'Til We Die escrita por Mrs Jones


Capítulo 7
O Gêmeo do Mal & David em Apuros - parte 3


Notas iniciais do capítulo

Hello people! Sei que faz muito tempo que não atualizo essa fic e muitas pessoas me perguntaram se eu tinha desistido dela. Claro que não desisto de minhas fics, mas estava com bloqueio criativo e toda vez que conseguia escrever alguma coisa ficava tudo uma porcaria. Mas como hoje é meu aniversário e eu já passei no vestibular, resolvi dar um presente pra mim mesma e tirei um tempo pra escrever. Ainda não ficou como eu queria, mas resolvi postar assim mesmo porque já devem estar loucas com tanta demora pra atualizar kkkk Então é isso, eu espero que gostem e comentem. Sei que já devem estar cansadas dessa história de metamorfo, mas prometo que os próximos capítulos vão ser bem melhores e com criaturas diferentes. Enfim, beijos e até a próxima!



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– Ruby! RUBY!

Pisquei. Bae estalava os dedos na frente de meus olhos, como que para me acordar de um transe.

– Quê? – perguntei – Que foi?

– Estava falando com você. Ouviu alguma coisa do que eu disse?

– Ah... desculpe Bae, estava distraída...

Droga! Como é que eu podia me concentrar com Gancho me encarando daquele jeito? Ele estava do outro lado do quarto, se preparando para a caça ao metamorfo, e de quinze em quinze segundos me lançava olhares penetrantes, me fazendo ruborizar. Bae com certeza notara essa troca de olhares, mas não dissera nada. No momento estávamos meio ocupados com o caso David.

– Então, como eu ia dizendo, meu pai ligou e disse que vai ser o advogado do David – disse o garoto e fiquei surpresa.

– Seu pai é advogado? O que o levou a ser caçador?

Eu não conseguia imaginar Gold como advogado. Quero dizer, ele era um doido que caçava monstros e não o imaginava por trás de uma mesa cheia de papeis, estudando leis e tudo mais.

– Longa história – respondeu Killian – Não temos tempo pra isso. Prontos?

– Pra quê? – indaguei. Ele esperava que eu fosse com eles?

– Temos que caçar um metamorfo. – ele revirou os olhos – Em que mundo você vive?

– Tá legal, eu não vou com vocês! – cruzei os braços.

– É claro que você vai! – Bae recarregava a arma que Killian lhe passara – Quanto mais gente melhor, assim distraímos o bicho.

– Olha só, meu sobrinho está ficando esperto – Gancho bagunçou os cabelos do menino e em seguida me estendeu um revólver – É melhor não bancar a teimosa. Não se esqueça, você trabalha pra mim.

– Trabalho como assistente, não sou caçadora. – mantive os braços cruzados e o encarei com certo ar de superioridade – Nosso contrato especifica isso muito bem.

– Sim, eu sei – ele sorriu de um jeito malvado – Acontece que, como assistente, tem a obrigação de me auxiliar quando preciso. Você não precisar matar o bicho, apenas atraí-lo.

– Está dizendo que vou ser a isca? – arregalei os olhos, completamente indignada. Não era a primeira vez que me faziam de isca e se estavam pensando que eu concordaria em fazer aquilo de novo estavam muito enganados – Me desculpe querido, mas isso não! Eu quase fui morta por um lobisomem, atacada por um espírito e espancada por sua cópia do mal! Já não foi suficiente? Não pense que vou arriscar minha vida de novo!

– Calma, não precisa dar chilique – ele riu – Tudo o que tem que fazer é atrair o bicho, aí Bae e eu o matamos. Aquela sua amiga Belle pode ir com você, assim teremos duas iscas ao invés de uma.

Belle, que acabara de entrar no quarto, fez cara feia ao ouvir aquela última parte. Cruzou os braços.

– Estou aqui para encontrar meu namorado, não vou servir de isca pra ninguém.

