Viagem de Família escrita por D C S Martim


Capítulo 7
Na Torre dos VIngadores


Notas iniciais do capítulo

A trilha sonora para esse capitulo (hehehehehehehehehehehehe!!!!!)

https://www.youtube.com/watch?v=Ktbhw0v186Q

Isso é tudo o que eu tenho para dizer aqui.

(Além de me desculpar pela ligeira demora. Eu passei por uma situação difícil, constrangedora essa semana, muito difícil mesmo, e não me senti nem um pouquinho motivada para escrever, mas agora que está tudo resolvido eu me sinto bem melhor, um pouco triste, mas satisfeita comigo mesmo. E, honestamente, valeu a pena esperar um pouco para escrever, porque, na minha opinião, este é um dos capítulos mais hilários que eu já escrevi! Vale ouro, uma obra de arte, feita de estupidez, ironia, um pouco de profanação e Vingadores. O que poderia ser melhor que isso?!)



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Era cinco da manhã, e Antony Stark odiava manhãs. Odiava mais do que odiava ressacas ou salgadinhos de queijo que deixavam a boca com um gosto estranho , ou aquelas coisinha alaranjadas que apareciam em todos os lugares, o tempo todo, como era mesmo o nome delas? Cenouras. Odiava manhãs mais do que odiava cenouras, e, ah, como odiava aqueles bastardos. Se pudesse atirar as vadias pela janela e derramar uma dose de tequila por cima o faria com todo o prazer, mas não podia, era obrigado a aturá-las, e, para complicar ainda mais seu relacionamento conturbado com suas cruéis algozes, Steven Rogers, o matusalém freeloader, a estrela cadente de liberdade cintilando no céu opaco e imparcial da justiça, tudo isso em, acreditem ou não, expandex azul, vermelho e branco, ah, o vovô parecia amar as manhãs mais do que amava sua virtuosidade e seu cabelo encerado.

E era por isso que, naquele momento, a torre Stark se parecia com um cenário distópico, pós-Armaggedom, ou, nos eloquentes termos de Tony, mais uma porra de segunda como qualquer outra.

Em sua defesa, talvez ele ainda estivesse meio bêbado e nada fizesse muito sentido, mas, outra vez, pff, mais uma porra de segunda, amigos. Nada fora do comum aqui. Pelo menos ele não estava pelado e não havia uma mulher estranha em sua cama. Ou homem. Ah, bons e velhos tempos.

Voltando ao foco, Tony apontava seus propulsores para o Capitão, na expectativa de que ele não soubesse que eram propulsores e presumisse serem armas altamente letais e ficasse pelo menos um pouquinho intimidado. Estava funcionando, em partes, mas nem de longe da maneira como Stark gostaria. Ah bem da verdade, foi estupido de sua parte tentar intimidar Steve. O garoto (jovem ancião, se vocês insistirem, O Virgem de 70 anos, como Tony gostava de chama-lo) era indemovível em suas resoluções, e uma de suas resoluções mais intrínsecas era a de nunca, NUNCA, NUUUUUUUUUUUUUUNNNNNCA perder ou abaixar a cabeça para um Stark.

Enquanto Tony o ameaçava com os malditos propulsores Steve calculava sua possibilidades de acertar o escudo em sua cabeça antes que ele atirasse.

Thor comia cereal, assistindo aos dois como se aquela fosse a coisa mais interessante a se fazer. O comportamento humano o intrigava bastante, às vezes. Por que o Capitão da América (que na verdade não incluía todos reinos do “continente” que os humanos chamavam de “América”, mas sim apenas um de seus “países”, e Thor achava aquilo muito estranho) e o homem de ferro estavam duelando? Aparentemente, o Steve havia ofendido a virtude de Tony... Que não tinha virtude aparente nenhuma, na verdade... E os trajes... Bem, Thor nunca os entenderia, mas achava aquilo tudo muito divertido e interessante. Ultimamente andava buscando uma integração multicultural, tentando ser culturalmente sensível, aprender algumas “paradas” “supimpas” que os “brotinhos marotos” costumavam “cozinhar” aqui neste lindo planetinha azul. Ele gostaria de se misturar um pouco mais àquele lugar. Tony fora bastante receptivo, neste aspecto, muito útil, ensinando-lhe muitas gírias “transadas”, que só “cagões, cagões de verdade” usariam. Mas aquele estranho ritual de amizade/rivalidade lhe pareceu um pouco exagerado. Quer dizer, aquela não era nenhuma ocasião especial para realizarem um duelo. Ou talvez fosse? Ah, Odin, Thor!

Aliens. Bando de Bárbaros.

