Dentro do Espelho escrita por Banshee


Capítulo 24
Demônios


Notas iniciais do capítulo

Oe gente e.e Então, para os que não sabem, dia 31 terá uma surpresinha (sim, faltam 5 dias e ela já está pronta), além disso, quero dizer que escrevo músicas e poemas, quem curtir acesse minhas histórias e vão em Musical Heart, please, se você curte poesias irá gostar.
Ah, o resultado de quem será o leitor-personagem da minha futura fic já foi selecionado. Vejam nas Notas Finais.
Tyau e.e



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Eu receberia uma visita, alguém, não sei exatamente quem, viria me ver. Tive a mínima esperança de que fosse Tony ou Raven para me tirar daqui, entretanto quando a música começou a tocar nas caixas de som de St. Louis, e as portas ameaçaram abrir é que soube que ainda tinha uma ultima esperança.
Quando os dias estão frios e as cartas todas dobradas, e os santos que vemos são todos feitos de ouro.
– Olá, minha criança. – Disse Faith – O tempo nessa espelunca não te fez nenhum pouco bem.
Usava uma túnica cor de ouro, a grande touca continuava sobre seu rosto, as mãos velhas e calejadas com unhas pontiagudas. Sua voz soava mais abatida do que nunca, quase como um ultimo fôlego de vida.
– Meu Deus, Faith! – Gritei indo em direção dos braços da cigana.
Tinha cheiro de mel e violetas recém-colhidas, a seda de duas vestes era como um Oasis no deserto.
Quando todos os seus sonhos fracassam e aqueles que saudamos são os piores de todos, e o sangue vai secando.
– Criança. – Dizia ela ao pé do meu ouvido – Tudo vai ficar bem agora.
–– Onde você estava Faith? –– Perguntei –– Por que me deixou sozinhas? Você falou com Hope, não falou? Estava com medo, tanto medo.
As lágrimas mais uma vez ameçavam cair, entretanto não iriam. Jamais iriam, não aqui, não agora e não na frente dela.
–– Isso não vem ao caso agora, filha. –– Disse a cigana me puxando pelo braço –– Agora temos que ir, fugir desse lugar.
A mulher me arrastava pelos corredores do manicômio, ouvi pessoas gritando, chorando, gargalhando perante as vozes da própria insanidade. Senti o vento em minhas pernas, a roupa branca com tecido fino não me aqueceria.
–– Faith...
Tentei argumentar, porém a bruxa segurava com vigor, meus braços ardiam e minhas pernas estavam fracas. Eu havia perdido muito peso e energia, não sei se poderia continuar.
Viramos a direita quando avistamos um dos guardas. A mulher me lançou contra um dos enormes vasos de plantas de interior.
–– O que a senhora faz aqui? –– Perguntou o guarda.
–– Meu jovem! Graças a Deus chegou, eu fui atacada por um dos residentes daqui. –– Disse a ela.
Faith havia colocado tanta naturalidade na voz que de fato parecia que fora atacada. Talvez além de cigana em Azazel ela fosse atriz.
O homem parecia confuso, sua expressão dedurava que não estava nem aí para a situação.
–– Ela era loura, tinha olhos de cores diferentes e uma pele muito pálida. Eu estava indo ver meu Benjamin quando ela arrancou a porta... Eu fugi, mas meu Ben...
A descrição fez o soldado despertar, seus olhos castanhos acenderam-se quando enfim se tocou de quem Faith falava.
Eu.
O guarda sacou a arma de choque e saiu correndo à Ala Ômega, Faith me tirou de trás das plantas quando ele saiu de vista.
–– Ah, perfeito! –– Gritei –– Agora todos vão pensar que ataquei um casal de velhinhos indefesos! Você quer terminar de me ferrar, não é mesmo?
Passamos por portas sobrepostas, para uma velhinha que teve seu corpo incinerado, Faith era bem rápida.
–– Skie, você matou quatro pessoas, um ataque á um casal de velhinhos não vai fazer diferença alguma. –– Retrucou.
Quero esconder a verdade, quero abrigar você, mas com a fera dentro não há onde nos escondermos.
A saída estava próxima, pude ver o brilho das estrelas e o canto do cuco marcando uma hora exata. O cheiro das rosas que enfeitavam a entrada do hospício ficava mais forte.
Faith me puxou para dentro do banheiro feminino, era tarde e estava vazio. A porta foi trancada, entretanto a musica das caixas de som não me deixava.
Não importa o que criamos, ainda somos feitos de ganância. Este é o meu reino vindo, este é o meu reino vindo.
Era branco, muito branco como todos os outros cômodos desse inferno. A cigana colocou a mão sobre a barriga como se sentisse dor, começou a tossir e tossir muito. Quando me dei conta ela estava vomitando.
–– Faith! –– Gritei, contudo a mulher estendeu sua mão indicando que deveria ficar longe.
–– A culpa é minha Skie. Toda minha. –– Sua voz saiu mais fraca e abatida do que nunca. Estava morrendo.
–– Faith... Por favor...
–– Eu sempre soube o que eles faziam lá embaixo. O Azazel Circus foi criado exatamente pra isso, minha criança. Eles as sequestravam, faziam lavagem cerebral e...
Sua voz falhava, o sangue vertia de sua boca quando a touca enfim caiu.
Seu rosto era uma merda. Veias transportando sangue eram visíveis e não possuía lábios ou sobrancelhas... Onde deveria ser o nariz estava apenas um conjunto de pele flácida e morta. Foi bela um dia, porém agora não passava de um demônio repulsivo.
A visão me subiu um refluxo.
