Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 54
Solução




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─ Calma aí! Então quer dizer que é por isso que você não vai mais à Toca? ─ Gina questionou, uma das mãos acariciando a barriga já grande. ─ Eu não acredito!


 ─ Não é como se eu pudesse fazer muita coisa, e além disso, Rose não fica muito animada para ver a madrasta toda vez que vamos lá. ─ Hermione deu de ombros, sentando-se ao lado de Draco no sofá claro. Havia acabado de contar para os amigos sobre Júlia e os últimos acontecimentos – e ameaças – e estava dividida entre achar graça da reação dos amigos ou se preocupar com o que poderia acontecer a seguir.


 ─ Por que não falou nada antes? ─ Harry questionou, ainda digerindo toda a informação e fingindo não perceber que a amiga não havia contado tudo o que sabia. ─ Nós poderíamos ter feito algo, você sabe.


 ─ Entra na fila, Potter.. ─ Draco forçou uma risada, revirando os olhos em seguida. ─ Ela demorou meses para me contar, e nós praticamente moramos juntos.


 ─ Eu já disse porque não contei, ainda não sei do que ela é capaz e querendo ou não, ainda é arriscado e estar contando isso tudo agora, mas não tenho muita escolha. As coisas estão ficando fora de controle. ─ a morena disse, suspirando discretamente no final da frase.
 

─ Ah mas nós vamos dar um jeito nisso, pode ter certeza! ─ Gina exclamou, olhando para a barriga ao completar: ─ Isso mesmo, James. Vamos chutar a bunda dela, sim.
 

─ Ele está chutando? ─ Hermione sorriu, vendo o casal Potter relaxar por alguns instantes.
 

─ O tempo todo! Harry diz que ele vai ser jogador de fubetol. ─ a ruiva sorriu ainda mais, voltando a passar a mão pela barriga.
 

─ Futebol, Gina. ─ Harry riu, ajeitando o óculos e voltando-se para Hermione em seguida. ─ Você sabe que não podemos deixar isso assim, não é mesmo?
 

─ Não podemos fazer nada, Harry. Se isso fosse apenas sobre mim, tudo bem, mas... Eu não posso arriscar mais do que já estou fazendo. Julia foi bem clara quando disse que queria nós duas longe dela e de Fred, e eu sei que esse processo de guarda é coisa dela, mas eu não posso arriscar ainda mais. ─ a garota sentiu a garganta trancar por breves instantes e estava ansiosa demais para reparar no olhar de Gina sob sua mão entrelaçada com a de Draco no sofá. ─ Eu não sei do ela é capaz, e para ser sincera, eu não quero descobrir.
 

─ Mas Hermione...
 

─ Eu contei para vocês porque achei que mereciam uma explicação, assim como Rony merece e eu vou dar, mas eu não quero que mais ninguém se meta nisso. Uma hora ou outra as coisas vão se ajeitar.
 

─ Mamãe? ─ Rose apareceu na porta da sala, Mack em um dos braços e bocejando em seguida.

─ Já está com sono, ruivinha? ─ Gina sorriu, arrancando um riso leve de Rose, que assentiu. ─ Você nem me mostrou o seu jogo.
 

─ Eu ensinei o tio Harry hoje, tia Gina. Na próxima vez, eu ensino você como ganhar dele.
 

─ Hey! Isso não é justo! ─ Harry exclamou, entrando na brincadeira e sorrindo ao ver a pequena bocejar mais uma vez.
 

─ Você já quer ir dormir? ─ Hermione abaixou-se na frente de Rose, que apenas concordou com um aceno. ─ Tudo bem, dê boa noite então e eu subo com você.
 

─ Boa noite, Tio Harry! ─ Rose abraçou o moreno e sorriu, correndo para o colo de Draco em seguida. ─ Você vai ficar hoje, não vai?
 

─ Ainda não sei, pequena. Mas vou passar te dar um beijo antes de ir, okay? ─ o loiro sorriu ao ser abraçado, ficando alguns instantes sem reação ao ouvir o que Rose sussurrou antes de correr para o colo da mãe, que subiu com ela e Gina para o quarto, deixando os rapazes sozinhos na sala.
 

