A Alma escrita por Julie Stew


Capítulo 12
Persistente


Notas iniciais do capítulo

Hey! Desculpem a demora! Espero que gostem.



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‘Enxugue essas lágrimas’ digo para mim mesma antes que as portas do desembarque se abra. Se mamãe e Bia me virem chorando me mandaram para mais consultas com a Confortadora. Não é que eu não goste dela, mas a idéia de precisar ir nela me deixa nervosa.

As portas se abrem em um bip. É agora! De volta a minha antiga vida. De volta a todas as dores, a todas as lembranças. Meus olhos varrem o salão de espera do desembarque a procura de mamãe ou de papai, mas não os encontro.

— Será que eles esqueceram o dia em que eu voltaria? — penso assustada.

– Senti tanto a sua falta! – Austin me abraça por trás.

– Que susto!- exclamo.

– Como foi à viagem?

– Foi boa, Pet ficou muito feliz. Você deveria ter ido.

– Que ótimo. Não dava para ir, você sabe que eu ando estudando muito.

– É eu sei você será um ótimo Buscador.

Buscador.

Essa palavra lança um frio em minha espinha. Um Buscador havia pegado Mel. Mel. Será verdade o que Kathy havia me dito sobre o fato de Melanie haver resistido?

– Vamos embora? – ele me pergunta, fazendo-me voltar à realidade.

– Você que veio me buscar?

– Sim, por quê? Você não gostou da surpresa?

– Claro que eu gostei! É que eu achei que mamãe que viria me buscar.

– E ela viria mesmo, eu que me propus para te buscar.

– Que bom, pois eu estava com saudades. – digo me aconchegando em seus braços e pensando nas palavras de Pet ‘será que algum dia terá algo?’

Austin pegou minha mala e nos conduziu aeroporto afora.

– Querida você chegou!- disse mamãe encostada na porta de casa. – Estava esperando você chegar! Estou morrendo de saudades de você!

– Mamãe! –abro a porta, mal esperando Austin parar o carro, e corro para abraçá-la.

– Que bom que você voltou! Como foi a festa? Como esta Pet?

– Foi tudo maravilhoso, mamãe, e Pet estava linda! Quero que a minha seja tão linda quanto à dela.

– E será querida!

– Lie! – escuto Justin chamar meu nome.

– Jus! – corro para dentro de casa procurando-o, mas ainda consigo escutar mamãe agradecendo a Austin por ter me trazido para casa sã e salva.

Termino de subir as escadas e vôo para seu quarto procurando-o, mas não o encontro. O pânico me domina. Onde ele esta?

– Bu!- escuto-o antes que ele tente me empurrar.

– Meu Deus! Que susto que você me deu! – faço uma cara assustada para ele, pois essa era a expressão que ele esperava. - Venha aqui! – estendo meus braços para perto dele – Que saudades! – abraço-o bem forte e coloco minha cabeça em ser pequeno ombro direito – Você cresceu tanto!

– Eu sou gandão! – ele me diz com sua adorável voz infantil. Ele já estava tão grande, dois anos, ele já esta com dois anos. Pensar nisso faz meu coração ficar apertado, ele só terá cinco anos apenas cinco anos, esse é o prazo limite, ele seria meu irmãozinho por apenas cinco anos. Não percebo que estou chorando ate mamãe falar comigo. Desde quando ela estava ali?

– Não chore meu amor.

– Xiii! – exclamo para ela – Estou fazendo Jus dormir. – eu podia sentir a respiração dele ficar calma e seu corpo relaxar, ponho-o no berço. Seu quarto era tão delicado, paredes verdes, moveis brancos, alguns bichinhos de pelúcia colocado-s no tapete marrom, e alguns desenhos de safári na parede da porta. Tão bonito. Tão humano.

– Eu sei no que você esta pensando e você deve estar me achando uma péssima mãe, isso vai doer tanto para você quanto para mim, eu sou a mãe dele, mas esse é o nosso chamado. É por esse motivo que estamos aqui, para colonizar os humanos. Já deixamos isso sair do nosso controle uma vez com os Stryder e eu vejo o quanto você sofre pela perde de Melanie. Apesar de todos os seus esforços para me esconder eu sei que você sofre e eu não te culpo, e é por esse motivo estou fazendo isso! Quanto mais tempo essa criança for humana mais você sofrera e eu não gosto de vê-la sofrer. Espero que você possa compreender meu lado.

– Eu compreendo mamãe, mas você esta errada. Quanto menos tempo ele for humano mais eu sofrerei pelos anos que não poderei passar ao lado dele.

– Você me deu sua palavra. Cumpra com ela.

