Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 23
Live and let die




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O frio da manhã em combinação com o sono e o som da chuva que passa a cair lá fora impede que o grupo de sobreviventes acorde cedo e somente às 13:00 horas todos estão de pé.

Paloma e Gaby são apresentadas a todos e recebidas pelo grupo.

O grupo agora com apenas dezessete sobreviventes se reúne para comer e o clima é descontraído, é decidido que depois que comessem se reuniriam para assistir a algum filme em uma das várias TVs espalhadas pelo local.

Quando a refeição se encerra, o grupo se junta em frente a uma TV, dividindo seus cobertores e se ajeitando de forma a ficarem confortáveis.

Léo liga o televisor e coloca um DVD do filme “Cowboys & Alliens” e o filme se segue por um bom tempo.

Alguém aí? Transmitindo em todas as estações, se alguém estiver ouvindo, por favor, responda.

A voz metálica vinda em coro de todos os rádios preenche o ar e chama a atenção de todos

–Eita porra! – Exclama Filipe. – Alguém responde.

Malu corre e apanha um dos rádios.

–Na escuta. –Diz Malu pressionando um dos botões do aparelho.

Olá, meu nome é Labiapari, sou líder de um grande grupo de sobreviventes. Quem é você?

–Meu nome é Malu.

Você está sozinha?

–Não, estou com um grupo com cerca de vinte pessoas no total.

Ótimo, precisamos de mais gente para reconstruir a sociedade, unam-se a nós!

Malu troca olhares com seus companheiros sem dizer nada.

Pode ser que esteja meio receosa, mas se decidir vir para cá, estamos em uma base militar próxima ao aeroporto de Governador Valadares em Minas Gerais, você e seu grupo serão bem vindos. Câmbio desligo.

Agora se ouve apenas o chiado característico do rádio e o som do televisor. Todos se entreolham.

–E então, o que vocês acham? – Pergunta Gabs quebrando o silêncio.

–Ah meu, não sei se devemos. – Responde Lore.

–Seria tudo mais fácil. – Diz Luc expondo sua opinião.

–Vocês sabem que será uma longa viagem. – Apesar de ter chegado há pouco tempo, Gaby também opina.

–Nós vamos. – Afirma Filipe que recebe olhares irritados da parte de muitos.

–Dê um motivo para fazermos o que você quer. – Pede Nico em tom intimidador.

Filipe se aproxima do garoto baixo e vai o empurrando com o peito.

–Primeiramente, eu quero ir. Segundamente, nosso grupo diminuiu de forma drástica nos últimos dias. Terceiramente, se eles estão fazendo essas transmissões em todas as freqüências, precisam de nós tanto quanto precisamos deles, não sei se percebeu, mas a comida está acabando aqui. – Filipe pronuncia tais palavras com os dentes travados bem perto do ouvido de Nico de forma intimidadora.

Nico empurra Filipe.

–VOCÊ É LOUCO PRA QUERER COLOCAR TODOS NÓS NA ESTRADA! – Grita Nico deferindo um cruzado contra Filipe.

Filipe pendula, desviando do golpe e com o ombro direito bate no peito de Nico que cai.

–QUER BANCAR O MACHÃO? PRIMEIRO CORTA ESSA ALÇA DE BOQUETE QUE CHAMA DE CABELO, DEPOIS PARA DE PENSAR APENAS EM VOCÊ E COMEÇA A PENSAR PRIMEIRAMENTE NO GRUPO! –Rebate Filipe se levantando.

Magru ajuda Vinicius a se levantar.

–Se formos vamos morrer. – Diz Nico.

–Se morrermos, ao menos nós tentamos. – Responde Filipe vestindo uma jaqueta de coro sintético preta sobre sua regata de mesma cor.

–Eu prefiro ir. – Revela Buzz.

–Vou embora daqui em meia hora. – Avisa Filipe.

Alguns começam a arrumar suas coisas e levá-las para os carros e logo as minorias se dissipam e todos começam a se preparar para a viagem.

