Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 22
Capítulo 10 - A Lua de Sangue, Segunda Noite. PII




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A iluminação da lua avermelhada que passava pelas formas desenhadas na parede quebrava um pouco da escuridão, mas mesmo assim ainda era difícil  se orientar.

-Temos que chegar na ala onde ficam as garotas e encontrar Cassi rápido.

–Arão acredite em mim. Se fosse em outras circunstâncias eu ficaria muito feliz de ir ala feminina. Quem sabe Cassi já não voltou para o quarto dela.

-Não podemos arriscar.

Após muito caminharem, chegaram a um pequeno pátio com duas estátuas. Um homem com um livro  dourado estava de costas para Arão e Bal. A outra, uma mulher  com uma arpha prateada as mãos estava de frente para eles. Ela guardava a entrada de um outro compartimento do Santuário. Espalhas pelo local haviam torres com cavaleiros dentro que faziam a vigília noturna.

-Se fizermos sinal para eles, podemos  avisar o que está acontecendo. Sugeriu Bal.

-Primeiro seríamos repreendidos por estarmos fora de nossos quartos. Segundo, quem acreditaria em nós? Apesar do que aconteceu com Nesália, ninguém parece ter tomado conhecimento. E terceiro, somos celestinos lembra-se? Não gozamos da simpatia de todos... Acho que devemos ir por ali. Com um pouco de sorte  chegaremos à ala feminina. Bal precisamos estar atentos. Bal... Bal...

-Desculpe, mas achei ter visto duas pequenas luzes entre aquelas folhagens. 

Apontou para uma moita no canto do pátio.

-Mas elas sumiram... Será que estou tendo alucinações?

Arão olhou desconfiado para a moita.

-Não temos como checar isso agora. Precisamos atravessar logo para o outro lado.  Cuidado para não ser visto.

Passaram com todo o cuidado para  a outra ala, cristais presos às paredes iluminavam o corredor. O teto era todo coberto por vitrais e águas escorriam pelas paredes como se fossem veias. Avançaram em silêncio, Arão puxava Bal pelo braço enquanto passavam por várias portas fechadas.

 

 

 

Cassi tinha andado sem rumo pelos corredores. Seu rosto estava úmido pelas lágrimas. Não queria ver ninguém, estava com ódio de tudo e de todos. Ainda bem que saíra do quarto, não sabia o que poderia fazer se continuasse lá.

Como foi duro ouvir as palavras da boca de Kitrina. O povo da Cidade Superior também achava que sua irmã tinha planejado contra o grande Osíris e ainda matado Jacó e Einar. No fundo ela não queria acreditar...  Encostou-se na parede, deixou-se deslizar até o chão e começou a chorar.

O tempo passara rápido e quando conseguiu parar de soluçar, Cassi ouviu um barulho vindo não muito distante de onde se encontrava. Pareciam passos que se aproximavam, levantou a cabeça, ergueu-se assustada e procurou um lugar para se esconder.  Os passos se aproximavam.

Viu três vultos passando por ela, cada um carregando uma jovem. De imediato reconheceu os três seres, eram os mesmos  da taberna, quando ela e Arão conheceram Bal.  Eles traziam consigo três candidatas a deusas.

Seguiu-os pelo corredor, pararam em uma câmara com oito entradas em forma de arco. O centro do local era iluminado através de um vitral enorme que tinha o formato de uma cruz.

-Pronto, vamos deixá-las nesta câmara, faltam buscar as outras duas para finalizarmos nosso trabalho. Disse um deles espalhando saliva pela boca antes de saírem silenciosos pelo corredor.

Ficou claro para Cassi que eles não tinham boas intenções para com elas. Aproximou-se das garotas reconhecendo Damira de imediato.  Tentou acordá-la com um leve tapa no rosto, mas ela não esboçou reação alguma. Decidiu arrastá-las e escondê-las de seus raptores. Puxou primeiro Damira para o lado. Quando conseguiu levá-la para trás de um pilar, os seres já haviam voltado com o restante das garotas. Colocaram-nas ao chão ao lado das outras.

-Eu podia jurar que trouxemos três garotas quando viemos a primeira vez. Grunhiu o Molf.

-É claro que trouxemos seu imbecil, mas uma delas sumiu. Será que acordou?  Perguntou o Tulgor.

-Impossível!

Gotas de saliva explodiram dos lábios de Sender.

-Ou será que...