– E é sobre isso que eu quero falar com a senhora. Quero parar a escola , pois faltam apenas dois anos para eu acabar o ensino humano, e eu quero começar logo o curso de Curandeirista. Preciso estar preparada quando Justin tiver de ser colonizado.

– Se esta é a sua vontade eu a aprovo.

– Obrigada mamãe!

– Mas você ainda não me falou da viagem direito! Vamos esquecer esse assunto e tomar um chocolate e comer uns biscoitos. O que você acha?

– Isso vai ser muito bom!

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– Parabéns! – digo para Austin – 18 anos!

– Obrigada, Flor da Noite!

Reviro os olhos, era bem a cara de Austin fazer alguma piada com o meu nome. Ao ver a minha cara ele me abraça forte e sinto o cheiro de seu corpo, capim-limão, uvas e madeira, posso sentir os músculos de seu corpo graças à falta de sua camisa.

– Muito legal esse lugar- digo quando ele me solta.

– É mesmo- ele concorda.

Austin havia escolhido um sitio com piscinas e chalés para fazer sua festa de 18 anos e o convite dizia bem claro que era só para os amigos e nada de pais, eu havia rido disso e imaginei que minha mãe não permitiria que eu passasse um final de semana sem um acompanhante adulto, mas ela havia adorado a idéia e disse que iria resolver as coisas do meu aniversario que eu não me interessava enquanto eu estivesse no sitio.

– Vamos entrar na piscina? – ele me pergunta.

– Claro!

O sitio tinha uma grande área florestal em torno da casa principal, um pequeno lago e uma ponte que ligava cada lado do lago, a casa e a piscina ficavam do lado norte e os chalés do lado sul.

– Ei Julie! Tudo bem? – perguntou-me Luiz , um dos amigos de Austin.- Toca aqui!

– Tudo! – bati na mão que ele estendia para mim. Ele é muito bonito, pele bronzeada, olhos cinza por debaixo da prata da alma e cabelos castanhos.

– Vai entrar? – perguntou ele a mim.

– Claro.

A piscina era grande e retangular e havia um deck de madeira em sua volta. Austin havia convidado poucos amigos, Luiz, Pamela, Yasmin, Laurence, Mike, Richard, Thalissa, Mackenzie e Jack.

– Olá Julie- disse Mackenzie- lembra de mim? – mas é claro que eu lembrava dela.

– Olá!

– Esse será o melhor final de semana de todos. – Austin gritou antes de pular na piscina.

Todos olhavam para mim esperando que eu pulasse, tirei minha saída florida mostrando meu biquíni azul, dei dois passos para trás para pegar impulso e pulei. A água estava gelada, mas estava suportável.

Voltei a superfície e todos gritaram de alegria.

– Parece que você não gosta muito de água. – Austin disse.

– Meu ultimo planeta era embaixo d’água isso é muito normal para mim só estou desacostumada.

Conforme o sol se punha as pessoas foram saindo, ate que só havia sobrado eu. Encarei a piscina tinha um tobogã, um trampolim e uma cascata.

Nadei em direção a cascata e me coloquei embaixo dela deixando que ela lavasse meus problemas, minhas dores e minhas lembranças.

O dia estava quente para uma tarde primaveril, para o mês de março. Ah, só a lembrança desse mês já apertava meu coração. Jamie. Jamie estaria fazendo 15 anos. Mais um aniversario longe, mais um ano em que ele estava desaparecido. As lagrimas escorriam por meu rosto permiti que elas fossem levadas embora também.

– Julie?- a voz de Austin me trouxe a realidade- você não vai querer sair daí, não?

– Estou saindo.

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– Ai que bom que você que vai ficar no meu chalé achei que teria que dividi-lo com Mackenzie. – Yasmin comemorava pulando em uma das camas do chalé seu cabelo longo cabelo castanho acompanhando seus pulos, ela deveria ter lindos olhos castanhos antes de ser colonizada, agora com o prata da alma seus olhos eram verdes-barrentos.

– Tem lugar para mais uma?- escutei Pamela dizer atrás de mim- Mackenzie irrita ate a mais bondosa de todas as almas.

– Claro que tem!- exclamo.

– Valeu! – Pamela disse mexendo em suas madeixas castanho-claras que combinavam perfeitamente com seus olhos verdes, Pam é prima de Austin .

No chalé havia três camas, uma amarela, uma rosa e uma azul. Yaya ficou com a rosa, Pam com a amarela e eu com a azul.

– Sabe eu acho que meu primo gosta mesmo de você! – disse Pam.

– Eu também acho. - concordou Yaya.

– É quem sabe!- digo pensativa.

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– Você esta maravilhosa! – disse Luiz

– Valeu!

