O sinal tocou e Aria se levantou. A garota estava mais calma,pois havia feito um progresso,pedira desculpas. Chegando a sala de bom humor,ela se sentou e ficou olhando em devaneio pela piscina no pátio. Ela gostava de nadar.

Uma mão pousou de leve no seu ombro. Íris. Ela tinha um olhar preocupado no rosto.

–Você arrumou confusão com a Ambre? -perguntou.

–Bem,sim. - ela arregalou os olhos. -Mas não fique desse modo. Essa tal Ambre exagera! Eu só queria usar o banheiro!

–A Ambre não tem limites! -ela suspirou.- Dá pra acreditar que ela é irmã do Nathaniel. Não tem nada a ver! Ele é tão doce!

–Ir-ir-mã? -gaguejou.

–É. Totalmente sem nexo. -ela olhou para o band-ai.- O que ela fez?

–Ela me empurrou no chão. Provavelmente ela ia me agredir mais,só que o garoto heterocromo,Lysandre,me ajudou.

–Eh!? Ele é muito fechado!Tem um mês que ele estuda aqui,mas fica na dele. Uma surpresa que ele tenha te ajudado. -ela falou devidamente surpresa.

–Foi engraçado! Eu estava perto da porta,mas ele basicamente entrou no banheiro feminino. -comentou,pensando na cena.

–Sério? -Íris gargalhou.-Eu tinha que ter visto isso!

–Pois é. -ela disse.

–Você tem uma forma engraçada de atrair as pessoas. Eu senti algo em você quando te vi,aposto que ele sentiu isso também.-ela fechou seus olhos e sorriu.

Isto surpreendeu Aria. Seus lábios se abriram num pequeno sorriso. O professor chegou e Íris se calou,assim como a menina.

O professor ensinava coisas que ela já sabia. Aria teve muitos professores,não por se problemática,mas porque aprendia bem rápido. Sempre tinha algo novo para se conhecer. Graças a isso,ela dominava diversos conhecimentos.

O sinal tocou novamente. A garota se levantou. Aria,Íris,Nathaniel e Melody foram até o portão juntos,depois se separaram.

Seguindo seu rumo,a garota passou pelo caminho que havia um pequeno parque .Resolveu então,visitá-lo. Observou a paisagem enquanto caminhava,sentiu como o ar dali era bom. Ouviu um barulho estranho e se direcionou até ele. Logo encontrou uma pequena caixa,com um filhote de gatinho miando.

–Então deixaram você aqui?- perguntou pegando-o no colo. - Essas pessoas são tão más! Como deixaram algo tão fofinho quanto você aqui?

Acariciou as orelhas do bichano,em resposta,ele ronronou.

–É ! Você é tão bonitinho!- falou sorrindo.

–Então você conversa com gatos? - perguntou uma voz um tanto familiar.

Virou-se para ela. Lysandre sorriu.

–Por que você aparece desse modo? Nem sei de onde surgiu! -questionou assustada.

–Perdão. Assustar damas não é vitoriano. -ele apoiou uma das mão no cotovelo e a outra tocou seu queixo.

Aria começou a rir. Nem a menina entendia direito,mas sentira necessidade de fazê-lo. Ele se agachou ao seu lado.

–Qual o motivo do riso? -ele questionou.

–Eu não sei! É engraçado quando você diz esse tipo de coisa. -falou.

–Bem,se você acha. -ele deu de ombros.

Olhou para o gato,fazendo seus cabelos escuros cairem sobre o rosto.

–Nossa! Como ele se parece com você! -observou surpresa.

–Mesmo? -perguntou ele.

–Sim! Dê uma olhada. -falou. -Os olhos,são como os seus. Sem falar que ele é bem branquinho,como você.

–Não deixa de ser verdade...Posso segurá-lo? -perguntou.

A menina entregou o gato a Lysandre. Imediatamente o bicho assustou-se e arranhou seu rosto.

–Me dê um descanço! -reclamou Lysandre. Ele estendeu o gato a ela de novo.

–Ora! O que aconteceu com você? -segurou-o.

–Dizem que gatos podem ver se a pessoa é boa ou não. Talvez seja isso. -ele declarou.

Ele tentou acariciar o gato novamente. Dessa vez ele não ofereceu resistência. O gato pulou das pequenas mãos de Aria e resolveu passar para o colo de Lysandre.

–Não acho você uma má pessoa,nem o gato. -falou antes que pudesse segurar sua língua.

–Não? -ele arqueou a sobrancelha. -Por quê?

Ele estava a desafiando.Ela não sabia o motivo. Queria se defender daquela pergunta imediatamente.

–Eu disse por dizer.Palavras de consolo. Não há nada demais. Eu nem te conheço. -respondeu friamente, levantando-se pegando o gato - Com licença,estou indo.

Ela se virou com raiva. De novo! Eu sou uma desgraça! Burra! Burra! Pensou a menina.

–Acho que se parece bem mais com o gato.-ele disse. Eu parei no lugar - Agressiva de começo,exatamente como ele.Só por não saber o que fazer. Precisa corrigir esse seu hábito.

–Você não sabe nada sobre mim! -esbravejou.

–Podemos testar. -ele deu um meio sorriso.

Antes que ela pudesse dizer algo ele deu meia volta e se foi. Quem esse idiota pensa que é? Aria se sentia contrariada.

Fora embora sentindo sua raiva aumentar. Comprou ração para gatos,uma tigela de água e outra de comida em uma agropecuária por perto e logo depois encaminhou-se para o apartamento.

