Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 22
La Grange




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Já é tarde quando Dudu acorda, Mapa e Celly estão deitadas em seu peito, Luc está deitada próxima a suas pernas e Paloma e Gaby estão abraçadas a ela. O Sol lá fora arde forte e esquenta a tudo que é coberto por sua luz.

Dudu continua deitado, com um sorriso de satisfação no rosto, e permanece assim até que as garotas começam a acordar.

–Bom dia. – Diz ele a todas.

As garotas se levantam e o beijam.

–Obrigado pela noite. – Agradece Paloma. – Eu estava precisando.

–Eu que agradeço.

–O que vocês fazem no dia a dia? – Pergunta Luc.

–Morremos de tédio aqui. – Responde Gaby.

–O que acham de virem conosco para um grupo maior? – Pergunta Celly

–Mas vocês não estavam sozinhos? – Agora quem pergunta é Paloma.

–Nós mentimos, não sabíamos se vocês seriam realmente confiáveis. – Explica Mapa.

Paloma respira fundo como se estivesse prestes a surtar e depois disso fecha os olhos enquanto trava os dentes e cerra os punhos. O silêncio é predominante na sala dado a espera de uma resposta.

A garota baixa finalmente suaviza suas expressões e relaxa os ombros.

–Está bem, vamos com vocês.

–Ótimo, se vocês se espremerem um pouco no banco de trás conseguimos ir de boa. – Diz Dudu.

Paloma concorda com a cabeça e começa a se vestir assim como o resto dos presentes, depois disso todos vão para o carro. Dudu e Mapa estão mais confortáveis nos bancos da frente, mas o resto tem que se encaixar de forma não muito confortável no banco de trás.

Quando o carro deixa o local o Sol já saiu do centro do céu indicando que já passou do meio dia, ninguém sente fome ou sede ainda, mas todos esperam chegar logo ao Graal para fazer isso.

A viagem que era pra durar no máximo duas horas se estende gravemente devido ao crescente número de corpos, destroços e carros abandonados na estrada.

O Sol já se pôs a cerca de 7 horas e a Lua brilha de forma intensa no céu, coberto por poucas nuvens, quando eles finalmente chegam ao estabelecimento e Dudu buzina para acordar as pessoas lá dentro.

Filipe é o primeiro a sair. Ele parece estar assustado e sonolento, está totalmente nu e empunha um rifle apontado para o carro.

–FILHO DA PUTA, EU TAVA EM UM SONHO PORNÔ! – Grita Filipe bravo, mas se acalma ao perceber que se trata de conhecidos. – Íamos procurar por vocês quando acordássemos.

–Lipe, na boa, vai se vestir. – Pede Dudu empurrando o garoto pra dentro do restaurante. – Temos visita.

–Que porre, nunca posso ficar como eu quero. – Reclama Filipe. – Os cobertores estão próximo aos caixas.

–Ta, Valeu. – Agradece Dudu.

Filipe coloca uma calça e deita novamente.

Após os recém chegados finalmente comerem e beberem, eles também se deitam próximo a fogueira e adormecem. Uma noite quieta e tranquila, que parece transmitir paz a todos, segue por um longo tempo, até o gemer dos andarilhos diminuiu se tornando apenas um zumbido ao longe, os sobreviventes parecem já terem se acostumado com o som de dor reprimida expressa involuntariamente pelos pobres desgraçados que tiveram o azar de se tornarem vitimas da maldita praga.

...

Os relógios marcam 4:00 AM quando o grupo é desperto e surpreendido pelo canto de um galo, a maioria reclama, mas Magru se levanta rapidamente e corre para fora do Graal.

–PARVAROTI! – Grita ela sorridente procurando pelo animal.

Dentro do estabelecimento as pessoas se entreolham meio sem entender o que está acontecendo ou quem são as duas novas garotas, porém todos estão quietos raciocinando de forma lenta.

–Okay... Quem é idiota o suficiente pra ir lá fora nesse frio pra trazer a Magru?

Incrivelmente a maioria dos olhares se volta para Filipe que está estralando seu pescoço e ao perceber o que querem ele para.

–Vão se foder. – Reclama ele enquanto levanta e pega uma coberta.

Filipe sai pela porta e a friagem o acerta bruscamente, o que é intensificado pelo fato dele estar apenas com um jeans, mas ele ignora o frio e vai atrás de Magru.

Ele a encontra correndo atrás de um galo e se aproxima.

–Magru, você sabe que ele não vai ter utilidade alguma e ainda pode nos atrapalhar, certo? – Pergunta Filipe.

–Mas Lipe, eu só sinto falta disso, sei que é besteira e você ao liga pra essas coisas, mas me faria bem. Deixa pra lá, besteira minha.

Magru morde o lábio inferior segurando o choro e contrai as sobrancelhas franzindo o cenho, mas se mantém firme e aquilo mexe com Filipe.

Ele se aproxima dela e coloca o cobertor sobre seus ombros desnudos, a garota segura as pontas do cobertor e o puxa fechando todo seu corpo.

–Ai meu Deus, eu não to acreditando nisso! – Reclama Filipe.

O garoto de jeans agora corre atrás do galo e após um bom tempo fazendo isso sob o olhar e som das risadas de Magru, ele finalmente consegue pegar o animal e então o segura pelas pernas com uma das mãos e segura o peito da ave que respira de forma rápida.

–Vem, vamos entrar ta frio aqui fora. – Pede Filipe.

Ele e Magru entram e Filipe coloca o animal preso no banheiro.

–Obrigada, Lipe. – Agradece Magru arrumando seu cabelo preso em uma trança por sobre o ombro esquerdo.

–Arruma as coisas pra cuidar dele, eu vou tentar voltar a dormir.

–Ta bom.

Os dois se separam e enquanto Filipe tenta dormir, Magru improvisa um cercado para a ave com um ar de satisfação no rosto, apesar de seu antigo galo não ser aquele e ela antes ficar irritada muitas vezes por ser acordada por seu canto, agora ela tem ele como uma lembrança de uma vida antiga, uma vida tranquila e boa, uma vida de verdade, tudo que ela quer no momento é poder parar de sobreviver e voltar a viver.

Ao terminar seu improviso, ela deixa o banheiro e vai se deitar, mas é surpreendida pelo som de risadinhas e gemidos e ao perceber do que se trata ela olha para as pessoas na roda tentando ver que está faltando e chega à conclusão de que se trata de Buzz e uma das garotas novas, a mais baixa, ela ainda não sabia seu nome.

Agora o objetivo de Magru é entender como Buzz fez pra conseguir a garota com tanta facilidade em tão pouco tempo, mas se cansa e cobrindo a cabeça para abafar os sons e volta a dormir.

Filipe volta para seu sonho, ele está em uma moto rodando por uma estrada deserta do Texas quando avista seu alvo, uma casa simples, mas existem rumores de que lá existem muitas garotas “legais” e para lá se dirige.


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