A canção de Lysandre acabara e todos o aplaudiam. Tinham razão para fazê-lo,mas ela não conseguia se mover. Por que meu peito doí tanto? Aria não entendia.

–Aria! Aria! -Íris passou a mão em frente ao seu rosto,fazendo-a voltar para a realidade.

–Está tudo bem? -questionou Armin.

–Sim. -respondeu sem prestar muita atenção.

–Você não parece bem. -disse-lhe Íris.

–Está tudo certo. Estou ótima! -falou.

–Hum...Okay. -ela ainda estava desconfiada.

Lysandre voltara ao seu lugar. As apresentações corriam,no entanto a menina somente encarava-o. Ele a pegara observando e simplesmente desviou o olhar. O que aconteceu com ele? Aria se perguntou.

A lista se acabara,a música da sala se esvaira. O sinal do intervalo fora o único som interrompendo o silêncio. As pessoas saíam para o pátio.

–Bem,podemos ir? -perguntou Armin.

–Sim! -disse Íris com a animação de sempre.

–Vocês podem ir na frente. Daqui a pouco eu vou. -falou-lhes seguindo Lysandre com o olhar.

–Certo. Você realmente está bem? - Armin tinha as sobrancelhas arqueadas.

–Com certeza! Depois eu vejo vocês! -ela saiu antes que os cabelos claros sumissem nos corredores.

A menina correu até ele. Só precisava correr e nada mais.

–Lysandre! -gritou sem fôlego.

Lysandre se virou quando ouviu a voz chamando seu nome. Aria estava ofegante.

–Sim? -perguntou.

–Eu...-ela olhava para baixo.

–Você? -continuou observando.

–Eu...Só...O que aconteceu com você? -questionou.

–Como assim? -ele não entendia o que ela dizia.

–Você não está bem. Quando estava tocando piano,percebi. - seu rosto tinha uma expressão triste.

–O que você percebeu? -Lysandre continuou com as perguntas.

–Que você é como eu. -ela disse,surpreendendo-o. - Você tem um olhar de quem entende a dor das pessoas,porque já sofreu tanto quanto elas.

Lysandre abriu os olhos. Ela notava. Sua face contém tanta dor,ele não queria vê-la daquele modo. Não posso deixar-se levar,sabia que não podia. Não é certo,ele tinha somente um motivo para estar ali.

–Não compreendo o que está dizendo. -mentiu.

–Lysandre,não faça isso. -ela juntou as mãos em seu peito .

–Não quero lhe faltar com respeito, no entanto,você está sendo inconveniente.Realmente preciso ir. Tenho algumas coisas a fazer. Com licença. - o garoto virou-se de costas para ela.

Lysandre escutou uma risaba baixa e sarcástica. Aria batia palmas.

–Tem razão. Eu sou completamente idiota por acreditar em você. Talvez você devesse ganhar um Oscar por essa apresentação,sabia? Representou muito bem o papel. Com licença digo eu,senhor babaca. -seus sapatos faziam barulho enquanto ela andava para longe de mim.

Era melhor assim. Lysandre tentou convencer a si mesmo com essas palavras.

Você é tão idiota,Aria! Em tão pouco tempo você amoleceu desse jeito? Seja forte! Não fraqueje! Ela repetia para si própria.

Voltou para a sala de música, batendo a porta atrás de si. Deu um longo suspiro tentando se acalmar.

–Hey! Vá com calma,querida! -exclamou a garota.

A menina em sua frente era linda. Os cabelos que caíam em suas costas tinham o mesmo tom de negro dos dela,mas ao contrário deles,eram ondulados. Seus olhos tinham uma cor completamente interessante,verdes acinzentados. O corpo curvilínio entrava em equilíbrio com a estatura mediana.

Aria a vira hoje tocando violoncelo,sua música era tão bonita quanto ela.

–Desculpe-me. Eu estou um pouco nervosa. -relatou-lhe.

–Ah,entendo! Eu fico nervosa o tempo todo! -ela disse sentando-se em uma das cadeira vazias. -Algum motivo especial?

–É complicado. -falou a menina sentando-me também.