– Me concede uma dança?

– Claro!

– Acho que não vai ser possível, Luiz, ela vai dançar comigo. – Austin disse e pegou minha mão, pude sentir uma tensão no clima, mas era tão normal isso acontecer nesse problema em que os hormônios e os sentimentos dominavam.

– Adorei seu vestido! Você esta usando a minha cor preferida.

Meu vestido era uma frente única verde, mais no tom de verde que Austin ama capim-limão.

– Sabia que você iria gostar- digo enquanto dançávamos.

– Ansiosa para a sua festa?

– Bastante!

– Tudo pronto?

– Mais ou menos. Faltam alguns detalhes.

– Tipo?

– Um acompanhante.

– Então esta resolvido! Dançarei com você, acho que temos jeito para isso.

– É! Esta tudo perfeito agora.

Austin e eu dançamos por um bom tempo, tempo necessário para que todos chegassem.

– Acho melhor irmos nos sentar com eles – digo.

– Tudo bem.

Os amigos de Austin, agora meus amigos, estavam reunidos em uma mesa circular, sentei-me entre Pam e Yaya.

– Com fome? – perguntou-me Yaya.

– Morrendo! – respondi.

– Vou pegar algo para comermos – anunciou Pam.

– Pode deixar que eu pego – Mackenzie falou levantando-se da mesa. Em instantes ela voltou com pacotes de Cheetos, Ruffles e Pringles. Olhie procurando avidamente o pacote de Cheetos de queijo, meu preferido, mas não fui rápida o suficiente, pois alguém já havia pego. ‘ Bom eu teria que ficar co outro’.

– Peguei para você, porque sei que é o seu preferido. – Austin diz me oferecendo o pacote de Cheetos de queijo que eu queria.

– Obrigada.

– Vamos lá para fora aqui esta muito quente! – exclamou Thalissa, a melhor amiga de Mackenzie, ela tinha cabelos castanho-escuros cortado a altura do queixo e olhos em tom canela por baixo do prata da alma. Assim que ela disse isso todos correram para fora. Austin ofereceu a mão para mim.

– Vamos? – ele perguntou e eu coloquei minha mão na sua.

A parte de fora da casa principal tinha um chão de gramíneas, vários pufes entorno de uma mesa circular e redes penduradas nas vigas. Quatro redes no total. Yaya e Pam estavam em uma, Thalissa e Jack em outra, Luiz estava sozinho em uma e Mackenzie na outra. Luiz olhou para mim convidando-me a sentar ao seu lado eu neguei com a cabeça. Fui em direção a rede em que Mackenzie estava.

– Posso me sentar aqui? – pergunto.

– Claro – ela exclamou surpresa.

Ela abriu espaço para que eu me sentasse do seu lado.

– Me desculpe – exclamou ela rapidamente.

– Pelo que? – pergunto confusa.

– Você deve estar pensando que sou horrível, pelo que eu fiz no passado, por ter afastado você e Austin é que vocês eram tão próximos e tão ligados que eu morria de medo de perdê-lo para você, mas a verdade é que ele nunca foi meu e o que eu fiz foi errado e eu entenderia se você não quisesse mais falar comigo.

– Você não tem que se desculpar, eu é que tenho por ter feito aquela birra.

– Imagina. Você fica tão fofa fazendo birra que não há motivos para ficar chateada.

Ambas rimos com essa afirmação.

– Você acha que é verdade o que todos falam? – sussurro para ela.

– Sobre o que?- ela sussurra de volta.

– Sobre ele gostar de mim?

– Acho! Posso perceber pelo jeito como ele te olha, pela maneira como ele te trata e tenho quase certeza que você sente o mesmo.

Confirmo com a cabeça.

– Vocês fazem um casal lindo! Amigas? – ela estende a mão para mim.

– Amigas! – bato na mão dela em um cumprimento.

– Eu sei que isso não é certo, mas eu morro de inveja de você. – ela me confidência.

– Eu? Por quê? – pergunto.

– Bem você é perfeita! Todos te amam, seu histórico de vidas é o maior já existente, seu cabelo é maravilhoso, a cor dos seus olhos é clara como o céu, mas também é brilhante como uma estrela e as feições de seu rosto são como a de uma princesa. E bom Luiz esta doido por você.

– Você me acha perfeita? Eu te acho perfeita! Você é loira e seus olhos são castanhos mesmo com o prata da alma e eu achei que isso era impossível de acontecer. Você pode não ter tido tantas vidas, mas soube se adaptar muito bem em todas. E o seu rosto, Meu Deus, como te falar! Ele é devastador! – ela riu – E sobre o Luiz você deveria falar com ele.

