Crônicas de Forks II - Leitor de Mentes escrita por Débora Falcão


Capítulo 9
Carlisle Conta Uma História




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Blá, blá, blá. Tudo de novo. Repetir e repetir. Bem, ao menos eu tinha que falar. Eu sinceramente amava muito todos eles, mas falar tudo de novo e vê-los sempre ficar surpresos (as mesmas caras, eu podia até prever as expressões de cada um) era muito chato, repetitivo demais para mim. Mas, eu tinha que fazer. Claro, quem me conhece sabe que, quando tenho que fazer uma coisa, simplesmente faço sem questionar.

E lá estava eu.

"Bem, esta foi a história toda." Eu havia apenas contado a parte dos livros, Mary Poppins e minha entrada neles. Evitei contar minhas aventuras anteriores e, principalmente, Edward.

"E como podemos acreditar em você, humana?" Rosalie assoviou para mim. Seus olhos eram afiados em minha direção.

"Como uma simples humana poderia saber, por exemplo, que você foi salva por Dr. Carlisle depois de sofrer, digamos, um atentado, provocado pelo seu próprio noivo?"

Os olhos de Rosalie passaram de ameaçadores para assustados e novamente ameaçadores por um segundo. Emmett se colocou a sua frente, numa posição defensiva.

"E que depois, salvou Emmett de um urso?" eu continuei. "E quanto a você, Alice? Que tem o poder de prever o futuro baseado nas decisões que as outras pessoas tomam? E que não foi transformada por Carlisle mas escolheu fazer parte desta família, juntamente com Jasper? Aliás, Jasper tem uma interessantíssima história com os exércitos de recém-nascidos do sul."

Sentei-me e esperei todos digerirem minhas palavras. Foi o médico quem quebrou o silêncio.

"Acreditamos em você. Saiba que é uma história muito incrível. Mas, então, o que veio fazer aqui?"

Suspirei.

"Doutor, preciso que faça uma coisa para mim. Uma coisa muito importante."

Rosalie estava próximo a Bella, que se ajeitava nas almofadas, acomodando-se melhor com sua imensa barriga. "Se for algo que vá incomodar Bella, é melhor sair daqui e voltar outra hora."

"Não se preocupe, Rosalie. Não é nada que deva se incomodar. Aliás, a presença de Bella é imprescindível. Ela precisa ouvir cada palavra desta conversa, para que eu possa voltar aqui." Não expliquei mais nada. Não estava mais com tempo pra isso. Aliás, tempo é realmente uma coisa que me deixava enjoada.

"Então, o que quer que eu faça?" Disse Carlisle.

"Preciso que se lembre de um fato, que aconteceu há cerca de cem anos. É muito importante que me dê riqueza de detalhes, doutor."

"Sim. O que exatamente você quer?"

"O senhor estava num hospital, cuidando de diversos doentes, com gripe espanhola. Lembra-se?"

"Sim."

"Entre esses doentes, havia uma em especial. Seu nome era Elizabeth."

Rapidamente Carlisle se lembrou. "Sim, Elizabeth Masen. Ela estava muito mal. Infelizmente, morrera da gripe, não pude salvá-la."

"Eu contava com sua memória infalível de vampiro, doutor. Mas não é só isso. Ela tinha um filho, em torno de dezessete anos. Lembra-se dele? Seu nome era Edward."

Assim que disse o nome, Bella se remexeu em seu lugar. "Algum problema, Bella?" Rosalie perguntou, preocupada.

"Não... eu só... pensei que já tinha ouvido esta história alguma vez... mas, não. Foi só impressão."

Eu olhei para Bella, intrigada. Seria o amor de Bella e Edward tão forte que mesmo uma mudança no passado, fazendo com que tudo nunca tivesse acontecido, ainda assim não apagasse as marcas que este amor fizera em seu coração? Isso era estranho e quase totalmente impossível.

Quase.

"Me lembro dele." continuou o médico. "Edward Anthony Masen. Ele estava também muito mal. Mas..." Ele hesitou.

"O quê?" Eu fiquei nervosa.

"Uma coisa estranha. Me lembro claramente de Elizabeth me chamar e me pedir para salvá-lo... era como se ela realmente soubesse que eu podia fazê-lo..."

"Mas?" Eu encorajei.

"Mas, quando eu saí, que retornei para falar-lhe, havia um cheiro diferente no ar. Um cheiro humano saudável. Não sei dizer. Não era nenhum humano que tenha estado ali antes. Então, ela disse que não queria que eu fizesse nada. Queria apenas que seu filho descansasse em paz. E ela morreu nos meus braços. Eu apenas fiz sua vontade."

Um humano. Claro, um invasor. Mas quem? Como?

"Engraçado, depois disso, eu nunca mais pensei sobre o assunto. Edward morreu algumas horas depois e ele e sua mãe foram enterrados juntos. Eu fiz sua vontade, e não pensei mais no cheiro humano que tinha aparecido no quarto de Elizabeth. Mas, agora, acho que era um detalhe importante." Ele olhou para mim. Ele entendia exatamente o que aconteceu.

"Sim, doutor, muito importante. Era um invasor. Alguém descobriu o segredo, como entrar, e chegou até Elizabeth. Alguém que impediu Edward de existir como deveria ter sido."

Bella me olhou intrigada. "Como deveria ter sido?"

"Sim, Isabella Swan. Mas, infelizmente, não poderei te contar absolutamente nada a este respeito. Bem, doutor, tenho que ir agora, se me permite."

"Claro, mas, o que vai fazer?"

"Tentar descobrir quem fez a interferência e neutralizá-la. Então, voltaremos a ter a vida como era antes." Eu olhei para Bella, esperando seu bebê, um garotinho quileute, com genes de lobo, e sua alma gêmea naquele mundo: Jacob Black. Se tudo desse certo, aquilo daria errado.

Uma escolha.

Mas a história teria que voltar ao normal. Jake seria recompensado com a impressão de Nessie e tudo ficaria bem.

Mas, e eu? Voltaria aos braços de meu Seth?


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