Premonição Chronicles escrita por PW, VinnieCamargo, MV, SamHBS, Felipe Chemim


Capítulo 2
Capítulo 02: O Anti-social e O Sortudo


Notas iniciais do capítulo

POV João Raphael (João R. C. ou Jo) escrito pelo mesmo.
POV Lucas escrito por João R. C.

Obs: Os POVs se alternam ao longo do capítulo.

Espero que gostem e aproveitem!



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POV JOÃO R. C.

Então assim que é acordar depois de ter dormido apenas umas 12 horas num período de cinco dias? Ótimo. E ainda faltam seis meses para acabaressa droga de curso técnico. Isso vai ser interessante.

Finalmente me levanto e abro os olhos, minha visão continua embaçada, mas tento me guiar até o banheiro. Tenho que parar de ir dormir tão tarde, acordar desse jeito é horrível e é uma questão de tempo até eu acabar dando de cara com alguma...

Porta.

Mais tonto do que já me encontrava, abro a porta e caminho até o banheiro, tentando massagear a “zona de impacto”.

Malditas sejam essas portas que ficam entrando no meu caminho.

Levanto a cabeça e me encaro no espelho. Parece que um furacão passou na minha cabeça. Eu realmente deveria tirar fotos desses momentos.

Espreguiço-me mais uma vez e ouço meu celular tocando, me viro rapidamente e acabo socando meu cotovelo na porta aberta do banheiro. Viro-me novamente para o espelho enquanto tento ignorar a dor, “espelho, espelho meu, existe alguém mais desastrado do que eu?” Não, a resposta é não. E me surpreende o fato de eu ainda estar vivo.

***

Pronto, nada melhor que um banho pra lavar a alma e diminuir meu mau-humor matinal. E afinal, hoje vai ser um dia bem divertido, apesar de eu não gostar muito de parques aquáticos, levar alguns amigos sempre melhora a situação.

Ligo meu computador e abro o Skype pra confirmar os planos novamente, duas mensagens da Bacon:

A Lais já confirmou, nós vamos nos encontrar no shopping às 13h e vamos andando dali, tudo bem?”

Respondi a mensagem rapidamente dizendo que eu estava de acordo e corri para me arrumar, o relógio marcava 11:37, mas eu ainda duvidava da minha capacidade de chegar a tempo.

Corri de volta para porta e acabei tropeçando em um tênis jogado pelo quarto, me apoiei na estante e consegui evitar a minha queda e incrivelmente só um livro foi derrubado no processo, o novel de “Premonição 3”. Isso não seria tão estranho se eu não fosse me encontrar com alguns fãs de Premonição no parque, mas não vou me deixar levar por algo tão idiota. Até o momento em que alguém gritar “CORRAM, ESSA PORRA TODA VAI CAIR”, continuarei mantendo a calma.

Soltei uma pequena risada pra mim mesmo e voltei à correria.

***

POV LUCAS

–Okay, eu passo pra te buscar aí depois do almoço, esteja pronta - Lucas disse.

O garoto perambulava pela bagunça de seu quarto, tentando se localizar e procurar algo para vestir em meio à pilha de roupas jogadas na cama.

–Tudo bem, amor, até mais tarde então, tem amo! - uma voz respondeu através do telefone.

Lucas era alto, tinha cabelos e olhos castanhos, dezessete anos, simpático, um pouco metido a galã e muito teimoso.

–Também te amo, Mylla, até mais tarde - Lucas desligou o telefone e se encaminhou para o banho.

Os planos para o dia de hoje não chegavam nem perto disso, planejava apenas sentar em seu quarto e jogar videogame até a madrugada, mas seu amigo havia ligado para ele oferecendo duas entradas para um parque-aquático. Ele não sabia como Pedro tinha conseguido duas entradas extras, mas não importava, Mylla estava pedindo para fazerem algo assim já fazia algum tempo, recusar era de longe uma opção.

Ele era um garoto de sorte.

***

–E mais uma vez, eu consegui me atrasar... - murmurei para mim mesmo.

Tenho que encontrar a Lais e a Bacon perto do shopping pra caminharmos até o parque-aquático, mas aparentemente o universo não quer que eu chegue a tempo, ou minha dificuldade em me arrumar...

Não sou uma pessoa que tende a sair muito e quando saio da “caverna”, tenho a tendência de complicar as coisas.

–Celular, carteira, identidade... -Okay.

Falta apenas desligar o computador e...

O celular toca.Lais.

Já estou quase chegando... Onde você está?

Mentir ou não mentir? Eis a questão.

–Hm, já estou a caminho, me dá mais vinte minutos.

–Tudo bem, se apressa - ela desligou o telefone logo em seguida e comecei a acelerar o passo... Bem a tempo de tropeçar no cabo da caixa de som ligada ao computador.

