Depois de ficar mais um tempo conversado com Tinker, Regina finalmente resolveu ir para o seu apartamento, encontrando Killian lá assim que abriu a porta.

– Regina, oi! Você está bem? Esteve chorando?

Killian perguntou se aproximando da morena, que simplesmente não respondeu nada e se dirigiu para o quarto, sendo seguida pelo mesmo.

– Olha, se você está assim por causa do que eu fiz, eu já te pedi desculpa. Não vai mais acontecer.

– Você se acha no centro mundo, não é?

Regina comentou sarcástica.

– O quê?

– Como se tudo na minha vida girasse em torno de você.

– Do que você está falando Regina?

O engenheiro civil perguntou confuso.

– Eu estou com vários problemas, Killian. Uns maiores que outros. Sua traição está entre eles. Não importa que você já pediu desculpa, não é assim que as coisas funcionam.

Regina botou um pouco de seu sofrimento para fora, tomando todo o cuidado do mundo para não relevar para ela que podia estar grávida. Não queria contar no meio de uma quase discussão.

– Aonde você quer chegar?

Killian cruzou os braços.

– Eu não vou perdoar você só porque pediu desculpa. Eu preciso pensar e se você pudesse me deixar respirar um pouco, eu agradeceria muito.

Os olhos da repórter estavam marejados de novo, o que fez o homem a sua frente se sentir mal e sair do quarto logo em seguida. Depois disso, Regina resolveu tomar um banho, na tentativa de relaxar. Assim que se deitou na cama, ouviu seu celular apitar. Emma estava chamando-a no FaceTime. Sentiu seu coração pular. Estava doida para falar com a loira, mas não podia. Não naquele estado. Ela não aguentaria olhar para aquele rosto lindo sem que as lágrimas saíssem sem o seu controle. A conversa que tinha tido com Tinker mais cedo havia finalmente a feito enxergar o que há tempos tentava esconder. "Você está apaixonada?” A pergunta da amiga surgiu em sua mente e a resposta veio quase que imediata, fazendo-a pegar seu celular e responder a dona de seus pensamentos mais que de pressa.

“Oi Emma!”

Regina mandou uma mensagem assim que o FaceTime parou de tocar.

“Não quer me ver? :´(”

“Não é isso. É que eu estou horrível.”

“Horrível? Acho difícil, você é linda de qualquer jeito.”

Regina sorriu ao ler aquilo.

“Você acabou de me deixar vermelha.”

“Só disse a verdade. Mas então, você se lembra da Ruby?”

“Sua amiga da corrida? Com certeza!”

“Essa mesma! Ela acabou de me ligar falando que vai ter uma festa amanhã, na casa de uma amiga nossa. E eu queria muito que você fosse. Se estiver se sentindo bem, claro.”

“Ah Emma, eu adoraria, mas não estou em clima de festas.”

“Por favor, vai. Por mim.”

A loira mandou a mensagem seguida de uma foto sua fazendo beicinho, o que quase fez Regina ter uma overdose de fofura.

“Tudo bem. Esse biquinho me convenceu!”

“Uhul! Eu passo aí às 19:45.”

“Ok.”

“E a propósito, você está livre de mim amanhã o dia inteiro. :/”

“Mentira?! Ah não! Agora você me deixou magoada.”

“Pois é, eu sei que eu vou fazer falta, mas você vai ter que esperar até a noite.”

“Esperarei ansiosamente.”

“Boa noite, Regina. Obrigada por ir! ♥”

“Boa noite Emma. ♥”

Após ficar acordada durante mais algum tempo, Regina acabou pegando no sono. No dia seguinte, durante a tarde, decidiu ir ao hospital pegar seus exames. Tinker tinha se oferecido para ir com ela, mas a morena preferiu ir sozinha.

– Boa tarde, senhorita Mills.

O mesmo homem que havia a atendido no dia anterior exclamou se levantando e estendendo sua mão para Regina, assim que a mesma entrou na sala.

– Boa tarde doutor.

A repórter falou apertando a mão a sua frente.

– Sente-se, por favor.

– Então doutor, o que causou aquele desmaio?

Regina perguntou com o coração quase saindo por sua boca.

– Olha, eu já estava desconfiado e quando vi seus primeiros exames, comprovei minha teoria.

O senhor deu uma breve pausa e depois sorriu para Regina.

– A senhorita está grávida!

– Então é verdade.

A repórter falou mais para si do que para o médico. Ela tremia por dentro.

– Meus parabéns!

O senhor exclamou abrindo o envelope com os exames e mostrando um para Regina, onde já dava para ver alguns borrões do que depois de um tempo se tornaria um feto.

– A senhorita não parece surpresa. Você e a sua namorada já estavam planejando?

– Hã? Namorada?

– Aquela moça que estava aqui com você ontem.

– Er...ela não é minha namorada.

Ao pensar na possibilidade, a morena deu um pequeno sorriso bobo. O primeiro desde que tinha entrado ali.

– Ai, meu Deus! Eu e essa minha boca grande. Me desculpe.

O médico riu constrangido.

– Está tudo bem.

– Bom, a senhorita sabe que a partir de agora vai precisar de um médico para fazer o pré-natal e assim poder acompanhar sua gravidez de perto.

– Sei sim.

– Aqui estão seus exames. Parabéns mamãe. Eu te desejo a maior sorte do mundo.

