Aquilo definitivamente não poderia estar acontecendo.
Quem quer que fosse, estava tudo acabado. Elas poderiam ser suspensas, expulsas ou até pior.
Por que eu tive que ter essa ideia? Aisaka choramingou.
Mas então elas tiveram coragem para olhar para trás. E todo o medo que tinham foi substituído por raiva, raiva de ele ter brincado com o coração de todas daquela forma. Elas poderiam ter morrido! Porém todo o medo voltou... Elas não conheciam o Fubuki direito. E se ele fosse mesmo dizer a todos o que elas tinham feito?
Shirou Fubuki começou a rir, rir bastante. As meninas se entreolharam nervosas, não entendendo o que acontecia ali. Aquele era o jeito dele dizer, "Vocês estam ferradas" ou ele estava rindo da desgraça delas?
—Vocês tem que ver a cara de cada uma! —Fubuki comentou passando a mão pela barriga, que doia de tanto rir.
—Espera... Como você sabia que a gente estava aqui? —Aisaka perguntou lentamente, tentando fazer com que sua respiração voltasse ao normal depois do que aconteceu.
—Quando garotas como vocês passam as aulas inteiras quietas, coisa boa não deve ser. —Ele respondeu dando de ombros e ao ver que a maioria das meninas continuavam boquiabertas e algumas até tremiam, prosseguiu, levantando os braços em rendição. —Hey, eu não vou denunciar ninguém... Mas o que fazem aqui?
—A culpa é toda da Aisaka!—Stéfanni gritou rápido tentando se livrar de qualquer punição que viessem a ganhar.
—Falando assim, você faz parecer que nós roubamos algo. —Shine comentou revirando os olhos.
—Nós só queremos treinar. —Aisaka explicou envergonhada. —Mas não temos lugar e desculpe, achamos que seria bom, só uma vez.
—Então vocês fizeram toda essa confusão porque queriam treinar? —Fubuki perguntou confuso e todas assentiram, fazendo o albino bater a mão na testa e depois encará-las como se fossem crianças do prezinho, apesar de realmente pareciam. —É incrível como eu sempre me surpreendo com vocês.
—E o que vai fazer? —Emiko perguntou inexpressiva.
—Nada, mas... —Ele deu de ombros. —Parece que vocês planejam entrar no clube de boxer e para que não encontrem amanhã nenhuma janela ou porta quebrada... —Ele levantou um chaveiro, repleto de chaves.
—Você vai dar isso para a gente? —Aisaka perguntou animada.
—Sabendo do que vocês são capazes? Sem chance. —Ele fez uma cara assustada e foi até a porta, pressionando a chave na fechadura. —Temos 2 horas. Esse é o tempo máximo que alguém pode permanecer na escola, sem que seja considerado um ladrão.
—Então você vai ficar com a gente? —Tanabe perguntou curiosa.
—Seria perigoso deixar vocês aqui, sozinhas. A escola poderia nem existir mais amanhã.
—É coisa da minha cabeça, ou ele está nos tratando como criancinhas? —Stéfanni perguntou para Shine irritada, que não respondeu. Ainda estava em choque pelo o que quase acontecera com elas.

{...}

—Agora que pegamos os sacos de pancadas, o que fazemos? —Emiko perguntou cansada de carregar tanto peso. Aquilo era realmente muito grande, como as pessoas conseguiam socar aquilo?
—Somos em 6 garotas, por isso, primeiro, eu quero que se dividam em duplas. —Aisaka pediu e rapidamente as duplas estavam formadas, com Shine e Emiko, Stéfanni e Tanabe, Yumi e Aisaka.
Que sorte a minha, Aisaka pensou revirando os olhos.
—Eu fui a única de vocês que enfrentou o time dos garotos, por isso sei a força deles ou pelo menos parte dela... Por isso, a primeira coisa que temos que fazer para nos tornar mais fortes, é conseguir ficar em pé enquanto detemos grandes pesos e nada melhor do que começar com esses enormes sacos de pancadas. —Aisaka falou batendo a mão de leve no saco e sorrindo.
—Eu não entendi. —Stéfanni balbuciou confusa.
—Eu já esperava por isso. —Aisaka falou sem se deixar abater e cochicou algo no ouvido de Yumi, que assentiu. —Acho que você vai entender melhor, se demonstrarmos. Pode ir Yumi!
Yumi pegou com força o saco de pancada e foi puxando para trás. Assim que atingiu o limite, ela soltou com toda a força em direção a Aisaka. Ela se posicionou e bateu as mãos uma na outra, mas antes que pudesse fazer algo, o negócio a acertou com força, a jogando para longe:
—Era para eu conseguir parar. —Ela coçou a nuca envergonhada.
—Você está bem? —Maya perguntou preocupada correndo em direção à garota das orbes castanhas.
—Acredite, o empurrão dos meninos dói mais. —Ela falou, sorrindo e se levantou para encarar as outras garotas. —Acho que seria legal começarmos assim. Vocês podem se revezar umas com as outras, assim toda a dupla treina.
—Então, o que estamos esperando? Vamos treinar!

1 hora depois...
Stéfanni D' Arc P.O.V.