Chegando lá,preparou as coisas para o gato e logo começou a arrancar as peças de roupa. Continuou apenas com a blusa social. A garota descontava as frustrações no travesseiro.

–Argh! Idiota! Idiota! - ela socava a espuma enraivecida.

Se jogou estirada na cama,respirando profundamente. Passara a vida acreditando que podia ver através das pessoas,que podia saber o que elas queriam,porém dessa vez o jogo foi ao contrário. Ela não sabia o que ele pensava,enquanto ele praticamente leu seus pensamentos.

Por quê? Não me achava óbvia,então por que ele sabia como me sentia? Ele me conheceu agora! Aria estava completamente frustrada.

–Hey!-ela pegou o gato que arranhava os lençóis e colocou-o em cima da cama.

O gato miou.

–Preciso te dar um nome...Yuu!- exclamou.- Eu disse que você se parecia muito com ele,mas você é superior. Yuu é perfeito!

Pulando da cama,ela entrou no chuveiro. A mesma rotina novamente. Saiu do chuveiro e sua mente se iluminou.

–Yuu,eu já sei! Vou à livraria aqui perto! -falou.

O gato dormia encolhido em sua cama. Procurou no armário uma roupa para vestir. Vestiu-se então com uma blusa social branca,colete cinza,short marrom e botas curtas também marrons. Como seu novo apartamento,minhas roupas se consistiam em cores sóbrias.

Ela pegou seus óculos de leitura em cima da cômoda e uma pequena bolsa preta com itens necessários.

–Tchau,Yuu! Eu já volto,portanto não faça bagunça! -disse fechando a porta.

Se sentia perturbada,esperava que isso pudesse a acalmar.A livraria também era um café,o que lhe permitia apreciar os dois ao mesmo tempo.

Chegou ao lugar de luzes amarelas e suaves. Estantes e mais estantes. Pediu um café puro e escolheu algum livro de seu interesse. Sentou-se em uma das mesinhas e começou a se entreter com as palavras.

Tomou um gole do café. Logo viu um vulto azul passar a sua frente e parar.

–Você é aluna nova da Sweet Amoris? -perguntou o garoto.

Aria acenou com a cabeça positivamente e ele se sentou em uma das cadeiras.

–Fiquei sabendo de uns boatos com você! Teve mesmo aquela briga com a Ambrega? -ele disse rapidamente. - Ninguém aguenta aquela garota! Fala sério!

–O quê? -questionou a menina atordoada.

Naquele momento,um outro menino,idêntico ao que estava a sua frente apareceu e se jogou na cadeira ao lado. A única diferença eram seus cabelos negros.

–Alexy! Já falei pra você não sumir desse jeito. Para que me arrastou até aqui se era pra me deixar sozinho? -resmungou o menino. -Quem é ela?

–A aluna nova! -respondeu o garoto de cabelos azuis.

Aria olhava de um lado para o outro sem entender muito bem.

–Está deixando a garota confusa. -o menino de cabelos negros falou sem tirar os olhos de seu PSP.

–Desculpa! Me empolguei. Meu nome é Alexy e esse aqui é meu irmão gêmeo,Armin. -apresentou o de cabelos azuis.

–A-ah,certo. Prazer,Aria! -falou suspirando um tanto aliviada. -Mas não aconteceu nada demais com a Ambre.

–O pessoal estava aumentando então. -observou Alexy. -Qual é Armin! Larga esse PSP!

–Calma! Eu to quase conseguindo! -ele se mexeu e ela viu de relance a tela. -Yeah! Agora sim!

Aria reconheceu o jogo. As vezes jogava video-game por não ter muito o que fazer quando ficava em casa,no entanto ela não precisava dizer isso.

–Soul Sacrifice? -perguntou.

–Quer dizer que você conhece? Você parecia uma garota,agora não mais. -ele brincou.

–Posso jogar melhor do que você,mesmo sendo uma garota. -Aria bebericou o café.

–Só vendo para crer. -ele disse.

–Armin! Vamos embora! -bradou Alexy olhando para o relógio. -Mamãe vai matar a gente!

–A culpa é sua! Eu nem queria vir ! -reclamou Armin.

–Anda,vamos! -Alexy puxou Armin. -Tchau Aria!

–Tchau! -Armin acenou.

Acenou de volta e lá se foram eles. O lugar não fora tranquilo como esperava,mas de toda forma a acalmou. Os irmãos lhe distraíram,eram divertidos. Continuou no local por mais um tempo e registrou o empréstimo do livro e foi embora.

Já estava escuro e ela andava pelas ruas chutando pequenas pedrinhas. Entrou no elevador e subiu até seu apartamento. Jogou a bolsa na poltrona e resolveu fazer as tarefas do colégio. Bocejou sonolenta.

Tirou seus sapatos e estirou-se na cama de qualquer modo. Pensara em Lysandre,em como ele a deixou no escuro. Ao seu lado se sentira estranha,exposta.

Virou seu rosto para o travesseiro e deu um grito abafado. Tirando ele,seu dia correra bem, conhecera boas pessoas. Agora seria diferente,a sua vida seria diferente.

Tudo que vivera até agora fora ordinário,mas a única diferença entre ordinário e extraordinário,era aquele pequeno extra. E ela estava disposta a adicionar o extra. A felicidade é um direção,não o destino. Destino é algo inexistente,escolhas mudam tudo e a menina estava pronta para mudá-lo.

Encarando o teto ela fechou os olhos,adormecendo antes do que esperava.