Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 11
Um vício, uma droga, uma nova relação




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Dentro da casa todos cumprimentam Marti, mas ele percebe que o clima ali dentro está meio ruim.

–Quem morreu? = Pergunta ele em tom de brincadeira sem saber do ocorrido.

–Um pessoalzinho aí. – responde Filipe indo pra cozinha. – Seja lá quem for que governa nosso universo, quis nos fazer ver bastante sangue.

O sorriso de Marti desaparece.

–Quer comer ou beber algo? – pergunta Filipe da cozinha bebendo uma garrafa de aguardente.

=Estou sem fome, obrigado.

–Ah é, você é diabético, havia esquecido, foi mal.

–Sem problemas, no momento só preciso dormir um pouco.

–Então hoje é seu dia de sorte, um pessoal foi embora sem avisar e tem umas camas sobrando lá em cima. – Apenas Filipe ri de sua própria piada.

Marti leva a mão em direção à testa e com apenas os dedos indicador e médio estendidos à toca, após fazer isso distancia a mão e vai para o andar de cima.

Filipe está andando para fora da casa com a garrafa de aguardente quando o barulho de alguém limpando a garganta, ele se vira e encontra Isadora o encarando com cara de poucos amigos e braços cruzados.

–Você não está em condições para estar bebendo. – Diz ela em tom de repreensão e tenta tomar a garrafa da mão do irresponsável.

Filipe empurra Isadora para o lado, toma mais um gole do destilado, limpa a boca molhada com o antebraço e se volta para ela.

–É o seguinte, eu quase morri e provavelmente e alguns dias estarei morto, então... – Ele toma mais um gole. – NÃO TENTA CUIDAR DA PORRA DA MINHA VIDA OU EU TIRO A SUA!

–NEM TENTA DAR UMA DE BRAVINHO PRA CIMA DE MIM, EU SÓ ME PREOCUPO COM VOCÊ E FAÇO DE TUDO PARA QUE FIQUE BEM, MAS ISSO PARECE NÃO VALER NADA. – Ela põe o dedo na cara de Filipe. – Eu to cansada disso.

Filipe revira os olhos e dá as costas pra Isa indo em direção à porta, Isadora avança em sua direção, mas é segurada por Clarisse e Ju.

–Deixa esse babaca fazer merda pra depois se arrepender e aprender com os erros. – Diz Thalles.

Filipe caminha em direção a seu carro, a noite está fria e quieta, mas a bebida esquenta o corpo do homem que caminha solitário, ele entra em seu carro, liga o rádio e pluga seu pen drive. Os minutos se passam tranquilamente ao som de Alive do Pearl Jam, About a girl do Nirvana, Dias atrás do CPM 22, Longe de você do Charlie Brow Jr., Butterfly do Nazareth e Freebird do Lynyrd Skynyrd. Praticamente no mesmo instante que essa última música acaba alguém bate no vidro do carro. Filipe olha para fora, pela janela do carona e vê Celly lá fora enrolada em uma coberta, ele abre a porta.

–Bate no meu vidro novamente e eu quebro sua mão.

A garota fica parada do lado de fora paralisada devido ao inesperado.

–Vai entrar ou posso fechar a porta?

A garota entra no carro e Filipe estende a garrafa para ela, ela dá um gole e devolve a garrafa.

–O que você quer? – pergunta Filipe após bebericar.

–Queria pedir desculpas pelo o que houve.

–Não precisa. – Ele bebe novamente. – Foi até que legal.

–Ainda assim, não estou me sentindo bem desde aquele dia.

Os dois bebem e conversam, aos poucos vão se conhecendo e se embebedando sem perceberem.

Filipe vai passar a garrafa, mas a derruba, dessa forma molhando a camisa de Celly, ela dá um tapa no rosto dele e os dois se encaram. A encarada dura alguns segundos e eles começam a se beijar, Celly vai para cima de Filipe e os dois agora ocupam o mesmo banco, o efeito do álcool sobre eles faz as coisas tomarem um rumo inesperado.

Poucos minutos depois, Magru sai da casa para fumar, porém ao encontrar o Ford Galaxie balançando e os vidros embaçados ela arregala os olhos e volta para dentro de casa.

–Ela conseguiu o fazer parar de beber? – Pergunta Malu lendo uma HQ de X-men.

Magru olha pra ela com uma sobrancelha levantada, olha para o lado.

–É... Acho que sim. – Responde ela balançando a cabeça de forma positiva vagarosamente.

Malu não entende, mas ignora e volta a ler.

Parte da noite passa quase todos estão em suas camas e então Filipe e Celly entram em casa.

–Você tem certeza que está ciente do que fez? – Pergunta Filipe mais uma vez.

–Já disse que sim. – Responde a garota com um sorriso.

–Então tá.

Eles dão um beijo rápido e Celly vai tomar um banho, Filipe se joga no sofá. Desde que ele viu a garota pela primeira vez já se sentiu atraído, mas teve pouco tempo com ela, após ele ter acabado com a horda de zumbis ainda havia uma ultima bala na arma, ele pensou em se matar e acabar com a dor, aí ele se lembrou do motivo de estar ali e decidiu que antes de morrer precisava ao menos olhar para o rosto da garota mais uma vez, isso o motivou a enfrentar a dor e caminhar de volta para o sítio.

Um sorriso sincero e verdadeiro brota no rosto do sobrevivente, ele tem um novo motivo pra sobreviver e ironicamente é o mesmo motivo pelo qual ele escolhe morrer, a garota adquiriu sua proteção e ele sabe que isso apenas vai acelerar sua morte, apesar disso ele gosta.

–Posso segurar sua mão para dizer aos meus amigos que toquei um anjo? – A voz de Thalles interrompe os pensamentos do bêbado.

Filipe olha em direção à porta por onde entram Thalles e Log.

–Já vou dormir boa noite. – Log beija Thalles. – Boa noite, Lipe.

–Eu não ganho beijo? – Pergunta Filipe de forma embriagada.

–Vai se ferrar, seu jagunço. – Log sobe as escadas pisando duro.

Filipe agora vira o rosto em direção a Thalles.

–E aí, comeu?

Thalles balança a cabeça negativamente.

–Não, cara, agora vai dormir. – Ele cobre o nariz com a mão. – Nossa, seu hálito tá fazendo meus olhos lacrimejarem. – Thalles sobe as escadas em direção a seu quarto.

Filipe bafora em sua mão e se arrepende por causa do cheiro de álcool invadindo suas narinas. Ele ri e em poucos minutos o sono o toma e obriga-o a dormir.


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