Um pouco depois que Gabriel saiu do quarto eu me vesti e fui para minha primeira aula, depois de acordar com ele na minha cama eu perdi a fome, quando estava passando pelo corredor algumas pessoas me olharam de canto e riram, algumas só me olhavam e balançavam a cabeça, outras me olhavam com pena, como se soubessem de algo que eu não sabia; mais a frente eu encontrei bryan, ele parecia nervoso, irritado.

–every! – berrou - preciso falar com você, agora! – se aproximou de mim e me agarrou pelo braço.

–me larga, seu idiota! – gritei com ele enquanto ele me arrastava até a sala do zelador. – qual é, bryan?

–qual é? Tá mais pra quem é, quem é que você namora? Eu ou o Gabriel? – oi? Como?

–como assim? – perguntei

–mariene tirou fotos, o viu saindo do seu quarto hoje de manha.

–bosta... eu não queria te contar, mas aparentemente vou ter que explicar. – eu disse.

–eu não quero explicações, every. – ele balançou a cabeça em um gesto negativo.

–mas eu quero dar.

–então fale com as paredes, eu só não quero mais te ver. – ele me empurrou pro lado e saiu.

Eu fiquei lá, parada, esperando o meu mundo parar de rodopia. Fiquei tonta e enjoada, a ultima coisa que vi foi a porta se abrir e alguém aparecer nela, não reconheci o rosto, pois tudo estava borrado e sem nexo, antes de ficar escuro, caí desmaiada no chão.

***

Acordei em um quarto de hospital, não sei quanto tempo depois. Brih estava sentada ao meu lado, segurando minha mão.

–every... Você acordou! – ela apertou minha mão e me deu um beijo na bochecha. – que bom que você está bem, me deu um susto enorme.

–brih... Quem me trouxe pra cá? O que aconteceu?

–bryan te trouxe, ele entrou na sala do zelador no momento que você estava caindo.

– o que ele foi fazer lá? Ele tinha acabado de dizer que não queria mais me ver...

–ele... ele queria te devolver isso, pediu pra eu te entregar – ela disse e me estendeu a mão, nela estava a aliança dele, ela viu meus olhos se encherem de lágrimas e me disse. - eu sinto muito.

–eu... Eu não acredito. – disse chorando. – maldito Gabriel, maldita mariene. Malditos! Eu não dormi com ele! Aquele merda, idiota! Que bosta – disse entre os soluços, mas me forcei a parar de chorar. – mas eu não vou chorar por ele. Não. Mesmo. – disse pausadamente.

– faz muito bem, amiga. –ela sorri pra mim – vamos pra casa, vou chamar o médico. – ela se levantou e me deixou sozinha no quarto. Olhei para a aliança em minha mão.

– eu já tenho um destino pra você, gracinha. – a girei entre meus dedos.

Alguns minutos depois brih voltou com um médico, que me deu alta e retirou os aparelhos. Nos despedimos e voltamos para a escola no meu carro (brih foi com ele )

Ao chegarmos, deixei brih no estacionamento e fui correndo para o quarto do bryan, abri a porta sem bater nem nada, mas me arrependi friamente quando o vi na cama com ninguém menos que mariene, obvio. Não foi uma cena divertida de ver, então, sem dizer nada, fechei a porta do quarto e saí. Quando cheguei no meu quarto e me joguei na cama, ainda segurando a aliança, pronta para entrar em coma, a porta se abriu, tinha esperanças de que fosse brih então nem olhei.

–que bom que chegou, vai tomar banho? –perguntei ainda olhando pro teto, completamente paralisada. – se você não for, eu vou.

–eu acho melhor eu ir tomar banho no meu quarto. – a voz de bryan soou nos meus ouvidos, me virei pra ele e pulei da cama, indo parar ao lado da cama de brih.

– o que faz qui? Sua amiguinha não está te esperando? –perguntei com a voz cheia de sarcasmo. a aliança ainda estava em minhas mãos.

–eu a mandei embora, eu queria me explicar.