Sender empunhou os dois punhais da cintura, os outros dois os acompanharam, Tulgor pegou sua foice enquanto Molf carregou seu machado.

Cassi ficou paralisada tamanho o medo que sentia, ela pode notar nas armas entalhes negros que brilhavam.  Eram inimigos...  Estavam vasculhando a câmara. Ela torcia para que eles não a achassem.

Damira que estava deitada inconsciente começou a se mexer, saindo do sono que se encontrava. Cassi foi rápida ao levar  sua mão a boca da garota, mas não impediu-a de tossir uma vez. A candidata a Deusa se assustou quando viu Cassi fazendo sinal para ficarem em silêncio. A câmara estava quieta. Cassi não ouvia mais vozes. Olhou com cuidado através do pilar, não viu  nenhum dos seres. Por um momento ficou tranqüila e relaxou um pouco.

 “Será que foram embora ou foram procurar em outra câmara?”

Quando tirou a mão da boca de Damira para lhe falar, esta ficou com uma expressão de horror no rosto e soltou um grito.

-Mas o que você está fazendo? Estou do seu lado, se não ficar quieta estaremos perdidas.

Damira apontou para trás do ombro de Cassi. Ela entendeu o que assustava  a jovem candidata. Um dos seres estava atrás dela, com uma expressão maquiavélica na face,  empunhava um punhal  e desferiu-lhe um golpe certeiro...

 

 

 

-Arão, você sabe pra onde estamos indo?

-Não, mas senão me engano os aposentos das candidatas a deusas e das candidatas a guardiãs são separados. Esses devem ser os quartos das deusas.

-Quer dizer que provavelmente ainda estamos longe de onde Cassi deve estar. Tem idéia de como poderemos encontrá-la?  Perguntou Bal.

Um grito veio do fundo do corredor.

-Ai esta sua resposta. Vamos... 

Disse apontando para a direção de onde viera o som. Ambos correram  até que Arão subitamente parou.

-O que foi? Por que você parou?

A sensação da noite anterior voltou.

-Bal, não estamos sozinhos, alguma coisa está no final do corredor.

-O quê? Como assim? Não consigo ver nada lá.

Um grito estridente veio percorrendo a estreita galeria, quebrando todos os cristais da parede, até chegar aos ouvidos de Bal e Arão. Quando tudo ficou escuro e quieto, duas pequenas luzes se acenderam.

-Corra Bal! Corra! Gritou  Arão pegando-o pelo braço.

-Não precisa nem mandar.

Suspirou Bal assustado acompanhando o amigo.

 

 

 

Cassi só teve tempo para abaixar a cabeça. O punhal acertou o pilar em cheio, soltando algumas faíscas. Ela deu um chute no rosto do ser  tombando-o para trás. Levantou Damira e as duas partiram por uma das saídas.

-O que aconteceu?

Molf arqueou-se ao lado de Sender.

-A maldita me acertou com um chute. Explicou jogando saliva no rosto de Molf.

-Não achei que ia ser tão difícil...  São apenas garotas... Disse Tulgor.

-Tulgor fique  e vigie as outras. Você!  Ordenou. – Molf!  venha comigo vamos acabar com as duas.

 Cassi segurava Damira, temia olhar para trás, seus perseguidores poderiam aparecer a qualquer momento.   A candidata a Deusa estava exausta. Cassi parou por um momento, tinha uma pequena dianteira em relação a seus inimigos.

-Não vou conseguir correr mais, estou muito fraca, vá e salve-se.

A voz de  Damira saía com muita dificuldade, como se a cada palavra ela precisasse ir buscar ar para conseguir falar.

-Não seja tola, é claro que você vai conseguir. Vamos, nós precisamos...

-Eu agradeço por tudo, mas não tenho mais forças.

Cassi observava as feições da garota, parecia  impossível continuar se ela não descansasse. Havia a possibilidade de carregá-la, entretanto seriam alcançadas logo.

-Vá rápido. Pediu Damira colocando as mãos no joelho e abaixando a cabeça para ver se melhorava um pouco.

-Ouça o que vou fazer. 

Cassi a pegou pelos ombros e levantou-a.

-Irei por aquele lado fazendo  barulho. Eles me seguirão e como está escuro não conseguirão ver que estou sozinha. Você espera e assim que eles passarem foge para o outro lado.

-Não!

-Você não está em condições de discutir. 

Cassi partiu. Damira ficou imóvel  na parede ao lado de um pilar,  viu dois vultos passarem por ela.