─ Ela realmente gosta de você, não é mesmo? ─ Harry comentou, tirando Draco dos próprios devaneios.
 

─ Por incrível que pareça, sim. Nunca achei que isso fosse acontecer.
 

─ Imagine eu. ─ os dois riram, ficando um tempo em silêncio antes de Potter voltar a falar: ─ Tudo bem, eu preciso perguntar. Você e Hermione...?
 

─ Você parece sua esposa, Potter. ─ Draco deu um sorriso irônico, curvando-se até a mesa de centro e pegando o copo cheio de bebida mais próximo.
 

─ Acredite, ela está sempre certa e eu não estaria perguntando se não achasse que...
 

─ Eu estivesse levando Hermione para o lado negro da força. ─ o loiro permaneceu sério por míseros segundos, antes de gargalhar alto com Harry. ─ Não se preocupe, ela não é influenciada tão fácil.
 

─ Disso eu sei, acredite. Mas Draco...
 

─ Eu sei, Harry.
 

─Ótimo. Eu odiaria ter que ter essa conversa com você. ─ o moreno completou antes deles ouvirem gritos abafados vindos do andar de cima, para onde os dois logo correram, Draco direto para o quarto de Rose, que já dormia, e Harry para o quarto ao lado, onde ficou parado perto da porta observando as duas garotas gargalhando na cama, olhando confuso para o loiro que logo se juntou a ele.
 

─ Eu não sei se eu fico brava por você não ter me contado ou se eu fico triste por ter sido quase desastroso. ─ Gina riu alto ainda de costas para a porta.
 

─ Não chegou a ser desastroso. Foi divertido, para falar a verdade, mas não vou negar que eu esperava mais. ─ Hermione sorriu, parando de falar ao ver Harry e Draco com as sobrancelhas arqueadas, tentando entender o que havia acontecido. ─ Ah, oi rapazes.
 

─ Achamos que alguém tinha morrido aqui pelo barulho que vocês fizeram, já que nada é impossível quando se trata de vocês duas.
 

─ Não se preocupe, meu bem. ─ Gina foi até Harry, abraçando-o pela cintura, o sorriso ainda no rosto. ─ Mione só estava me contando da traição dela.
 

─ Hey! ─ a morena reclamou, rindo em seguida.
 

─ Ela descobriu? ─ Malfoy sorriu, revirando os olhos ao finalmente entender sobre o que falavam.
 

─ E tem alguma coisa que ela não descubra?!
 

─ Oi? Será que alguém pode me atualizar? ─ Harry acenou com as mãos, chamando atenção.
 

─ Hermione teve um encontro! E ela não me contou! ─ a ruiva olhou para o esposo, largando-o e ficando de frente para ele em seguida. ─ E você já sabia disso! Harry Potter, eu não acredito.
 

─ Me lembrem de manter a boca fechada na próxima vez. ─ o moreno riu, mudando de assunto rapidamente enquanto o quarteto voltava para a sala, onde ficaram por um bom tempo antes de Gina e James, mesmo que na barriga, começarem a desejar por uma cama macia. Despediram-se com abraços apertados antes dos Potter aparatarem para casa, deixando apenas Draco e Hermione no meio da bagunça dos brinquedos de Rose, que logo voltaram para a caixa no canto da sala, após um breve aceno de varinha vindo da garota.


 Quase que no piloto automático, os dois arrumaram a bagunça que haviam feito, conversando sobre coisas aleatórias enquanto o faziam, e terminando a noite jogados no sofá, Draco com um enorme livro que havia encontrado na estante da amiga e Hermione com as inúmeras pastas do Ministério, repletas de papéis e anotações as quais ela precisava estudar. Sem que percebessem, os dois permaneceram assim, um em cada sofá, focados em suas próprias tarefas enquanto aproveitavam, de certa forma, a companhia um do outro.
 