–assim como você disse, eu também não quero explicações, só não quero mais te ver, saia do meu quarto. – disse e joguei a aliança nele, tirei a minha e joguei também. – eu não quero mais vestígios seus na minha vida – gritei e fui até o guarda roupa e abri a gaveta aonde ficavam as roupas dele e as joguei nele também. – não quero lembrar que você existiu – só percebi que estava chorando quando uma lagrima caiu e tocou minha bochecha. – saia da minha vida, saia de perto de mim, agora! Seu idiota! Tantas vadias no mundo e você pega justo ela! Assim que me deixa desmaiada no hospital, é assim? Ótimo, eu vou sair por ai pegando todos. Você tem um melhor amigo? Quem sabe eu pego ele também, ou um pior inimigo, talvez? Já que você fez isso. – ele me olhava pasmo, com as duas alianças na mão. – some daqui! Some da minha frente!

– eu... sinto muito –ele disse. – sinto muito every, eu não estava com a mente clara.

–é, eu percebi suas duvidas. Porque ainda está aqui? Some! – disse com sarcasmo.

–me desculpa, every!

–está se desculpando porque? Não foi eu quem te traiu? Não fui eu a infiel? A quanto tempo dorme com ela, bryan? – disse, me aproximei dele e apontei o dedo em seu peito – quem traiu primeiro, eu ou você?

–então você dormiu mesmo com ele? –ele perguntou.

–claro! E foi muito, muito bom. Melhor do que com você, na verdade. – disse com deboche. –e com ela? Foi melhor do que comigo? Vai, me dá detalhes. Se você quiser eu descrevo pra você, sabe, eu consegui contar 20 cm, depois estava ocupada demais para prestar atenção. É o suficiente?

–every, não precisa fazer isso! Eu acredito em você, acredito que não dormiu com ele.

–eu nunca neguei, eu não dormi com ele ontem a noite, mas naquela noite que você pegou ele saindo do quarto, sim. Eu dormi com ele, e realmente não ia te contar, contente? Tchal, eu não quero você, nunca quis. Eu te neguei por muitos anos, realmente achou que eu começaria a te amar de uma hora pra outra? Eu não te amo, procure alguém que ame. Essa pessoa não está no meu quarto. Saia daqui. – ele me olhou e eu vi a tristeza em seu olhar, logo me arrependi do que disse, ele era meu amigo, e eu fui uma completa vadia dizendo aquilo, mas não ia voltar atrás agora, meu orgulho é maior que eu. Ele saiu do quarto e eu desabei na cama novamente. Comecei a chorar freneticamente e sem conseguir parar.

Alguns minutos depois a porta se abre, mas nem assim eu paro de chorar. Enterro a cabeça no travesseiro e ignoro quem quer que seja a pessoa, acredito que seja a brih.

–every, você está bem? –era Gabriel. Bosta! Porque nunca é a brih?

–eu tenho a aparência de quem está bem? –pergunto olhando pra ele – seu maldito! Isso é tudo culpa sua! – jogo meu travesseiro nele. Ele começa a rir e senta ao meu lado. – sai daqui seu vadio desgramado, cretino e desumano, mentiroso de uma figa... –dou vários tapas em seu peito, mas ele segura minhas mãos e me interrompe com um beijo em minha boca, eu tento empurra-lo mas ele não cede, ataca minha boca como se seu mundo dependesse disso.

–eu sou o que? – ele pergunta assim que desgruda os lábios dos meus.

–um safado! – grito. – que idiotice foi essa de me bei... –ele me beija de novo, mas desta vez eu consigo me afastar. –sai, estranho. – me levanto da cama.

–ah, qual é every? –ele diz e se aproxima.

–qual é o que? – pergunto. Ele está próximo demais.

–vai negar até quando que sente o mesmo por mim?

– seja sincero Gabriel, qual é o motivo dessa sua obsessão por mim?

– Eu te amo, nunca senti com ninguém o que senti com você, essa é a minha obsessão por você. – ele falou isso de uma maneira tão apaixonada que eu quase acreditei, mas foda-se o que eu acredito! Eu o puxei pra mais um beijo e nesse momento a porta se abriu.

–seu idiota! –a voz de Bryan encheu o quarto. Ele puxou Gabriel pela gola da camiseta e o jogou no chão, desferindo vários murros nele em seguida, os dois começaram a rolar no chão e se bater, a única coisa que consegui fazer foi gritar e me afastar.