Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 49
Capítulo 20 - Rastros de Destruição


Notas iniciais do capítulo

Agora começa a parte II do livro, tem mais ação, com capítulos curtos e estamos quase chegando ao final do livro



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Rastros de Destruição...

 

 As lareiras das casas às margens da lagoa se encontravam em grande parte  acesas àquela hora da madrugada. O frio característico da região não cedera em nada. Os cães não ousavam sair de suas casas aquecidas. A aldeia se encontrava em total silêncio, a maioria dos moradores dormia. Ínfimo foi o número de olhos que viram um objeto cruzar os céus naquela noite.  As águas cristalinas da lagoa estavam agitadas, a superfície se revolvia quando os sopros de ventos a incomodavam.

O impacto que ocorreu movimentou ainda mais as águas, formando ondas que invadiram a terra. Muitos barcos parados às margens foram atirados por terra,  tombando de ponta cabeça. Os cães começaram a latir acintosamente. Aos poucos as pessoas acordavam para verificar o fato anormal que ocorrera.

krisna foi uma delas,   morava no final da aldeia, distante da lagoa. A garota dormia tranqüila ao lado de seu cachorro, quando o acontecido a assustou, roubando-lhe o sono. Levantou-se com o rosto um pouco inchado e com marcas das cobertas.  Caminhou até a janela para verificar o porquê de toda aquela agitação. Viu várias pessoas que se movimentavam desesperadas, outras formavam um aglomerado na praça central. Seu cachorro se escondera assustado embaixo da cama, ela fazia um tremendo esforço para alcançá-lo.

-Errn venha cá garoto.

O primeiro contato se deu com os  habitantes que  moravam rente a lagoa. Observavam espantados e curiosos os pequenos pontos negros surgirem de dentro das águas, aos poucos estes iam se dirigindo para as margens, quanto mais rasa a lagoa ficava mais  os pontos ganhavam forma.

Rostos deformados emergiam de dentro das águas geladas, corpos mutilados que traziam consigo armas com um estranho brilho negro em suas lâminas. Os moradores só entenderam o que estava acontecendo quando era tarde demais.

As criaturas sedentas pelo caos avançaram sobre eles ceifando-lhes as vidas sem piedade, queimavam as casas, destruíam tudo o que encontravam pela frente. Não havia escapatória, a morte esperava os habitantes do local enquanto o fogo ardia causando um rastro de destruição.

            O pai de krisna  estava na sala em pé, com um arco nas costas, uma lança nas mãos e seu chicote na cintura, ele era um excelente caçador. E graças à caça que realizavam regularmente krisna também aprendeu a arte de atirar com o arco e flecha. Os homens da aldeia praticavam a pesca usando lanças nos rios rasos e com eles aprendeu a manejar lanças e bastões não só para pesca, mas para defesa pessoal também. Era jovem, mas sabia se cuidar. Tornou-se uma excelente caçadora.   Movimentava-se com muita agilidade pela mata em busca de presas que serviam de alimentos para família. Os moradores diziam que era melhor do que muitos caçadores experientes da aldeia.

Juni era uma mulher ruiva,  corpulenta e de personalidade forte. Ela ajudava a cuidar da casa. Normalmente ficava com a menina quando o pai de krisna saía em suas longas temporadas de caça e não podia levá-la. Apesar de que, nas últimas vezes que tinha se ausentado levou a filha em sua companhia.

Quando ele entrou no aposento a porta ficou aberta atrás de si. Pela fresta a visão dos homens correndo assustados continuava. Eles empunhavam arcos, lanças ou mesmo facas  e seguiam em direção a lagoa, enquanto mulheres e crianças partiam aflitas na direção oposta. Juni fechou o objeto de madeira com uma batida seca.

-Dizem que casas a beira da lagoa ardem em chamas, homens-demônios estão invadindo a aldeia, destruindo tudo, matando sem piedade, nem os animais são poupados.

krisna aparecera novamente, mas desta vez trazia a lança que o pai lhe fizera em uma das caçadas.

-Juni cuide de krisna, irei ajudar nossos irmãos.

-Irei junto.  Proclamou a menina obstinada.

-Não! Não irá.

