Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 28
You are crazy




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A frota deixa o local, que ainda arde em chamas, e dispara estrada a fora.

Lamentos e maldições são lançados em voz baixa por praticamente todos.

O grupo continua se deslocando pela estrada, mas o tempo dentro dos carros incomoda a seus passageiros que estão desconfortáveis, em sua maioria, e com sono.

Após cerca de duas horas dirigindo Marti avista uma igreja ali perto e leva o grupo para lá.

Infelizmente os sons emitidos pelos carros e pela explosão das bombas de gasolina fez com que um grande grupo de mordedores os seguisse sem que fossem percebidos.

–Vamos passar a noite aqui? – Questiona Malu.

–Pelo menos hoje. – Responde Marti.

Enquanto os passageiros se esticam e alongam fora dos carros Dudu tenta abrir as portas da frente da igreja, mas as mesmas se encontram trancadas.

–Pessoal – Chama Dudu - má noticia.

A maioria dos presentes se vira pra ele.

–O que houve? – Pergunta Léo.

–As portas estão trancadas. – Responde Dudu.

–Então vamos arrombar. – Diz Marti mais mandando do que sugerindo.

Marti dá alguns passos para trás tomando distância, após conseguir uma boa distância ele corre e dá um salto de forma que seus pés vão de encontro à porta.

Mas seus pés não a atingem.

No instante em que o impacto irromperia a porta se abre e tão rápido quanto se abre, após Marti cair na escuridão dentro do local, ela se fecha deixando o grupo desesperado e Marti mais desesperado ainda em meio à escuridão do local e sem saber o que está acontecendo.

Thalles, Malu e Gabs espancam e arranham em vão a porta na esperança de conseguir trazer seu amigo de volta.

...

Dentro da igreja Marti tenta se levantar, mas algo o lança de volta ao chão.

–Calma aí, você quase fodeu comigo e eu ainda nem estou falando de sexo. Peça pros seus amigos ficarem quietos. – Diz uma voz meiga e feminina vinda do escuro.

–Quem é você?

–Por enquanto me chame de Ela.

–Ela?

–Não vou dizer meu nome até saber se posso confiar em vocês, mesmo que eu morra, guardo meu nome, agora faça o que mandei.

–Pessoal! Eu estou bem, fiquem calmos! – Grita Marti.

As batidas cessam.

–Ótimo, vou encostar uma arma na sua têmpora e vamos sair, a arma está descarregada, pediremos pro seu grupo entrar e conversamos aqui dentro que é mais seguro. – Explica a misteriosa voz.

Marti se mantem quieto e aparentemente isso é encarado como um consentimento. Um metal circular, a ponta de uma arma, toca sua têmpora direita e uma pequena mão segura suas duas mãos atrás do corpo. O toque do cano da arma some por um momento e a porta se abre.

O grupo de viajantes que esperava do lado de fora se surpreende ao ver a garota desconhecida rendendo Marti.

–Quem é ela? – Pergunta Isadora.

–Ela é Ela. – Responde Marti

–Isso eu to vendo, mas quem ela é?

–Ela.

–Sim, ela.

–Ela é Ela.

–Vinicius Martinato, para com essa porra e me diz quem é ela!

–Ela é Ela, caralho.

–Mas quem é ela?

–Ela é Ela!

–VAI SE FODER, MARTINATO! – Grita Isa irritada. –Com licença, quem é você?

–Pode me chamar de Ela por enquanto.

Isa cora e fica sem graça.

A garota solta Marti e tira a arma de sua cabeça.

–Vocês atraíram muitos deles. – Diz a garota olhando para um ponto atrás dos carros. – Vamos entrar.

O grupo fica sem reação e apenas segue a garota, dentro da igreja a escuridão predomina e, apesar de parecer impossível, ela fica ainda mais escura após a porta se fechar.

O som de um fósforo sendo aceso surge junto com a luz que provém dele e velas são acesas.

–Me desculpe, algum idiota explodiu algo aqui perto e provavelmente caíram alguns postes de luz tirando qualquer forma de a energia chegar até aqui.

Foram acesas velas o suficiente pra iluminar todo o altar e o grupo se reúne lá.

A garota que recebeu o grupo é bonita, baixa, magra e ruiva.

Após uma longa conversa que mais pareceu uma entrevista a garota parece aceitar todos ali.

–Agora podemos saber seu nome? – Pergunta Luc.

–Me chamem de Sabs, os bancos são todos almofadados, durmam bem.

O grupo se dissipa e se divide entre os bancos.

Luke e Bia dividem o mesmo banco.

–Sabia que eu sempre tive vontade de transar em uma igreja? – Diz Bia perto do ouvido de Luke.

–Boa sorte. – Diz Luke virando de costas para a loira e adormecendo rapidamente.

Isadora é quem mais demora a adormecer devido ao stress e ao som dos mordedores que cercaram a igreja.

...

–Cadê a Sabs? – Pergunta Isadora assustada depois que acorda.

–Ninguém a viu até agora. – Responde Celly.

–Como alguém pode sumir dentro de uma igreja tão peque... – Isa é interrompida pelo som da porta se abrindo.

Sabs entra saltitante na igreja.

Ela está toda ensanguentada e com uma pequena faca de pão na mão, um sorriso atravessa seu rosto delicado e ao mesmo tempo assustador devido o contraste com todo aquele vermelho carmesim.

–Alguém me ajuda a queimar os corpos daquelas coisas? Já foi chato o bastante ter que se livrar deles.

–Você matou aquela caralhada de mordedores com uma faca de pão? – Pergunta Dudu embasbacado.

–Não, alguns eu consegui sem a faca. Mordedores, assim que vocês os chamam? Gostei.

–Você é tipo um Lipe mulher? – Brinca Léo.

–Quem é Lipe? – Pergunta Sabs.

–Era um ami... – Marti começa a falar, mas é interrompido por Isadora.

–Passado. Lipe é um passado que devemos esquecer. – Esbraveja Isadora.

–Hey, parem, que som é esse? –Pergunta Mapa.

O som se trata de uma voz chiada quase inaudível vinda de dentro de um dos carros, incrivelmente percebida pelos treinados ouvidos de Mapa que se desloca para fora da igreja passando por cima de alguns corpos caídos e chegando ao carro no momento em que a transmissão se encerra. Irritada ela apenas apanha o rádio, fecha a porta do carro e se vira para voltar para a igreja.

E então ela vê.

Vê e descobre o motivo de Sabs ter ficado tanto tempo fora da igreja.

Mapa solta um grito de assombro e leva as mãos aos lábios para diminuir o som.

–Sabs o que é isso? – Pergunta ela?

–Minha coleção. Legal né?


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