– Vou pensar sobre isso – ela disse e sorriu.

– Ei Julie! – Mike chamou minha atenção para o outro lado da mesa ele estava sentado nos pufes.

– Sim?

– Você é a mais velha entre nós, certo?

– Certo!

– Qual o seu planeta favorito?

– Não sei já foram tantos, provavelmente o Planeta das Flores lá é tudo tão belo e alegre, porém a Terra é um ótimo planeta também. E o seu?

– Mundo do Fogo!

– Então me diga por que você não tem um nome do Mundo do Fogo?

– Porque, assim como você, eu participei da ocupação deste planeta e esse é o meu nome e quem eu sou neste planeta.

– Esse é o motivo de vocês ainda manterem seus nomes humanos? – eu pergunto e todos concordam.

– E você, Julie, qual o seu motivo? – perguntou Pam.

– Julie é um nome humano, mas no me caso é um apelido meu verdadeiro nome é Cerúlea. O verdadeiro motivo por eu ter mantido o meu nome humano porque sinto que sou uma humana com todas as dores e tristezas, sorrisos e alegrias, eu me sinto como uma humana! E não vejo nenhum problema nisso!

O silencio e a tensão tomou conta do lugar. Talvez eu fosse a única que concordasse com esse pensamento, pois fui a única que conheci realmente a beleza da vida alienígena deste planeta.

– Estou tão cansada! – exclamo caindo de cara na cama.

– Também – Pam diz com a voz grogue de sono.

– Até amanhã – despede-se Yaya deitando-se em sua cama.

Fecho meus olhos e permito que a inconsciência tome conta de mim.

O final de semana do aniversario de Austin deve ter sido o mais curto e o mais feliz que eu tive desde a morte de Mel e o desaparecimento de Jamie. E eu só pude perceber isso quando estava indo para casa, mamãe havia ido me buscar, eu entrei no carro e acenei do banco da frente.

– Tchau gente! – gritei da janela do carro.

– Tchau – responderam todos.

– Como foi seu final de semana, querida? – perguntou- me mamãe.

– Foi maravilhoso! – respondi.

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– Julie você tem que decidir algo! Já estamos em maio e sua festa esta chegando. Será que você pode me ajudar em algo? – Bia gritou ao pé da escada.

– Estou indo! – grito para ela.

Desço correndo as escadas para ver no que ela precisava de ajuda.

– Vamos ver seu vestido! – ela me diz já com a chave de seu carro na mão e abrindo a porta.

– Já não tínhamos decidido isto? – pergunto entrando no carro.

Bia havia encomendado meu vestido na mesma loja em que ela encomendará o dela.

– Olá querida – disse Flores ao Vento, a atendente da loja.

– Olá – respondo.

– Ansiosa?

– Bastante.

Ela nos conduziu até uma sala espelhada que tem um palco no meio e um sofá no canto.

– Vou buscar seu vestido?

– Será que ficou parecido com o que eu queria? – pergunto a Bia.

– Espero que sim, mas já estar perfeito de todo jeito.

Flores ao Vento voltou com um saco preto.

– Vamos experimentar?

– Claro?

Subo no palco e tiro minhas roupas, Flores ao Vento me ajuda a colocar o vestido.

– Ai Meu Deus! Você esta perfeita! – exclama Bia com lagrimas nos olhos.

Olho para o meu reflexo no espelho, o vestido tem a cor azul-marinho com um decote em forma de coração e sua saia lembra um pouco o estilo sereia, uma faixa azul- marinho cintilante esta presa no ponto perfeito de minha cintura, o tecido do vestido é bordado e os paetês dos bordados de flores fazem cócegas em minha mão. Eu havia escolhido este tom de azul escuro, pois sabia que o contraste entre minha pele branca e o azul- marinho ficaria lindo. Eu estava perfeita.

– Eu amei! – digo para ambas – Este vestido é perfeito!

– Que bom que você gostou – Flores ao Vento diz sorrindo.

– Tenho uma surpresa para você! Encontrei o sapato perfeito para esse vestido! – Bia fala enquanto abria a sacola que ela havia trazido.

O sapato de salto alto de verniz deveria ter uns 15 centímetros e era da cor azul-marinho e sua sola era vermelha. Experimentei-o com o vestido e ficou perfeito.

– Obrigada Bia! – eu a abraço.

– Você esta maravilhosa, mas temos que resolver outras coisas.

– Tenho que decidir o vestido de Pet!

– Vamos ver então!

Ponho novamente minha roupa e saio a procura de um vestido para Pet e sem precisar de muito tempo eu o encontro. Ele é da cor azul céu com flores rosas na cintura, com uma saia curta e rodada e decote redondo.

