queridos. Eu perdi Jamie.

– Parece que sempre voltamos nesta tecla! Você é bem persistente, sabia? - ela diz irritada.

– Todos dizem isso- emburro a cara para ela.

– Você tem que parar com isso já faz 9 anos que ele esta desaparecido!

– 10 anos! E isso não significa nada eu lutarei ate o fim! Não desistirei nunca!

– Algumas vezes é necessário deixar isso ir!

– Ele é a única coisa que me importa! Eu ja perdi muita coisa! - grito chorando.

– E a sua família?

– Eles estão bem e protegidos porque eles são sugadores de vidas! Eu sou uma parasita como eles! - levanto rapidamente de onde estou sentanda e saio correndo. Meus pés sabem para ondem devem ir. _______________________________________________________________________

Cemitério de Albuquerque, dizia a placa. Entro correndo, pois sei onde os túmulos ficam. 4ª fileira, 5º túmulo. O túmulo da familia Stryder.

Tia Char, Lizzie e Beth estavam enterradas ali e uma pequena homenagem para Mel e Jamie que por estarem desaparecidos por tanto tempo foram considerados mortos. Mel estava mesmo.

Passo a mão pela lápide e meus joelhos fraquejam, enconsto meu rosto na lateral do túmulo. Pessoas que eu amava estavam ali. Ja se faziam onze anos do acidente que as havia matado, e dez anos que Jamie estava desaparecido, dois que tivemos a notícia que Melanie estava morta. Estar ali era como jogar ácido em minhas feridas mal cicatrizadas. Era doloroso, corrosivo.

A vida humana era triste, dolorosa e mesmo com tudo o que acontecia ela era encantadora, viciante. A cada dia vivido a sede de outro. E eu não me cansava de ansiar pela volta de Jamie. _______________________________________________________________________

– Aconteceu algo? Mamãe perguntou.

– Não. - Então por que você nao quer mais ir nas sessões com a Kathy?

– Porque eu não quero!

– Tudo bem então! Como vai a faculdade?

– Vai tudo bem , mamãe.

– Julie! - Justin me abraçará por trás. - Vamos ao parquinho?

– Claro!

Eu marcava o tempo pelos anos vividos por Justin, a cada dia ele crescia mais e mais e quando pude perceber cinco anos se passaram. Seu cabelo estava mais loiro e seus olhos mais azuis, ele ja andava, falava e ia para a escola, tinha amigos parasitas. E o dia que eu mais temia se aproximava, com o quinto aniversario de Jamie mamãe só esperava minha formatura para que eu cumprisse o acordo. Eu não queria fazer isso! Mas teria que fazer, por mais que me doesse. ________________________________________________________________________

– É hoje! É hoje! - Bia gritava pela casa. Ela entrou correndo em meu quarto e pulou encima de mim.- Parabéns, maninha! Eu te amo tanto!

– Obrigada! Hoje é o seu dia, não o meu! Como você esta se sentindo?

– Muito ansiosa! Bia havia planejado seu casamento na minha campina, pois ela queria algo mais romântico e familiar, algo para poucas pessoas.

Meu vestido e o de Mary eram verdes e sem detalhes. Eu fiz um simples rabo de cavalo e Mary apenas escovou seu cabelo. Sai de casa e fui em direção a campina. Encontrei com Austin no caminho.

– Você esta esplêndida! Vai tirar o brilho da noiva. - reviro os olhos e ele me agarra e me da um beijo de tirar o folego. - Não me esqueci do seu aniversario. Então aqui esta o seu presente. - ele me entrega um urso de pelucia. - Aquele seu urso ja estava velho então doe ele, pois eu comprei outro para você.

– É lindo! Obrigada. - Havia algo que me incomodava em doar aquele velho urso.

A cerimônia foi linda, Bia estava encantadora e eu não poupei lágrimas.

– Um dia será a nossa vez - Austin disse em meu ouvido no meio da cerimônia, e eu sorri mais ainda pela ideia de me casar com ele.

A recepção começou e então pareceu que todos se lembrara que era meu aniversário.

– Estou tão cansada - exclamo me jogando em uma cadeira.

– Ah! Não eu ainda tenho que conversar com você. - Austin pegou minha mão e levou para perto da árvore centenária, bem longe de todos. - Jus esta com cinco anos? E faltam apenas três meses para o fim da faculdade. Como você esta lidando com isso?

– Não há o que fazer, eu só terei que cumprir o que prometi.

– Sei que não é isso que esta passando pela sua cabeça.

– Eu não estou pensando nisso.

– Então no que você esta pensando. - ele espera uma resposta - você tem que me contar! Quer voltar a ter sessões com Kathy? Porque é isso que sua mãe fará.

– Estou pensando no fato de eu odiar com todas as minhas forças o meu aniversário.

– Por causa de Jamie? - concordo com a cabeça - SUA VIDA NÃO GIRA EM TORNO DELE!

– Não grite comigo!

– Pare com isso! Eu não aguento mais! - ele agarra meus braços e me sacode - ACORDE PARA A VIDA! ELE NÃO VAI VOLTAR! DESISTA! DESISTA!

– Você esta me machucando - ele me solta - EU NÃO VOU DESISTIR! Ele é meu irmão.

– Não me venha com essa!

– É verdade! Você nunca passou mais de um final de semana sem saber como Mary estava! Eu estou há 10 anos sem notícias de Jamie!

– Já parou para pensar que talvez ele não queira mais saber de você. - Você nunca conheceu ele! Jamie sempre se preocupou comigo!

– Estou cansado desta história! Para mim chega!

– Concordo! Não quero mais saber de você! Me esqueça. - tiro o anel que ele havia me dado e jogo em sua direção- Isso NUNCA significou nada para mim! - vou embora correndo para casa, chorando.

Entro correndo em casa e me jogo na minha cama, abraço meu urso que Austin considera velho. Não, eu não quero ouvir, pensar ou falar esse nome.Meu coração dói e se parte novamente. Estou chorando tanto que meu corpo treme. Aperto-o ainda mais e coloco a mão dentro dele como fazia quando era criança e sinto algo. Um papel. E em meio a essa confusão consigo compreender o que aquele papel significava. Era um mapa para encontrar Jamie.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, casais se formam e casais não dão certo! é a vida!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Alma" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.