Viagem de Família escrita por D C S Martim


Capítulo 6
Loki, oh Loki, por que és Loki? pt. II


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu viajei esta semana, então ficou um pouco complicado escrever!!! Tentei fazer o melhor que eu pude, e vou continuar me esforçando pra postar a fic em dia (não que vocês leiam isso de vdd, sei lá, acho q aqui sou só eu flnd cmg mesma, mas td bem, eu ia acabar falando sozinha de qualquer jeito, então não é exatamente um problema!)

Apresentei alguns personagens novos, alguns que eu, particularmente, acho bastante intrigantes.

Vamos ver o que vocês acham!



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Respirando fundo, Loki precisava de um plano para garantir a segurança de suas filhas, porque eram suas filhas. Nunca se atreveria a, como Odin fizera com ele, trata-las como se fossem qualquer outra coisa. Jamais se atreveria a vê-las como nada além do que eram, e não tinha dúvida que, apesar do sangue que corria em suas veias não ser o mesmo que saia dele, ele derramaria todas as gotas do seu para mantê-las à salvo, se fosse necessário. Porque sabia o que era precisar de alguém que não estava lá. Sabia o que era sentir-se rejeitado e incapaz, sabia o que era não ser suficiente, e como era desesperador ser marcado por isso e carregar esta cicatriz inútil e macilenta, que não podia ser encoberta, porque dificilmente se pode tatuar a alma.

Loki finalmente tinha uma família, e compreendia o que isso significava. Jamais deixaria que ninguém lhe tirasse isso, portanto, isolou magicamente o porão do resto da casa. Não era a primeira vez que faria aquilo, e tinha certeza de que Dam voltaria logo e tomaria conta da situação. Contava com aquilo, na verdade. Dam sempre parecia ter um jeitinho todo especial de lidar com essas coisas. Não estava disposto a resistir, porque isso poderia fazer com que perdesse o controle sobre sua magica e expusesse as meninas. Não descansaria enquanto não pusesse uma boa distância entre aqueles vagabundos e suas pequenas. Faria o que tivesse que fazer para protege-las, porque entendia o quanto precisavam dele, e precisavam dele naquele momento.

Ah, Dam, chegue depressa! Não se meta em problemas e tire as meninas daqui em segurança!

Ele caminhou até o quarto escreveu um bilhetinho em uma caligrafia apressada. Procurou a caixinha onde guardava aquele par de pingentes luminosos que ela comprara no dia em que se casaram e prendeu um deles à corrente que tinha no pescoço. Abriu, então, a gaveta de calcinhas da esposa e exibiu um sorriso travesso, surrupiando uma delas para dentro de seu bolso, para guardar de recordação durante o que pretendia ser uma longa e tortuosa viagem de volta à Asgard.

Loki não pretendia deixar-se aprisionar novamente, mas teria de resistir a tentação de quebrar alguns braços e narizes, porque não pretendia lutar ali, não com as meninas tão perto e com tantas pessoas inocentes perto suficiente para se machucarem, muito menos sujar o tapete de sangue. Dam o estrangularia se sujasse seu tapetede sangue. Ele reconheceu o quanto havia mudado ao perceber que antes jamais teria pensado algo assim, na segurança daqueles que o rodeavam (não no tapete, estúpido). Sentiu-se orgulhoso de si mesmo pela evolução. Gostava de sentir-se “humano”, no sentido virtuoso da palavra. Gostava desta emoção horrorosa que te destrói por dentro chamada compaixão, e do homem que era quando se permitia senti-la. Gostava de ser uma versão melhor de si mesmo, e de não precisar provar nada para ninguém.

Loki gostava de viver.

Abriu a porta da sala e sentou-se na grande cadeira de madeira, esperando pela chegada dos visitantes indesejados.

Um deles, baixinho, perna de metal, bateu sarcasticamente na porta escancarada, com um sorriso debochado nos lábios que fez Loki gostar dele.

–Estamos atrapalhando?- ele perguntou.

