Pov of Aisaka Taiga

— Desculpa Yuuna, eu não sabia que esse era um assunto delicado para você. É que eu entrei no ritmo da brincadeira e... — Eu tentava explicar, enquanto me desesperava ao ver as várias lágrimas que desciam do rosto dela, sem parar. Shine me interrompeu, me dando um grande peteleco na cabeça. — Ai! O que foi que eu fiz?

— A Yuuna acabou de sair de um relacionamento que não deu certo, na verdade... Que deu muito errado. Você ainda pergunta? — Perguntou Shine me lançando um olhar mortal. Engoli em seco e só então percebi. A Yuuna tinha sido traída pelo seu namorado... Que por acaso, era alguém realmente especial para ela e que gostava muito dele... Seria então...

— Desculpa, desculpa, desculpa, eu realmente sinto muito. Eu esqueci sobre o seu namo... Quer dizer, ex... Eu sinto muito mesmo! — Comecei a abaixar a cabeça diversas vezes como prova do meu arrependimento. Eu havia esquecido completamente! Mas a Yuuna riu sem graça e balançou os braços para mostrar que estava tudo bem.

Após uma pequena discussão, resolvemos que voltar ao jogo era a melhor opção. Para mim, a melhor opção era acabar logo com aquele jogo. Onde é que estava as guerras de travesseiro? Suspirei inquieta, vendo que todas encaravam Tanabe agora.

Ela riu descontraída:

— Um garoto de uma banda K-pop. —Brincou, e ao ver o rosto surpreso de todas, começou a balançar os braços rindo de leve. —Calma gente, é o Kazemaru. Óbvio, não é?

— Oh, eu já estava até gravando. — Comentou Maya, inconformada e Tanabe revirou os olhos.

— Emiko! Você é a mais velha, não é? Certamente já teve suas experiências... — Falou Jenny curiosa.

E a Emiko ficou bem vermelha, como resposta. E mesmo não entendendo direito a linguagem de sinal das meninas, eu sabia que quanto mais vermelha a pessoa ficava, mas atiçava a curiosidade delas e com a Emiko pareceu triplicar. Maya se aproximou dela com um grande sorriso no rosto:

— Então, Emiko... Quem é?

— Ninguém. A minha vida é o futebol, a comida e zoar as pessoas. Ponto final. — Respondeu a outra tentando ser o mais ríspida possível, o que não deu muito certo já que a mesma não conseguia agir assim.

Maya riu:

— Então vamos adivinhar.

— Ah, mas a Emiko está sempre com a gente. — Declarou Kaori ofendida, cruzando os braços.

— Mas sei lá... Vocês não notaram nada? — Perguntou Maya emburrada. — Nem ela agir estranho quando estivera perto de um garoto?

Emiko parecia ter congelado. Um gelo vermelho, prestes a quebrar se tocasse ou derreter com as bochechas extremamente vermelhas. Eu só havia visto ela agir assim uma vez e fazia bastante tempo, no mesmo dia que Shine e Emiko haviam entrado no time.

— Ah, teve uma vez sim. — Falei repentinamente e todas olharam para mim. Inclusive Emiko, que parecia estar em prantos. — Quando fomos chamadas no conselho-estudantil, no mesmo dia que a Shine e a Emiko se juntaram ao time, quando entramos na sala e encontramos o Shirou e o vice-presidente na diretoria, ela congelou. Acho que estava mais para terror do amor. — Dei de ombros.

— VOCÊ GOSTA DO FUBUKI? — Maya gritou de repente e Emiko pareceu acordar de seu transe, fazendo uma grande careta.

— Da onde foi que você tirou isso? — Perguntou conturbada, balançando as mãos.

— Pensando bem... A Emiko não parava de flertar com aquele tal de Gouenji no dia da sorveteria. — Stéfanni falou pensativa.

— O vice-presidente... — Completei.

— Eu acho que vou desmaiar... — Emiko falou dramática, se jogando no chão.

— Okay, okay, vamos parar com essa brincadeira. — Maya anunciou, mas pareceu mudar de ideia quando passou seus olhos por nós. Ela suspirou, alegre. — Mas antes, a Taiga, a Kaori e a Jenny tem que falar de quem elas gostam. Taiga, você primeiro.

E como se fosse destino, as luzes desligaram.

