Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 20
Last kiss




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Filipe então pensa e baixa a arma e começa a rir.

–EU JÁ ESTOU NO INFERNO! – Ele volta a rir. – SÓ VOU O FAZER FICAR PIOR!

Ele sai do túmulo, de sua carteira tira uma foto, nela estão sua mãe, o padrasto e Filipe mais jovem, ele lança a foto dentro do buraco, depois joga sua munhequeira e começa a cobrir com terra.

–Meu corpo está vivo, mas o antigo eu morre agora. – Ele pronuncia enquanto enterra as lembranças de uma vida tranquila e boa.

Após tapar o buraco ele se encaminha para seu carro e pega a estrada de volta para o Graal ao som de Hell’s Bells do AC/DC, Hell do Foo Fighters, Cowboys from Hell do Pantera e encerrou cantando com prazer Highway to Hell também do AC/DC.

Ele chega a frente ao estabelecimento, deita seu banco, coloca os pés em cima do volante e desliga a música, fica ali esperando o nascer do Sol, secretamente ele guarda dentro de si um ódio sem alvo e certa insanidade começa a brotar em sua mente.

As horas passam e uma movimentação começa dentro do restaurante, Filipe sai então do carro e entra no restaurante.

–Onde você estava? – Pergunta Rasquel.

–Na nossa antiga casa.

–Fazendo o que?

–Então, preciso reunir o pessoal pra explicar umas coisas.

Após reunir todos, Filipe começa a contar os recentes acontecimentos. Todos baixam a cabeça em respeito à morte de Yokota.

O dia passa de forma lenta e triste, o pior nesses dias é não ter com o que ocupar a cabeça, ficar sozinho com os pensamentos é uma tortura para todos, Filipe está sozinho com os seus quando são interrompidos pelo grito de pavor de Thalles.

Todos correm para sua direção e ao encontrá-lo de joelhos chorando sobre o cadáver de Rasquel e Nat, Clari solta um grito rápido devido à surpresa.

–Eu não consigo entender. – Diz Isa chorando.

Filipe se abaixa analisando os corpos, um corte na mão de Nat chama sua atenção, ele é grande e uma marca semelhante feita a sangue está a perto do corte, agora ele analisa a mão de Rasquel, a mesma coisa. Seus rostos estão serenos e a julgar pelo batom marcado na boca de Rasquel, eles deram seu último beijo.

–Pacto de sangue e morte. – Diz Filipe. – Eles se mataram ao mesmo tempo, vão estar pra sempre juntos. É algo bonito se pensarmos. Nem a morte é capaz de separar eles.

Filipe agora pega uma das facas que foram usadas para cortar as gargantas e com elas trespassa a cabeça dos amantes.

–Isso vai evitar que eles se transformem. – Diz ele friamente.

Filipe se levanta pegando as facas, as limpa em sua camiseta e sai andando.

–O que vamos fazer? – Pergunta Thalles tentando ficar calmo.

–Vamos dar um enterro digno a eles. – Responde Léo se mantendo firme.

A tarde segue com os preparativos do enterro e quando a noite começa a cair, a cerimônia improvisada acaba.

Novamente uma fogueira foi acesa e os sobreviventes presentes se reúnem ao seu redor. O grupo diminui cada vez mais, agora ele conta apenas com doze pessoas já que o grupo de Dudu não havia retornado, mais cedo Gabs havia os chamado no rádio, mas descobriu que nenhum dos cinco havia levado o seu.

–Estou começando a preocupar-me com Dudu e as garotas. – Conta Magru de forma tensa quebrando o silêncio.

–Poderíamos ir procurar por eles amanhã. – Sugere Thalles.

–Amanhã nos dividiremos em trios e então procuraremos. – Avisa Filipe se deitando para dormir com um cobertor.

Um a um, todos os presentes vão pegando no sono também e tem uma noite tranquila.

...

Dudu e as garotas chegaram normalmente a um pequeno sitio não muito longe do restaurante, Dudu estacionou o Camaro de Marti e desceu sendo seguido pelas garotas.

É a primeira noite que o grupo se separa.

Todos conversavam e riam sem preocupações.

–Eu entro primeiro! – Exclama Ju de forma sorridente enquanto corre em direção à porta.

Assim que Ju abre a porta uma luz seguida de um som alto preenche a escuridão da noite e sangue espirra da testa de Ju que cai para trás com um baque surdo.

–NÃO! – Grita Luc correndo em direção ao corpo de Ju.

Ela se ajoelha e com sua blusa tenta parar o sangramento como se fosse ajudar.

–Luc, com calma, vem pra cá. – Pede Dudu com voz baixa e calma.

Luc olha para eles e vê Dudu e as outras duas garotas com os braços erguidos em sinal de rendimento olhando para um ponto atrás dela.

–Se alguém tentar bancar o herói a ruivinha morre. – Diz a mulher atrás de Luc empunhando uma arma de cano longo irreconhecível na escuridão.

A fraca luz da lua revela apenas que a mulher é baixa, de pele clara e possui seios fartos que chamam a atenção de Dudu.

–Ajoelhem aí. – Uma segunda voz feminina se ouve vinda da lateral da casa.

Dudu, Celly e Mapa se ajoelham.

–A gente não pode deixar fazerem mal para a Mapa. – Sussurra Dudu.

–Se reagirmos, nós teremos menos chances. – Sussurra Celly em resposta.

–Deixa rolar. – Pede Mapa.

As duas mulheres ágoras estão juntas, a segunda também porta uma arma de cano longo, ela é mais alta que a outra e muito magra, sua pele também é clara.

–Cada um fale seu nome. – Manda a mulher mais baixa.

–Luiza. – Começa a garota ruiva.

–Eduardo.

–Marcella.

–Mariana.

Todos respondem um tanto quanto assustados, mas as mulheres parecem mais relaxadas.

–Nos desculpem pela sua amiga, fomos atacadas recentemente por um grupo de motoqueiros e então colocamos algumas armadilhas por aqui. – Pede a mulher mais alta.

Ninguém responde.

–Ora, vamos, se levantem, meu nome é Paloma e essa daqui é a Gaby. – Diz a mulher mais baixa abaixando a arma. – Podem passar a noite conosco.

Ninguém se mexe, mas após alguns minutos Dudu se levanta devagar, quando está de pé Gaby ergue sua arma e dispara. Dudu fecha os olhos esperando pela dor, ele pensa em tudo que fez de errado, pensa em toda bebedeira, em todas as garotas que levou pra cama e sente orgulho disso, ele aceita a morte feliz, mas a dor não chega logo e ele ouve um som de algo caindo atrás de si.

Dudu abre os olhos e encontra o cano, que expele uma fumaça branca, apontado para um pouco acima de seu ombro, ele olha para trás e encontra o corpo de um mordedor caído.

–Ele deve ter seguido vocês e provavelmente têm mais de onde esse veio. – Diz à mulher que efetuou o disparo.

–Vocês vão entrar logo ou não? – Pergunta Paloma retoricamente.

As garotas se levantam e caminham com Dudu em direção as garotas.


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