Loki ergueu displicentemente os olhos do livros que estava lendo.

–Se eu disse que sim vocês vão embora?- disse.

Um dos homens altos trincou os dentes e fez menção de avançar em sua direção, mas um outro aparentemente socou-o no diafragma, impedindo qualquer ação imediata. Loki ergueu as sobrancelhas e soltou um suspiro diante da demonstração de violência e rancor.

–O que vocês querem aqui?

–Queremos você.- disse um outro membro do quinteto imbecil.

Mas aquilo soou um pouco... Homoerótico. Loki deu um sorriso indiscreto.

–Minha esposa não gosta de dividir. Eu não faço mais esse tipo de coisa.

Ele pareceu constrangido.

–Queremos que venha conosco.- disse o baixinho – Temos uma divida para pagar e você é o preço.

Loki suspirou, revirando os olhos teatralmente e ficando em pé.

–Já que você insiste...

O líder dos arruaceiros evitou.

–Espere.

–Ah, Cristo! O que foi agora?!- Loki fingiu exasperar-se.

–Você concordou muito rápido.

–Estou com um pouco de pressa, sabe?

–Por que você teria pressa para morrer?- provocou o rapaz.

Loki soltou uma gargalhada espalhafatosa.

–Vocês não vão me matar.

Eles não pareceram satisfeitos. O líder trincou o maxilar.

–Odin vai.

–Odin vai tentar.- Loki corrigiu-o.

–Você tem muita coragem para um condenado.

–Bem, você também. Estamos todos no mesmo barco aqui.

O bandido sorriu.

–Eu não sei o que você está escondendo, mas não me interessa. Estamos aqui só por você.

–Fico lisonjeado, mas já disse que minha esposa...

Ele acertou Loki na boca, cortando sua gengiva, bochechas e seu discurso.

–Eu prefiro você com a boca fechada.

Ele cuspiu o sangue no chão.

–Cara. Você me fez manchar o tapete. Ela vai matar você.

Mas Dam nem percebeu o tapete manchado do sangue, e se tivesse, seu coração teria derretido.

Loki deixou-se escoltar para fora, começando a lembrar-se vagamente de quem eram aqueles vagabundos que estavam ali para entrega-lo à morte.

Não que ele se importasse, mas seria legal saber pelo que queriam mata-lo dessa vez. Não acontecia com frequência. Ele fora um babaca por tempo demais para ser capaz de lembrar-se de todas as ofensas que cometera e inimigos que fizera, e, pra ser honesto, ainda o era.

Mas agora era um babaca responsável, e isso tornava as coisas muito mais difíceis para toda mundo. Muito desconfortável. Ninguém sabia direito como reagir.

Ainda bem que ele sabia usar o elemento surpresa.

–Refresquem minha memória, por favor. De que maneira desprezível eu destruí a vida de vocês? Dormi com a irmã de alguém? O irmão de alguém?

–Não que eu saiba. – o baixinho riu.

–Vocês sabem o meu nome.- Loki disse.

–Sim. Isso já ficou estabelecido.

–Eu não sei o de vocês.

Um dos caras grandes, revirou os olhos, outro sorriu, bem humorado.

–O quê você quer que eu faça?- disse ele, rindo.

–Se apresentar seria um começo.

–Mas nenhum de nós está aqui pelos começos. Estamos aqui pelos negócios.

–Você sabe que isso nem ao menos faz sentido.

–Talvez não faça para você, mas para nós faz. Nosso povo não é bom com apresentações.

– Vamos lá, só me deem os nomes.- pediu ele, em um tom brincalhão – Sei que já nos conhecemos, só quero tentar me lembrar exatamente de onde.

–Você nos jogou na cadeia.

–Tudo bem, isso já ajuda um pouco, mas não ajuda muito,

–Isso é problema seu. – o rabugento disse.

Ficaram em silencio por um tempo.

