Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 6
A busca




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No dia seguinte Filipe abre os olhos, está grogue por ter acabado de acordar, ele tem uma velha mania, dormir sem camisa e usando calça jeans, todos acham que causa certo desconforto, mas na verdade não, o segredo é não deixar ela apertada. Ele se senta no sofá, esfrega o rosto e olha o horário em seu celular, 5:45 AM, ele acabou se acostumando a acordar cedo, mesmo sem precisar. Após se levantar, Filipe caminha em direção à cozinha onde, abrindo a geladeira, encontra uma garrafa de água bem gelada para seu deleite, uma sensação de calor o perturba praticamente todas as manhãs.

Fora da casa os primeiros raios de sol cortam o céu no horizonte e naquele momento certa calmaria se instala sobre Filipe que se recosta em uma das paredes e aprecia a paisagem por longos instantes, mas, um som abafado dentro da sua casa chama sua atenção, parecem passos, mas como se algo estivesse impedindo de fazer barulho, como se a casa tivesse um carpete.

Rapidamente uma faca é apanhada por Filipe que se dirige em direção à sala, de onde vem o som. Chegando lá ele encontra Laura com um daqueles pijamas com meias, arrastando seu pequeno cobertor e com a mão esquerda esfregando os olhos.

–Tio, eu não consigo mais dormir. – Diz a garotinha de forma sonolenta.

Filipe se agacha em frente a ela e esfrega os cabelos dela, dessa forma, os bagunçando.

–Quer ficar aqui comigo? – Pergunta Filipe

–Não, vou ver desenho.

A garotinha se vira e vai em direção ao sofá, mas antes para e se vira novamente.

–Tio, agora você é meu papai?

Filipe abaixa a cabeça em direção ao chão e respira fundo.

–Então queridinha... – Os alarmes da casa despertam marcando seis horas e o interrompem.

Praticamente todos da casa se levantam resmungando devido ao barulho e em poucos segundos começam a descer pelas escadas e ocupando a sala. Alguns estão com um rosto mais feliz como Yokota, outros estão com um semblante mais fechado como Luma e Anna. E o Tomi está com sua característica cara de índio.

Eles ficam ali conversando, alguns vão até a cozinha e pegam alimentos que logo são devorados pelo grupo, até que então Jhon aparece na entrada com a sala comendo um hambúrguer.

–Que porra você tá fazendo?! – Se estressa Filipe.

–Comendo, ué. – Ele dá mais uma mordida no alimento.

–Estamos fazendo racionamento se lembra?

–Ah é, a propósito, a comida acabou.

Todos ficam quietos e se viram em direção a Jhon com uma expressão como a de alguém que exclama um “O QUE?!”.

–Que foi gente? Eu tava com fome.

A maioria começa a brigar com ele criando um barulho onde não se dá pra ouvir nada, e então um grito animalesco se sobrepõe, todos se calam e olham em direção de onde o som vem. É Log fazendo com que todos prestem atenção nela.

–O Rique quer falar. – Diz ela.

Rasquel se adianta e começa:

–Não adianta nada ficarmos aqui discutindo ou brigando com o gêmeo. – Rasquel se refere à Jhon dessa forma. – O que temos que fazer agora é buscar por novos alimentos. Sugiro que ele ajude na busca e tudo estará resolvido.

O ar de tensão da sala melhora e todos acatam a ideia.

–Tá, mas eu não vou sozinho, né?

–Eu vou junto. – Filipe oferece.

–Eu também. – Diz Drew. – Meu carro é uma pick up, cabe mais coisa.

–Mais alguém? – Pergunta Filipe.

Ninguém se prontifica.

–Só mais uma pergunta, quem aqui trouxe armas?

Thalles, Tomi, Log, Isa, Marea e Anna erguem as mãos.

–Levem para mim lá fora, só pra eu ter uma ideia. – Pede Filipe que logo depois sai da casa.

...

Fora da casa, Filipe arruma todas as armas no chão.

Filipe levou seu rifle CBC 8022 Bolt de ação calibre 22 LR e seus dois revolveres Rossi de calibre 38, Thalles levou um revolver Taurus 889 de calibre 38, Tomi levou seu arco de caça e uma aljava com cerca de 60 flechas, Log levou uma espingarda Mossberg calibre 12 semi automática, ela também levou uma machadinha, mas não estava sendo contada a cutelaria Isadora levou sua pistola Taurus PT 730 calibre 380, Marea levou duas pistolas CZ 75 P-07 DUTY calibre 380 e Anna levou dois rifles AK-74M e isso assustou um pouco o resto do grupo.

–Tá, é o seguinte. – Começa Filipe. –Provavelmente não vamos precisar das armas, mas caso precisemos vamos levar as da Anna, o resto das armas quero que vocês guardem em um lugar difícil de encontrar, mas que seja de fácil acesso caso precisemos.

O grupo se dissipa deixando apenas Jhon, Filipe e Drew.

–Eu dirijo. – Avisa Drew que não é questionado.

Os três entram no carro, Drew e Jhon na frente e Filipe com as armas no banco de trás. Jhon e Filipe colocam seus fones, Jhon ouve algumas músicas estilo screamo e Filipe com seu jeito de velho caipira americano ouve southern rock de olhos fechados.

Segundo os cálculos de Filipe, se passaram pouco mais de dois dias desde o início da pandemia e por isso o mundo ainda estaria consideravelmente normal, mas assim que chegam mais perto da cidade e ele abre os olhos encontra uma cidade devastada e tomada pelo caos, não há praticamente nada vivo nas ruas com exceção de alguns cães que correm.

Filipe se ajeita no banco, tira os fones e pergunta:

–Drew, você sabe onde estamos indo?

–Sim, vindo pra cá passei por um mercado, não é muito grande, mas vai quebrar o galho.

Drew acelera e vira uma rua onde tem que frear bruscamente, dessa forma, jogando Filipe de cara contra seu banco. Jhon rapidamente tira seus fones e parece assustado assim como Drew. E quando Filipe se levanta e olha na direção que eles encaram ele entende o motivo.

O mercado está rodeado de mordedores, essa palavra combina com aquelas criaturas segundo Filipe, mas esse não é o motivo da surpresa.

Em cima do mercado, uma mulher bonita de cabelos lisos e escuros, pele bem clara, usando óculos escuros e dona de um corpo bonito, acena em direção ao carro como que pedindo por ajuda.


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