Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 31
Qual é o seu problema?!




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Fred acordara com o sol entrando o quarto bagunçado fazia meia hora e ainda não havia criado coragem para levantar. Encarava o teto branco numa tentativa inútil de clarear a mente e tentar entender tudo o que havia acontecido nos últimos meses, que para ele, não passavam de uma loucura total. Desde o noivado com Júlia e a volta de Hermione, a descoberta sobre Rose e aceitar e relacionar tudo aquilo, além de ter que se acostumar com uma nova realidade. Suspirou, tentando parar de pensar e levantou-se, tropeçando nas próprias roupas ao caminhar até o banheiro. Recolheu as peças, tanto as duas quanto as da noiva, e jogou-as na cômoda, sem paciência para dobrar ou arrumar nada, e tentou não fazer muito barulho ao pegar suas coisas e ir para o banheiro do corredor, onde faria menos barulho para a noiva, que ainda dormia enrolada nos cobertores.  

Não demorou muito embaixo d’água e logo já estava vestido, encarando seu reflexo no espelho enquanto tentava arrumar os cabelos ruivos que mais pareciam um ninho de pássaros. Pegou a varinha quando voltou para o quarto e apenas depositou um beijo na testa de Júlia que dormia tranquilamente, os cabelos perfeitamente alisados se espalhando por todo o travesseiro, antes de ir para a cozinho tomar café. Recebeu o Profeta Diário logo que pegou a xícara e a primeira coisa que viu ao desenrolar o jornal foi a foto do comensal foragido, que estava causando uma enorme dor de cabeça no Ministério e em todo o mundo bruxo, mas não se demorou muito na manchete, deixando o papel na bancada e aparatando para a loja em seguida. Era cedo, mas precisava organizar alguns papéis que haviam ficado da noite anterior e ele sabia que o gêmeo reclamaria se tivesse que fazê-lo. Aproveitou, então, o momento sozinho e deixou o trabalho fluir, terminando ao mesmo tempo que Jorge saía da lareira, limpando as cinzas do casaco marrom. Cumprimentou o irmão e logo desceram, abrindo a Gemialidades Weasley para o público, que não demorou para enchê-la. Trabalharam até o meio dia, quase sem ver o tempo passar e Fred resolveu almoçar em casa, aproveitando o pouco tempo que tinha com Júlia enquanto Jorge iria para a Toca, almoçar com a mãe e a sobrinha.

Assim que o ruivo chegou, foi até a sala, onde encontrou Júlia jogada no sofá, os cabelos escuros presos em um rabo, a maquiagem feita sem erro algum, uma revista na mão esquerda e um copo com um suco estranho na direita. Sorriu sem olhá-lo quando respondeu o cumprimento de Fred, que desistiu de beijá-la depois de alguns segundos parado no lugar. Suspirou sorrindo e foi para a cozinha, procurando qualquer coisa na geladeira, quase vazia graças aos últimos dias em que passava os dias dividido entre a loja e a filha e as noites que passava com a morena, que havia chegado de viagem há poucos dias. Comeu em silêncio, já sabia que não conseguiria muita conversa até que a noiva terminasse a revista, que só aconteceu quando o ruivo já lavava a louça que havia sujado. Sentiu os braços de Júlia abraçarem sua cintura e sorriu, tentando aproveitar cada momento do que lembrava ser a vida antes de toda essa loucura.

Conversaram um pouco sobre a manhã até o Weasley lembrar os comentários da irmã, pedindo pela milésima vez para que falasse com a noiva.

―Gina pediu para marcar uma tarde para que vocês pudessem organizar os detalhes que faltam para o casamento. Pelo que entendi, temos que mandar os convites essa semana e não temos a lista pronta, e alguns detalhes sobre decoração e vestidos que não fiz questão de saber. ―Fred sorriu, beijando Júlia que parecia lembrar-se naquele momento que iria casar em dois meses. Despediu-se do ruivo com um beijo rápido e correu para o quarto, mandando algumas corujas e um patrono para a cunhada, perguntando se ela estava livre naquela tarde. Já havia ignorado aquilo por tempo demais, e se contentou a suspirar quando recebeu a confirmação da ruiva.

Teriam uma longa tarde e, provavelmente, muitas discussões e apenas revirou os olhos e foi até o roupeiro, procurando que vestir.

 

 

―O que acha de rosa? Ou vinho? Se bem que eu adoro lilás, acho que você ficaria linda nessa cor. Que tal? ― Gina sugeria a vigésima cor para a amiga, que ainda olhava para o desenho do vestido, tentando entender todos os detalhes da peça. A ruiva vinha de um encontro com Júlia, onde haviam tentado decidir alguns detalhes importantes na decoração do casamento, e quase não haviam conseguido: discordavam em quase tudo. Perdendo a paciência com os guardanapos e arranjos depois de duas horas, pularam para os vestidos das madrinhas, que quase causou a terceira guerra bruxa. Discutiram por uma hora e meia até optarem por dois modelos, cada um escolhido por uma delas, e se despedirem aliviadas por não terem que continuar, pelo menos naquele momento.

Logo que a morena deu as costas, Gina aparatou no St. Mungus para ver Hermione, que embora acordada, ainda estava internada; os hematomas eram mais sérios que imaginavam, além de alguns ossos quebrados que não curariam apenas com uma poção. Sabia que a morena precisava se distrair e não hesitou em levar os desenhos para a amiga e madrinha ver, embora ela ainda não soubesse do “cargo” que receberia.