NARRADOR ON

[ Alguns minutos antes do apagão na casa]

Três garotos com jaquetas enormes que cobriam quase todo o seu rosto, andavam cada um com sua mochila com um só destino em mente. Estava frio lá fora e aparentava que iria chover à qualquer momento. Mas eles já haviam decidido que iriam fazer aquilo, então não tinha volta. Menos um:

— Eu já falei, me soltem! Eu não vou participar desse plano maluco! Depois dá algo errado e quem leva a culpa? O presidente do conselho estudantil. — Se esperneava Fubuki irritado, sendo soltado por seu irmão, Atsuya e Hiroto. Finalmente. O albino se virou ríspido para os ruivos e disse, se virando para voltar para a casa. — Obrigado. Agora eu vou para a casa.

— Se estiver afim de pegar chuva do lado de fora... Vai que é sua, irmão. — Provocou Atsuya mostrando dois chaveiros. Shirou mexeu em seus bolsos confuso e ao constatar que os mesmos estavam vazios, franziu as sobrancelhas. — Mas como...? Estava a todo momento comigo!

— Deveria aprender a levar as suas chaves para o banho. — Acrescentou o ruivo mal-humorado, guardando as chaves novamente no bolso. — É só me seguir. Quando nós terminarmos com as meninas, eu te dou a sua chave de volta.

Por que eu sempre sou usado em situações como essa?, se lamentou Fubuki, soltando um longo e cansado suspiro.

Assim que se aproximaram da janela da casa que permitia assistir o que acontecia lá dentro, em um ângulo limitado. Como as meninas estavam na sala, era fácil ver o que elas faziam e até ouvir, dependendo do tom que elas usavam. Do jeito que a Maya e as outras gritavam, conseguiam escutar até mesmo com os ouvidos tampados, era o que os mesmos pensavam.

— Então, a gente vai fazer pensar que a casa está mal-assombrada. — Explicou mais uma vez Hiroto, extremamente sério. Mas ninguém pareceu notar. Os meninos estavam mais curiosos em saber de quem as meninas gostavam. Ele ficou com o rosto vermelho irritado, por ser ignorado. — Hey, vocês! Não estão pensando atenção no que eu estou dizendo? — Indagou, e os dois responderam apenas com acenos de mãos, como se significasse, 'deixa para outra hora'.

— Elas estão falando de quem elas gostam... — Comentou Shirou, sereno.

— Continuamos o plano depois, eu estou curioso. — Atsuya falou ríspido, revirando os olhos.

— Sério? Tá chovendo, merda! E se elas descobrirem? Vamos, por favor. Eu quero minha vingança... — Rugiu, o garoto.

— A gente também não ficou feliz com elas, mas vamos esperar só um pouco, okay? Quero ver qual é o casal óbvio. — Atsuya respondeu baixinho.

— Casal óbvio? — Repetiu Hiroto, procurando por uma janela fácil de ser aberta.

— Shine e Hiroto. — A voz de Maya soou brincalhona e os irmãos se viraram para o ruivo, que parecia prestes a ter um tremelique.

Ele parou o que fazia e coçou a cabeça sem graça:

— De repente, eu mudei de ideia. Acho que podemos esperar um pouquinho mesmo. — Ao ver o olhar malicioso que os dois lhe lançaram, ele tentou consertar o que falara. — Quer dizer... Vamos esperar que elas estejam quietas, vai ser mais fácil, não?

Fubuki pareceu pensativo, mas Atsuya não caiu nessa.

Todos ficaram atentos ouvindo o que elas tinham à dizer, mas Shine pareceu um pouco confusa em relação ao que sentia. Então a resposta não chegou à um êxito, e Hiroto pareceu ser tomado por uma aura depressiva, entrando finalmente em uma das janelas:

— Já vamos. — Avisou Atsuya, voltando à janela.

— Mas vamos parar de falar de mim! — Shine levantou os braços extremamente desconfortável, com um sorriso brincalhão no rosto. Atsuya e Shirou pareciam a plateia da história, acompanhavam tudo com os olhos vidrados nas garotas. Um olhar para o lado, um morder de lábio, uma face avermelhada, gaguejar... Tudo isso era parte da observação. — Tem outras garotas aqui... Stéfanni, de quem você gosta?

— Hm... Atsuya está curioso. — Brincou Fubuki, respirando aliviado. Ele imaginava o quanto deveria ser difícil participar daquela brincadeira. Olhos vidrados em você, cheios de curiosidade, enquanto você contava à todos o seu segredo mais secreto. E particularmente, ele não gostava muito dele. Não lhe agradava o fato de ver a inocência de Taiga ser apedrejada à cada segundo, mas era bonito o fato de que ela ficava vermelha quando aquelas ideias estranhas lhe viam à cabeça. E ele tinha que aguentar e fingir que não se importava, mesmo tendo vontade de entrar ali e tampar seus ouvidos.