Vez que outra, Hermione reparava, pelo canto do olho, que Draco fazia suas próprias anotações do livro que mais tarde ela descobriu ser sobre algo relacionado a cicatrizes e como trata-las, sorrindo ao ver que, não muito tempo depois, o loiro havia pego no sono. Com meio sorriso no rosto, Hermione desligou as luzes da casa, deixando apenas sua varinha acesa, retomando a leitura dos vestígios de magia negra deixados por Londres nos últimos meses. Nada daquilo fazia sentido: nenhum dos outros casos nos quais trabalhavam se relacionavam com isso, e em todos os rastros encontrados, citava-se o uso e uma das Maldições Imperdoáveis e feitiços de extremo poder, usados na época da guerra para tortura de nascidos trouxas.
 

Sentia seus olhos pesarem e o sono quase tomar conta de si quando ouviu a respiração de Draco pesar, como se ele estivesse correndo de algo ou alguém enquanto murmurava palavras sem sentido. Fechando as pastas que estudava, a garota foi até o sofá ao lado, parando próxima ao loiro que suava e tremia, o livro que lia antes jogado num canto do sofá onde ele estava. Apenas com a luz da varinha acesa e sem saber o que fazer, Hermione passou a mão pelo rosto de Draco, chamando baixinho seu nome e tentando tirá-lo do pesadelo que vivia, o que só foi possível minutos depois, quando o rapaz sentou-se no sofá ainda tremendo, murmurando algo como “por favor, ela não”.
 

─ Hey.
 

─ Oi. Desculpa, eu te acordei?
 

─ Eu não estava dormindo ainda. ─ a morena sorriu, ainda de frente para Draco, que bagunçava os cabelos loiros agora um tanto molhados. ─ Está tudo bem?
 

─ Sim, eu só... ─ Malfoy suspirou, fechando os olhos ao sentir Hermione abraçando-o.
 

─ Tudo bem.
 

─ Era tão real, eu... Era como se eu estivesse de volta na mansão e... ─ Draco sussurrava, a respiração voltando ao normal lentamente. ─ Ele era tão real.
 

─ Nada disso é real Draco, não mais. ─ a garota olhou nos olhos cinzas do amigo, voltando a abraçá-lo. ─ Sua mãe está bem e está à salvo, isso foi só um pesadelo. Vocês estão bem agora. ─ a morena sorriu mais uma vez ao ver o rapaz assentir, suspirando mais uma vez. Os dois haviam acostumado com os pesadelos que a guerra ainda trazia mesmo depois de todos esses anos, e apesar de desconfortável, acordar no meio da noite para consolar ou simplesmente dar apoio ao outro já era normal para os dois.
 

Hermione sabia que a tortura psicológica e física que Voldemort havia feito com Draco não sairia da cabeça dele tão cedo, assim como as noites na barraca e a fatídica noite na mansão não sairiam da cabeça dela tão cedo, e isso, de certa forma, tornava a convivência dos dois ainda mais fácil, como havia sido no primeiro ano longe de Londres, com o rapaz estudando e cumprindo a pena estipulada pelo ministério e Hermione no estágio que lhe causara tanta dor de cabeça. No fundo, os dois sabiam que havia sido isso que os aproximara, no começo de tudo.
 

─ Eu deveria ir para casa. ─ Malfoy levantou, o livro indo para a pasta com suas coisas após um aceno breve com a varinha. ─ Está tarde e eu sei que seu dia vai ser uma loucura também.
 

─ Você não vai a lugar nenhum, senhor Malfoy. ─ Hermione retrucou, vendo o rapaz revirar os olhos. ─ A não ser para o andar de cima, já que como você mesmo disse, está tarde e nosso dia amanhã será corrido.
 

─ Hermione.
 

─ Draco. ─ os dois se encararam por alguns segundos antes do rapaz dar meio sorriso, suspirando ao acompanhar a garota até o segundo andar, passando brevemente pelo quarto de Rose antes de ir para o quarto de Hermione, usando o banheiro dela para um banho rápido e relaxante, mas que não serviu para tirar o maldito pesadelo de sua mente.
 

Com a toalha enrolada na cintura, o loiro parou em frente ao espelho evitando o próprio reflexo enquanto renegava clarear os pensamentos, vislumbres de Voldemort e os raios vermelhos da maldição Cruciatus ainda fazendo-o voltar para os piores anos de sua vida. Bufando, Draco virou-se para sair do banheiro, parando ao ver Hermione escorada na porta.
 

