Como Se Ainda Fosse Real escrita por Anna


Capítulo 21
Não precisa se preocupar.




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―Não é assim, tio Fred! Você tem que fazer carinho nela, até ela dormir. ― Rose foi até onde o ruivo estava sentado, ajeitando a coruja no sofá e acariciando sua cabeça, cobrindo a pelúcia em seguida. ― Assim, entendeu?

―Agora sim, princesa. ― Fred sorriu, reprimindo um bocejo e assumindo o lugar de Rose nas caricias na coruja de pelúcia, que voltava para o tapete para cuidar dos outros brinquedos.

― Meu amor ― disse Hermione, chamando a atenção dos dois ruivos na sala. ― Não acha que está na hora de descansar um pouquinho? Fazem horas que vocês estão brincando, e Fred ainda nem foi para casa. Não vão poder brincar muito mais se estiverem cansados.

― Mas eu não quero que o tio Fred vá embora, mamãe. ― Rose disse, fazendo ‘’bico’’ para a mãe. ― Ele pode dormir aqui, não pode?

― Eu adoraria, Ro, mas sua mãe está certa.  ― Fred disse, antes que Hermione tivesse tempo de responder. ― Você precisa descansar para poder cuidar da Mack e da Nina. Ninguém sabe fazer isso como você. Nós ainda vamos passar muito tempo juntos, não vou fugir de você, princesa. ― Fred disse para Rose, que embora contrariada, concordou.

A pequena ruiva pegou as duas corujas no colo, e foi em direção das escadas, subindo sozinha para o quarto sem se despedir. Quando Fred abriu a boca para protestar, Hermione sorriu e disse, espiando a garota que já terminava de subir:

― Ela quer que você vá se despedir. Colocá-la na cama e desejar bons sonhos, esse tipo de coisa. ― a morena reconheceu a artimanha da filha assim que ela deu as costas para os dois, assim como fazia com Draco no começo. Não se surpreendeu quando viu Rose repetir o ato porque sabia que a filha queria ter certeza que o tio Fred gostava dela de verdade.

― Mas eu não... Não sei se sei fazer isso, Hermione. ― o ruivo disse, preocupado.

― Não é tão difícil assim, Fred. ― a morena respondeu, sorrindo ainda mais. ― É só fazer o que ela acabou de fazer com a Mack.

...

― Eu disse que não era tão horrível assim.

― Talvez para você, Hermione. Mas ainda parece que ela vai me odiar se eu fizer algo errado.

― Rose gosta de você, Fred. Não precisa se preocupar com isso, e você sabe.

―É exatamente por isso que eu me preocupo, Hermione. E se eu fizer alguma besteira que a faça me odiar? E se...

― Fred. ― Hermione interrompeu, não contendo um sorriso. ― Rose ainda é uma criança, e ela não vai te odiar. Ela gosta de você, e bastante pelo que eu notei. Ela não costuma ser tão tranquila e amigável com pessoas que acabou de conhecer. Não tem porque você se preocupar.  

Os dois sorriram e Fred foi até o sofá, vestindo o casaco e pegando o resto de suas coisas, se preparando para sair. O ex-casal se despediu de maneira tímida, e Hermione esperou o ruivo desaparecer antes de fechar a porta. Suspirou e tentou fazer sua mente entender que, a partir desse momento, as coisas seriam assim. Com um aceno de varinha, colocou todas as coisas de Rose em uma caixinha cor-de-rosa, ao lado da lareira, e se jogou no sofá, pensando em um ruivo que, a quilômetros de distância, fazia o mesmo.

Sem perceber, Fred havia ido parar n’ A Toca, ao invés de voltar para casa. Talvez fosse o costume, já que passava mais tempo ali do que na própria casa, ainda mais quando Júlia estava viajando para mais uma de suas temporadas de desfiles. Esse era um fato que não agradava muito ao ruivo, já que sua noiva passava mais tempo fora do país do que com ele, e com toda essa história de casamento chegando ― e agora o fato de Fred ter uma filha ― os dois mal se viam, o que não ajudava muito na relação.