— Cala a boca. — Atsuya respondeu, tirando o albino de seus devaneios.

— Dá para me pular? — Stéfanni perguntou fria, revirando seus olhos claros.

— Por quê? E você e o Atsuya? — Perguntou Emiko, segurando o riso.

— Olha, eu não sabia disso! — Brincou Shirou, levando a mão a boca, afim de provocar o irmão. Ele se virou para o outro, que estava vermelho, encarando incrédulo a cena que ocorria do outro lado da janela. — Você sabia disso, Atsuya?

— Você não sabe ficar calado quando lhe é coerente? — Perguntou o outro extremamente nervoso. Shirou resolver calar-se antes que se isso se transformasse em mais do que uma brincadeira.

— Acho que nem precisamos de um 'sim'. — Maya falou sadicamente, dando uma piscadela. Atsuya pareceu tão irritado como Stéfanni, até mesmo se levantando e virando de costas. "Feitos um para o outro", pensou Fubuki divertido voltando atenção até a janela. Taiga cometera o erro de perguntar à Yuuna de quem a mesma gostava mesmo sabendo que ela havia sido traída. Mesmo não entendendo o motivo dela chorar, o garoto achou a situação cômica, mordendo os lábios para não deixar o riso escapar.

E então, mais perguntas foram feitas. Até que chegou a vez de Taiga. Todas a olhavam com expectativa, mas grande parte, pelo menos esperava, adivinhava saber de quem a morena nutria sentimentos. Fubuki apertou a janela, se aproximando só para ter certeza que não deixaria uma única sílaba escapar.

Mas como se o destino quisesse que aquilo continuasse como um segredo, as luzes apagaram e Atsuya correu em direção ao irmão colocando a mão sobre o seu ombro.

— Acho que o Hiroto já deu início ao plano.

∞

Hiroto se encostou na porta cansado. Por que aquela casa era tão grande? Mas ele suspirou aliviado. Finalmente havia encontrado a fonte de energia da casa e baseado no que aprendera nos manuais que lera na internet, eles pareciam ter funcionado.

Mas agora, ele estava dividido.

O que era aquilo mais cedo? Então, Hikari nem fazia ideia do que ele quisera dizer? Era claro que ele era meio confuso às vezes e por isso ele podia ter fingido muito bem quando dissera que aquilo fora somente uma brincadeira, mas... Será que ela não sentia a mesma coisa?

— Te achamos. — A voz de Shirou soou perto dele, e ele se virou para encontrar um albino com as mãos no joelho, ofegante.

— Ah, finalmente decidiram acabar com o tempo de espera? — Perguntou o outro levemente magoado, cruzando seus braços.

— Na verdade, você acabou. — Shirou rebateu, nem um pouco feliz com isso.

Atsuya, vendo que essa era a oportunidade perfeita para se vingar do irmão por mais cedo, brincou:

— Nossa, tudo isso é curiosidade para saber de quem ela gosta? — O albino agradeceu por estar escuro o suficiente para que seus amigos não vissem o quanto aquilo era desconfortável. — Mas fica calmo, você podia não gostar da resposta, foi melhor assim.

Eles estavam no escuro, portanto não podiam ver a vermelhidão do rosto do mesmo. Então ele deduziu estar seguro por enquanto, respondendo à altura:

— Talvez, mas acho que eu não ficaria tão vermelho quanto você ficou, Atsuya. Suas bochechas estavam mais vermelhas que os cabelos do Hiroto. — Rebateu, fazendo o outro ficar em silêncio.

— Eeer... — Hiroto interrompeu, batendo as mãos. — Vamos deixar essa briga para depois? Agora, nós temos realmente que começar o plano.

— Okay. — Falaram os outros dois, se sentindo entediados.

— Fubuki, onde você tá? — Perguntou o ruivo e Fubuki começou a gesticular fazendo barulhos, procurando por Hiroto finalmente tocando o braço de alguém. — Quem?

— Eu. — Ele respondeu e sentiu o mesmo braço, lhe dar uma lanterna. — Se você tinha isso desde o começo, por que não usa?

— Fantasmas não precisam de luz. — Ele respondeu bastante sereno até, como se tivesse entrado no personagem. — Agora, vai, você vai precisar disso. E peguem essas máscaras, pretendo mostrar quem somos só quando elas estiverem morrendo de medo. E o nosso plano, "Vingança contra-voodu", começa agora. E você vai dar o primeiro movimento.

— Quem escolheu essa droga de nome? — Perguntou Atsuya fazendo uma careta.

Shirou riu:

— Ainda pergunta?

— Affs, vamos logo. — Reclamou Hiroto, extremamente ofendido.