Gabriel estava sob Bryan no chão do meu dormitório, Bryan desferia vários golpes em seu rosto, alguns deixariam marcas feias. Gabriel não estava conseguindo revidar, pois estava completamente imobilizado, então eu agi. Parti pra cima de Bryan e o empurrei no chão, aonde caiu ao lado de Gabriel, que se levantou em um pulo. Bryan se levantou logo depois. Tentaram se bater de novo, mas eu os impedi, fiquei entre os dois, que fulminavam um ao outro com os olhos.

–PAREM COM ISSO! – gritei. – PAREM COM ISSO AGORA!

–qual é every, vai defender seu novo namoradinho? – perguntou Bryan com ódio na voz.

–vou! Já que meu ex-namorado idiota não está me dando escolha. – disse no mesmo tom.

–vai brigar com ela agora, Bryan? – Gabriel disse.

–não fui eu que precisei de uma garota pra sair vivo de uma briga. – devolveu ele.

–mas foi você que começou uma briga idiota por causa de uma garota que, detalhe, você deu o fora. – eu disse.

–cala a boca, every. – Bryan disse.

–cala a boca? – vociferei. – você vem no meu quarto, briga com meu amigo e me manda calar a boca? – digo. Dou dois passos para perto dele e aponto o dedo em seu peito. Olho em seus olhos. – você é o pior tipo de desgraçado que eu já conheci! – grito e lhe dou um tapa no rosto.

–não sabia que você costuma beijar seus amigos. – disse com ódio no olhar. – você é uma vadia.

–eu também não sabia que você costumava transar com a Mariene. – devolvi. – quem é mais vadia, eu ou ela?

–não precisa falar assim. – disse acanhado. A bola dele havia murchado.

– cale a boca você. E saia daqui, te disse que não queria mais te ver, disse que queria esquecer que você existia, te devolvi tudo o que te pertencia e não te devo mais nada, muito menos explicações sobre a minha vida pessoal, da qual você não faz mais parte! – grito. – faça-me o favor de me poupar de discussões como essas todos os dias, melhor ainda, me poupe até de conversas civilizadas, se passar por mim não precisa nem me cumprimentar, não precisa me olhar, nem me observar de longe, não precisa pensar em mim e nem sonhar comigo. Por que eu não vou discutir com você, nem conversar, nem cumprimentar, nem olhar, nem observar, nem pensar e, muito menos, sonhar com você. Eu vou te esquecer, Bryan.

–eu não prometo nada. – ele diz

–não quero suas promessas, você já quebrou muitas delas.

O encarei com ódio lucido, ele sustentou meu olhar e, por um segundo, desejei que ele me beijasse. Mas no momento em que esse pensamento me veio a cabeça, um mais forte veio por cima: o sabor do beijo de Gabriel. A língua dele dançando com a minha, uma dança lenta e gostosa, ao som de ‘’all i want ‘’ na minha mente ridícula. Acordei dos meus devaneios e consegui dizer:

–vá embora, Bryan. – virei o rosto para o lado e encontrei a estante que ele tinha me ajudado a montar. Desviei o olhar rapidamente e encontrei uma foto nossa na parede. Ele encarou-me por mais um tempo e depois saiu do quarto, me deixando a sós com Gabriel.

–você está bem? – ele anda até mim. Eu me viro para ele e enlaço seu pescoço com meus braços. Beijo-o com ferocidade e um desejo ardente.

–só... me faça esquece-lo. – digo entre os beijos. – me faça esquece-lo. – começo a chorar.

–não chore, ele não merece suas lágrimas. Você já chorou demais por hoje. – ele apoia minha cabeça em seu ombro e afaga minhas costas com a mão esquerda, enquanto a direita passeia lentamente pelos meus cabelos. – venha, vou te deitar – ele diz e me ajuda a andar em direção a cama, aonde eu desabo. Ele se deita ao meu lado e eu espero as lágrimas pararem de rolar, mas algo me dizia que elas iam insistir.

–eu... Eu não consigo Gabriel, eu não consigo parar de chorar! – digo entre soluços. – eu não amava ele, mas ele ainda era um amigo muito importante pra mim, e ele me magoou tanto! – continuo a chorar e enterro o rosto entre as mãos.

–chega – ele disse e se levantou num pulo. – não vou ficar aqui vendo você chorar. Levanta dessa maldita cama e vai se arrumar. – eu o encarei por um tempo, tentando entender o que ele queria dizer com aquilo, mas logo tratei de me levantar a contragosto.

–eu... Não entendi, porque tenho que me arrumar? – pergunto

–porque iremos sair, anda logo. – ele diz e se senta na cama da brih.

–e pra que ocasião eu devo me arrumar? – pergunto ainda secando as lágrimas com a manga da blusa comprida que estava usando.

–apenas fique linda – ele sorri – sei que não vai ser um problema pra você – dá uma piscadela para mim e eu abro um sorriso que quase rasga minhas bochechas.

–obrigada, Gabriel. – vou até ele e o abraço forte. – você não sabe o quanto está me ajudando. – digo e entro no banheiro, tranco a porta e lavo o rosto. Logo depois saio e pego uma blusa colada branca e uma saia preta meio rodada. As visto ali mesmo, na frente dele, afinal: ele já viu tudo mesmo. Porem, mais uma vez ele fecha os olhos e vira para o lado, arrisco uma gargalhada baixa.

– o que foi? – ele pergunta ainda de olhos fechados.

–você. – digo apenas.

– eu oque? – ele pergunta.

–parece até que nunca me viu nua. – digo. – fica desviando o olhar, virou gay? – digo e ele ri.

–não, não virei gay. Apenas estou te oferecendo o respeito merecido. – ele sorri e exibe sua arcada dentária perfeita, maldito!

–pode abrir os olhos, já estou pronta. – digo assim que visto a saia. – quer dizer, quase pronta. – digo e pego uma escova de cabelos para tentar domar meus fios dourados.

–deixa eu te ajudar com isso. – ele diz e pega a escova de minhas mãos. Gabriel era uns 25cm mais alto que eu, então não me mandou sentar. Começou a escovar meus cabelos, desembaraçando cada nó com toda paciência do mundo. Assim que terminou, me girou pelos ombros fazendo com que eu ficasse virada de frente para ele, pegou meus cabelos e os dividiu em duas mechas e jogando cada uma por cima dos meus ombros. – ficou linda. – sorri tímida para ele e fui até minha penteadeira, peguei meu perfume favorito (vera wang princess) e borrifei-o em mim.

–vamos? – disse por fim, pegando minha bolsa e andando até a porta.

–vamos. – ele disse e pegou minha mão.