Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 53
Jantar




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─Tia Cissa! ─ Rose correu até a senhora, que tinha um largo sorriso no rosto.

─ Oi, pequena. Que abraço gostoso! ─ a Malfoy riu ao tirar a ruivinha do chão, Rose pendurada ao seu pescoço.

─ Eu estava com saudades. ─ a menina deu de ombros, animando-se em seguida. ─ Tia Cissa, o tio Draco disse que logo você vai poder ir ao parque e a todos os outros lugares legais comigo!

─ Ele disse? ─ Narcisa olhou para o filho sem tirar o sorriso do rosto, embora seu olhar agora fosse sério.

─ Acho que estamos descobrindo que Rose não sabe guardar segredos. ─ o loiro sorriu, fazendo cócegas em Rose e beijando a testa da mãe. Em seguida, caminhou até o sofá de couro, largando o jaleco e suspirando fraco.

─ Hermione não quis vir? ─ a mais velha questionou assim que Rose correu para os jardins, brincando entre os arbustos.

─ Não acho que ela já se sinta confortável em voltar aqui, mesmo que não se pareça nada com a antiga mansão. ─ Draco riu, respirando fundo em seguida. ─ Eu não a convidei, na verdade, não sei se ela sabe que viemos aqui. Além disso, ela tem coisa demais na cabeça agora para se preocupar com isso.

─ Fred ainda não voltou ao normal?

─ O cabeça de cenoura está longe de voltar ao normal. Ainda mais com essa história de querer a guarda de Rose.

─ Ele levou isso a sério mesmo, não é? ─ os dois observavam a pequena correr pelo jardim, Draco sentindo o cansaço pesar. ─ Como ela está com tudo isso?

─ Rose? Confusa, com saudades do pai, ou do que ele costumava ser, mas ela consegue focar em outras coisas. Potter tem ajudado bastante ultimamente, provavelmente treinando para quando o filho dele chegar. ─ o loiro riu fraco.

─ E Hermione?

─ Você a conhece, dona Cissa. Ela não se rende. Além disso, ela está tentando focar no trabalho, Kingsley tem planos para Hermione.

─ Ele vai manda-la para longe outra vez? ─ Narcisa questionou, um tanto assustada. Querendo ou não, havia se acostumado com as visitas quinzenais de Rose – e as raras visitas de Hermione.

─ Longe disso. ─ Malfoy sorriu orgulhoso. ─ Mas ainda não posso contar, saiba apenas que tem a ver com o que Rose disse.

─ Draco...

─ Como você está, mãe? ─ os dois sentaram no sofá, o clima mais leve.

─ Acredite ou não, estou bem. ─ Cissa respondeu, sabendo que tentar descobrir algo era uma batalha perdida. ─ Tenho me divertido com os elfos.

─ Deixe Hermione ouvir você dizendo isso, Narcisa Malfoy. ─ os riram, deixando a conversa fluir sem perceber o passar das horas, reparando que era tarde quando a ruivinha veio reclamar de fome, brincando que já estava na hora do jantar já que o sol estava indo embora. Despedindo-se rapidamente de Narcisa e prometendo voltar logo, Draco e Rose voltaram para casa em tempo de encontrar Hermione abrindo a porta, cinco pastas com o brasão do Ministério em um dos braços, o casaco e algumas sacolas cheias no outro.

─ Hey, que bom que está aqui, Draco. ─ a morena sorriu, largando as pastas na sala e indo até a cozinha, fazendo o mesmo com as sacolas. Hermione pegou a filha no colo para um rápido abraço e logo voltou-se para o loiro, que conhecia aquele olhar muito bem.

─ Você quer que eu faça o jantar, não é mesmo? ─ os dois riram enquanto Rose pulava de alegria, exclamando vários sim´s.

─ Convidei Harry e Gina para jantarem conosco, e é seu dia de cozinhar de qualquer maneira!

─ Não é não. Meu dia de cozinhar era ontem. ─ Draco retrucou, desabotoando a manga da camisa e dobrando-a para cima.

─ E até onde eu sei, você passou a noite de plantão e deixou nós duas morrendo de fome. ─ a morena respondeu, com falsa superioridade e sorrindo em seguida. ─ Nada mais justo.

─ Então vai ser assim? ─ o rapaz ameaçou antes de puxar Hermione para perto de si, fazendo cocegas na garota, cuja risada contagiou a casa toda.

─ Rose! Me ajuda, filha! ─ Granger brincava em meio a gargalhadas, rindo com a filha, que assistia a cena em meio a risadas, que se intensificaram quando uma almofada atingiu Draco pelas costas.

Parando de fazer cócegas em Hermione, o loiro riu ao ver que Rose havia descoberto como controlar as almofadas pelo ar e pegou a pequena no colo, carregando-a até o sofá, onde a brincadeira dos três se estendeu pelo o que poderiam ter sido horas, até a pequena cansar e pedir por uma pausa. Aproveitando o momento, Hermione subiu com a ruivinha para o banho, deixando Draco com a bagunça das sacolas na cozinha.

