Done For You escrita por Aida


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo deu quase 10 mil palavras, dá pra acreditar?! Eu queria fazer em duas partes, mas acho que CERTAS PESSOAS me matariam. ( I love you guys so much
Escola -> http://www.polyvore.com/school_time/set?id=135349229
Festa ---> http://www.polyvore.com/bela_party/set?id=134626313

Ps:.² Valsa que eles dançam na sala -----> https://www.youtube.com/watch?v=mJ_fkw5j-t0&index=6&list=PLFA6A34BA7CDCD03E



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As tentativas de Bela de me fazer falar ou de me comunicar com a mesma, foram a maioria muito árduas e falhas. Almoçamos em um profundo silêncio, muito agradável em minha opinião, mas volte e meia podia ver que entre uma garfada e outra, seu olhar vagava pela sala de jantar e pelas janelas até se pousar em mim, com um rosto esperançoso por qualquer palavra que eu poderia dizer.

Mas não tinha motivo para ela esperar algo de mim agora, se ela não tinha vontade de ficar aqui, faria ela não querer ficar aqui de maneira nenhuma. Deveria estar tentando algum dos joguinhos de mulheres, primeiro muito difícil e rude, depois, boa e educada, mas ninguém faria isso comigo. Eu iria atacá-la primeiro, fazê-la o meu mais novo brinquedo. Faria ela desejar sair correndo para bem longe, ensinar uma lição.

Após a refeição, fui para a biblioteca terminar de redigir um dos contratos que CC me deixara na mesa mais cedo. Até que ouvi uma batida leve na porta, ritmada e baixa o suficiente para eu reconhecer: Maddie estava na batendo.

–Pode entrar vovó - Disse e logo a grisalha entrou com um pano entre as mãos, os óculos escorregando pelo nariz fino. - Do que precisa?

Se você tentasse descrever a vovó, falharia com toda certeza. Alemã de raiz, Maddie tinha os cabelos completamente brancos e curtos (que outrora fora loiríssima), faziam par com os olhos chumbo um pouco escondidos pelos óculos, linhas da idade já bem aparentes e as mãos enrugadas que um dia foram jovens, ela era uma das melhores pessoas que eu já conhecera em toda a minha vida, ela cuidou de meu pai quando ainda era novo e consequentemente, de mim. Nunca vi a senhora perder a compostura ou a graciosidade, o tempo podia passar o quanto fosse mas Maddie era sempre a mesma.

–Preparei a sala do jeito que pediu, estava voltando pra cozinha terminar com a louça mas - Ela deu uma risada baixa e colocou as mãos na cintura - Alguém chegou primeiro.

–Por favor, não me diga que o Six lambeu os pratos de novo - Coloquei as mãos sobre as têmporas massageando-as, o galgo era um ótimo cão de caça e de vigia, mas aquele que meu pai escolhera em especial, era completamente desmiolado.

–Não, Six está lá fora - Ela apontou para uma das grandes janelas da biblioteca - Foi sua convidada, ela fez questão de lavar toda a louça e não deixou Thomas terminar de tirar a mesa.

–O quê?! - Levantei em um ímpeto, qual era o problema dessa garota? Queria ganhar a confiança dos empregados para um motim? Para se rebelarem contra o próprio chefe? Ah, não.

Dei a volta na mesa e me lancei para o corredor, disse para Maddie que resolveria isso.

Para uma Casa de Primavera, esta tinha uma cozinha muito boa. O piso de porcelanato albino deixava o lugar com um ar caro e reconfortante (mesmo branco não sendo uma de minhas cores favoritas, porém, daquela vez havia sido muito bem empregada), um grande balcão com dois fogões embutidos, duas geladeiras de duas portas e armários de madeira reciclável que havia encomendado da Austrália da empresa de um amigo, modernos e negros para dar contraste. Pias de aço com torneiras que saíam do lugar para facilitar, e todo o tipo de geringonças que Maddie desejava para seu dia-a-dia.