–Nosso povo não tem nomes. Temos títulos.- disse o rapaz simpático. Ele tinha a pele negra e olhos brancos e penetrantes, que pareciam ler a eternidade, mas na verdade não liam, não faziam nada a não ser ter uma cor legal. Nada mesmo. Nem enxergar.

Ninguém lhe dissera nada, mas Loki sabia disso, sabia pela maneira como ele se movia, pelo seu silêncio constante e atento e pelo modo como sempre respirava fundo, como se tentasse apreender o mundo ao seu redor através das narinas. Do mesmo jeito que Lucca fazia.

Sua filha biológica, a garotinha adorável de três anos de idade, também era cega.

Mas Lucca não se importava, e Loki não se importava, e Dam não se importava, nem mesmo Laura e Lisa se importavam.

Ah, como sentiria falta delas.

–Cale a boca, Bec.

–Pffffff!- Loki riu – Esse é o seu título? Bec? Bec é um título é tanto.

O rabugento rangeu os dentes.

–Bec significa Besta Fera em nosso idioma.

–Oh...- Loki reagiu – Ainda assim. Que título.

–Olhe quem fala...- gracejou Bec.

Loki sorriu. Gostava de Bec. Ele era um sujeito bem decente para um seja lá o que eles fossem.

–Vamos lá, Bec. Dê-me mais alguns títulos.

Bec sorriu.

–Tudo bem.

–BEC!- reclamaram os outros.

–Ah, isso é ridículo! Que vantagem teremos em esconder nossos nomes?! Eles estarão estampados em todos os lugares dos nove reinos quando o entregarmos a Odin. Parem de ser mesquinhos!

Como ninguém disse mais nada, Bec continuou.

–Aquele que tem a perna de metal é Siflu. Significa Aquele que traz a dor.

–Muito simpático.

–O esquentadinho ali atrás, da cabeça gigante, chama-se Liv, O que Chora.

–Oh, um homem sensível. – Loki gracejeou.

Bec lançou-lhe um olhar curioso e divertido.

–Eu não diria isso. O senhor rabujo ali é Tim. Na verdade, Tim não significa nada em particular. Talvez seja por isso que ele é tão rabugento assim. Por ultimo, o ruivo, que impediu Liv de arrancar seus intestinos, se chama Clah. O nome dele é um trocadilho, significa tanto O Pacificador quanto O Ruivo.

–Oh, inteligente.- Loki zombou.

–Não abuse da sorte. – Avisou-lhe Clah.

–Você já tem seus títulos. Agora fique em silêncio, Enganador.- disse Tim.

–Ah, isso é musica para os meus ouvidos. – Loki sorriu.

–Não. Abuse. – repetiu Clah.

–Desculpe-me, Clah.

–Essa foi uma ideia idiota.- Tim resmungou.

–Loki...- começou Bec, parando a caminhada e atraindo a atenção de todos – Eu só queria deixar bem claro, antes de começarmos com essa palhaçada toda aqui. Eu odeio Odin. Odeio sua arrogância, sua falta de misericórdia, sua injustiça e a maneira cruel com que governa Asgard. Odeio suas políticas de paz que se baseiam em guerra. Odeio sua sede de poder que destrói tudo ao redor dele, mas, acima de tudo, odeio sua falta de escrúpulos. Eu não acho que você merece a morte. Não mais do que eu, não mais do que ele. Passamos muito tempo seguindo vocês, e cada dia mais eu tomo consciência da sua redenção. Nenhuma criatura deveria ter direito sobre a vida de ninguém, e o poder corrompeu Odin tanto quanto ferrugem corroe metal. Se algum dia ele já foi um bom rei, agora já não o é. E eu queria que você soubesse que o único motivo para eu ter concordado com participar desta estupidez é para ter a oportunidade de te ajudar a fugir.

Assim, Loki começou sua lunga, surpreendente, mas não completamente desagradável jornada rumo ao cativeiro e a morte.


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Notas finais do capítulo

Hora de mendigar os comentários! Por favorzinho? *biquinho sexy*