Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno
Na hora do almoço todos se reúnem e pegam algum prato do restaurante, ali existe abundancia de alimentos. Eles comem se divertindo e conversando, menos Thalles, desde a morte de Log ele mudou drasticamente, comia pouco, não conversava e nunca mais sorriu.
A situação de Thalles preocupa Filipe que anda em sua direção e sem perceber é observado por Isadora.
Isadora vê Filipe sentando ao lado de Thalles e dizendo algo inaudível para ela, Thalles respira fundo, olha para Filipe e lhe conta algo, seja o que for que ele tenha contado fez surgir no rosto de Filipe uma expressão de terror, Thalles começa a chorar e Filipe o abraça em meio a lágrimas também. Tudo aquilo desperta a curiosidade de Isadora, mas ela deixa isso passar por enquanto.
Os dois amigos secam lágrimas e vão tentar se encaixar em meio ao resto do grupo.
O dia passa tranquilamente, nada de especial acontece e por volta das 16 horas Filipe se aproxima de um grupo que conversa.
–Eu vou arranjar armas, alguém quer vir? – Pergunta ele desolado.
–Pode ser. – Respondem Anna, Malu e Nico como se tivessem ensaiado.
Os quatro se encaminham para o estacionamento.
–Vamos com qual carro? – Pergunta Nico.
–Com a Ford Ranger. – Responde Filipe.
Filipe assume o volante, Nico vai junto com ele na cabine, Malu e Anna preferem ir na caçamba.
–É muito longe daqui o local? – Pergunta Nico
–Nem tanto, tudo bem se quando chegarmos eu ficar no carro? Estou procurando não fazer muito esforço com a perna.
–Tudo bem cara. – Responde Nico jogando seu cabelo para o lado.
–Valeu.
A pick up deixa o estacionamento, após um longo período dirigindo em silêncio Nico pluga um pen drive que encontrou no porta-luvas. R U Mine do Arctic Monkeys preenche o carro.
–Desliga isso! – Pede Filipe.
–Não mesmo. – Responde Nico.
–Então ao menos abaixa!
–O que? Não consigo te escutar, a música ta muito alta! – Diz Nico aumentando o volume até ficar muito alto.
–Filipe tenta desligar o rádio, mas não quer tirar os olhos da estrada precária e acidentalmente passa a música, um violão em tom de mi menor com sétima começa a tocar.
–ISSO, DEIXA ESSA! – Grita Nico se animando.
Quando a música está atingindo seus quase dois minutos Filipe se assusta com Nico soltando o cinto de segurança e abrindo o teto solar. Nico coloca o corpo pra fora e praticamente gritando cantando:
–Because maybe you're gonna be the one that saves me and after all you're my wonderwall.
Em outras circunstancias Filipe teria puxado Nico para dentro do carro, mas ele acha a cena um tanto quanto hilariante e ri, ele sempre preferiu um southern rock ou blues, porém começa a gostar da música.
Eles chegam até a loja de artigos de caça esportiva e descem do carro, com exceção de Filipe.
Infelizmente o trio entra de forma desatenta na loja e não percebem que o local não está vazio.
Cada um pega dois rifles CBC calibre 22 com ferrolho modelo 8022 e acabamento em madeira e vai em direção a porta Nico e Malu atravessam a porta e já estão quase chegando ao carro quando ouvem um grito de dor de Anna, eles se viram e encontram a amiga sendo mordida na região do trapézio por um dos mordedores.
Anna puxa o corpo e a ferida se expande deixando um pedaço de músculo na boca do mordedor, ela o segura pelos cabelo e deixa sua cabeça perto do batente da porta.
–TÁ LOUCO? – Ela puxa a porta com violência. – SEU... FILHO... DA... PUTA!
A cada pausa ela batia novamente a porta e ao terminar sua frase a cabeça do mordedor se separa do reto do corpo.
Ela se vira encarando o resto do grupo que estão boquiabertos.
–VÃO EMBORA! EU JÁ ESTOU MORTA MESMO E TEM MAIS DELES AQUI. – Grita ela.
–Tá bom. – Responde Filipe acelerando o carro.
–É PRA LEVAR ELES JUNTOS, PALHAÇO.
–MAIS QUE PORRE, NUNCA PODE SER DO MEU JEITO.
Enquanto Anna entra novamente na loja Filipe dá ré e Nico e Malu entram na caçamba do carro que dispara pela estrada.
Dentro da loja Anna se depara com cinco mordedores eles estão longe e caminham vagarosamente em sua direção. Ela então tira sua camiseta revelando seus belos e volumosos seios por debaixo de um sutiã branco e florido, ela apanha um óculos escuro modelo aviador no balcão e o coloca.
–Vestida para matar. – Diz ela acendendo um cigarro.
Os mordedores agora estão perto e ela pega duas facas de caça.
O primeiro mordedor se lança sobre ela que se defende enfiando uma faca em cada um dos olhos dele, ela tira as facas do crânio de sua vitima que cai a seus pés, agora mais um mordedor avança em sua direção, mas Anna sem hesitar enfia uma faca pouco abaixo de seu maxilar, de baixo para cima, e a larga, os últimos três a atacam juntos, ela empurra um para o lado com um chute, enfia a faca na têmpora de outro e segura o terceiro pelo pescoço e começa a bater sua cabeça no chão, enquanto faz isso o outro mordedor, o que foi empurrado, se joga sobre ela mordendo sua nuca, ela ignora a dor e continua agredindo o mordedor até sua cabeça se tornar um grande pedaço de pele cheio de sangue e ossos triturados, agora ela puxa o seu agressor fazendo-o girar sobre ela, o mordedor está caído com as costas no chão e Anna tira seu cigarro da boca e queima o olho dele. Enquanto o mordedor tenta levantar ela abre uma garrafa de Whisky e em um total de quatro longos goles zera a garrafa e quebra seu fundo no balcão, o mordedor agora vai em sua direção e ela enfia a pontiaguda garrafa quebrada em seu olho queimado.
Após tocar sua nuca com a ponta dos dedos Anna olha para sua mão que está toda ensanguentada, ela se senta, abre um pacote de jujubas e as come rapidamente. Após se empanturrar com o doce e com bebidas ela pega uma espingarda na parede.
–Uma última bala. – Ela dá mais um gole na garrafa de Vodka e agora coloca o cano duplo na arma dentro da boca.
Ela dispara estourando sua cabeça, seu corpo é jogado para trás devido a explosão da munição, grande parte da loja está suja de sangue, principalmente uma parede onde antes de morrer Anna escreveu com as mãos sujas de sangue em letras grandes e de forma: VAI SE FODER. ASS: ANNA.
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