Quando você sentir o meu calor olhe nos meus olhos, é onde meus demônios se escondem, onde meus demônios se escondem. Não se aproxime muito, é escuro aqui dentro, é onde meus demônios se escondem, onde meus demônios se escondem.
Faith entrou em um dos boxes e pegou uma mala vermelha. A minha mala.
–– Eles raptavam crianças para reprograma-las. –– Ela caiu de joelhos no chão e voltou a acariciar a barriga –– Querem criar um exército inteiro de escravos, mas eu não pude permitir.
Faith chorava lágrimas de sangue, os poucos fios de cabelo que lhe restavam agora caiam como folhas no outono. Estava morrendo, chorando como alguém de cara com Thanos.
–– Eu juro que se pudesse, mataria somente eles. –– Estava soluçando, suas palavras eram quase indecifráveis –– Só queria ajudar... Eu só queria... Só queria salvá-las. Então ateei fogo no circo.
Vi as chamas começarem e o choro dos bebês ficando cada vez mais alto. Senti o desespero de uma mãe enquanto procurava sua filha e os gritos de uma acrobata enquanto despencava. As chamas cresciam e uma criança não conseguia respirar, seu pulmão ficava mais pesado enquanto seu corpo inteiro implorava por oxigênio, ela se debatia no chão enquanto tudo ficava cada vez mais quente. Ela nunca mais veria os olhos azuis da sua mãe ou ouviria a risada do seu pai. Ela tentou se arrastar, mas tinha a sensação de que enfiavam agulhas em seu peito... Deitou sua barriga pra cima e estendeu o braço pedindo por um milagre dos céus. Aí tudo ficou escuro.
Senti como se ganhasse um soco no estomago. Tudo fazia sentido agora. As visões não eram aparições ou resultados de forças sobrenaturais, eram lembranças.
Eu estava lá.
–– Naquele dia encharquei o fosso do espetáculo de gasolina e lancei um fósforo. Queria morrer depois de presenciar aquelas atrocidades, mas algo me tirou dali viva... Algo ou alguém.
Ela os matou. Ateou fogo ao circo com pessoas dentro, matou os palhaços, porém matou as crianças e as famílias.
–– Como pôde? Como pode matar pessoas inocentes? –– Perguntei.
–– Ninguém é inocente no Inferno, Skie. Essa cidade foi criada pra isso. Você sempre quis sair daqui, porém não é desejo seu e sim delas. Elas sabem o que esse lugar é e sabem o que faz.
Não fazia sentido, nunca fez. Meus desejos e minhas angustias não eram meus? Eu só queria sair dali, só queria me libertar dessa merda de cidade, entretanto as vozes que não se calavam em mim é que me diziam isso.
–– Mas... Eu não entendo...
–– Desembaralhe. –– Disse ela –– N-E-R-F-O-N-I, desembaralhe e forme I-N-F-E-R-N-O. A placa na entrada diz ‘Bem-Vindo á Nerfoni, cidade Monarca’. Use seu cérebro.
–– Cidade Monarca. Nerfoni foi um dos primeiros lugares onde bárbaros haviam se alojado, a monarquia deles havia se iniciado, de certa forma, aqui. Por isso o nome Cidade Monarca.
–– Isso é o que contam nas escolas. Há um motivo para Nerfoni não estar no mapa, eles não queriam que soubessem. Cidade Monarca para realização do Controle Monarca.
Controle Monarca. Me parecia algo que só existia em filmes, nunca soube ao certo do que se tratava... Só sabia que não era bom.
–– Faith...
Peguei um pano que estava na pia e o molhei, fui em direção à mulher, mas ela pegou minha mão e fez o pano cair.
–– No Inferno, só Satã pode nos ajudar. –– Disse ela.
Olhei pela ultima vez para seus olhos violetas, vi o brilho se esvair deles e a vida ir embora. O corpo de Faith caiu pesado no chão, o cheiro de morte se intensificou. Seu corpo não tinha mais calor.
Estava morta.
Quando você sentir o meu calor olhe nos meus olhos, é onde meus demônios se escondem, onde meus demônios se escondem. Não se aproxime muito, é escuro aqui dentro, é onde meus demônios se escondem, onde meus demônios se escondem.
Fiquei ajoelhada, encarando Faith. A luz da luz entrava pela pequena janela, me coloquei de pé e fechei seus olhos em sinal de respeito como se ela estivesse apenas dormindo. Por que sempre queremos que a morte seja um sonho? Não é, nunca será.
De alguma forma me coloquei de PE, lutava contra meu corpo e o desejo de chorar. Me olhei no espelho, entretanto meu reflexo não se moveu. Coloquei a mala pela pequena janelinha do aposento, esperei ouvir uma voz assassina na minha cabeça, mas nunca veio nada.
Me atirei do primeiro andar e sai andando pelo jardim de rosas. A cena dos olhos de Faith se esvaziando iria me atormentar dali até meus últimos dias de vida.
Caminhei como um sonâmbulo, um morto vivo. Quando enfim me afastei daquele inferno juro ter visto corvos entrando pela janela do banheiro.


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Notas finais do capítulo

Faith me destruiu.
Então gente. Eu falei com a minha equipe composta de Betas, Photoshopeiros que criam as capas e tals, eles monitoram comentários e tals e me ajudam a deixar essa estória na melhor qualidade.
Depois de papo veem e papo vai, decidimos por fim que o melhor leitor de Hope para ganhar uma personagem na fic que estamos produzindo é....
Ah, antes de falar, queria dizer que Diane e Gabriella dessa fic são amigas minhas que eu, com muito amor, decidi tornar personagens também s2
Bem, voltando... O leitor(a) que foi selecionado, dentre tantos, foi você
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Moon Dust. Favor mandar MP para acertarmos turdo.
Bjos gente.