Clarisse, Thalles e Paloma entram no Skyline, Filipe, Isadora e Gaby no Galaxie, Nico, Magru e Lore no Mustang, Dudu e Malu no Ford Ranger, Marti vai em seu Camaro, acompanhado por Luc e Celly, na Harley montam Léo e Gabs e na Moto-Dinossauro de Buzz, montam Mapa e ele.

Os automóveis vão para a estrada em uma caravana consideravelmente grande formada por cinco carros e duas motos. Já está de tarde, mas o Sol ainda brilha forte no céu e o comboio para poucas vezes para tirar destroços, entre outras coisas, que atrapalham seu caminho, até que em certo ponto eles se deparam com um caminhão atravessado ao largo pela estrada impedindo, dessa forma, a passagem dos carros.

Os motoristas descem dos automóveis para avaliar a situação.

–Sempre tem que ter um fodido de merda pra foder com vida fodida de uns fodidos como a gente! – Reclama Filipe bravo.

–Já ta escurecendo, precisamos de um lugar pra ficar. –Diz Thalles de forma preocupada.

–O que acham de passarmos a noite no contêiner do caminhão? – Sugere Marti.

–Boa ideia. – Apoia Dudu. – Amanhã decidimos o que faremos.

Os sete homens conseguem abrir o contêiner do caminhão e descobrem que infelizmente já haviam tido a mesma ideia que eles de se abrigar ali dentro. Quando as portas são abertas seis mordedores saem do caminhão.

Os sobreviventes se afastam enquanto eles caem, e agora todos se lembram de terem pegado apenas dois rifles e que os mesmos não estão com fácil acesso.

–Vão pros carros logo! – Pede Filipe se virando e correndo.

Quase todos se salvam, com exceção de Buzz que tem seu tornozelo agarrado por um dos mordedores que ainda estava no chão, ele cai batendo o queixo no chão, o som de seu maxilar sendo quebrado nas extremidades é baixo, mas isso não muda o fato de ser agonizante, sua boca sangra e sangue se derrama quando ele tenta gritar por ajuda. O mordedor abocanha a panturrilha de Buzz e seus dentes podres se aprofundam em sua carne rasgando o jeans. Os outros mortos se unem a ele e os urros de dor vindos de Buzz estão cada vez mais baixos e mais aquosos a cada mordida.

Filipe desce do carro, mas antes que possa correr é segurado por Léo que rapidamente desceu de sua moto. Filipe se debate, mas Léo é mais forte que ele.

–EU VOU COMER O CU DE VOCÊS SEUS FILHOS DA PUTA! – Grita Filipe para os mordedores.

Os mordedores se viram em sua direção e começam a andar vagarosamente em sua direção.

Léo solta Filipe.

–Vai pro carro agora. – Manda Léo.

–Não. – Desobedece Filipe. – Eu vou começar por aquele ali.

Filipe levanta a mão com o indicador apontando para o mordedor mais alto, mas assim que seu dedo se alinha com a cabeça do mordedor uma nuvem de sangue se projeta das laterais da cabeça do morto. Filipe olha assustado para seu dedo.

–EEEEEEEEITA PORRA! – Diz ele surpreso.

Todos ficam sem entender, mas logo percebem que o resto dos mordedores também começam a cair e vem um pequeno grupo de sobreviventes equipados com rifles com silenciadores a sua direita.

Após todos mordedores serem abatidos o pequeno grupo de atiradores se aproxima.

–Vocês estão bem? – Pergunta ele para Filipe.

–Tirando nosso amigo morto sim.

O jovem baixo de cabelos escorridos que cobrem os olhos, pele clara e olhos verdes estende a mão para Filipe.

–Me chamo Lucas, mas pode chamar de Luke ou Azevedo.

–Filipe, pode me chamar de Lipe. – Responde Filipe cumprimentando seu salvador.

–Temos uma pequena vila aqui perto, venham conosco, já está pra escurecer.

Filipe consulta o resto de seu grupo que concorda e agora eles acompanham o grupo de Luke por uma pequena estrada de terra que passou despercebida e ao saírem dela encontram uma pequena clareira cercada por muros improvisados parecida com uma comunidade de ciganos devido às barracas e fogueiras espalhadas por ela.


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