Aquilo era demais para mim.
No começo era engraçado, porque toda vez que eu olhava para a Tanabe do outro lado, eu usava toda a minha força para ver se ela conseguia deter e ela fazia o mesmo. Mas com o tempo, —não indentificado, já que perdi a noção dele— acabou a graça e agora só sinto dor, dor por todo o meu corpo.
Gemi de dor ao ser acertada por mais um saco de pancada e consequentemente, arremessada para longe:
—Stéfanni, você está mesmo prestando atenção? —Tanabe perguntou irritada e vi uma gota escorrer por sua testa, ela estava vermelha e com a respiração pesada. Eu não deveria estar diferente.
—Eu só estou cansada. —Suspirei e ela assentiu.
—Eu também.
—Hey garotas, venham beber um pouco de água e descansar um pouco! —Maya gritou e eu usei todas as minhas forças para conseguir chegar até lá. Assim que fiz isso, peguei uma garrafa de água e joguei tudo, rapidamente na boca. Eu estava morrendo de sede!
Se aquilo era só o começo, eu estava, literalmente, cavando a minha cova.

Aisaka Taiga P.O.V.

—Vamos. Eu também quero descansar. —Yumi falou tentando me puxar.
—Pode ir, eu não vou sair daqui, até conseguir deter esse saco de pancada. —Falei séria e a vi revirar os olhos.
—Que seja. —Disse e deu meia volta até onde todas estavam. Respirei fundo antes de empurrar novamente o saco de pancada para longe.
Se eu não conseguisse detê-lo, como conseguiria roubar a bola do time do Noboro? Eles eram fortes e agora estavam mais fortes ainda do que a última vez. Eu não queria perder novamente. Eu queria mostrar a eles que eu tinha melhorado e se não conseguisse nem ao menos deter um saco de pancada, não seria digna de vencer.
Meu corpo todo doía e minhas pernas já começavam a fraquejar, mas quantas vezes que eu já não tinha me forçado ao limite? Essa não seria nem a primeira e nem a última vez. Era sempre pelo o mesmo motivo, mostrar aos garotos que eles estavam errados, que garotas podiam jogar do mesmo nível que eles, mas parecia que nunca acabava.
—Hey, você deveria parar um pouquinho. —Me virei para encontrar Shirou, me oferecendo uma garrafa de água.
—Obrigada, estava morrendo de sede. —Aceitei de bom-grado e bebi praticamente toda a água que tinha lá dentro.
—Por que você se força desse jeito? —Ele me perguntou encarando o grande saco de pancada que agora balançava lentamente de um lado para o outro.
—Porque... Eu quero ser mais forte. —Respondi. —Eu quero provar para as pessoas que eu posso mudar e quero fazer isso para mim mesma também. Acho que você deve se sentir assim quando se trata do conselho estudantil, não é?
—E lá vamos nós discutindo mais uma vez, sobre assuntos sérios. —Ele respondeu fingindo estar entendiado e eu ri. —Mas sim, eu me sinto assim em relação ao conselho estudantil, mas não só nele. Eu me sinto assim o tempo todo.
Antes que eu pudesse perguntar, ouvi alguns cochichos atrás de mim e assim que me virei, acabei por encontrar todas as meninas, de ouvido em pé—literalmente— em nós dois! Tentei fazer força para não corar e dizer algo que não demontrasse o quanto aquilo me incomodava:
—O que estam fazendo aí? Vamos treinar. —Disse e todas assentiram, suspirando cansadas e voltando para seus lugares.
—Bom treino. —Fubuki disse sorridente, dando meia volta para voltar para as arquibancadas.
—Obriga... —Fui impedida pelo saco de pancada que voou com tudo para cima de mim, levantei meus olhos e encarei uma Yumi sorridente.
—Oh, você estava distraída? Desculpe. —Ela riu baixinho e eu revirei os olhos.

Narrador P.O.V.

Já eram nove horas, o que significava que já era hora de todos voltarem para casa. Todas reclamavam de suas dores, em todos os lugares possíveis. Cabeça, ombro, pernas, braços, costas, etc. Fubuki e Maya eram os únicos ali, aparentemente, de bom-humor já que não havia feito praticamente nada, a não ser ajudar de vez em quando as garotas com palavras incentivantes.
—Eu estou tão quebrada. —Shine resmungou baixinho.
—Seria um milagre se eu conseguisse levantar da minha cama, depois que deitasse. —Emiko disse tentando, em vão, relaxar os músculos e em troca recebendo um estralo de alguma parte dele.
—Por favor, diga que essa foi a nossa última vez aqui. —Stéfanni pediu esperançosa, de olhos fechados.
—Se quiserem, podem vir aqui todos os dias. Eu cuido disso. —Shirou falou, recebendo várias ameaças de morte da maioria das garotas reunidas ali.
—Obrigada Shirou! Vamos meninas? Eu não sei vocês, mas eu já estou começando a sentir uma nova energia no meu corpo. —Aisaka falou animada, entrando na frente de Fubuki.
—A única coisa que eu consigo sentir saindo do meu corpo, é um odor enorme de suor e posso te garantir que isso não é uma força nova. —Tanabe resmungou fazendo todos ali rirem.