Natasha nem havia se dado ao trabalho de pentear o cabelo ainda. Ela parecia constantemente tão revoltada ao ver-se cercada por tamanha estupidez masculina que havia desistido. Era como se fosse imune a ela agora. Só mais dois imbecis tentando se matar em uma segunda de manhã. Talvez os pintos engolissem uma parte do cérebro no processo de formação do feto, quem sabe? Ela não entendia dessas coisas. Mas entendia dos imbecis tentando se matar àquela hora. Infelizmente. Preferiria não entender.

Eles provavelmente teriam continuado se encarando até que Tony revirasse os olhos e dissesse algo espirituoso e arrogante, como um adolescente mimado, “Que seja”, “Eu sou contra o abuso de idosos”, “EI! Calma aí, vovô! Cuidado com o quadril!”, e Steve tivesse a clemência de não estrangula-lo, e então iriam fazer qualquer outra coisa, se um metEORO GIGANTE NÃO TIVESSE CAIDO NO CHÃO DA SALA DE ESTAR!

–Mas o qu...

–Ah, ótimo! Um meteoro, Stark! Meteoro! Quem foi que você irritou agora?!- gemeu Steve, com uma expressão que dizia claramente que, para ele, tudo o que acontecia no Universo era culpa dele. Dele e de sua armadura de ferro ridícula. Ou de seu ego enorme. Ou do seu comportamento autodestrutível, reprovável e arrogante.

Mas, um meteoro?! Daquela vez ele havia ido longe demais.

–Na verdade, eu não faço ideia de onde isso pode ter vindo. De quem. Devo admitir que estou bastante curioso.-Tony disso, aproximando-se da rocha fumegante e batendo nela com um guardanapo de pano para apagar as chamas.

Thor franziu as sobrancelhas.

Natasha olhou para o meteoro com uma expressão de desgosto e um pouco de surpresa, do tipo desagradável de surpresa, como se estivesse pensando seriamente em pedir as contas a Fury e comprar um apartamento pequeno, em uma zona nobre da cidade, longe, bem longe de toda aquela babaquice. Um lugar onde ela pudesse acordar em paz, sem idiotas destruindo coisas e Ela estava tão cheia de tudo aquilo. Tão cheia. Tão cheia de todos aqueles imbecis quanto Tony estava cheio das segundas.

Clint saiu do banheiro com uma toalha amarrada na cintura e outra no cabelo, já de óculos de sol, completamente alheio à tudo,

–WHAT IS LOVE?! – cantou ele, moonwalking sala à dentro – BABY DON’T HURT ME! BABY DON’T HU~U~U~U~RT ME! NO MORE! OH,OH, OH, BABY DON’T HURT ME! DON’T HURT ME! NO. MORE. VAI NAT, É COM VOCÊ!

Ele apontou para Natasha, estalando os dedos como se fossem duas pistolas. Ela tomou um gole de café e mordeu uma torrada. Barton assentiu para si mesmo.

–ALRIGHT, ALRIGHT! OH! O DON’T KNOW WHY YOU’RE NOT THERE! I GIVE YOU MY LOVE (nat cante comigo! Tony!) BUT YOU DON’T CARE! (Steeeeeeeve!) SO WHAT IS RIGHT AND WHAT IS WROOOOOONG! GIVE ME A SIGN!

–Gavião que maneja os arcos!

–MANDA O REFRÃO PRA NÓS, THOOOOOR!

–WHAT IS THIS LOVE?! BABY, DON’T HURT-TH ME! BABY, DON’T HURT-TH ME! NO MORE!

–WHOA WOAH WOAH, OH OH!

–WHOA WOAH WOAH, OH OH!

–ISSO AE! QUEM MAIS VAI CANTAR COMIGO?! ROCK ON, PESSOAL, ROCK ON!!!!

Sem nem lançar um único olhar para a rocha espacial estacionada no chão, Clinton headbanged uma vez e foi para o quarto, cantarolando baixinho “no more.NO MORE. No more. No MoRe. NO MORE. no more. No mOrE. NO MOOOOOOOOOOORE!!!!”.

Romanoff não pareceu nem um pouco entretida, mas também nem um pouco perturbada. Thor pareceu se esquecer completamente do meteoro por um segundo. Na verdade, para ele um meteoro caindo no meio da sala de estar não parecia ser um grande acontecimento. Talvez fosse algo rotineiro em Asgard. Talvez ele achasse que aquele fosse mais um dos inescrutáveis hábitos ou regrinhas de etiqueta humanos que ele jamais seria capaz de compreender. Na verdade, ele tinha bastante certeza que aquele meteoro ficava bem ali. Combinava com a decoração e tudo o mais.

Steve estava indignado e Tony cruzou os braços sobre o peito e sorriu sarcasticamente.