─ Mamãe, você nem sabe o que eu e o tio Draco fizemos hoje. ─ Rose comentou, os cabelos ruivos cheios de espuma da banheira, e mexendo um patinho de borracha na água.

─ Na verdade, eu não sei mesmo. O que vocês dois aprontaram?

─ Ele me levou para ver a tia Cissa e nós brincamos a tarde toda! Ela até me deu sorvete, e foi ela mesma que serviu, mamãe. ─ a ruivinha sorriu orgulhosa, batendo palmas. ─ E sem querer eu deixei escapar que talvez ela vá poder ir comigo da próxima vez que formos ao parque, mas eu juro que foi sem querer.

─ E você se divertiu? ─ Hermione sorriu, lembrando-se da senhora que sentia falta. Embora não lhe agradasse nada estar naquela casa, Narcisa Malfoy havia sido uma caixinha de ótimas surpresas em sua vida.

─ Bastante. Mas eu estou com fome.

─ Mesmo depois do sorvete? ─ Granger riu, tirando a espuma do cabelo de Rose e levantando para pegar uma toalha para a filha.

─ Sim. ─ a pequena deu de ombros, saindo da banheira e levantando os braços para ser enrolada na toalha. ─ Mas se o tio Draco vai fazer o jantar, eu posso esperar um pouquinho para comer.

─ Só por que é ele que vai cozinhar? ─ Hermione brincou, colocando a filha sentada na cadeirinha de sempre e ligando o chuveiro. ─ Cinco minutos?

─ Cinco minutos. ─ Rose assentiu, balançando as pernas enquanto esperava. As duas tinham um combinado que, por mais incrível que parecesse, funcionava: primeiro o banho de Rose e, então, a garotinha esperava cinco minutos sem aprontar nenhuma travessura para a mãe tomar o seu. Hermione agradecia a Mérlin todos os dias pela filha entender certas coisas tão cedo. Passados os cinco minutos, já de volta ao quarto e devidamente vestida, Rose brincava com Bichento enquanto a morena organizava a bagunça que haviam feito com a varinha, escovando os cabelos enquanto isso, quando resolveu comentar: ─ Eu acho que eu deveria parar de chamar o tio Draco de tio, mamãe.

─ Por que, meu bem? ─ Hermione virou-se para a filha, parando o que fazia.

─ Mamãe, ele sempre me coloca pra dormir, sempre conta histórias e assiste filme de princesa comigo, ele sempre passa a noite com a gente quando tem aqueles barulhos muito fortes e assustadores, cuida de você desde a outra casa, leva a gente pra tomar sorvete e sempre faz o jantar. O tio Draco é tipo um papai. Eu devia chamar o tio Draco de papai, o que você acha?

─Rose...

─ Até porque, mamãe, o papai nem parece mais meu papai de verdade. ─ a pequena deu de ombros, ainda fazendo carinho no felino alaranjado. ─ Ou eu poderia chamar os dois de papai, assim nenhum ia ficar triste. E eu teria mais uma vovó. ─ sorrindo, Rose tentou sair sozinha da cama, e abraçou a mãe, dizendo que estava indo para a sala, escolher os brinquedos que usaria com Teddy, se ele viesse, e deixando uma Hermione sem reação para trás, com pequenas lágrimas brotando nos olhos.

Suspirando e ainda digerindo o que a filha havia dito, Hermione terminou de arrumar os cabelos com a varinha, deixando-os molhados porém escovados. Vestiu uma roupa confortável e as meias de sempre e desceu até a cozinha, encontrando Draco de avental violeta, mexendo uma das panelas que ferviam no fogão. Apoiando-se nos braços, a garota sentou-se na bancada no meio da cozinha, apenas observando o rapaz por alguns instantes.

─ Como foi a tarde hoje?

─ Rose te contou, não é? ─ o loiro suspirou, cortando o que Hermione achou ser uma cebola. ─ Espero que não fique chateada, mas é o primeiro dia que tive livre em meses, e eu queria aproveitar com as duas e...

─ Draco, está tudo bem. Só me avise da próxima vez que for fazer isso.

─ Desculpe, eu...

─ Eu quero ir junto. ─ Hermione sorriu ao ver surpresa na expressão do rapaz, que parou o que fazia.

─ Você odeia aquele lugar. ─ Draco comentou, ainda em choque. ─ As poucas vezes que você foi foram tortura, e nós dois sabemos disso.

─ Verdade, mas eu gosto da sua mãe. Posso fazer um esforço por ela. ─ a garota sorriu, descendo da bancada e sorrindo para Draco, que agora também sorria ao cortar o tempero. ─ Rose me disse que você comeram sorvete, e que foi sua mãe quem serviu. O que houve com os elfos?