–Hum. Meu nome é Khalisa! O seu é Aria,né? -ela pediu confirmação.

–Sim. -confirmou.

–Viu,eu presto atenção no que a professora fala. - falou.

–Você toca violoncelo muito bem. -disse.

–Você também toca violino muito bem! Qualquer dia desses,a gente faz uma apresentação em dupla. Topa? - ela olhou-a rindo.

–Claro! -Aria sorriu também.

–Já não está mais com raiva,né? -ela comentou.

–Não,obrigada por isso. -ela agradeceu Khalisa.

–Não há de que! Tem dias que eu sou o fogo,mas na maioria das vezes,sou o bombeiro. Estou aqui para sempre salvar alguém. - ela deu de ombros.

–Ok,senhorita apaga chamas. Quando precisar,ligo para o 193. -gargalhou.

As meninas conversaram o intervalo todo. Aria achou bom ter pela primeira vez,alguém para falar.

–Já estou até vendo que vamos ser amigas. -ela se levantou e estendeu a mão. -Vamos?

Desta vez a garota não negou a ajuda.Ela depositou sua mão na de Khalisa e se levantou. Foram embora antes que o sinal tocasse.

Já faz dois meses que Aria estuda na Sweet Amoris. Os dias se passaram tão rápido, que a menina quase não percebeu.Havia feito tantos amigos. Pensou durante muito tempo que tudo era parte de um sonho,mas ela estava acordada.Estava vivendo.

Apesar de falar bastante com os outros,estava na maior parte das vezes com Khalisa,além de Alexy,Armin e Ken. Achava que já podia considerá-los seus melhores amigos.

As vezes encontrava Lysandre,principalmente nas aulas de música. Não dizia nada a ele,assim como ele não dizia nada a ela. Ele finge não a conhecer desde aquele dia.

–Aria! -chamou Khalisa.

–O que foi? -ela olhou por cima do ombro.

Ela se encontrava no jardim, cuidando das flores. Não pertencia ao clube de jardinagem,no entanto de vez em quando gostava de cuidar delas.

–Vamos logo! - ela sorriu.

–Sim. - respondeu pegando sua bolsa.

Eles iriam a um café junto com o resto do pessoal. Armin,Alexy,Nathaniel,Kentin,Íris e Melody.Estavam indo embora quando um carro parou em frente ao colégio. Jev saiu do carro.

–Senhorita Aria! - ele tinha uma expressão preocupada.

–Senhorita? -indagou Khalisa.

–Khalisa. -disse a garota olhando-a.-Por favor,vá. Invente alguma desculpa para todos,depois eu lhe explico.

–Mas... -ela começou.

–Vá. Eu prometo que vou lhe dizer. -encarou-a seriamente.

–Certo. -ela andou a passos rápidos.

Aria andou até Jev.

–O que aconteceu? -falou.

–Seu pai. Não sei o motivo,mas ele quer você em casa imediatamente. -suas sobrancelhas estavam juntas.

–Ah! O que ele quer para me chamar deste modo? -ela balançou a cabeça de forma negativa. - Vamos!

Chegaram a enorme mansão rapidamente. Aria não se sentia bem,mesmo tendo morado ali a vida toda. Subiu as grandes escadas para chegar ao escritório de seu pai. Abriu as portas de madeira escura.

O homem de terno preto estava sentado em sua cadeira. Os cabelos castanhos perfeitamente penteados para trás.

–Bem vinda de volta. - seu pai dera um sorriso falso.

–O que quer? -disse a garota ríspidamente

–Não seja tão fria com seu pai. -ele respondeu no mesmo tom.

–Creio que o senhor nunca gostara de gastar palavras de forma inútil. -sua postura era dura.

–De fato. -ele deu a volta em sua mesa.

–Diga. -ela cruzou os braços.

–Achei que estava mais do que na hora, de minha querida filha conhecer seu noivo. -ele ainda tinha o sorriso no rosto.

Aria abriu seus lábios em espanto. As pernas estavam bambas quando ouviu a porta se abrir. Não ousou olhar para trás.

–Olá,Castiel. - disse seu pai.