Gancho revirou os olhos, sem paciência. Confesso que eu mesma já estava irritada com aquilo. Todos achavam que Gastão poderia estar morto, mas ninguém tivera coragem de dizer isso a ela. Não seria melhor poupar seu sofrimento lhe contando a verdade? As chances de Gastão estar vivo eram mínimas.

– Bem, se está insatisfeita, vai ter que procurá-lo por conta própria – falou Killian, olhando para Belle, que o encarou com um misto de antipatia e raiva – Talvez não tenha percebido, mas temos problemas maiores aqui e a não ser que queira descer ao esgoto sozinha, sugiro que faça do nosso jeito. Quer encontrar seu namorado? Ótimo, então faça como eu mando.

Se os olhos de Belle tivessem a capacidade de lançar faíscas, a essa hora Gancho estaria em chamas. Ela o encarou por uns segundos, depois assentiu e se afastou, vindo para o meu lado.

– Ele é sempre assim, é? – me perguntou, referindo-se ao jeito rude e insensível que Gancho às vezes assumia.

– Não, nem sempre, só quando está irritado. – respondi, enquanto ajeitava o casaquinho de lã que ela me emprestara. Voltei-me para Gancho – Escuta aqui, eu vou com vocês, mas vai ter que aumentar meu salário.

– Como quiser – ele respondeu.

– Hum. Bom, então é isso, vamos ser as iscas... – Belle falava em voz baixa, pra que os outros dois não ouvissem. Se é o único jeito de encontrar o Gastão... Escuta, você não se sente mal com tudo isso? Quero dizer, está se arriscando pra salvar o traseiro de David, não é? Farei isso pelo Gastão, mas você não tem nenhuma obrigação de fazer isso pelo David, ou tem?

É, ela estava certa. Por que eu me arriscaria para salvar o traseiro de David? Foi uma puta falta de sorte o que aconteceu a ele, mas eu não deveria arriscar minha vida por um cara que conhecera há pouco mais de um mês. Aquilo era loucura! No entanto, acabei por responder:

– Bom, ele é meu amigo. Essas pessoas se tornaram minha família, me sinto na obrigação de ajudá-las.

Belle assentiu e Killian se aproximou trazendo um par de revólveres.

– Não vou mentir, isso vai ser perigoso – ele disse, destravando uma das armas e passando-a para mim. Depois fez o mesmo com a outra e a entregou a Belle, que pareceu muito desconfortável, mas segurou o revólver com firmeza. – Contanto que fiquem atentas e sejam ágeis, ficarão bem. E lembrem-se: atire primeiro...

– ... pergunte depois. – completei e ele sorriu.

– Aprendeu rápido, Ruby.

– Não é pra isso que me paga? – ri.

Deixamos o quarto do hotel em seguida. Bae já nos esperava lá fora e agia com tanta tranqüilidade que quem o visse acharia tratar-se de um adolescente como todos os outros. Tentei ser o mais discreta possível quando passei pelas pessoas no estacionamento. Eram, em sua maioria, turistas de passagem por aquela cidade ou motoristas de caminhão que paravam para descansar antes de seguir viagem. Algumas pessoas riam, enquanto crianças corriam por todo lado e adolescentes conversavam alto. Era como se não ligassem para o fato de um fugitivo da justiça ter sido preso há pouco. Passamos pela dona do hotel, que conversava em voz baixa com um dos hóspedes, e entreouvi suas palavras;

–...no meu hotel! Veja só isso! Tão logo o vi na TV, soube que era o mesmo cara. Felizmente, a polícia estava por perto e não demorou a atender a meu chamado.

Nós quatro nos entreolhamos. Fora ela quem denunciara David. Bem, não devíamos julgá-la, afinal, ela não sabia que ele era inocente. Mas nada disso aconteceria se fossemos um pouco mais cautelosos, por isso disse a mim mesma que ia ser mais ágil dessa vez, pra impedir que aquele metamorfo filho da mãe escapasse de novo. A mulher parou de falar quando nos viu e pareceu aterrorizada, certamente se lembrando de que éramos amigos de David.

– Vocês não podem ficar aqui! – ela guinchou – São cúmplices dele!