─ Ainda estão lá, não fique tão feliz. ─ Draco riu, voltando a cozinhar. ─ Mas eles são a companhia dela, não acho que ela os veja como criados. São quase como amigos que recebem salários.

─ Salários? ─ Hermione largou os pacotes que segurava na bancada e sorriu, orgulhosa. ─ Eu preciso mesmo visitar sua mãe e dar os parabéns.

─ Ela vai adorar, acredite. ─ fechando a panela, Malfoy se aproximou. ─ O que vai aprontar com isso tudo?

─ A sobremesa?

─ Achei que tivesse comprado a sobremesa, Granger. ─ o rapaz arqueou as sobrancelhas, jogando o pano da louça sobre o ombro e colocando a mão na cintura.

─ E comprei, mas talvez, e só talvez, eu tenha ficado com vontade de...

─ Nós não vamos fazer bolinhos agora, Hermione. ─ Draco completou, tirando o sorriso do rosto da garota.

─ Por que não?

─ Porque leva tempo para fazer e você sabe muito bem o que acontece toda vez que fizemos bolinhos. Duvido que vá querer sujar esse cabelo recém lavado com farinha. ─ o loiro debochou, recebendo uma careta como resposta. ─ E Gina sempre traz sobremesa, você sabe disso.

─ Tudo bem, você venceu. Nada de bolinhos hoje. ─ Hermione acenou com a varinha, guardando os ingredientes que havia tirado dos armários. ─ Mas você fica me devendo essa.

─ Como foi hoje no Ministério? ─ Draco questionou, depois de alguns minutos em silêncio.

─ Kingsley me chamou na sala dele, falou sobre a proposta novamente e me colocou na comissão de frente de uma missão com Harry e Ron. ─ a garota suspirou, parando ao lado do loiro. ─ Segundo ele, agora tudo depende de como resolveremos isso e, bem, de mim.

─ Você não parece feliz com isso.

─ Eu só fui pega de surpresa. King me disse que tinha planos pra mim assim que eu terminasse o trabalho de Buenos Aires, mas eu nunca imaginei que fosse isso. É responsabilidade demais. ─ Hermione forçou um sorriso, observando Draco largar a colher e fechar a panela na qual mexia.

─ Tem certeza que é só isso que está te preocupando? ─ o rapaz questionou, arqueando uma sobrancelha e vendo a garota baixar a guarda aos poucos.

─ Você sabe o que é. Eu tinha prometido a mim mesma que eu ia deixar isso de lado, que eu iria resolver tudo do jeito difícil que ele escolheu, mas eu simplesmente não consigo, ainda mais com Rose sendo tão esperta como é. Ela tem três anos e entende isso tudo melhor do que eu. ─ Hermione suspirou, passando a mão nos cabelos e baixando a voz. ─ Ela disse hoje que o pai dela não estava mais agindo como um pai, e todas as vezes que eles saem é uma história diferente. As vezes ela volta pra casa como se ainda estivéssemos no começo de tudo isso, como se ele ainda fosse o príncipe dos filmes que ela assiste, mas tem vezes que... eu a conheço, tem vezes que o olhar de decepção nela me parte o coração, e eu não sei mais o que eu posso fazer sobre isso.

─ Hey. ─ Draco repousou uma das mão no rosto de Hermione, acariciando-lhe. ─ Isso tudo não é sua culpa, nós dois sabemos quem está por trás dessa história.

─ Não podemos provar nada, Draco.

─ Ainda não, Mione. Mas nós sabemos, e por enquanto, isso é suficiente. ─ o loiro sorriu, arrancando um breve sorriso da amiga também, olhando-a nos olhos. Os dois ficaram assim por breves segundos, apenas sorrindo um para o outro, o rapaz ainda acariciando levemente o rosto da amiga, até ouvirem a voz de Harry vinda da porta da cozinha, acompanhado por uma Gina com um sorriso quase tão grande quanto sua barriga:

─ Eu tinha uma condição, Mione.

─ Eu ainda não contei nada a você, Harry. ─ a garota entrou na brincadeira do amigo, deixando Draco parado perto do fogão e indo abraçar as visitas recém chegadas. ─ Pense pelo lado positivo.

─ Lado positivo, é claro. ─ o moreno sorriu sarcástico, abraçando Hermione e olhando com desgosto fingido para Draco, que retrucou:

─ Você fala como se isso fosse ruim, Potter. ─ o loiro piscou, pegando uma colher e mexendo em uma das panelas em seguida, fazendo com que Gina direcionasse seu melhor olhar de Weasley para Hermione.

─ Vamos para a sala enquanto Malfoy termina o jantar. ─ Granger revirou os olhos para o comentário do amigo, fingindo não perceber a situação embaraçosa que haviam criado e mudando de assunto. ─ Temos muito o que conversar.

─ Você nem imagina, minha querida. ─ Gina sorriu, piscando para Draco antes de seguir com os outros dois para a sala, onde Hermione sabia que ouviria poucas e boas antes mesmo de conseguirem comer.


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