Emma exclamou revirando os olhos.

– O que foi?

– Está vendo aquele cara ali?

A loira apontou de leve com a cabeça para um rapaz elegante que entrava na festa.

– Uhum. Neal Cassidy, certo?

– Espera, você o conhece?

Emma perguntou surpresa.

– Só de foto. Ele é um dos donos da empresa onde o Killian trabalha. Por quê?

– Porque ele é um chato que fica dando em cima de mim e insistindo que eu não gosto de mulheres. Vive dizendo que vai me curar.

– Que idiota!

Regina exclamou com raiva.

– Ai meu Deus, ele está vindo para cá.

Emma falou com um tom agoniado.

– Regina, eu posso te pedir um favor?

– Claro.

– Finge que é minha namorada, ficante, qualquer coisa, só até ele sair de perto?

Antes que a morena pudesse responder, Neal já estava parado na frente delas.

– Que prazer inenarrável te ver de novo, Emma linda Swan.

O homem disse com um sorriso cafajeste no rosto.

– Oi Neal.

Emma respondeu com desinteresse.

– Eu vi a matéria sobre a Zelena. Você deve estar arrasada, precisando de um ombro para chorar e de alguém para...

– É por isso que eu estou aqui.

Regina falou interrompendo-o e passando seu braço pela cintura da cantora com firmeza, pegando Neal e a própria de surpresa. Emma sentiu seu corpo se arrepiar com aquele ato, abrindo um sorriso.

– Vocês estão juntas?

O rapaz perguntou olhando pela primeira vez para Regina, parecendo medi-la dos pés a cabeça.

– Eu não te devo satisfações, Neal. Estamos bem e ponto.

A loira disse aparentemente brava, para em seguida trocar um rápido olhar de agradecimento com Regina, se ajeitando melhor em seu braço.

– Swan, Swan, ela até que é gostosinha, só que a única solução para o seu problema sou eu!

Neal exclamou com um ar extremamente egocêntrico.

– Nossa, você é convencido assim todo dia ou só hoje mesmo? E ao contrário do que pensa, você não é a solução, dear...e sim o problema!

Regina praticamente rosnou. Aquele homem estava lhe dando nos nervos. O jeito que ele olhava para Emma parecia que poderia devorá-la a qualquer momento e só a possibilidade de imaginar alguém tocando-a, a tirava do sério.

– Olha, ela é bravinha.

Neal deu uma risada debochada.

– Mas acho melhor desistir agora, querida, porque você não vai dar conta.

– Não vou?

A repórter arqueou a sobrancelha e usando a mão que ainda pousava na cintura de Emma, trouxe a garota para si, fazendo-a ficar na sua frente. Com sua mão livre, Regina alcançou o rosto da loira, fazendo um carinho antes de se aproximar e encostar levemente seus lábios no dela. Só que ela sabia que aquele tosco não iria se afastar tão fácil. Foi então que deu início a um beijo de verdade e Emma simplesmente não teve como resistir, para falar a verdade, ela nem tentou. De calmo, o beijo se tornou intenso...urgente. As línguas se experimentando e travando uma batalha por domínio faziam as chamas dentro delas crescerem cada vez mais.

Neal ficou tão sem graça com a cena que acabou saindo de perto. As duas nem perceberam tal fato, pois estavam muito concentradas uma na outra. Algumas pessoas que percebiam que era Emma Swan ali, aproveitaram para tirar várias fotos, postando-as mais do que de pressa em todas as redes sociais possíveis. Quando precisaram de ar, se separam por alguns poucos centímetros. As respirações ofegantes e as testas coladas. A cantora abriu os olhos, encarou Regina e no momento seguinte as duas já estavam se beijando de novo. Mas de repente, a morena teve um estalo e a imagem do médico dizendo que ela estava grávida veio a sua cabeça, fazendo-a se separar de Emma rapidamente.

– N...não. Eu...eu não posso.

Regina falou devagar, devido à respiração entrecortada, se afastando.

– Me desculpa, Emma.

Assim que disse isso, a repórter saiu correndo e foi até a entrada da casa. Parou apenas um segundo para respirar, seguindo apressada para a rua logo em seguida, onde deu a sorte de encontrar um táxi, que acabava de deixar um convidado. Assim que entrou no carro, pôde ver Emma chegar toda esbaforida e chamar seu nome, mas ela resistiu à vontade de ir até a loira e falou ao motorista o destino que ele deveria seguir. Quando chegou ao seu apartamento e entrou em seu quarto, deu de cara com Killian terminando de ser arrumar.

– Oi love. Voltou cedo.

O moreno deu um sorrisinho.

– Nós precisamos conversar.

Regina disse sentando-se na cama.

– Aconteceu alguma coisa?

– Ontem eu fui ao médico e acabei descobrindo a razão das minhas tonturas e por estar sempre passando mal.

– O que deu?

A repórter pôde ver uma pitada de preocupação passar pelo semblante de Killian e foi aí que ela tomou coragem para contar.

– Eu estou grávida.

– Ah não, só me faltava essa. Sério?

A preocupação ali presente tinha sumido por completo.

– Você sabe que eu nunca quis um filho, Regina.

– Não fala como se a culpa fosse minha. Você também participou do processo.

– Não importa. Dá um jeito nisso.

– O que você quer dizer com “dá um jeito nisso”?

Regina perguntou irritada com aquela situação.

– Se livra dessa criança. Eu não quero!

Killian gritou, recebendo um estalado tapa na cara.

– Como é que você tem coragem de dizer isso? Será que não tem coração? Não consigo entender como eu pude ficar noiva de um monstro como você!

A morena exclamou indignada.

– Monstro, né? Até alguns dias eu era o amor da sua vida.

– Que bom que eu percebi a tempo que eu estava errada.

