Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 7
Perdas e ganhos




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–O que a gente faz? – Pergunta Drew.

–Vamos voltar e fingir que não vimos nada. – Responde Filipe.

–E deixar ela aqui pra morrer?! Não mesmo.

–Pra mim tanto faz. – Diz Jhon.

Filipe respira fundo e concorda.

–Vamos fazer o seguinte. – Começa ele. – Jhon e eu iremos nos esconder atrás daqueles carros mais a frente, Drew, você começa a buzinar pra atrair aquelas coisas e sai daqui com o carro, enquanto você dá a volta no quarteirão Jhon vai entrar no mercado e ver se não tem mais ninguém, eu vou subir pela escada que está do lado de fora do mercado, nos encontramos lá em cima e pegamos a mulher, vamos pular de cima do mercado dentro da caçamba do carro pra não perdermos tempo, ninguém para por nada, entendido?

Os dois concordam.

Filipe entrega para Jhon uma das armas já destravadas e os dois vãos para trás de um carro que está perto do meio fio com um dos pneus estourado.

–Pronto? – Pergunta Filipe.

Jhon assente com a cabeça e Filipe levanta o braço livre da arma mostrando para Drew o polegar opositor levantado.

Drew começa a buzinar e a maior parte dos mordedores se vira em sua direção e começam a se mover. Eles são mais rápidos do que Filipe imaginou. Drew coloca o carro em movimento e Filipe fala para Jhon:

–Agora.

Ambos se levantam e correm juntos por um trecho do caminho, mas logo Filipe se separa de Jhon e vai em direção á lateral do estabelecimento, porém antes de subir as escadas ele ainda tem um pouco de visão de Jhon.

Filipe vê Jhon segurando a arma como um bastão e batendo no rosto de um dos mordedores, a arma dispara e ele queima as mãos, empurra mais um mordedor com a perna esquerda e consegue entrar no mercado.

Chegando ao topo do mercado, Filipe encontra a mulher e aponta a arma pra ela, ela saca da cintura um Colt e aponta para ele, eles ficam assim por alguns segundos que parecem uma eternidade.

Filipe dispara perto dos pés dela que apenas se assusta. Ele baixa sua arma e anda em direção, segura o cano do Colt e puxa fazendo a mulher largá-lo.

–Uma arma descarregada não vai te ajudar em nada.

–Como sabia que estava descarregada?

–Você não disparou quando ouviu o tiro.

A garota fica encarando ele, um ar de raiva paira sobre seu rosto, ela parece uma daquelas amazonas descritas na história de Hércules e seus doze trabalhos.

Filipe devolve o Colt, agora carregado, e estende a mão para ela que o cumprimenta isso faz com que as coisas se suavizem.

–Me chamo Filipe, e você?

–Marcella, mas pode me chamar de Celly.

A porta de saída de emergência se abre rapidamente e Jhon sai para o terraço.

–Lipe, eles estão nas escadas! Temos que sair logo daqui! – Alerta Jhon arfando.

–Mas, se eles estão nas escadas como vamos sair? – Pergunta Celly.

–É melhor você não saber. – Responde Filipe pulando com o ombro contra a porta no mesmo instante que o primeiro mordedor tenta forçá-la.

A buzina se faz ouvir.

–Vem! – Jhon coloca uma das mãos nas costas de Celly e a empurra contra o parapeito do mercado. – PULA!

Jhon e Celly já estão quase caindo dentro do carro quando Filipe larga a porta e corre, vários mordedores invadem o terraço e vão atrás dele, ele pula.

1 segundo.

Por causa de um mísero segundo Filipe cai fora da caçamba e se estatela com um baque alto no chão.

–NÃO! – Os ocupantes do carro gritam em uníssono.

–NÃO PAREM! – Grita Filipe do chão enquanto dispara contra os mordedores que caem sobre ele.

A horda atraída pela buzina aumentou e agora vem para cima dele.

Drew acelera e Jhon atira desesperadamente contra os agressores, mas é em vão. O carro já cobre uma distância maior que o alcance da arma, mas é possível ver a roda que se forma ao redor de Filipe que grita pela dor de possíveis ossos quebrados, mas são também gritos de fúria.

Celly está encolhida em um dos cantos da caçamba com dor por causa do pouso.

Jhon larga sua arma com o cartucho vazio, se joga no assoalho da caminhonete e acende um cigarro.

Celly olha para ele e começa:

–Me desculpe, foi tudo culp...

–Cala a boca. – Corta Jhon.

O silêncio reina sobre aquele carro.

Mais a frente eles encontram um restaurante onde conseguem pegar bastante comida e colocar dentro do carro.

Chegando à casa todos descem cabisbaixos do carro. Alguns ocupantes da casa saem para recebê-los.

–Quem é essa e cadê o Lipe? – Pergunta Isadora.

Jhon tira o cigarro da boca.

–Não sei quem é essa e o Lipe foi pego por aqueles filhos da puta. – Responde Jhon.

Drew entra na casa sem falar com ninguém e Laura sai sorridente, parando em frente à Jhon ela pergunta:

–Cadê meu pai?

–Você não tem sorte pra pai. – Jhon empurra a garota para o lado e sai andando.

A comida é levada para dentro da casa, porém ninguém consegue comer. O clima de luto cobre todos ali. Celly é alvo de muitos olhares tortos, principalmente de Isadora, apesar disso foi bem tratada. O dia passa de forma lenta e depois de uma eternidade o céu começa a escurecer.

Jhon está sentado do lado de fora da casa com vários cigarros caídos a seus pés e uma garrafa de vinho barato na mão, Isadora então sai de casa com os vermelhos, se senta ao lado de Jhon e divide um cobertor com ele.

–Como foi? – Pergunta ela.

–Nós íamos tentar ajudar, mas ele disse pra não pararmos por nada.

–Ai, que raiva do Lipe, nunca pensa antes de fazer as coisas.

–Ele caiu de uma altura boa e continuou lutando contra aquelas coisas.

–Você chegou a ver os canibais pegando ele?

–Ele atirou na própria cabeça antes que o pegassem. – Mente Jhon.

–Eu não aguentaria ver.

Jhon abre a boca pra falar, mas nesse momento eles avistam um carro se aproximando com faróis baixos.

O carro se trata de um uno preto, dele descem um casal de irmãos, a garota é baixinha, de pele clara, cabelo ondulado, o garoto é alto, magro, pele clara como a da irmã e seu cabelo é claro e liso num corte que o deixa com uma espécie de franja sobre o olho.

–Não acredito nisso. – Diz Jhon.

–São os Saraiva. – Isa se levanta e vai em direção aos irmãos.


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