Se antes de toda essa loucura, os dois já brigavam, agora era quase como respirar. Júlia adorava cobrar atenção de Fred, mas não permitia ser cobrada, e a partir dessa linha, as brigas começavam, por mais que o rapaz tentasse se controlar e manter a boca fechada. Concordava com Jorge que, muitas vezes, isso era bastante estressante mas convencia a si mesmo de que valia a pena, afinal gostava da garota.

Sem chamar atenção de ninguém, ele subiu até o quarto que costumava dividir com o irmão e se jogou na cama, enfiando o rosto no travesseiro por alguns minutos. Por mais que tentasse, Fred não conseguia parar de pensar em Hermione. Em como os dois agiam com o outro, como se fossem estranhos, e de como era estranho estar sozinho com ela agora, coisa que antes era tão fácil e natural quanto respirar.

Ele não a culpava por parecer tão controlada toda vez que conversavam, levando em conta tudo o que estava acontecendo, tanto com os dois quanto com Rose. Os dois ainda não haviam conversado sobre o que aconteceu com a pequena depois que saíram do hospital, e mesmo que tivessem tempo para isso, Fred queria esclarecer as coisas o mais cedo possível, e pedir desculpas pelo acontecido, mesmo com Hermione insistindo que não era sua culpa. Ele sabia que, de certa forma, era. Não somente por não ter perguntado quando chegou para buscar Rose, mas também por quatro anos atrás, quando tudo isso começou, por medo dele. Medo de que acontecesse exatamente o que aconteceu. Medo de perder Hermione.

Fred bufou e sentou-se na cama ao mesmo tempo que uma Molly, carregada de uma pilha de lençóis limpos, entrava no quarto.

― Oh, Fred. O que faz aqui? ― ela perguntou, guardando os lençóis em uma cômoda qualquer. ― Achei que estivesse com Rose e Hermione.

― Eu estava, mas Rose precisava descansar e ― a frase do ruivo foi interrompida por um bocejo, que deu a Molly um sorriso.

― E aparentemente, você também. ―ela foi até o filho, acariciando seus cabelos e depositando um beijo em sua testa. Ela sentia falta dos seus ‘’bebês’’ em casa. ― Durma um pouco, querido. Eu lhe acordo para o jantar.

Fred concordou sem objeções e se jogou na cama, respirando fundo, mas não sem antes perguntar:

― Como sabe que eu sou o Fred e não o Jorge?

― Ah, querido. Acho que, depois de todos esses anos, estava na hora de aprender, não? ― os dois riram e a Sra. Weasley saiu do quarto, deixando sozinho o rapaz que não demorou muito para adormecer, e sonhar com um par de olhos castanhos.


Assim que terminaram de jantar, Fred se despediu dos pais, da irmã e de Harry, com quem marcou um encontro para conversarem sobre o casamento, e foi para casa, aparatando direto no quarto. Trocou o casaco pesado e a calça jeans por roupas mais confortáveis e desceu até a cozinha com o intuito de preparar um café forte.

Se surpreendeu ao encontrar a noiva sentada na bancada da cozinha, um copo de um liquido verde em uma das mãos e uma revista de moda em outra. Levou alguns segundos até o ruivo se recuperar e colocar um sorriso no rosto, se aproximando da garota.

― Júlia, quando voltou? ― ele caminhou até ela, os braços abertos, mas parou quando viu a expressão séria em seu rosto. ― O que houve?

― O que houve? O que houve? O que houve é que faz horas que eu estou te esperando, Fred. Onde esteve esse tempo todo?

― Eu.. O quê?

― Isso mesmo. Eu decidi voltar mais cedo para te fazer uma surpresa, já que amanhã é nosso aniversário de namoro, e como você me agradece? Me fazendo esperar por horas, Fred. Horas. Você sabe como é difícil para mim arrumar tempo para esse tipo de coisa, e quando eu consigo, olha o que você faz.

― Eu não...

― Não mesmo, Fred. Não mesmo. ― a garota largou o copo na bancada com força o suficiente para quebra-lo, fechou a revista com força e saiu em direção as escadas, em passos firmes. ― Eu vou dormir, porque amanhã meu dia será longo. Tenha uma boa noite, Fred.

A morena passou pelo rapaz sem olhar duas vezes, deixando na cozinha um Fred confuso com o que acabara de acontecer.


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