Rápido demais?

O volume não estava tão alto, mas eu estava próximo o suficiente da caixa de som para não gostar do resultado.

“In dirty water, kids will learn to play, beneath the sun, without someone...”

Nada melhor do que um solo que guitarra pra completar a dose de dor de cabeça.

A música continuou a ecoar pela casa até que consegui desligar a caixa de som da tomada e de bônus o computador também.

Okay, nada para me segurar agora.

***

Lucas dirigia um Honda Civic Vermelho que ganhara de presente de seu pai como recompensa por seu desempenho, tanto escolar quanto em casa, ajudando seus pais com o que podia. Quando chegou a casa de Mylla, ela já estava esperando do lado de fora, sabe-se lá a quanto tempo, os quarenta minutos de atraso podem não ter sido muito divertidos para ela.

– Olha só quem se atrasou... - Ela disse com uma expressão irônica enquanto se encaminhava até o carro - O que aconteceu?

– Desculpa, amor, o trânsito estava horrível...

– Tudo bem, vamos logo se não vamos nos atrasar.

Ele esperou ela se acomodar no carro e então deu partida.

– Tem certeza de que não é perigoso dirigir sem carteira?

– Acho que isso não vai ser um problema, amor – ele apontou para o porta luvas.

Ela o abriu e encontrou a carteira de identidade de Lucas.

– É falsa, olhe a data de nascimento – Lucas disse com um sorriso maroto em seu rosto.

– Hmm, pensou em tudo hein, querido!

Ela então deslizou a mão sobre a perna de Lucas.

– O que acha de usar ela mais tarde, depois do parque?

Ele se desconcentrou por um momento e então a encarou, sorrindo novamente e indicando que sim com a cabeça. Ela ligou o som do carro e “Sexy Bitch” de David Guetta e Akon começou a tocar.

Depois de vinte minutos de David Guetta, Mylla já estava cansada e começou a pular as músicas do iPod de Lucas em busca de outra música que a agradasse. O som do carro não parecia estar a favor dessa ideia, ele começou a pular as músicas sozinho.

“...hunted me down... falling to pieces... my bones… I’m bullet proof…”

– Putz, só falta começar a tocar TurnAround, Look At Me – Lucas disse ainda mantendo sua atenção ao trânsito.

Ela o encarou sem entender a referência e ele a explicou sobre a música “presságio” de Premonição 3. O som finalmente voltou ao normal, parando em “Demons” de Imagine Dragons. Mylla não se sentiu muito a vontade com isso e logo trocaram de assunto.

***

Faltava pouco agora, já estávamos na metade do caminho pelo menos. O sol brilhando, mas não tanto para deixar a caminhada difícil.

– Então, quem são essas pessoas que você vai encontrar no parque? – Bacon perguntou sem desviar o olhar de seu caminho.

– Alguns fãs de Premonição, eu conheço eles já faz um tempo pela internet e cheguei a encontrar alguns aqui pessoalmente antes. – Pedro havia me chamado pra ir com ele e o Márcio, nós aparentemente iriamos nos encontrar com um casal amigo de Pedro.

– Se acontecer alguma coisa, vou culpar você – Lais disse rindo.

Ri também, mas ideia me assustou um pouco, nunca me perdoaria se eu deixasse alguma coisa acontecer com elas.

***

– Amor, preciso ir ao banheiro. Quando encontrar seus amigos, me liga e me diz onde você está, okay?

–Tudo bem! O Peeh me mandou uma mensagem, eles estão em um quiosque, perto do Tubo da Morte, acho que é o tobogã alto com todas aquelas curvas, te encontro lá!

– Me compra um refri! - Mylla estava bem feliz, parecia ter gostado muito de finalmente fazer uma programação diferente.

Ela então desapareceu na multidão e Lucas continuou a busca por seus amigos. Não demorou muito para encontrar Pedro, ele estava com um amigo chamado Márcio, estavam esperando mais alguém.

***

– Acho que a entrada é bem ali – Lais disse apontando para frente – Vamos!

O lugar estava lotado.

– Meu deus, isso aqui parece um formigueiro – Meu lado antissocial está adorando.

Havia tobogãs e outras atrações espalhadas por todos os lados, sempre grandes e coloridas.

–Uau, isso aqui tá mais colorido que a parada gay, - Bacon olhava admirada para o parque – adorei.

– Vamos, temos que encontrar o Peeh – o que não vai ser nem um pouco fácil no meio de tantas pessoas.

Isso merece ser dito novamente, o lugar está lotado. Tanta conversa aleatória que mal ouço meus pensamentos.