– Perfeito! Só falta o sapato!

– Que tal esse? – Bia me mostra um sapato rosa quase neon de salto alto.

– Amei!

– Um colar ficaria bonito!

– Que tal esse?- Flores ao Vento nos mostrou um delicado cordão de ouro com um pingente em formato de flor.

– Esse vai ficar perfeito! – digo.

– Precisamos decidir seu outro vestido! – afirma Bia.

– Outro? – pergunto.

– Sim! Você não vai querer rodar a festa inteira com esse vestido eu te garanto!

– Qual você gostou?

– Deste daqui! – ela aponta para um vestido champagne com cristais azuis.

– É lindo!

– Então já temos tudo pronto! – ela me diz com um sorriso.

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– Olá Pet! – digo assim que ela atende.

– Oie! – escuto sua voz melodiosa ao telefone.

– Tudo bem?

– Claro que sim! E você como esta? Ansiosa?

– Estou bem e muito ansiosa também! Só faltam três dias.

– Chego sexta de manhã, ok?

– Ok!

– Você vai ter que vir um dia para conhecer minha casa em Seattle.

– Pode deixar que eu vou sim!

– Jujuba tenho que ir terminar de arrumar as malas. Beijos!

– Beijos, Paçoca!

Pet e eu adoramos jujubas azuis e paçocas! E eu sinto tanta a falta dela!

– Julie você pode vir aqui? – mamãe me chama.

– Estou indo, mamãe.

Vou em direção ao seu quarto e encontro ela e Bia sentadas em sua cama.

– Temos uma surpresa! Abra – ela me entregou uma caixa de jóias. Dentro dela havia um colar de perolas e um par de brincos combinando.

– É lindo, mamãe.

– Eu usei em meu casamento, sua irmã na festa de debutante dela e agora estamos passando para você usar na sua.

– Sua primeira herança de família! – exclamou Bia.

– Obrigada!

Eu abraço-as e penso em tudo que aconteceu desde que chegamos nesse planeta, mesmo depois de todas as dores e sofrimentos nós nos mantivemos unidas.

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– Bom dia! – escuto minha mãe dizer e um clarão domina meu quarto. Abro os olhos piscando me acostumar com a luz.

– Acorde Lie- Jus exclama batendo em meu braço.

Pego ele e sento-o na cama.

– Sabe Jus precisamos acordar a Pet – olho para ela que esta deitada ao meu lado – e ela adora ser acordada com pulos. - Ao dizer isso pude ver seus olhos brilharem com essa alegria infantil eu sentiria falta disso.

– PEEEEEEEEEEETTTT! – ele diz enquanto pulava em suas costas.

– Jus! Você vai pagar por isso – Pet exclama e o puxa em sua direção fazendo-o rir, e a cada risada ela fazia mais cócegas.

– É hoje – pude escutar Bia gritando desde o corredor. Meu corpo fica tenso. Hoje, meu aniversario de 16 anos.

– Julie levante-se logo, pois temos que fazer muitas coisas. – Mamãe disse.

– Primeira foto da aniversariante – exclama Bia após tirar uma foto minha de pijama.

– Se alguém vir essa foto eu te mato!

– Julie! – mamãe me repreendeu.

– Foi uma brincadeira.

– Brincadeiras desse tipo não são aceitas! Isso não tem graça! Essas eram brincadeiras humanas e você não é uma!

– Eu gostava mais desse planeta antes – murmurro.

– Não fale assim – Bia me repreende dessa vez- Nós fizemos tudo o que podíamos! Deixamos eles viver ate o máximo e agora temos muitos problemas! Julie, Melanie resistiu sabe quantos humanos resistem? Pouquíssimos! Sabe por que ela resistiu? Porque nós permitimos.

– Fizemos a coisa certa!

– É fácil para você falar, não é? Por que era Melanie e todos nós queríamos que ela estivesse viva, mas pense ela não seria a mesma ela seria diferente, pois a Mel que conhecíamos era humana e a alma não teria nenhuma característica da antiga Mel a não ser o rosto. – Bia grita e posso ver a lagrimas em meu rosto.

– Quem é Melanie? – pergunta-nos Pet.

– Ninguém importante – respondo – Vou tomar banho.

– Mãe vou dar uma volta – grito e saio correndo de casa. Meus pés já estão tão acostumados com o caminho que não preciso nem pensar, pois eles já se movimentam sozinhos.

Minha campina. Meu refugio. As flores aproveitavam o belo sol. Desabo no meio delas. Meus olhos varrem o local para ver se há alguém ali.