O pequeno furação estava realmente empenhada em conseguir descobrir como a torneira removível funcionava, apertando os botões e tentava esguichar água nos pratos mesmo sem sucesso. Tinha que controlar a vontade de rir e colocar o meu rosto mais sério para funcionar.

–O que acha que está fazendo? - Perguntei chegando mais perto e tomando a mangueira de sua mão antes que quebrasse.

Bela franziu as sobrancelhas e parecia tentar decifrar meu rosto, pensando na coisa certa para dizer talvez.

–Eu já sei que você não é mudo e até onde eu sei não te proibi de falar - Ela imitou minha voz com desdém transbordando de cada palavra - Então o que te impede de estabelecer uma conversa normal, não tem um vocabulário vasto o suficiente? Pois se for isso, não precisa se envergonhar. Estou acostumada, e se não percebeu eu estou lavando os pratos.

Se controle Andy, seu pai te ensinou a não bater em mulheres.

–Para você poder lavar os pratos o processo correto seria água, depois sabão e água mais uma vez - Tirei suas mãos do balcão - Agora pare de bobeira e vá para sala como Maddie instruiu.

Bela pegou a mangueira de volta e voltou a encarar atentamente os botões na parte de trás do objeto.

–Você diz isso mas aposto que nem sabe lavar um copo - Resmungou baixo, mas não o suficiente para que eu não ouvisse.

Resolvi colocar meu plano em prática e segurei a filha de Stayne pela cintura com uma das mãos, e entrelacei nossos dedos com a outra, mesmo a maldita mangueirinha estar atrapalhando, olhar em seus caramelos derretidos que se diziam olhos e pude ver o tamanho espanto da mesma. Primeiro o leve ''o'' que seus lábios rosados formaram, depois a vermelhidão em suas bochechas e então a confusão em suas pupilas onde pareciam não conseguir focar no que estava acontecendo.

–Você poderia me ensinar Srta. Jones - Disse ainda um pouco rouco, usando todas as minhas armas que ainda eram muitas - Eu seria um aluno muito dedicado.

E então água... Água na minha blusa e no meu rosto, água jorrando e me desvencilhei de Bela com protesto para que ela desligasse aquilo. Podia sentir os dentes rangerem, antes mesmo de eu efetuar a tal ação, do maxilar tenso e as palmas fechadas. Assim que a mangueira fora fechada, em minha opinião, a possibilidade de Bela ter tentado não rir, foi nula.

Ela colocou as mãos na frente da boca mas não conseguiu conter a gargalhada que saiu, uma gargalhada irritante como a de uma criança.

–Você fez de propósito! - Esbravejei, gritei e queria voar no pescoço daquele pedaço estúpido de furacão.

Ela fazia gestos que negativos, pois a risada ainda não havia terminado.

–Juro que não foi de propósito, essa coisa tem vida própria - Ela colocou a mangueira no lugar e deu alguns passos para trás - E você estava segurando a minha mão contra o botão...

Eu estava encharcado e puto da vida, alguém iria pagar caro. E esse alguém estava bem na minha frente, sem desculpas.

–Você não deveria ter feito isso - E o que veio a seguir foi um corrida disparada como as que Six já havia participado, entretanto, nessa ninguém venceria e provavelmente não ganharia um coelho como prêmio. Saímos da cozinha como raios e demos voltas pela gigante mesa de jantar, a cada segundo que via um sorriso percorrer por aqueles lábios eu tinha mais vontade de correr e agarrar aquela garota que estava se divertindo as minhas custas, corremos pelos corredores e encontramos uma Maddie furiosa dizendo para as crianças pararem com a ''brincadeira'' e que acabaríamos nos machucando, subimos as escadas como loucos. Até que o silêncio se instalou pela casa, havia perdido a encrenqueira de vista perto dos quartos principais.

Olhei nos quartos de hóspedes e todos com a porta aberta mas nenhum sinal de quem eu procurava, apenas o cheiro de flores que fora deixado para trás na brisa da corrida. Onde estaria aquela menina? Entrei no quarto que sobrara... O meu quarto.