–De volta ao assunto...

Thor voltou-se para a rocha no chão da sala, dando-lhe toda a sua atenção agora. Aproximou-se devagar e tocou-a com a ponta de seus PODEROSOS DEDOS!, como Clint costumava chama-los. Na verdade, o gavião que maneja os arcos adorava adicionar a palavra PODOROSO e suas variantes à tudo que dizia respeito ao PODEROSO THOR! O príncipe asgardiano não se importava nem um pouco.

–Uh, está brilhando. – notou Tony – Por que pedra está brilhando? Steve, a pedra está brilhando!

–Eu... Eu estou vendo!

Natasha suspirou, estendendo-se sobre o balcão para poder observar melhor. Ela percebeu que havia uma espécie de inscrição entalhada na rocha.

Thor suspirou, correndo os dedos pelas linhas bem traçadas e luminosas.

– O que é isso?-Natasha quis saber.

–É uma mensagem. Um aviso. De Asgard. Para mim.

Tony puxou todo o oxigenio que cabia em seus pulmões, como se quisesse selar aquele cômodo a vácuo.

–VOCÊ ESTÁ ME DIZENDO, POR MEIO DESTAS SUAS FRASES FRAGMENTADAS, QUE ALGUÉM EM SEU PLANETA NATAL ACABOU DE ABRIR UM BURACO NO MEU TELHADO COM UMA PEDRA GIGANTE SÓ PORQUE QUERIAM TE MANDAR UM RECADO?!

–Um comunicado clandestino.- Thor explicou.

–OH! Um comunicado clandestino. Isso faz toda a diferença. Você ouviu isso, Nat? Um comunicado clandestino arrebentou o meu telhado. VOCÊS CRIATURAS EXTRA TERRESTRES NUNCA OUVIRAM FALAR DE TELEFONE?! CUSTARIA MUITO MANDAR UM E-MAIL?! QUAL É O PROBLEMA DE VOCÊS, ARREMESSANDO COISAS DOS CÉUS?!

–Você parece perturbado, homem de ferro. Algo errado?

Tony teve dificuldade para não ter uma crise de asma. Puxou o ar para dentro fazendo aquele barulho esquisito e esbugalhando os olhos e apertando os lábios.

–Não. Nada errado. Por que estaria? Tudo perfeito. Perfeito, Thor. Eu voltar para a cama, agora. Cansei de segundas. De agora em diante eu só serei acordado às terças.- ele abandonou o comodo.

Nat deu uma risadinha adorável.

–O que diz aí, Thor?

–Ah, sim, Viúva Caucasiana, Heimdall, Aquele que ilumina o mundo, escreve à mim porque...

–Thor. Não. Só... Não. É Viuva Negra, Thor.

O deus pareceu bastante confuso.

–Mas isso não faz sentido algum. Você evidentemente pertence à ordem caucasiana.

–Isso soou meio estranho. Ordem caucasiana parece um apelido meio Nova Era para Ku Klux Klan. Isso é errado, Thor, muito errado.

–O que seria... Uh, Kun Klux...

Tony enfiou a cabeça para dentro.

–Ku Klux Klan, meu caro! Ku Klux Klan foi uma organização de agentes de adoradores de satanás que se reuniam periodicamente para praticar orgias que envolviam altas doses de álcool e a profanação se todos os orifícios de seus corpos enquanto eles proclamavam a superioridade ariana, em um plágio latente do discurso hitlerista que invocava que a Besta subiria do abismo, como diz no santo livro dos profetas mediterrâneos do Guetto, e quebraria a cara de todas aquelas vadias, uh, todas aquelas vadias!

–MEU DEUS, STARK!- escandalizou-se Steve. Ele não tinha nem palavras. Nem palavras.

Romanoff simplesmente explodiu em uma grande gargalhada.

–Eu ainda... Não compreendo...

Pobre Thor.

–Não, deixa pra lá. Só me chame de Natasha daqui para a frente, está bem?

–Sim, srta. Natasha.

–O que diz diz a rocha, Thor?

–Que meu irmão precisa de ajuda.

Clint Barton saiu de seu quarto, lançou um olhar desconfiado para o meteoro no chão da sala, questionando o gosto de Tony para decoração e perguntando-se se deveria ou não falar alguma coisa sobre aquilo. Ou sobre o buraco no teto. Se bem que ele até gostava daquele buraco no teto. O lugar precisava mesmo de um pouco mais de iluminação natural...

–No more... – sussurrou ele, mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Comentem, vai. Eu sei que vocês querem. Eu sei disso. Não discutam comigo. Não resistam. Resistir é inútil. Comentem. CoMeNtEM.