Melanie, meus pensamentos ecoam seu nome. Abraço- me bem forte para tentar confortar o buraco que mais uma vez é aberto em meu peito. Dói como se alguém vivesse cutucando minha ferida. Melanie estava morta. Iria fazer um ano. Não, isso não podia estar acontecendo. A dor estourava, contorcia e massacrava meu pobre coração. Mel havia resistido, mas Bia estava certa eu chorava pelo corpo de Mel, pois por mais que ela houvesse resistido ela não era Melanie.

Escuto passos atrás de mim mais não me viro para ver quem é. Não quero falar com ninguém.

– Julie? – Bia fala se sentando ao meu lado. – Me perdoe por descontar tudo em você, eu também estou triste, e eu não tinha esse direito hoje é o seu dia.

– Tudo bem.

– Eu estou tão estressada Buscadora não atende seu celular há dias e acho que ela voltou aquele maldito deserto!

– O que tem no deserto?

– Areia, areia e mais areia! Não tem mais nada lá, mas ela continua insistindo!

– Foi onde eles acham que Mel morreu?

– Onde eles acreditam, não encontramos nenhum rastro só um carro e nenhum corpo. – vejo-a estremecer.

– Sinto a falta dela- digo com a voz seca de tanto chorar.

– Eu também! Todo o tempo, mas eu sabia que te-la aqui era um sonho que nunca teríamos, pois a Mel que amamos era humana e não podem mais existir mais humanos. Julie eu a amo tanto quanto você, e sofro do mesmo jeito que você só que não mostro. Você é minha irmãzinha não posso perder você, entendeu? A única coisa que eu tenho.

– Entendi. Você tem Justin também.

– Sim, vocês são minhas preciosidades. Eu sei que é difícil e pode demorar muito tempo, mas supere isso, por favor.

– Eu vou tentar.

– Isso mesmo!

Eu a abraço.

– Obrigada por estar aqui.

– De nada! Vamos voltar antes que a mamãe surto afinal hoje é o seu dia.

–É hoje é o meu dia! – forço um sorriso.

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– O que você esta pensando em fazer no cabelo? – Ramos Entrelaçados, o cabeleireiro e amigo de minha irmã, pergunta- a mim.

– Quero prender tudo de um lado só – com minhas mãos mostro para ele – e bastantes cachos na parte que estiver solta.

– Gostei vai ficar linda! Quer dizer, mais linda ainda.

– Obrigada!

Ramos Entrelaçados começou a mexer em meus cabelos. Ah como eu adoro essa sensação! Ele trançou-o e cacheou-o e a cada minuto eu ficava mais nervosa.

– Sorria – Yaya falava para mim a cada foto que ela queria tirar.

Eu havia convidado as meninas para se arrumarem comigo. Yaya, Pet, Pam e Bia rodavam de um lado para o outro em meu quarto experimentando sapatos, jóias e pensando no que iriam fazer no cabelo. Elas estavam rindo e se divertindo e eu não parava de pensar que esse era o lugar perfeito para Melanie estar e em como ela adoraria estar aqui, no quanto eu ficaria feliz se ela estivesse aqui, mas ela jamais poderia estar. Pensar nisso era como um golpe em meu estomago. Eu nunca a veria novamente, pois ela estava morta. Tirei esse pensamento de minha cabeça antes que eu começasse a chorar.

– E ai o que achou? – Ramos Entrelaçados perguntou.

– Esta perfeito – digo. Meu cabelo estava preso de um lado e cachos caiam do outro.

– Você esta maravilhosa, Julie , mas agora é a minha vez – Bia diz e eu saio para que ela possa se sentar.

– Nervosa? – Pam pergunta assim que me sento ao lado delas.

– Bastante!

– Vai ser perfeito!

– Espero.

– Julie querida tem alguém querendo te ver.- Mamãe aparece na porta de meu quarto de roupão.

– Estou indo. Belo vestido! – digo ao passar por ela rindo.

Ela ri junto comigo.

– Igual ao seu. – ela aponta para meu roupa de cetim azul que eu havia posto por cima de meu shorts jeans e blusa colorida.

Desço as escadas cuidadosamente para que meu cabelo não se desarrumasse.

– Parabéns! – Austin diz quando chego no ultimo degrau. Seus cabelos loiros estão penteados para trás e ele carrega um buque de rosas vermelhas.

– Obrigada! – eu o abraço.

– São para você! – ele estende as flores para mim.

– São lindas!

– Não mais do que você! – sorrio ao que ele disse.

– Onde esta Mary? Pensei que ela viesse se arrumar conosco.

– Ela agradeceu o convite, mas ela disse que esta preparando algo especial para você então ela não virá.

–É uma pena.