Meus nervos se acalmaram, minha cabeça não estava mais fervendo e a respiração alta se estabilizara. A cama impecável, o closet meio aberto, o banheiro fechado e o piano negro polido tristonho no mesmo lugar, um deja vu onde eu tinha onze anos de novo. Podia quase ver Six entrando pequenino pela porta sendo seguido de meu pai, com partituras e novos HQ's do Batman, viagens e notícias novas sobre qualquer coisa, porque ele fazia tudo parecer mais interessante.

O coração que falhou uma batida, a respiração engasgada na garganta, a culpa que amargava a boca. Precisei sentar na cama, perdi as contas de quantas vezes isso já havia acontecido, um dia tão bom sendo estragado por uma lembrança tão ruim. O piano parecia me encarar, me julgando como ela fazia.

Mordi o lábio inferior, não deixe isso te abalar.

A visão turva, as cordas apertando meus pulsos, risadas asquerosas ecoando e caçoando de nosso estado deplorável. Os urros de dor, as correntes sendo arrastadas, as armas se carregando.

Filho, não olhe.

Aquelas mãos odiosas me segurando, me fazendo ver...

–Me solta! - Arfei, empurrando quem estava com as mãos em mim. Me arrependi no mesmo instante que vi a expressão no rosto de Bela, com as mãos encolhidas e preocupação em seus olhos.

–Desculpe - Ela disse se ajoelhando perto da cama - Você está bem? Ficou pálido de repente, achei que fosse desmaiar.

Eu ainda estava encharcado e a porta do closet completamente aberta, revelando onde a menina estivera minutos antes.

–Você é uma estúpida, fica fazendo suposições sem parar e sendo falsa - Revirei os olhos - Vá pro seu quarto antes que eu mude de ideia e resolva te jogar no lago...

–Você se acha tão superior não é? - Ela riu, mas não parecia ter achado graça - Com seu carro bonito, sua casa gigante e seu ego de ouro! Tratar as outras pessoas mal parece uma qualidade sua.

–Corrigindo: carros, eu tenho doze deles - Provoquei.

–E você acha que isso me impressiona? - Bela me puxou pelo colarinho da camisa, debaixo ela parecia ainda menor e ameaçadora. A força para uma criatura tão pequena era surpreendente. - Sabe o que me impressionaria? Se você soubesse falar de algo sem que fosse rude e sem agir como um verdadeiro babaca. Diz que sou falsa mas finge ser um cara legal por vinte segundos e volta a ser o idiota de sempre. Acha que pode brincar com os sentimentos dos outros?

Hipócrita.

Seu jogo é sujo, e você é muito baixa - Disse entredentes.

–Minha altura nunca me impediu de quebrar a cara de idiotas como você - Rosnou e seu olhar era duro, sua expressão mostrava o quão irritada estava. Mesmo que os cabelos acobreados caíssem de uma maneira linda sobre os ombros e emoldurassem seu rosto alvo, seus cílios longos e sua boca retesada.

A risada que CC soltou assim que entrou no quarto, pareceu não aliviar o clima de tensão. As farpas que soltávamos talvez não fosse visíveis, mas eram quase apalpáveis.

–Maddie me mandou vir aqui procurar as crianças - Pigarreou e Bela soltou minha blusa, marchando para fora do quarto - Que parecem estar apreciando a companhia um do outro.

–Seu senso de humor me assusta - Tirei a blusa que ainda estava húmida e me dirigi para o banheiro, ainda ouvindo os resmungos de Christian.

–Deveria dar uma chance pra menina - Encostado na porta, me jogou uma das blusas que pegara no closet.

Sequei o cabelo na toalha preta que repousava sobre a pia, realmente me esforçando para não revirar os olhos para o mesmo e coloquei a camisa de algodão preta.

–Dar uma chance? Ela não vai durar dois meses aqui Christian - Indiquei a porta - Agora dê o fora, quero ficar sozinho.

