Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 10
Fazendo as honras




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–Puta merda, esse viadinho parece o Marti! – exclama Filipe – Ele faz falta.

Filipe já se vestiu e agora está na sala junto com os outros.

–Parece, mas o Marti não teria feito as coisas que esse daqui fez. – Completa Tomi.

–Bom, minha ideia é a seguinte, enquanto estive fora notei que os mordedores não comem coisas mortas, então vamos manter esse daqui vivo e caso sejamos encurralados vamos arrancando pedaços deles e afastando os zumbis, o que acham? – Pergunta Filipe com um sorriso de satisfação no rosto.

–Você só pode estar brincando. – Anuncia Nico.

–Quer ir junto com ele?

Nico fica quieto e o encara como quem diz: Você tá fodido.

–Como você sobreviveu? – Pergunta Jhon ainda sem acreditar em quem está vendo.

–É uma história engraçada. – Começa Filipe com um sorriso no rosto que logo desaparece. – Pensando bem não é não. Depois que vocês saíram eu comecei a ser cercado e fui disparando loucamente contra os mordedores, mas não adiantava, comecei então a tentar me manter tranquilo, aqueles merdas só morrem com dano no cérebro, passei então a deixar eles se aproximarem e atirava a queima roupa, assim garantia a morte de um e se a bala saísse tinha a chance de atingir outro. Quando todos acabaram consegui me levantar, mas novos mordedores foram atraídos pelo som dos disparos, eu improvisei uma tala usando a arma e com dificuldades por causa da perna me escondi e esperei o número diminuir e então comecei a andar para cá, quando cheguei vi todos aqueles FDPs escondidos e o grandalhão matando a Laura, eu já estava abalado por causa dos acontecimentos recentes então me escondi e chorei, ouvi o som do tiroteio e vi meus amigos morrendo, uma raiva sobrenatural tomou conta de mim e eu corri para cá, o que agravou a situação da minha perna, peguei a chave de fenda no cinto de um dos mortos e derrubei o grandão e agora estou aqui.

–VOCÊ OS VIU MORRENDO E NÃO FEZ NADA? VOCÊ É UM PUTA DE UM CUZÃO! – Grita Malu.

Filipe nunca havia a visto daquela forma, mas não gostou, ele então se levanta e caminha mancando na direção dela e continua até as testas colarem.

–E o que eu faria sem uma arma? Queria me ver morrendo também? Até que seria legal, mas não rolou bonitinha, e adivinha só, eu não vi você sair da casa pra nada princesa guerreira.

Ele se afasta, pega um revolver, põe nas mãos de Malu e coloca o cano da arma em sua própria testa.

–Vamos lá, quer me ver morto? É só disparar, vai, o que tá esperando?

Malu abaixa a arma e Filipe dá as costas.

–Quem nós perdemos? – Pergunta ele.

–Drew, Cabeça de trigo, Mama, Lyu, Jujubs, Luma, Laura e... – Ju começa a lutar contra o choro. – E meu irmão. – Ela começa a chorar e Filipe a abraça.

–Vai ficar tudo be... – Filipe é interrompido por batidas na janela.

Todos se viram para ver o que é e são surpreendidos por alguns mortos que se levantaram.

–MAS COMO? ELES NÃO FORAM MORDIDOS. – Se surpreende Rasquel.

–Eu dou um jeito neles. – se oferece Thalles.

Thalles pega um facão, abre a janela e vai perfurando a cabeça dos mordedores por entre as grades. Após terminar ele limpa a faca e volta para o meio do grupo.

–Thalles, Léo, Kokota, Tomi, Nico, Rasquel e Jhon, me ajudem a empilhar os corpos lá fora para queimarmos eles. Isa preciso que você “embrulhe” os corpos dos nossos, vamos enterrá-los, use os lençóis para isso.

...

Lá fora, os homens levam alguns corpos para longe da casa e ateiam fogo, o cheiro de carne humana sendo queimada é horroroso, enquanto isso Isadora, com a ajuda de Anna, Magru e Nat, envolve os corpos em lençóis como que fazendo uma mortalha. Agora a ficha de todos caiu e todos, sem exceções, choram.

Após a conclusão do serviço, Filipe procura Isadora e pede para ela examinar sua perna. Eles estão na cozinha e Isadora começa a limpar melhor e examinar as feridas.

–Nossa, Lipe, nem sei como você tá andando. – Diz Isadora preocupada. – Eu preciso abrir sua perna, mas não tenho anestésico.

–Acho que tem nesse armário atrás de você. – Mente Filipe.

Quando Isadora se vira, Filipe pega uma faca de caça e abre a lateral de sua perna, próximo à panturrilha e emite um urro ao fazer isso. Isadora se vira e dá um tapa na lateral do rosto de Filipe.

–Você é louco?!

–Só facilitei seu trabalho.

–Não faça mais coisas do tipo.

Ela coloca luvas cirúrgicas e vai colocando os ossos no lugar, depois parafusando placas metálicas neles.

–Tenta não fazer muito esforço, eu recomendaria repouso, mas sei que não vai me ouvir.

–Obrigado, Isa.

Filipe dá um beijo na testa de Isadora e sai da casa. Ela revira os olhos e respira fundo.

...

Ninguém entende o motivo, mas Filipe foi para os fundos da casa com uma pá e pediu para ninguém ir lá até ele autorizar.

Horas se passam e o Sol já está quase se pondo no horizonte, Filipe então chama todos para os fundos da casa.

Chegando lá o grupo encontra sete buracos rasos cavados em forma retangular com os corpos dos amigos dentro.

–Eu achei que eles mereciam isso. – Explica Filipe.

Todos se emocionam novamente, homenagens são feitas e os corpos são enterrados.

Depois disso todos entram e o clima dentro da casa é de luto. O silêncio toma conta por muito tempo. Cada um fica sozinho com seus pensamentos e isso é uma tortura.

Filipe está se ajeitando para dormir quando o som da buzina de um Camaro o faz levantar novamente. Ele desce e vai para frente da casa onde encontra um homem parecido com seu prisioneiro encostado em um Camaro vermelho com uma linha preta que o divide.

–Porra, Marti, estávamos falando de você hoje. Venha, entre, o pessoal vai gostar de te ver.

Os dois se cumprimentam e entram na casa.

No fundo, Filipe sempre admirou a forma como Marti agia e vê-lo ali, bem e vivo lhe dá certa alegria.


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