– É mesmo! Eu tenho que ir me arrumar, pois sou o ‘príncipe’ de uma festa. Até.

– Até.

Voltei ao meu quarto para ver como todas estavam. Bia havia feito um coque tipo rosca, Yaya fez uma escova e colocou uma presilha, Pam estava arrumando seu cabelo e Pet seria a próxima. Corri ate meu guarda- roupa e tirei de lá o vestido dela, o sapato e o cordão que eu havia comprado.

– Espero que goste. – entrego o vestido em sua mão.

– Jujuba ele é maravilhoso! – ela exclama. – E esses sapatos são divinos. Eu amei! – ela me abraçou.

– E eu tenho mais um presente! – tiro do bolso da calça o cordão e lhe entrego, ela abre e vê nossa foto tirada em seu aniversario do lado direito e no esquerdo se encontrava escrito ‘ Amigas para Sempre’.

– É o melhor presente que eu poderia ganhar! – ela diz.

– Você é a melhor amiga que eu poderia ter isso não é nada!

– Isso é tudo! – ela me abraça novamente – Agora eu tenho que ir porque minha vez chegou.

– Hora da maquiagem – Bia se coloca na minha frente e me faz sentar numa das poltronas floridas de meu quarto.

– Pronto! – Bia exclama quinze minutos depois. – Olhe – ela coloca um espelho próximo ao meu rosto. Meus olhos estavam bem marcados por um tom de azul-marinho e havia um delineador estilo gatinho para definir melhor o olhar, minhas bochechas estavam rosadas e meus lábios com um leve gloss trasparente.

– Perfeito! Obrigada, Bia! Por tudo!

– De nada!

– Bia?

– Você pode pegar aquela caixa ali para mim? – aponto para a caixa que se encontra em cima de minha cômoda.

– Aqui esta- ela entrega em minha mão.

Eu a abro e procuro meus brincos e meu colar de perolas que havia ganhado de mamãe e mais uma jóia o colar de Bethanie. Eu os coloco e eles ficam perfeitos um complementando o outro. Eles tinham u sginficado maior para mim do que apenas heranças de família, eram a minha família alma e minha família humana, as duas partes de um todo, as minhas metades.

– Hora do vestido! – Pet diz e vejo que ela já esta arrumada seus cabelos foram presos em duas trancas laterais e o resto continuava solto.

Olho para minha cama, para o pacote preto e sorrio. Chegou à hora.

– Até daqui a pouco, queridas – Ramos Entrelaçados despediu-se.

– Você pode fechar o meu zíper? – Pergunto para Pam que já havia vestido seu lindo vestido prateado sem alças, sua maquiagem era clara e seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo.

– Claro! Você esta incrível! – ela exclama após fechar o vestido.

– Vou te ajudar a por os sapatos – Yaya diz e os coloca em meus pés. – Seu vestido é maravilhoso!

– O seu também! – Seu vestido era parecido com o de Pam só que o de Yaya era na cor rosa.

– Minha princesa – mamãe diz assim que me vê – esta linda! Gosto mais desse vestido! – ela fala e nós rimos.

– Eu também gosto mais desse seu vestido. – mamãe havia escolhido um vestido preto de mangas três quartos.

– Querida, Austin esta te esperando para leva-lá.

– Estou indo! Até daqui a pouco pessoal.

Indo em direção as escadas me encontro com papai.

– Minha garotinha cresceu – ele me abraça- E esta tão linda. A mais linda do mundo.

– Obrigada papai – de todas as pessoas da família papai era a que eu mais gostava, e a que eu mais era próxima.

Austin estava na rua encostado em um carro vermelho a placa dizia Ferrari. Ele estava perfeito, o terno preto ficou perfeito com sua pele bronzeada, e a gravata azul- marinho contrastava com seus olhos verde-esmeralda.

– Uau! – é a única coisa que ele.

– Você esta muito bonito – murmuro.

– Você esta mais. Vamos? – ele indica a porta do carro aberta para mim.

– Vamos.

O local onde seria realizado minha festa era no mesmo lugar em que fora realizado a festa de Beatriz. Um lindo jardim e no meio da propriedade um enorme castelo.

– Esta tudo tão lindo- exclamo assim que saio do carro.

O salão estava decorado em tons de azul, dourado e alguns detalhes de marrom. As mesas tinham toalhas azul turquesa e longo arranjos com flores rosas, as cadeiras eram douradas. Num canto do salão se encontrava a mesa de doce de mogno que havia todos os tipos de doces e guloseimas. A mesa do bolo estava na parte central do salão, a mesa era de mogno marrom- escuro e era longa. Vasos dourados com flores rosas estavam pela mesa e no centro um bolo em tons de azul de cinco andares. Pelo salão haviam varias cortinas douradas e na pista de dança havia um adesivo com meu nome grudado no piso. Esta tudo perfeito!