– Não somos cúmplices de ninguém – Killian respondeu – E só pra senhora saber, David é inocente.

– Oh é claro que sim! Ele matou uma pessoa! Não quero vocês aqui, saiam!

– Nós pagamos a diária... – Bae ia dizendo, mas a proprietária do hotel não quis saber.

– Saiam antes que os denuncie como cúmplices – ela insistiu.

Não tivemos escolha. Apenas colocamos o resto de nossas coisas no carro de David e Killian dirigiu para longe dali depois de acertar o preço da diária. Isso apenas o deixou ainda mais irritado.

– Temos que matar essa merda de metamorfo antes que ele nos traga mais problemas – disse, enquanto estacionava na rua em que Belle morava – Tenho um plano, mas não sei se vai funcionar.

O plano de Killian era bem simples: Belle e eu desceríamos pela entrada de esgoto que havia no beco, enquanto ele e Bae entrariam por um das outras tampas mais próximas. Uma vez lá embaixo, devíamos atrair a atenção do metamorfo, enquanto Gancho e Bae viriam por trás e cercariam a criatura. Assim seria mais fácil acertamos a tal bala de prata em seu coração, uma vez que ele não tivesse pra onde correr. Por mais que parecesse algo fácil, sentia que algo acabaria por dar errado.

– Como ele sabe que o metamorfo voltou pra cá? – Belle me perguntou quando entramos no beco – Não seria mais óbvio se ele mudasse o esconderijo?

– Achei melhor não questionar o plano do Gancho – me abaixei e empurrei a pesada tampa para um lado. Algumas baratas escaparam e correram para longe – não quero deixá-lo ainda mais nervoso. Se ele diz que a coisa voltou pra cá, deve ter razão.

Descemos. Tinha me esquecido de como aquele lugar cheirava mal. Era como se alguém tivesse usado o banheiro e esquecido de dar descarga, mas nesse caso o cheiro era mil vezes pior do que um banheiro público. Uma ratazana guinchou ali perto e uma coisa raspou as asas bem perto de uma de minhas orelhas. Me afastei bem a tempo de ver uma barata enorme, preta e gorda, que por pouco não se enroscara em meu cabelo. Belle fez um som de repulsa e se encolheu dentro de seu casaco, como se assim estivesse protegida dos insetos.

– Tá tudo bem? – indaguei, tentando discernir suas formas na escuridão na qual estávamos mergulhadas – Quer voltar lá pra cima? Imagino que isso deva ser meio traumatizante pra você.

– Estou bem. Vamos.

Nos afastamos, caminhando devagar. Os pingos de água que caíam do teto faziam barulho ao atingir o chão e a todo o momento tínhamos que nos esquivar das gotas. Levávamos uma lanterna desligada e eu segurava meu revólver, apertando-o com tanta força que meus dedos até doíam. Sentia-me como se fosse ser atacada a qualquer momento.

– Eu disse, ele deve ter mudado de esconderijo – Belle comentou, depois de caminharmos por um tempo. Não havia sinal do metamorfo, nem de Killian e Bae.

– Acho que está certa – sussurrei e paramos onde o caminho fazia uma bifurcação. Bae e Killian não deviam estar muito longe – Gancho não está pensando direito. É óbvio que a esta altura o metamorfo já está bem longe.

– E agora? Voltamos lá pra cima?

– Melhor continuarmos até encontrarmos aqueles dois. Killian é cabeça-dura e não vai desistir até que o convençamos a sair daqui.

– Ele tem uma personalidade difícil – Belle ainda estava chateada com Gancho, pelo fato de ele ter gritado com ela – mas acho que você gosta disso.

– Perdão?

– Ah, você me entendeu! – ela riu – Pode fingir o quanto quiser, mas sei que gosta dele. Não sou boa apenas com livros, também sei ler as pessoas.