E além de tudo, essa maldita sensação de que algo está errado já está me irritando. Continuo olhando para os brinquedos, crianças e adolescentes gritando enquanto descem os tobogãs e então passamos por uma instalação que deveria alimentar o parque. Parecia muito desprotegida para um lugar que deve ser 40% água.

– Gente, acho que acabei de ver um garoto com um calção de patinhos – Bacon disse tentando conter a risada.

Isso realmente cortou a tensão.

– Acho melhor a gente ir se trocar, liga pra gente quando você encontrar seus amigos – Lais disse e arrastou Bacon para o vestiário.

Não demorei muito para encontrar os Reapers. Peeh estava com o Márcio, famoso MV e com mais um garoto. Eles me apresentaram ao garoto, Luke, e começamos a conversar.

Depois de um tempo, outros dois Reapers apareceram, Felipe Chemim e João Victor. A conversa continuou e resolvi ligar para a Lais e a Bacon e elas estavam a caminho, quando desliguei o telefone notei que Peeh estava parado, com um olhar vazio encarando o nada. Eu estava pra perguntar o que estava acontecendo quando ele voltou à realidade e começou a surtar.

– Temos que sair daqui...

– Peeh, o que foi? – MV tentava acalmar ele.

– Eu vi... PORRA, EU TIVE UMA VISÃO! – Ele estava pálido e com uma expressão séria de preocupação, não sabia se devia confiar ou não.

Todo mundo ficou quieto por um momento, acho que todos estavam tentando processar o que acabaram de ouvir.

– Muito engraçado, para de graça e vamos logo ao tobogã – Chemim disse forçando uma risada, não parecia acreditar que Peeh estava realmente brincando.

– EU NÃO TO ZOANDO, EU VI – Peeh se levantou e agora estava gritando, o que começou a chamar a atenção das pessoas ao redor – VAI TER UM ACIDENTE!

– Calma, Peeh – minha vez de dizer alguma coisa sobre essa merda toda – O que você viu?

Antes que ele pudesse me responder, ele viu alguém abrir caminho a multidão que se formara ao redor deles e apontou para alguém.

– Você! – ele estava apontando para o garoto com o calção de patinho que a Bacon tinha visto – Vinicius!

Todos encararam o garoto.

Puta merda... Eu o conheço, outro Reaper. Eles começaram uma discussão, mas eu não consegui prestar atenção. Detalhes do meu dia começaram a surgir na minha cabeça, a música “DirtyWater” da Alexz Johnson tocando quando eu estava saindo, o novel de Premonição que eu derrubei da estante... Será que eram sinais? Será que algo realmente estava para acontecer?

Peeh começou a ir em direção a saída, gritando algo para as pessoas ao redor, eu então voltei a mim mesmo e o segui com os outros Reapers. No estacionamento ele teve uma crise e não conseguia se controlar ou contar o que tinha visto. Vine e alguns outros se juntaram a nós e eles começaram a falar de novo, mas eu estava preso demais em meus pensamentos e novamente não ouvi o que diziam. Foi então que me lembrei de Lais e Bacon, eu tinha que encontrar elas.

Mas antes que eu pudesse me mover, algo me congelou, ouvi uma série de barulhos e gritos, me viro e vejo Vine caído no chão e um caos se instalando pelo parque.

Todos estavam muito chocados, mas eu só conseguia pensar em uma coisa, Bacon e Lais, as duas estavam no parque ainda. Juntei o que restava de mim e corri para o parque, ignorando os gritos de alerta de meus amigos, me segurando apenas a uma pequena esperança de encontrá-las vivas.

No meio do caminho encontrei uma garota na mesma situação que eu, gritando por alguém chamado Lucas, ela foi arrastada pela multidão pra fora e sumiu de vista em questão de segundos.

Continuei a correr. Muitos corpos estavam espalhados pelo parque, minhas esperanças só foram diminuindo a cada segundo que passava.

E então eu parei, congelado, Bacon, caída no chão com algum destroço atravessado na cara dela. Eu estava quase desabando, mas tinha que encontrar Lais. Fui em direção a uma escadaria que dava a saída e a um tobogã.

Quando cheguei lá vi Lais, com o pescoço torcido caída no patamar do brinquedo, foi aí que eu finalmente desabei. Elas estavam mortas, e eu não podia fazer nada. Eu devia ter ido procurá-las assim que Peeh começou a surtar, eu deixei que isso acontecesse.

Antes que eu caísse em lágrimas, Vine e MV apareceram e me arrastaram para fora do parque, logo todos Reapers estavam no estacionamento. Eu continuava paralisado, sem conseguir ouvir ou dizer nada. Apenas encarando o chão e me culpando pelo o que tinha acontecido.


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Notas finais do capítulo

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