Eu precisava fazer alguma coisa, mas não sabia como. Olhei para Bella, entre todos os outros, me olhando atordoada. Então, me ocorreu uma coisa. Me lembrei de um filme que eu havia assistido, anos atrás, quando estava fora dos livros, em Londres. Um filme em que apagam a memória de uma mulher que havia tido um filho. Mas, mesmo assim, ela não se esquece dele. A maternidade é algo forte demais para uma mulher esquecer. Apostei nisso.

"Bella..."

"Sim?"

"Preciso te perguntar uma coisa. Mas, por favor, não me julgue. Apenas pense um  pouco antes de responder. Se concentre, sim? Você vive num mundo diferente. Um mundo onde a magia está presente. Veja Jacob, um garoto lobo, e essa coisa toda de impressão. Veja sua melhor amiga, uma vampira. Lembre-se de tudo o que aconteceu."

Ela assentiu e suspirou. "Pode perguntar."

Respirei fundo. "Bella, se você tivesse tido uma filha, antes desse filho... um bebê, uma garotinha... mas que fosse apagada de sua mente... você ainda assim se lembraria dela?"

Ela franziu a testa. "Acho... acho que me lembraria..."

"Sua pequena cutucadora..."

De repente, Bella abriu bastante os olhos.

"O quê? Bella? Do que está se lembrando?" perguntei. Todos agora esperavam. Bella, com um filho sem o Jacob? Todos queriam saber do que se tratava.

"Eu... eu não sei... só me lembro de que esse nome, pequena cutucadora, eu usei... não sei... e me lembro de sentir dor..."

"Bella, está sentindo dor?" Era Jacob, já ajoelhado ao seu lado, observando a esposa e o filho, protetoramente. "O que está fazendo com minha mulher?" ele rosnou para mim. Imediatamente, Seth se colocou entre nós dois.

"Calma", falamos eu e Bella ao mesmo tempo.

"Não estou sentindo dor, Jacob. E Lisa não está fazendo nada comigo. Eu... apenas tive um lampejo de memória... agora nem tenho certeza de que me lembro de alguma coisa..."

"Não perca esta memória, Bella!" falei exasperada. "É muito preciosa. Mas agora preciso que se lembre de uma outra coisa. Uma coisa muito importante."

"E o que é?"

"Há mais ou menos dois anos, por acaso uma mulher, por volta dos quarenta anos, bem vestida, bonita, misteriosamente apareceu e lhe entregou algum presente importante, algo que ela queria que você guardasse?"

Bella pensou um pouco. "Bem, não exatamente."

"Como assim?"

"Uma senhora, com essa descrição, veio até minha casa, quando o pequeno William nasceu. E ela me entregou uma caixinha, disse que era um presente para o bebê, mas que eu não abrisse até que chegasse a hora. Disse que eu saberia quando essa hora chegasse. Na época, eu não a conhecia, mas tive a impressão de vê-la, rapidamente, em seu casamento. Mas ela não falou comigo neste dia. Eu já tinha até me esquecido disso..."

"A hora chegou, Bella. Onde está a caixinha?"

"Está em casa."

"Vamos até lá."

Definitivamente, a noite na fogueira tinha acabado para mim. Os outros não entenderam o porquê de eu interrompê-la assim. Pensavam que eu estava louca. Então me seguiram até a casa de Bella e Jacob.

Chegando lá, Bella entrou no quarto do bebê Billy Black e pegou uma caixinha, no alto de uma estante, e me entregou. Abri-a e quase sufoquei.

"Obrigada, Bella." Meus olhos encheram-se de lágrimas. Mas eu estava ansiosa demais.

Saí correndo de lá, com o camafeu de Mary Poppins pendurado em meu pescoço.