Dei graças aos céus por estarmos no escuro, assim ela não podia ver o quanto meu rosto queimava de vergonha. Pensei em algo pra dizer, mas não consegui elaborar nenhuma frase inteligente que pudesse disfarçar meus sentimentos quanto a Killian. Ia balbuciar uma resposta evasiva, porém acabei por tropeçar em algo que estava no caminho e caí com um baque, indo aterrissar bem em cima de uma poça d’água.

– Ah merda! – praguejei, assim que senti minha roupa ficando encharcada com aquela água malcheirosa. Belle provavelmente não ia querer suas roupas de volta.

– Você está bem? – ela perguntou e acendeu a lanterna.

Assim que a luz forte iluminou o recinto, meus olhos pousaram na coisa na qual havia tropeçado. Belle soltou um urro aterrorizado, que ecoou pelas paredes e assustou os ratos, que saíram correndo. Ela deixou a lanterna cair e a apanhei, iluminando o corpo estirado ali. O homem estava com os olhos esbugalhados e a boca aberta, o que talvez significasse que ele morrera gritando. Suas roupas estavam completamente encharcadas de sangue e havia uma ferida aberta na altura de seu estômago, de onde vazava o sangue. Não precisei perguntar pra saber quem ele era.

– Belle... – tentei abraçá-la e tirá-la dali, mas ela se livrou de mim e se abaixou ao lado do corpo.

– Gastão... meu pobre Gastão... – e segurou o rosto pálido do namorado com ambas as mãos, como se esperasse que Gastão fosse subitamente piscar ou balbuciar algo. Vê-la naquela situação, abraçada ao corpo ensangüentado do noivo, me cortou o coração. Jamais imaginei que pudesse ver cena tão terrível e ao mesmo tempo tão tocante.

Alguma coisa se moveu ali perto e ergui a cabeça a tempo de ver o metamorfo, que apontava uma arma em minha direção. Merda! Perdera o revólver quando caíra e me esqueci de procurar por ele quando descobrimos o corpo.

– Ora, ora – disse o metamorfo, que ainda usava o corpo do David – Olha só quem eu encontrei por aqui... Olá, querida Ruby, é um prazer revê-la.

Não respondi. Tinha plena consciência de que bastava um tiro pra que eu caísse dura ali mesmo, por isso resolvi ficar quieta. Já Belle se levantara e apontava sua arma para o homem.

– Querida Belle, melhor largar a arma – David, ou melhor, o clone dele falou de forma mansa – Não queremos nos machucar, não é?

– Seu desgraçado! – as mãos dela tremiam e, possivelmente, erraria o alvo se atirasse.

– Eu não atiraria se fosse você, não quando estou segurando uma arma apontada para sua amiga – ele se aproximou e estremeci – Poderia acabar com as duas agora mesmo, mas penso que podemos fazer coisas mais... divertidas.

Aquilo soou meio estranho vindo do David. Eu quero dizer, mesmo aquele não sendo o verdadeiro David, era estranho vê-lo sorrindo daquele jeito malicioso, com um ar de homem cafajeste. Ele se aproximou de mim e apontou o cano da arma na minha cabeça.

– Agora, largue a arma! – ordenou a Belle, que hesitou por uns instantes, mas acabou por jogar a arma no chão e ergueu os braços acima da cabeça, rendendo-se.

– Não nos machuque – pedi, tremendo dos pés à cabeça.

– Oh, não, não – ele segurou meu queixo com uma mão, enquanto com a outra enfiava a arma em meu pescoço – Não as machucarei, desde que saibam se comportar. – ele me empurrou para o lado de Belle e em seguida abaixou-se e apanhou o revólver do chão.

Peguei na mão dela, como que para lhe dar forças para o que viria a seguir. Sabia que ele não ia nos deixar ir sem tentar ter algo conosco. A pergunta que não queria calar era: onde raios haviam se metido Gancho e Bae?

– Por que matou o Gastão? – Belle perguntou, com a voz trêmula e o rosto encharcado pelas lágrimas.

– Eu tive que me livrar dele, é o que faço com as coisas inúteis. – ele respondeu friamente, cutucando o corpo de Gastão com o pé.

