Mais dois dias se passaram e cada uma estava ocupada com uma coisa diferente. Enquanto Emma cuidava dos preparativos da viagem, Regina começou a atualizar sua matéria sobre ela, afinal, devido à viagem e à semana agitada, havia ficado atrasada com seus textos. Mesmo não estando tão próxima do fim, a morena podia dizer que aquela reportagem, particularmente, tinha sido uma de suas melhores até hoje. Faltavam algumas partes, entre elas estava a parte da família da cantora, mas Regina ainda teria tempo para escrever sobre eles, depois que os conhecesse melhor. A repórter estava animada para tudo aquilo ser lançado e para saber qual seria a reação de Emma ao ler suas palavras. Depois que salvou o que tinha escrito, fechou o notebook e a campainha tocou. Era pontualmente dez horas da noite. Ela se levantou e foi atender a porta, levando um susto ao ver quem era.

– Regina.

– Killian? O que está fazendo aqui?

A morena perguntou na defensiva.

– Podemos conversar?

– Cla...claro.

Regina se afastou e deu espaço para ele entrar. Os dois se sentaram no sofá, um do lado do outro e Killian sorriu de um jeito doce.

– Eu senti sua falta.

– Sentiu mesmo? A Tinker me deu seu recado, caso você não saiba.

A repórter comentou irônica.

– Olha, eu estava com raiva. Nós tínhamos acabado de terminar e ainda por cima você tinha ido viajar sem me contar e..

Killian tentou argumentar, mas Regina o interrompeu.

– Desculpe, só que eu não te devo mais satisfações, como você mesmo disse, nós terminamos.

– E é exatamente sobre isso que eu quero falar.

O moreno deu um longo suspirou e alcançou as mãos da ex-noiva, fazendo-a estranhar tal ato.

– Regina, esse tempo que você ficou fora me fez ver como eu estava errado. Eu fui um completo idiota quando recusei sua gravidez. Não devia ter agido da maneira que eu agi. Você é tão importante pra mim.

Ele sorriu, de um jeito verdadeiro, como Regina não via há um bom tempo e aquilo a fez sorrir também, mesmo que involuntariamente.

– Eu não estou te pedindo para me deixar voltar, mas eu quero que você me perdoe. Eu vou assumir o nosso filho, mas pode ficar despreocupada, porque eu não vou tirar ele de você.

Regina simplesmente não podia acreditar no que estava ouvindo. Não parecia Killian falando, parecia qualquer outra pessoa, menos ele.

– Vou dar meu sobrenome, te ajudar a sustentá-lo e você vai poder seguir sua vida. Eu só te peço para que eu possa vê-lo de vez em quando, eu quero que ele tenha um pai presente.

– Killian, eu não sei nem que te dizer...

– Não diga nada. Só aceite as minhas desculpas.

Nessa hora, o rapaz se aproximou dela e lhe abraçou fortemente, deixando Regina tão sem reação, que nem conseguiu corresponder ao abraço direito. Depois disso, a repórter o levou até a porta, mas antes que pudesse se despedir, Killian pareceu se lembrar de algo e estalou os dedos.

– Eu sei que nós acabamos de fazer as pazes, mas amanhã vai ter uma festa na empresa e eu queria que você fosse.

– Killian, eu não sei se posso.

– Por favor, vai ser legal. Você não precisa ficar a festa inteira. Depois eu te trago de volta. Leve esse convite como a oficialização da nossa amizade.

– Tudo bem.

Regina se sentiu meio que na obrigação de aceitar o convite dele, afinal, o que Killian estava fazendo não era qualquer um que faria. Aquele arrependimento parecia tão sincero e a morena realmente admirava quando as pessoas conseguiam admitir seus erros e tentavam se redimir.

– Então está combinado, eu passo aqui às 19:30.

– Ok.

– Tchau.

O engenheiro se aproximou e deu um leve beijo na bochecha de Regina, antes de entrar todo sorridente no elevador.

***

No dia seguinte, Emma e Regina só se falaram por mensagem. A morena teve que dar uma passada na agência para resolver algumas coisas e a loira estava terminando de organizar os detalhes da viagem para Storybrooke. Emma já tinha falado com Ricardo, o piloto do seu avião particular, que disse que só precisava saber o dia e a hora, que ele a levaria sem problema nenhum. A garota também tinha ligado para Bernard, o mordomo da casa de seus pais, avisando que iria chegar dentro de alguns dias e também pedindo para que o homem cuidasse para que ninguém desconfiasse de nada. Ela queria fazer uma surpresa. O dia passou voando para ambas e quando Regina se deu conta, Killian já estava tocando a campainha de seu apartamento. Antes que pudesse abrir a porta, a repórter parou por um segundo. Não sabia se tinha feito uma boa escolha em aceitar o convite dele, principalmente pelo fato de não ter contado para ninguém o que estava fazendo. Nem para Tinker, muito menos para Emma. Ela sentia como se estivesse comentando um crime. Pensou em desistir, mas Regina não podia simplesmente dar um bolo no ex noivo daquela maneira. Então ela pegou sua bolsa e abriu a porta, encontrando Killian totalmente elegante e com um sorriso no rosto. O rapaz lhe ofereceu o braço e os dois caminharam tranquilamente até o elevador, para em seguida se dirigem para a festa.

***

Emma estava morrendo de saudade de Regina. Riu diante daquilo. Como era possível estar daquele jeito sendo que tinha visto-a no dia anterior? A loira abriu um sorriso bobo, que só aumentou de tamanho quando olhou para o anel em seu dedo. Ela então resolveu ligar para a repórter, mas só chamava. Depois da quinta tentativa, Emma começou a ficar preocupada. E se tivesse acontecido alguma coisa com Regina? Se ela tivesse passando mal ou pior, tivesse desmaiado dentro do apartamento, sem ninguém para ajudá-la? A cantora não pensou duas vezes, guardou seu celular, pegou seu casaco, suas chaves e foi direto para o prédio dela.

***

Emma já estava cansada de procurar por Regina e resolveu voltar para o apartamento dela. Quem sabe ela já tivesse chegado? Quando saiu do elevador, escutou a voz da morena vindo do outro lado, juntamente de uma voz masculina firme.

– Você foi incrível na festa!

Killian falou com um sorriso.

– Mas eu não fiz nada.

– Claro que fez. Aquele pessoal nos considerou o casal mais “perfeito” de lá, sendo que nós não somos mais um casal.

– É, eu diria que isso foi engraçado.

– Para você ver como ainda temos química.

– Killian...

Emma escutava tudo atentamente e quando ouviu aquele nome, seu sangue ferveu e ela saiu do lugar em que estava escondida, vendo uma cena que não gostaria de ter visto. O moreno estava apenas a alguns centímetros de Regina, que o impedia de se aproximar mais tendo suas mãos no peito dele.

– Eu estou interrompendo alguma coisa?