Cap. 9 -> Conversas

MISTY: O que você quer? – pergunta a voz não to fria quanto à de Drew, mas ainda assim, fria.

ASH: Conversar…

MISTY: Não quero conversar com você Ketchum.

ASH: Então por que veio para o meio da floresta?

MISTY: Pois eu sabia que você iria ficar me irritando se eu não ouvisse você.

ASH: Isso significa que você me conhece, então pode confiar em mim.

MISTY: Eu sei que posso confiar em você Ash, mas tem coisas que simplesmente não podemos conversar. Tem coisas que eu prefiro manter para mim.

ASH: Mas Brock e Drew já sabem! Só eu que não sei! – disse emburrado, por que Misty não podia confiar nele?

MISTY: Ash! Eu posso confiar em você para contar QUALQUER segredo meu menos esse.

ASH: E por que não?

MISTY: Ash – ela suspirou – eu não posso contar pra você ok?

ASH: Mas eu não gosto de ver você sofrer – ele senta-se ao lado dela e abaixa a cabeça – não gosto quando você fica triste e muito menos quando você chora. Eu te amo Misty.

     Ele falou aquelas palavras com muito carinho, mas Misty entendeu. Ele a amava como melhor amiga, talvez até como uma irmã. Ela suspirou.

MISTY: Eu também te amo Ash. Por isso que não quero ver você sofrer. Por isso que não conto para você. Você e essa pessoa se conhecem e eu não quero que nada aconteça com você ok? Esqueça. Tudo já acabou certo? Nada mais pode acontecer.

     Como Misty sempre sabia o que dizer? Como ela sempre o fazia sentir-se melhor? Por que se sentia tão bem ao lado dela? Como foi tão fácil dizer que a amava? Por que seu coração ficou daquele jeito quando ela disse o mesmo? Essas perguntas não saiam da sua cabeça. Mas ele entendeu que não arrancaria nada de Misty. E entendeu também que ela ainda confiava nele e que tudo tinha se resolvido.

     Misty se aproximou e acabou com a pouca distancia que existia entre eles, alçando Ash em um abraço apertado. Ela não queria soltá-lo nunca mais, mas também queria muito que o que ele sentia por ela fosse mais que amizade. Mas não era.

     Misty era a única que sabia que às vezes Ash era uma criança assustada. Que ele precisava de alguém para dizer-lhe que tudo ficaria bem. Que ele precisava de alguém para confiar.

MISTY: Que tal nós voltarmos? – ela abriu um sorriso – devem estar nos esperando com a comida já pronta. Eu sei que você está com fome.

ASH: E estou mesmo. Obrigado Misty. Só queria que você confiasse mais em mim. Mas entendo seus motivos.

MISTY: Agora já não importa mais Ash. Já está tudo acabado. Estou bem agora – ela abriu o sorriso mais luminoso que conseguiu.

     Ele sorriu. Misty era a melhor pessoa que ele conhecia nesse mundo. Nada era capaz de abatê-la. Ela nunca iria deixar esse sorriso maravilhoso sair de seu rosto. Não conhecia ninguém mais determinada e nem mais corajosa que ela. Ele a amava, isso era fato. Agora só falta ele descobrir de que jeito.

     Ash levantou-se e ofereceu sua mão para Misty que sorriu mais uma vez para o amigo e o seguiu.

     Ambos começaram a conversar animadamente e quando perceberam já estavam quase no acampamento. Misty não queria chegar. Ela adorava May. Mas acontece que também é apaixonada por Ash e não pode deixar de sentir ciúmes. Ela logo voltou ao normal. Foi complicado fazer Ash acreditar que não tinha nada errado com ela. Agora as coisas estavam um pouco melhores. Ela não permitiria que as coisas voltassem a ser como antes. Ash é uma das coisas mais importantes da vida de Misty.

     Em menos de dois minutos eles saíram da floresta e já avistaram seus amigos.

     Ash sentiu-se bem conversando com Misty. Ela o conhecia melhor que ninguém no mundo e sempre sabia o que ele precisava ouvir.

DREW: Ainda bem que vocês chegaram. – seu olhar pousa em Misty e a olha de cima abaixo, certificando-se de que ela está inteira. Depois olha para Ash, para ter certeza de que Misty não acabou com a raça dele. Ao perceber que ambos estão intactos e suspira aliviado ele olha melhor para a prima.

     Misty parece bem. Ele deve confessar que nunca gostou da ideia de Ash e Misty sozinhos, mas graças a Deus deu tudo certo. Ash não tentara assediar a sua prima, o que era um grande alivio para o esverdeado.

MISTY: Pare de nos olhar dessa forma Caterpie! Ninguém morreu! – ela sorri para o primo e ele assente aliviado.

MAY: Vamos comer logo! Antes que eu morra de fome!

ASH: Concordo!

     Ash e May correm para a mesa e esperam loucamente que Brock acabe com a comida, o que não demora muito. Mais atrás, Misty e Drew vêm conversando.

DREW: Ocorreu tudo bem?

MISTY: Sim, as coisas melhoraram um pouco.

DREW: Ele não te obrigou a anda não é priminha?

MISTY: Não precisa ficar preocupado Drew. Eu sei me defender e, além disso, eu e Ash nos conhecemos há muito tempo.

DREW: Eu sei, mas eu tenho medo de que alguma coisa possa acontecer com você prima.

MISTY: Pare de se preocupar comigo e se preocupe com você. Como foi com May? – ela abaixou a voz. Ninguém mais podia ouvir a conversa deles.

DREW: Nada de novo. Ela só ficou por aqui, linda, doce, delicada, meiga e corada.

MISTY: Quer dizer que você a fez ficar corada primo?

DREW: Apenas lhe dei uma rosa.

MISTY: Desse jeito ela pode abrir uma floricultura.

     Misty começou a rir alto, chamando a atenção de todos. Ela fica extremamente corada ao perceber que todos a olhavam.

DREW: Calma gente, eu não tenho culpa se a Misty começa a rir por qualquer besteira que ela cria sobre a minha pessoa.

     Todos ignoram e voltam a fazer exatamente o que estavam fazendo antes, deixando uma Misty incrivelmente corada de lado.

MISTY: Você me paga – ela disse entre dentes.

DREW: Qual culpa eu tenho se sou irresistível? – ele sorriu de lado, fazendo com que certa morena que observava a cena ao longe corasse.

     May estava cada dia mais apaixonada por Drew. Isso estava errado! Ele era seu rival! Deveria odiá-lo e não amá-lo.

     Drew e Misty chegam à mesa e comem com os outros.

     O jantar passa sem mais delongas e logo todos vão para suas camas, cada um mais absorto em pensamentos que o outro.

     O dia de amanhã aguarda muitas surpresas para todos.

Continua…