E realmente, embora as duas fizessem qualquer outra coisa a escolher o que precisavam, Hermione havia conseguido se distrair e sair do tédio que o hospital a deixava. Estava ali há tempo demais, e embora dissesse se sentir bem, ainda não havia visto a filha, com quem se preocupava mesmo sabendo que estava sendo muito bem cuidada pela família, que sempre aparecia para visitá-la, e ela não conseguia parar de agradecer a Mérlin por isso.

Aproveitou o fim de tarde com a melhor amiga e tentou não se culpar por ter que estar em um hospital para fazê-lo. Ainda não sabia o que havia acontecido para estar ali há tantos dias, afinal só lembrava de uma pancada na cabeça durante a curta batalha, mas os médicos e os amigos insistiam que era mais grave, e não tinha escolha a não ser ficar ali. Falavam sobre besteiras quando Draco entrou no quarto, uma prancheta na mão e o jaleco branco um tanto amassado.

―Como está se sentindo, senhorita Granger? ―ele sorriu, anotando alguma coisa enquanto media a pulsação da amiga.

―Muito bem, doutor Malfoy. Obrigada.― ela sorriu, continuando a brincadeira. Deixou o loiro terminar os procedimentos de sempre e tomou a poção com gosto horrível antes de voltar a se apoiar nos travesseiros e perguntar: ― Quando vou poder ir para casa?

―Assim que estiver melhor. ― ele sorriu de lado, piscando para a morena antes de sair, fechando a porta. Hermione bufou antes de olhar para a ruiva, que encarava a cena um tanto curiosa.

―Então ―começou, apoiando as costas na poltrona ao lado da cama da morena. ― Desde quando está rolando?

―Rolando o quê? ―Hermione virou-se para Gina, que agora sorria, um tanto maliciosa. Temeu pelo que estava por vir e ainda mais por aquele sorriso, mas agora não tinha mais volta. Era de Gina Weasley que estava falando.

―Você e o Malfoy. Há quanto tempo estão saindo?

―Não estamos, Gina. ― respondeu, sorrindo constrangida em seguida. ―Nunca saímos juntos desse jeito.

―Você só pode estar brincando comigo, Mione. Você nunca transou com ele? ― a ruiva quase gritou, chocada quando a amiga negou com a cabeça, segurando uma risada. ― O quê?

―Nunca ao menos nos beijamos. ― Hermione não pôde deixar de rir da reação da amiga, que parecia alarmada com a situação.

―Você está me dizendo que teve esse homem a sua disposição durante três anos e que vocês não passaram uma noite juntos? Hermione Granger, qual é seu problema?

―Não exagere, ruiva. Não sei onde quer chegar com isso, mas nunca pareceu um problema.

―Você, decididamente está internada na ala errada desse hospital, Hermione. Sério. ― a ruiva agora ria junto da amiga, embora ainda estivesse surpresa. Os dois pareciam ter uma conexão maior que apenas amizade e estava doida para descobrir o que existia por trás dos olhares dos dois. Óbvio que ainda preferia Hermione com seu irmão, mas se Fred havia seguido em frente, apoiaria a amiga para fazer o mesmo, e achava que o loiro era uma boa opção, já que qualquer um que não os conhecesse bem acharia que eram um casal.

Suspirou antes de continuar: ― Como conseguiu ficar todo esse tempo sem tirar, pelo menos, uma lasquinha?! Ele pode ser o que for, mas não podemos negar que o Malfoy é de tirar o fôlego de qualquer uma!

―Não sei se passou pela sua cabeça que por esse mesmo motivo, ele não fica sozinho por muito tempo, Gina. ―a morena ria toda vez que a amiga mudava a expressão, parecendo perceber a situação apenas quando dita. ― E não é como se ele tivesse tentado algo.

Arrependeu-se por ter dito quando viu o sorriso Weasley voltar para o rosto da ruiva, sabendo que aquilo não terminaria tão cedo.

―Então quer dizer que se ele tentasse, você aproveitaria?

―Eu não disse isso. ― respondeu rápido demais, sentindo o rosto esquentar mais do que deveria. ― Eu só…

―Tudo bem, Mione. Não culpo você, e sabemos que se fosse eu no seu lugar, eu já teria aproveitado. ― a ruiva piscou, arrancando uma gargalhada de ambas em seguida.

Aproveitaram por mais um tempo aquela alegria toda antes de Gina se despedir, explicando que ainda precisava arrumar muitas coisas o dia seguinte, além de aproveitar a noite com a sobrinha. Despediu-se da amiga prometendo levar o carinho e o recado de Hermione para a filha e não se controlou ao lançar um olhar significativo ao sair e encontrar Draco na porta do quarto dela, chegando para aplicar os medicamentos e poções. Revirou os olhos e acenou para ela, que logo sumira nos corredores.

Respondeu às perguntas costumeiras de Draco e não pôde deixar de corar ao se pegar observando com atenção o rosto do amigo. Revirou os olhos e culpou a Weasley mais nova por isso, um pequeno sorriso brotando nos lábios. Tomou a última poção que precisava e, embora ainda fosse cedo da noite, sentiu os olhos pesarem. Deitou-se na cama um tanto desconfortável e fechou os olhos, dormindo pouco tempo depois.


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