─ Você precisa parar de se culpar por isso. ─ a garota sussurrou, aproximando-se lentamente e pegando o braço de Draco, passando a mão sobre a marca negra que ele tentava esconder insconscientemente.─ Ela não vai voltar a arder, Draco. E ele está morto, então...
 

─ Estamos bem.
 

─ Estamos bem. ─ Mione repetiu, com um sorriso no rosto. Delicadamente, a garota tocou a ponta da varinha sobre a marca, fazendo com que se tornasse quase invisível. ─ É temporário mas sei que vai te ajudar a dormir, pelo menos essa noite. ─ em silêncio, Draco sorriu para a amiga, abraçando Hermione e dando-lhe um beijo no topo da cabeça, suspirando em seguida. ─ Agora vá se vestir e vamos dormir logo, se essa luz ficar acesa por mais tempo, Rose vai vir brincar e nós dois sabemos que se ela levantar agora, ninguém mais dorme até amanhã.


(...)


 

─ Ou vocês dois admitem logo que estão juntos, ou eu vou fazer Rita Skeeter anunciar isso nos jornais. ─ Gina exclamou, fazendo Draco quase cair da cama e Hermione empunhar a varinha tão rapidamente que deixaria um polo de ouro envergonhado.
─ O que você está fazendo aqui, Ginerva?! ─Hermione respirou fundo, baixando a varinha e tentando controlar os batimentos cardíacos. ─ Ou melhor ainda, como você entrou aqui?
─ Do mesmo jeito que sempre entrei: pela porta da frente. ─ a ruiva deu seu melhor sorriso, dando de ombros em seguida e saindo do quarto, falando mais alto. ─ O café da manhã está na mesa se os pombinhos quiserem me acompanhar.


 Minutos depois, assim que os dois já estavam prontos e Rose devidamente vestida, Hermione e Draco se juntaram a Gina na cozinha, que exalava cheiro de café. Falando sobre amenidades, os quatro tomaram café, fingindo não se importar com a verdadeira razão da Potter estar ali, naquela hora da manhã. Assim que Rose terminou de comer, correu para a sala para brincar com Bichento, que deitou-se de barriga para cima e deixou-se ser acariciado, fazendo os olhares voltarem-se para Gina.
 

─ Então?
 

─ Direto ao ponto? ─ a ruiva brincou, terminando a xícara de café.
 

─ Sim, já que o assunto é tão importante para você invadir a casa de Hermione. ─ Draco riu, olhando para o relógio na parede em seguida. ─E porque eu preciso ir para o trabalho, mas você me deixou curioso.
 

─ Bom. Eu achei a solução para o seu problema com Júlia, Hermione. ─ Gina sorriu, olhando para a amiga com seu melhor olhar Weasley. ─ E eu aposto que vocês vão adorar.
 

─ Vocês? No plural? ─ Granger questionou, vendo o sorriso da amiga aumentar.
 

─ Nós vamos precisar da ajuda de George, e eu sei que você não quer envolver mais ninguém nisso, mas é o único jeito para termos um pouco de sossego até pensarmos em algo definitivo para trazer Fred ao mundo real e dar um pé na bunda daquela modelo.
 

─ Eu estou gostando disso, mas não gosto desse seu sorrisinho. ─ Draco comentou, cruzando os braços e recostando-se na cadeira.
 

─ Não é nada demais. A única coisa que vocês precisam fazer é ser um casal na frente de todos n’ A Toca.
 

─ Eu não... eu não entendi como isso vai ajudar com Júlia. ─ Hermione comentou, após alguns instantes de silêncio.
 

─ Isso eu posso te explicar com mais detalhes depois, mas é importante que vocês façam isso logo. Tipo amanhã.
 

─ Gina.
 

─ Porque Júlia está voltando de Nova Iorque essa semana, e eles marcam o casamento para daqui quinze dias. ─ Gina fez uma pausa, respirando fundo antes de largar a informação principal: ─ Depois disso eles se mudam pra Nova Iorque, e pelo o que eu entendi, se o processo de guarda der certo, eles levam a Rose junto.


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