– É o que fará conosco? – perguntei, atordoada. – Você não tem que fazer isso, podemos colaborar...

– Não vou matar vocês – ele se aproximou e amarrou as mãos de Belle com um pedaço de corda de Nylon, empurrando-a para o chão em seguida – Farei bom uso de vocês, garotas. Serão responsáveis por manter minha linhagem.

Ugh! Eu sabia exatamente o que ele queria dizer com isso. Num movimento rápido, ele me prensou contra a parede e me beijou à força, enfiando aquela língua nojenta e falsa na minha boca. Eu nada pude fazer, já que ainda estava sendo ameaçada pelo revólver que ele segurava. Era melhor que Killian se apressasse, pois a última coisa que eu queria era engravidar de um metamorfo.

– Você, querida, guardará uma coisa pra mim – ele disse, me olhando nos olhos – Daqui a nove meses irei buscá-lo e, para seu bem, melhor nem tentar se livrar dele. Se abortar meu filho, eu a encontrarei e a matarei.

Estremeci, tomada por pânico. A melhor saída que eu tinha era tentar enganá-lo, por isso o beijei e ele se surpreendeu.

– Ora, ora, o que é isso? – ele riu – Me rejeitou quando me transformei no Jones e agora me beija quando assumo a forma do melhor amigo dele?

– Eu não amo o Killian. Estou apaixonada pelo David – menti –, mas ele é casado e ama a esposa. Não suporto ver os dois juntos...

– Oh, eu entendo. Amar machuca, principalmente se o sentimento não for recíproco... Comigo você pode ser feliz... posso assumir muitas formas diferentes...

Sorri e o abracei. Não sei como minha mentira soou convincente, mas ele acreditou porque me abraçou de volta. E como David era musculoso! Podia sentir os músculos sob a camiseta apertada que o metamorfo usava. Aliás, não sei como ele não sentiu nojo de me abraçar, já que eu ficara encharcada pela água fedida que pingava das paredes e do teto.

– Ruby, não dê ouvidos a ele! – Belle guinchou, sem entender que eu estava fazendo aquilo pra salvar nossa pele – Ele é um louco assassino!

– Cale a boca! – ele gritou, soltando-se de mim e indo até Belle. Agarrou-a pelos cabelos e fez com que ela se levantasse – É melhor ficar caladinha, antes que termine como seu namorado. Se quiser sobreviver, tem de me obedec...

Fiz a primeira coisa que me veio à mente e o agarrei por trás, tentando sufocá-lo. Gancho me ensinara uns golpes certa vez, para o caso de eu precisar me defender, e já vira Mary fazer o mesmo quando salvara a mim e Bae do metamorfo. Tinha certeza de que estava fazendo aquilo da maneira errada, mas era a única chance que eu tinha. Ele deixou a arma cair quando tentou se livrar de meus braços em seu pescoço e me abaixei rapidamente, apanhando o revólver e atirando nele sem nenhuma hesitação. O primeiro tiro acertou a barriga, depois mirei direto no coração e apertei o gatilho duas, três, quatro vezes. A criatura pendeu para frente e caiu inerte, o sangue banhando o piso já molhado e melequento. Até que fora fácil!

– Acabou, Belle! – disse à bibliotecária, que me encarava com uma expressão de terror.

Dali a pouco Bae e Gancho vieram correndo e pararam surpresos quando viram a cópia de David caída no chão, formando uma imensa poça de sangue. Killian me olhou surpreso, enquanto eu desamarrava Belle.

– Você fez isso? – ele perguntou.

– Fiz. Vocês demoraram tanto que precisei me salvar sozinha.

– Nos perdemos– ele explicou, coçando a cabeça – Há muitos túneis e erramos o caminho várias vezes. – ele realmente parecia impressionado com meu feito e sequer perguntou como estávamos.

– Estamos bem – eu disse – obrigada por perguntar.

Ele riu.

– Ruby, Ruby, você está se tornando uma garotinha muito atrevida.