– É como um sonho.

– Que bom que você gostou! – Bia diz, eu não havia percebido a chegada dela. Ela estava com um vestido verde da cor de seus olhos e ao seu lado estava Connor , seu namorado de anos.

A festa ocorreu perfeitamente, por horas eu recepcionei os convidados e quando chegou a hora eu dancei com meu pai e Austin. Enquanto eu dançava com Austin o pensamento de que se Jamie estivesse aqui seria ele que dançaria comigo não saía de minha cabeça.

Depois da valsa, do parabéns e de cortar o bolo, eu finalmente pude me sentar. Até que Austin pediu para conversar comigo.

– Venha! – ele estendeu a mão para mim, eu levantei e peguei sua mão e ele nos conduziu para fora, para o gazebo que havíamos dançado no aniversario de minha irmã.

– Aqui estamos nós já fazem seis anos! – digo e ele concorda.

– É já faz muito tempo, mas tudo termina agora.

– O que? – olho para ele com dúvida.

– Aqui é o lugar em que tudo começou e onde tudo termina. Eu prometi para você que faria você esquecê-los e que não te abandonaria e nunca irei te abandonar. Peço que nesse momento você ponha um ponto final em toda essa fase de dor, tristezas e sofrimentos para que possamos começar uma melhor. Você consegue fazer isso?

– Consigo.

– Então aceite ser minha namorada e me fazer a alma mais feliz desse universo!

– Eu aceito!É claro que eu aceito! – eu o abraço bem forte – Eu te amo!

– Eu também te amo! Mais para tudo se tornar oficial só com um anel – ele tira do bolso uma caixa preta e a abre revelando um anel de ouro com uma pérola.

– É lindo e cabe perfeitamente! – eu sorrio para ele e com um beijo selamos nosso amor.

– Esse sapato esta apertando meu pé – reclamo para Bia.

– Vem, vamos trocar esse vestido e esse sapato.

– Tudo bem.

Bia me levou ate a sala que estava meu vestido.

– Aqui esta. – ela me entrega um par de sapatilhas azuis-marinho.

– Ah! Obrigada!

– Julie! – Mary entra correndo para falar comigo.

– Mary você esta linda!

– Obrigada! Tenho um presente especial. Quando eu me mudei a antiga dona não havia retirado todos os pertences e ela deixou uma caixa de jóias e eu encontrei isso aqui- ela me mostra um bracelete de safiras – e eu sei o quanto aquelas pessoas eram especiais para você então quero que fique com ele.

– Mary isso é lindo! Obrigada! Você é a alma mais bela e pura de todo o planeta. Você pode fechá-lo para mim?

– Claro! – estendo para ela minha mão direita em que se encontra o anel que Austin me deu. - Austin te deu esse anel?

– Sim. Por quê?

– Porque eu o vi na caixa, ele o quanto você se importa com essa família. Soube que você é minha cunhada agora! Isso é verdade?

– É sim!

– Que ótimo.

– Vamos voltar à festa?

– Vamos sim.

A festa foi um sucesso e tudo ocorreu perfeitamente, Bia e Mamãe se superaram.

Quando os convidados estavam indo embora resolvi dar uma volta pela propriedade para pensar. Há exatamente oito anos atrás eu estava fazendo oito anos e Mel e Jamie ainda estavam aqui. Era incrível como tudo podia mudar em apenas oito anos, dentre todas as minhas vidas a humana é a mais curta e a mais dolorosa que eu tive. Eu havia prometido para Austin que deixaria tudo isso para trás, mas eu ainda não me sentia pronta para isso. Olho para o anel e para o bracelete ambos pertencentes à Linda. Por que ela os havia deixado para trás? Como ela estava? E essas perguntas me conduziam a outras. Onde Jamie estava?! Todas essas perguntas se fundem e batem em minha cabeça como um furacão. Eu estava preparada para seguir em frente? Acho que não. Havia muitas perguntas mal respondidas e eu só desistiria quando solucionasse todas. Se houve algo que eu aprendi nesse planeta era ser persistente. E eu havia descoberto a pior e o melhor sentimento: o amor.

O amor para os humanos era algo sentimental que só podia ser sentido ou imaginado, mas a verdade é que os humanos nunca descobriram que ele pode mudar tudo. O verdadeiro amor é uma arma, uma arma mortal que tem o poder de destruir tudo e reconstruir tudo. E eu amo Jamie e não desistirei de encontra-lo.


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Notas finais do capítulo

O que sera que isso quer dizer?



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