– Obrigada doutor.

Regina sorriu, pegou os exames, apertou a mão do médico e saiu. Assim que se sentou no carro, começou a chorar compulsivamente. Ela já tinha preparado seu coração para aquilo, mas ainda doía. Era terrível demais para ser verdade. Não que a morena não quisesse a criança, mas iria atrapalhar tudo. Quando Regina conseguiu botar boa parte daquela angústia para fora, resolveu ligar para Tinker.

Ligação On:

– E aí, amiga? O que deu?

– Eu estou grávida.

– Regina, eu...não sei nem o que te falar. Só saiba que eu vou estar aqui para tudo que você precisar. Pode contar comigo.

– Obrigada Tinker.

– Você vai contar para o Kilian?

– Hoje não. Eu não estou psicologicamente preparada para isso.

– Faz as coisas no seu tempo, não precisa ter pressa.

– Tudo bem. Tchau amiga.

– Tchau. Beijo.

Ligação Off.

No momento em que desligou o celular, Regina saiu em disparada com seu carro. Ela não queria ficar sozinha, mas precisava. Foi então que resolveu ir para a agência. Sabia que não iria ficar sozinha por completo lá, mas pelo menos teria sua sala, onde poderia extravasar aquela mistura de sentimentos por meio do trabalho, como sempre fazia. Por incrível que pareça, a matéria que tinha que escrever sobre Emma começou a andar e Regina simplesmente não conseguia parar de falar da loira. Era incrível como mesmo naquela confusão toda que se encontrava, conseguia escrever coisas coerentes e verdadeiras sobre alguém tão maravilhoso quanto Emma. A repórter ficou lá por tanto tempo, que quando olhou para o relógio, tomou um susto. Tinha que ir para casa se arrumar para a festa, apesar do fato de não estar nem um pouco no clima, só que tinha prometido para Emma e sabia que a cantora ficaria bastante chateada se ela não fosse.

***

No horário combinado, Emma chegou para buscar Regina. A garota estava impecável. O mesmo podia se dizer de Regina, que sem nenhuma vontade de festa presente em seu ser, tinha se arrumado o melhor possível.

– Regina, você está linda!

Emma exclamou encantada quando viu a morena sair do saguão e andar até ela graciosamente.

– Não mais que você!

Regina deu seu melhor sorriso e se aproximou da loira, lhe dando um abraço apertado. Emma conseguiu perceber por meio daquele abraço que alguma coisa estava errada. Não que não estivesse gostando, mas o corpo da repórter estava trêmulo e quando ela se distanciou, conseguiu olhar no fundo dos olhos castanhos, tendo a certeza que Regina não estava bem.

– Aconteceu alguma coisa?

Emma perguntou preocupada.

– Não.

– Tem certeza?

– Tenho.

Regina deu um sorriso doce e apertou a mão da loira, que segurava desde o término do abraço.

– Obrigada pela preocupação.

– Imagina.

Ao dizer isso, Emma abriu a porta de seu carro para a morena e depois que a mesma entrou, ela se direcionou para o outro lado e começou a dirigir. As duas não conversaram muito durante o caminho até a festa, que por sinal, era um pouco longo. Assim que chegaram ao local, logo chamaram atenção. Os fotógrafos bombardearam Emma de fotos, mas ela não se importou, já estava acostumada. Ofereceu seu braço para Regina e elas entraram na grande casa, que tocava uma música alta.

– Emma, quanto tempo!

Ariel exclamou animada, se aproximado da loira e a abraçando.

– Ariel, que saudade! Você está maravilhosa!

– Obrigada amiga.

As duas sorriram.

– Cadê o Scott?

A ruiva perguntou confusa.

– Ele pediu desculpas, mas não estava se sentindo muito bem e não pôde vir.

– Manda melhoras para ele.

– Pode deixar.

– E quem é essa?

Ariel deu um sorrisinho.

– Regina Mills, minha...amiga.

– Prazer Regina.

– O prazer é meu.

As duas apertaram as mãos e Ariel ficou conversando com elas por um tempo, até que se distanciou um pouco, indo recepcionar os outros convidados.

– Sumida, você veio mesmo!

Ruby gritou assim que avistou Emma e correu em sua direção, praticamente pulando em suas costas, não dando a mínima chance da mesma se virar para vê-la.

– Você e essa sua mania de me pegar desprevenida.

Emma falou rindo, tentando abraçar a amiga, mas devido a posição de seus braços, tal ato parecia impossível.

– Eu sei que você adora quando eu faço isso, pode admitir.

– Nossa, claro!

– Sabia!

Ruby deu um sorriso vitorioso e soltou Emma, se aproximando de Regina e cumprimentando-a com um beijo no rosto logo em seguida.

– É bom te ver de novo, Regina.

– Digo o mesmo Ruby.

As duas sorriram e a garota piscou para Emma, que ficou vermelha na hora.

De repente, Ruby avistou Ariel e como não tinha falado com ela ainda, pediu licença e saiu dali, avisando que voltaria em breve. Em seguida, um garçom se aproximou para servi-las. Emma estranhou pelo fato da morena só querer tomar uma água, mas não disse nada e resolveu acompanhá-la na escolha da bebida. As duas estavam conversando tranquilamente, quando a cantora olhou para o lado e seu sorriso sumiu.

– Que droga! Eu não acredito nisso!