– Oh, eu sempre fui assim, querido – ajudei Belle a ficar de pé. Ela ainda chorava pelo Gastão, mas sem fazer escândalo.

– E agora? – Bae indagou.

– Agora temos de limpar o nome de David – disse Gancho.

Já de volta ao ar fresco da rua, nos certificamos de passar despercebidos enquanto Gancho usava uma cabine telefônica. Disfarçando a voz, ele ligou para a delegacia mais próxima e avisou sobre o corpo no esgoto. Minutos mais tarde, quando a polícia chegou, não só encontraram o corpo do falso David como também descobriram Gastão.

– Acha que vai dar certo? – perguntei a Killian, enquanto assistíamos a tudo.

Estávamos na casa de Belle e espiávamos pela janela da frente. A coitada fora tomar um banho e já não chorava tanto. Achávamos que ela estava em estado de choque, pois não dissera uma palavra desde que saímos do esgoto.

– Claro que vai – ele se afastou da janela e foi sentar-se no sofá – Vão achar que aquele é irmão gêmeo de David e vão atribuir a ele a culpa pelo assassinato.

– Como tem tanta certeza?

– Não tenho. Mas acho que vai funcionar. O cara estava se escondendo no esgoto, esse é um comportamento típico de um foragido da justiça. É óbvio que vão atribuir a ele a culpa pelo assassinato daquela moça. David vai ser inocentado, vocês vão ver.

De fato, fora o que acontecera. Uma vez que todos se convenceram de que aquele era o gêmeo de David, investigaram a cena do crime e atribuíram ao metamorfo a culpa pelo crime da moça. A única coisa que estranharam foi o fato de David e o “irmão” terem impressões digitais idênticas, o que não acontecia nem em caso de gêmeos, pois cada pessoa possui uma digital única. Talvez Gold tivesse influenciado um pouco nas investigações porque alguns dias depois David foi inocentado e solto. Não sei que tipo de influências Gold tinha nesse meio, nem como conseguira agilizar todo o processo, o fato é que ele era um advogado muito bom.

– E então, a comida da prisão é tão ruim quanto dizem? – perguntei a David, quando nos reunimos no QG para comemorar sua liberdade.

– Pior do que a comida do Gancho, se é que isto é possível – ele disse rindo e Killian protestou:

– Ei, eu não cozinho tão mal assim!

– Algum de vocês tem notícias da Belle? – perguntou Mary, levando a taça de vinho à boca.

– Eu a visitei ontem – disse – Ela vai se mudar, diz que não quer viver mais naquela casa. Ela nunca vai superar o Gastão.

– Ela já está falando, é? – falou Killian, recostado contra o balcão da cozinha – Pensei que ainda estivesse em choque.

– E está, mas já melhorou bastante.

– Talvez ela precise muito de amigos – disse Mary – Podemos convidá-la para nossa ceia de Natal.

– Parece que tudo acabou bem no final – Gancho veio para meu lado, sorrindo mais do que de costume.

Mal nos faláramos nos últimos dias, já que ele estava sempre ocupado com alguma coisa. A verdade é que eu estava o evitando desde aquele beijo e, se ele percebera isso, não dissera nada. Entendi que ele respeitava meu espaço e não queria forçar a barra.

– Estou impressionado Ruby, você fez um bom trabalho – ele continuou e senti meu rosto corar.

– Fiz o que precisava fazer.

– Como é que fez aquilo? – ele me encarava com curiosidade – Mal tive tempo de lhe perguntar... Você não hesitou em nenhum momento? Eu quero dizer, era quase como se ele fosse humano, mas você não se deixou levar por esse pensamento.

– Era eu ou ele – respondi, encarando o chão – Não me orgulho do que fiz, matar não é algo natural pra mim. Só fiz porque precisava, porque não queria morrer.

Killian assentiu.

– Você daria uma ótima caçadora – sorriu.

Revirei os olhos e sorri de volta.

– Nem vem Jones, não adianta tentar me adular. Ainda não me esqueci do fato de ter me usado como isca. – e me afastei enquanto Gancho ria.


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