-Vamos! Elas foram  por ali. Berrou Sender.

Damira saiu cambaleando para outro lado, usando a parede como apoio, sumiu na escuridão esperando encontrar algum rosto conhecido pelos corredores...

 

 

 

Arão e Bal corriam desesperados com seu perseguidor em seus encalços. Dobraram um corredor onde havia uma estátua. O perseguidor não conseguiu fazer a curva e acabou chocando-se  contra a estátua, gerando assim uma grande explosão. Bal e Arão pararam.

-Caramba que batida, será que ele se foi.  Perguntou Bal a Arão.  - Ou seja lá o que for.

-Não sei. 

Arão aproximou-se com cuidado dos destroços da estátua.

-Bem feito pra esta coisa. Quem mandou mexer com a gente. Hei! Até que formamos uma bela dupla. Você não era páreo para gente sua coisa insignificante.

Disse Bal chutando umas pedras pequenas no chão.

Os destroços começaram a se mover, as luzes saltaram atirando pedaços de pedra para todo lado.

-Vamos Bal! Ainda está vivo.

-Eu estava brincando quando lhe chamei de coisa insignificante.

Os dois partiram em disparada novamente. Pelos vidros da galeria conseguiram avistar luzes vindo de outras partes do Santuário, provavelmente mais gente tinha ouvido o barulho. Continuaram seguindo pelos túneis se esforçando para escapar. Arão olhou para trás as luzes haviam sumido.

"Será que foi embora quando viu o movimento do outro lado?" Pensou consigo mesmo.

Arão e Bal pararam um pouco para se certificarem de que não estavam mais sendo  seguidos.

-Parece que ele desistiu.  Comentou  Bal com alívio. -Acho que fomos rápido demais para ele.

-Não sei não.

Um som veio da direção para onde eles estavam se dirigindo.

-O que poderá ser isso Arão?

Os dois retesaram seus corpos esperando... Passos lentos e pesados vinham em suas direção.

-Fique firme Bal.

-Firme? Estou com as pernas bambas... Como aquela coisa passou por nós? Estamos perdidos.

Os passos continuavam...

 

 

 

Tulgor  ficou na câmara com as outras garotas, estava impaciente. A demora de seus companheiros estava sendo muito grande e já comprometia todo o plano do mestre.  Ele  começava a ver as luzes  se aproximando. Não esperaria pelos outros, executaria ele mesmo as ordens  e assim não sofreriam punição.

Colocou sua foice de lado e tirou um punhal de sua cintura, levantou-o e sorria para si mesmo.

-Adeus. Sussurrou para umas das garotas.

Ouviu passos chegando por uma das entradas.

"Droga". Pensou, seu tempo se esgotará, mas sua  vinda até ali não seria em vão, tinha que apresentar pelo menos algum resultado positivo ou eles iriam pagar. O punhal desceu veloz. Os passos se aproximavam mais, estariam entrando na câmara em questão de segundos, teve que partir sem completar sua missão...

-Ainda nos veremos novamente minhas crianças...

 

 

 

Cassi conseguia divisar uma luz vinda da outra sala. Passou apressada pela porta e novamente se encontrava na câmara onde estavam as candidatas a deusas. As quatro que ela havia deixado ainda estavam deitadas, porém uma delas levantava uma das mãos trêmula chamando-a.

Ao se aproximar parou estarrecida, não estava preparada para aquela cena. Ficou  indecisa sem saber o que fazer. Não sabia se continuava ou simplesmente ia embora, enquanto a mão da jovem tremia no ar.

Ajoelhou-se e pegou a mão da garota que tentava lhe dizer algumas palavras, mas elas não saiam. Um punhal estava cravado em seu abdômen, detalhes negros se moviam na lâmina. A essência escorria pela boca da garota. Cassi fez sinal para ela ficar quieta, passou a mão pelo metal frio e puxou com força. Outras duas garotas que estavam se levantado olharam para o lado e começaram a gritar assustadas.

Uma delas fugiu com medo por uma das entradas, nem bem dobrou o primeiro corredor e deu de cara com duas luzes brilhantes. Sentiu um medo que jamais sentirá antes, estava paralisada. As luzes vieram em sua direção, ela perdeu a consciência e caiu...

Os perseguidores de Cassi nem entraram na câmara. Ao chegarem à porta e ver a cena, pararam, deixaram seus corpos serem engolidos novamente pela escuridão do corredor. Saíram sem serem vistos.  

 


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