O pai ajoelhou-se à frente da garota, ela era seu orgulho e se tornara uma garota muito linda. Tinha  cabelos loiros, um pouco abaixo das orelhas, entretanto eram  os olhos verdes claros o que mais chamava a atenção em sua aparência. Na aldeia não havia um  garoto que não desejasse tê-la ao seu lado, mesmo que fosse para uma simples conversa. Sua  pele clara e seu corpo muito bem torneado pelas constantes atividades de caça, faziam-nos muitas vezes lutarem entre si para saber quem poderia acompanhá-la. Ela é claro se divertia com a situação, mas não possuía ninguém em especial, aliás nem pensava nisso.

-Imagine, se acontecer alguma coisa com você eu jamais me perdoaria.  Continuou o Pai.

-A situação está feia meu senhor.  Disse Juni. -A maioria dos moradores estão mortos,  os que estão indo ajudar não conseguiram detê-los por muito tempo. Todos estão sucumbindo, devemos partir.

Disse as últimas palavras mesmo sabendo que não seria atendida nisso.

Pela primeira vez o medo se apossou de krisna. O medo de perder alguém querido.

-Não vá pai! Por favor.

-Tenho que ir minha filha.

Ele bem que gostaria de ficar, mas seus ancestrais tinham sido antes de tudo guerreiros. Ele trazia esta herança consigo, combateria  com honra pelas coisas que construíra e que acreditava,  porém o mais importante, lutaria pelas pessoas que amava, olhou para a filha mais uma vez, não podia fugir.

-Me prometa uma coisa.

-O quê?  Disse a menina chorando.

-Se o pior acontecer, prometa que você vai sobreviver.

 Ela assentiu chorando.

-Essa é minha menina.

Beijou-lhe o rosto  Antes de sair pediu a Juni.

-Proteja-a.

Partiu sem olhar para trás, uma lágrima escondida escorreu pela sua face.

A ultima imagem que krisna teve do pai, foi vê-lo de costas, correndo em direção a lagoa. A garota deu um abraço apertado em Juni.

O fogo  invadia toda aldeia, os reforços que chegaram a beira da lagoa não fizeram frente as criaturas e foram arrasados em pouco tempo.

krisna via pela janela os seres deformados invadirem as casas, arrastavam quem estivesse dentro e tiravam-lhes as vidas sem perdão.  Seu avanço era rápido e arrasador, o rastro do terror era deixado pelo caminho que percorriam.

Dirigiam-se para o final da aldeia onde a casa de krisna se localizava. Juni bloqueara a porta da frente com muitos dos moveis e pertences da casa, porém aquilo não seguraria as criaturas sedentas pelo caos  por muito tempo. O fogo começou a arder no teto composto de palha e madeira.

Juni pegou krisna.

-Temos que sair daqui, em breve tudo isso  vai desabar. Não quero estar nesta sala quando isso  acontecer. Rápido! Vamos pelos fundos.

Ela balançou a cabeça compreendendo a situação, pegou Errn nos braços.

-A esta altura os fundos devem estar cheios de criaturas, vamos combinar uma coisa. Eu vou distraí-los enquanto você foge com Errn.

-Não. Respondeu krisna. -Eu vou lutar.

-Não seja tola. Não temos tempo para discutir. Eu irei logo depois, estarei atrás de você. Entendeu?

Colocou a menina ao lado, respirou fundo preparando-se para o combate, Juni derrubou a porta em chamas com um chute forte. Saiu com um arco. Derrubou os três primeiros inimigos que avistou.

-Agora! Corra o máximo que puder, afaste-se daqui.  Gritou para krisna.

A garota correu, um ser deformado ameaçou ir atrás dela, mas foi derrubado pela última flecha de Juni. Ela jogou o arco ao chão tirou duas foices presas as costas para se defender.

 

 krisna observou Juni derrubar vários oponentes, a mulher lutava melhor que muitos homens, porém um machado acertara-lhe o braço. Manchas negras corriam do machado para o corpo da mulher. A essência dela escorria pelo braço. Logo seu membro ficou inutilizado. Ainda sim, ela se mantinha em pé com apenas uma das mãos, continuava a derrubar os inimigos que lhe cruzassem a frente. Mas  eram muitos,  não demorou para ela ceder e cair perante os vermes famintos pelo caos. Assim como a aldeia toda, veio a tombar perante a força deles. As chamas no céu fora tudo que restara do que um dia fora o lar de krisna.

 

 


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