Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 17
Humanidade?




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Depois de vários minutos o carro para de balançar e a cama de ranger, Filipe e Isadora caminham para frente da loja carregando cobertores como se nada houvesse acontecido, eles seguidos por Gabs que está com uma cara nada amigável, Dudu e Clarisse saem do carro para pegarem os cobertores.

–Vocês demoraram. – Comenta Dudu.

–É! Demoraram. – Completa Gabs em tom repreensivo.

Eles estão guardando os cobertores no banco de trás e no porta-malas quando Gabs avista uma pessoa correndo ela aponta na direção da mulher, uma mulata, baixa e fortinha que tem uma katana presa em uma bainha improvisada às costas.

–Vão atrás dela! – Manda Gabs.

Antes que Dudu pense em ligar o carro Filipe e Clarisse dispararam atrás dela.

–Fodeu. – Diz Isadora.

–O que? – Pergunta Gabs.

–O Lipe foi atrás dela e ele não sabe que é só pra entregar o rádio.

Dudu já está dentro do carro e o liga, mas agora é tarde, Filipe, Clarisse e a garota entraram em ruas muito esguias para o carro.

Clarisse está mais perto da garota, mas nem ela nem Filipe conseguem alcançá-la, Filipe com uma das mãos aponta pra uma saída alternativa e Clarisse corre para lá, ele entra em outra e por alguns instantes a garota da katana acha que se livrou deles. Ela diminui o ritmo, mas é surpreendida por Clarisse que praticamente brota à sua frente. Clarisse estica os braços como que pedindo para que a garota pare, mas ela não o faz, ao invés disso, saca sua espada e decepa o braço esquerdo de Clarisse pouco abaixo da linha do cotovelo. Filipe aparece a tempo de ver Clarisse caindo com dor.

–Hey, calma! – Diz Filipe de forma autoritária levantando as mãos como quem se rende. – Só queremos conversar.

A garota baixa a espada e deixa que Filipe se aproxime.

–Eu me chamo Filipe e você? – Pergunta ele calmamente com um sorriso amigável no rosto.

–Nency. – Responde a garota de forma seca.

Ele repousa o antebraço esquerdo vagarosamente sobre o ombro de Nency.

–Essa daqui é a Claris Bacon, eu a amo como se fosse minha irmã. – Ele agora trava os dentes. – E VOCÊ A MACHUCOU!

Ele levanta o joelho esquerdo ao mesmo tempo em que joga Nency em direção a ele, o joelho atinge o maxilar da garota e o faz deslizar um pouco causando enorme dor, a garota cai para o lado e levanta a espada que corta a lateral do abdômen de Filipe, pouco abaixo das costelas. Ele chuta o braço dela que com um espasmo larga a espada. Ele se senta sobre ela e se aproxima do rosto dela.

–Pior que machucar meus amigos é tentar revidar a meus ataques. – Conta ele. – Isso realmente me emputece.

Nency cospe no rosto dele.

–AGORA VOCÊ ESTÁ FODIDAMENTE FODIDA SUA FODIDA DE MERDA! – Grita Filipe elevando os punhos e deferindo alguns socos contra o rosto de Nency.

Ela consegue rolar e agora está sobre ele dando cotoveladas, Filipe a puxa para perto de si, morde sua orelha e começa a puxar. Enquanto a garota grita, a parte cartilaginosa se desprende da lateral de sua cabeça e em pouco tempo o apêndice já está solto e preso entre os dentes de Filipe.

A perna de Filipe já estava doendo devido ao esforço proporcionado pela corrida, e após a joelhada ele não a sente. Nency leva a mão até o local onde antes se encontrava sua orelha, Filipe aproveita isso e agora fica por cima dela com o cotovelo em seu pescoço fazendo pressão, a garota sente a ausência de oxigênio em seu cérebro e desmaia.

A comoção naquele beco atrai alguns mordedores, Filipe se levanta, vê os mordedores se aproximando e com o canto do olho vê Clarisse segurando o braço cortado e gemendo de dor. Ele caminha arrastando a perna machucada e fingindo que Clarisse não está ali.

–FILIPE, ME TIRA DAQUI! – Ela grita.

Ele continua andando.

–PORRA, FILIPE, EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO.

–Tá bom, vem cá. – Diz Filipe voltando.

Filipe com dificuldade ergue Clarisse e um apoia o outro para que possam correr.

Eles conseguem chegar até o carro que está ligado e Dudu acelera ao ver os mordedores, eles saem com o som agudo dos pneus deslizando no chão.

Isadora se surpreende ao ver o braço de Clarisse cortado.

–Preciso de um pano urgentemente! – Alerta ela.

Filipe tira a camiseta e entrega para Isadora, ela levanta rapidamente a cabeça para agradecer e vê que Filipe também sangra e tem o rosto bem marcado.

–O que rolou lá? – Pergunta Gabs.

–ROLOU QUE ESSE FILHA DA PUTA IA ME DEIXAR PRA TRÁS! – Reclama Clarisse.

Todos olham para Filipe.

–Ha-ha. – Ri ele forçadamente. – Deixa de palhaçada, eu não faria isso.

–A gente sabe que faria. – Responde Isadora rispidamente. – Você e o Arthur são os únicos que deixariam o argo sem peso nenhum na consciência.

Filipe baixa a cabeça se lembrando das mancadas que já deu com seus amigos que só o fizeram bem.

–Vocês entregaram o rádio para aquela mulher ao menos? – Pergunta Dudu.

–Não, ela nos atacou. – Responde Clarisse.

–De qualquer forma, deixamos um dos rádios na loja de colchões. – Avisa Gabs.

Eles seguem viagem até que avistam mais a frente uma loja de artigos de pesca e caça esportiva.

–Ali dentro devem ter armas. Amanhã volto para buscar. – Diz Filipe massageando sua perna que volta a ter certa sensibilidade.

–Com sorte vamos chegar ao Graal na hora do almoço, mas se eu acelerar um pouco... – Diz Dudu com o desejo de testar o potencial do Skyline.

–Vai fundo. – Permite Filipe.

O carro pega incrível velocidade e rapidamente o quinteto chega ao ponto de encontro.

–Eu vou tratar do braço da Claris. – Diz Isadora entrando no estabelecimento com Clarisse.

Dudu, Filipe e Gabs carregam os cobertores para dentro e ao passar pelos banheiros um som chama a atenção de Filipe.

–Hmmm... Vai... Isso... Eu achava que de japa era pequeno, mas tava errada... nossa... Como é grande... isso...

Filipe imagina que a festa seja entre Yokota e Magru já que ouve a respiração pesada do asiático e a voz de Magru, até que ele ouve uma terceira voz.

–Isso, agora cala a boca e me chupa.

A voz é de Marti.

Filipe ri imaginando a situação de Magru e continua levando os cobertores para uma das mesas.


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