– Hã? Você está terminando comigo?

– Exatamente Killian Jones e dessa vez é definitivo.

– Só pode ser brincadeira.

O engenheiro civil falou inconformado.

– Pois não é. E se você não quer o nosso filho, eu acho melhor sair do meu apartamento agora.

– É isso que você quer Regina?

– Se você me amasse de verdade, não teria tido essa reação.

– Eu amo você...

– Mas não consegue amar o fruto do nosso amor?

Killian não tinha mais argumentos, então simplesmente pegou uma mochila no guarda-roupa e enfiou algumas roupas lá dentro.

– Depois eu volto para pegar o resto.

Foi tudo que disse antes de sair do quarto e bater a porta com toda sua força.

***

No dia seguinte, Regina acordou com o barulho do despertador. Tateou seu celular e só naquele momento viu que estava desligado. Assim que o ligou, encontrou milhares de ligações perdidas e mensagens desesperadas. Todas de Emma. O sentimento de culpa invadiu seu corpo na mesma hora. Decidiu ligar para a loira, mas antes que pudesse realizar tal ato, seu celular apitou a chegada de um e-mail. Era de Gold. Nele estava anexada a lista de coisas que ela deveria levar durante a viagem da turnê de Emma. Também continha um pedido de desculpas devido ao atraso, já que eles partiriam hoje. A morena deu um salto ao ler aquela parte, tinha esquecido completamente. Levantou da cama, tomou uma xícara de café bem forte e começou a arrumar sua mala.

Regina ficou boa parte da manhã arrumando suas coisas e com apenas um pensamento em sua cabeça: Emma. A repórter estava morrendo de vontade de ligar para ela, mas não tinha coragem. Não fazia a mínima ideia de qual seria a reação da garota.

– Eu sou uma idiota. Ela deve estar me odiando agora.

Regina exclamou consigo mesma, quando recebeu uma mensagem de Scott, dizendo o horário que ela deveria estar na estação, já que eles iriam viajar no avião particular de Emma. Foi então que a morena resolveu se trocar e passar no apartamento de Tinker para se despedir.

– Amiga, como você está?

Tinker perguntou assim que Regina entrou em seu apartamento, se levantando e indo em sua direção, lhe dando um abraço.

– Bem. Na medida do possível.

A repórter respondeu se distanciando.

– Eu contei para o Killian.

– E aí?

– Ele não quis.

– Ele o quê?

Tinker praticamente gritou.

– O Killian não quis a criança e nós terminamos. Ou melhor, eu pedi para ele ir embora do meu apartamento.

– Como assim? Regina, você não se precipitou?

A loira perguntou preocupada.

– Tinker, eu não posso ficar com alguém que eu não amo mais e que não tem nem a consideração de se preocupar com o fato de eu estar carregando um filho dele.

– Pensando por esse lado. Mas e agora? Como vai ser a sua vida?

– Eu não faço a menor ideia.

Regina suspirou.

– Só que eu não posso pensar nisso agora, pois eu estou indo viajar com a turnê da Emma.

– Espera! Hoje?

– Para ser mais precisa, agora!

A morena riu da cara de espanto que a amiga fez e se aproximou dela, lhe dando outro abraço, dessa vez mais longo e apertado.

– Eu volto em mais ou menos dez dias.

– Vou sentir sua falta.

– Eu também, amiga.

Regina sorriu e se distanciou, começando a caminhar até a porta, mas Tinker a acompanhou.

– Eu te levo até o carro.

– Obrigada.

As duas foram até o apartamento da repórter e pegaram as malas. Tinker ajudou-a a colocar tudo no porta-malas e lhe deu mais um abraço antes de vê-la entrar no carro e ir embora. Após alguns minutos, Regina chegou a estação, tendo a ajuda de um dos seguranças de Emma para carregar as malas para dentro do avião. A morena estava particularmente nervosa e seu nervosismo apenas aumentou ao avistar Emma sozinha. Foi então que respirou fundo e andou até ela.

– Emma, eu...me des...

– Não precisa se desculpar, ok? Eu entendi.

A loira deu um sorriso forçado e retirou seu celular do bolso, o atendendo logo em seguida.

– Alô? Oi linda. Não, não estou ocupada não.

Assim que disse isso, Emma se afastou, deixando Regina parada ali. Scott se aproximou e tocou seu ombro.

– Está tudo bem entre vocês?

– Eu não sei. Acho que não.

Regina soltou um longo suspiro.

– Vocês brigaram?

– Pior.

Scott rapidamente entendeu do que se tratava, afinal, ele já desconfiava e torcia para que desse certo.

– Olha, fica tranquila. Tudo vai se resolver. Quando a pessoa merece, a Emma sempre perdoa.

– Mas eu não sei se eu mereço o perdão dela.

– Então o que você tem que fazer é conquistá-lo.

O empresário piscou para Regina.

– Agora vem, nós vamos decolar em breve.

– Ok.

Os dois andaram até o avião e sentaram um do lado do outro, enquanto Emma estava isolada em um canto, com fones de ouvidos no volume máximo.

– Você acha que eu devo falar com ela agora?

– Não. Dá um tempo para a Emma. Ela gosta de ficar sozinha para pensar. Você vai saber quando for a hora certa.

– Tudo bem. Obrigada Scott.

Os dois sorriram e Regina tirou um livro da bolsa, onde começou a lê-lo, ou melhor, fingir que lia, pois ela simplesmente não conseguia se concentrar no que fazia e muito menos se desligar daquele ambiente, onde Emma estava simplesmente a alguns metros de distância, mas parecia que estava fora de seu alcance para sempre. A mente da morena estava a mil por hora, mas com apenas um pensamento reinando: “Eu estraguei tudo!”.