–Você ainda pode se surpreender Andy, as coisas mudam - Tive de ouvir a baboseira que CC dissera antes da porta ser fechada.

Voltei ao quarto, o piano me esperava intacto. Algumas coisas nunca mudariam.

* * *

Tudo o que eu mais queria era que aquele domingo fosse um pesadelo muito difícil de acordar, mas era tudo real demais. O aroma de orvalho que entrava pela janela da suíte era gostoso e fácil de encher os pulmões, a colcha da cama de casal que era divina e muito macia, a comida de Maddie era divina e o humor da mesma juntamente. Mas Andy conseguia estragar tudo isso: a comida, a companhia, o lugar, as pessoas, até os próprios animais! Nada era divertido ou leve com ele por perto, sempre um clima tenso e pesado como se um tornado estivesse vindo. O jeito que entonava a voz para falar grosserias, ser rude e mau com os outros, não dar valor para nada que se é feito e não se importar como faz as outras pessoas se sentirem.

Mas hoje seria diferente, já estava procurando roupas descentes, o que se mostrou uma tarefa muito difícil pois tudo naquele closet gritava: Olhe pra mim, custei sua alma! (e eu estava evitando roupas que transpareciam tal coisa). E em momento nenhum pensara em como explicaria tudo isso para Kole, ou no caso, não explicaria.

Kole era meu amigo desde o primeiro dia em Cincinnati High School, nós havíamos ficado no mesmo time de vôlei na Educação Física e foi uma conexão instantânea, o nosso laço de amizade só foi ficando mais forte com o passar dos anos e foi quando descobri que meu melhor amigo era como eu, um quebrado e considerado inútil não nos separamos mais, sempre ajudando um ao outro. Mas Kole era um astro do atletismo nato nunca o vi se dando mal em um esporte, seu talento era sem igual.

O pai era alcoólatra e foi preso quando ele ainda era pequeno, a senhora Fray sempre deu muito duro para criá-lo na linha e se esforçar ao máximo em cada emprego que tinha (no total eram três), para alimentar e vestir o filho.

Batidas na porta me despertaram do transe, estava colocando os brincos que achara dentro do armário quando pedi que entrasse.

Maddie estava com seu terninho costumeiro, porém, hoje ele era azul escuro e na mão uma mochila preta.

–Andy disse que precisava de materiais para escola, então pedi que entregassem tudo o que precisaria hoje - Ela sorriu e entregou a mochila, que estava um pouco pesada - Tem livros novinhos em folha, e tudo o que vai precisar.

–Obrigada Maddie - Disse meio embaraçada, era estranho eles saberem minhas classes e números de matérias - Acho que já vou indo, tenho que descobrir como ir andando até a escola.

A risada da senhora de idade era sonora, como se ela fosse experiente em cantar. Boa de se ouvir, e o melhor: totalmente sincera.

–Você vai de carro com CC e Andy querida, já pode descer pra tomar o café ok? - E antes que eu pudesse responder que eu preferia andar vinte quilômetros do que ir no mesmo carro que Andy, Maddie já havia virado as costas e saído.

Dei uma olhada dentro da mochila e vi três cadernos e dois livros, um estojo e um papelzinho saindo de um dos bolsos internos, parecia uma etiqueta. Quando puxei e vi o preço, meu queixo caiu.

Foram 4.500 dólares, só nessa mochila?!

Desci as escadas me dirigindo para a sala de jantar, tentando evitar as contas de matemática na minha cabeça que não paravam de se desenrolar, aquela mochila pagaria um mês do motel onde eu costumava viver com meu pai, e ainda sobraria pra comprar comida, passar uma semana e mais alguns dias.

A sala de jantar com paredes azul claro e janelas grandes brancas, refletiam que o dia estava agradável e o céu um pouco encoberto. A mesa de jantar longa combinava com as janelas no quesito de cor, porém, esta mesa estava recheada de guloseimas e frutas, me sentei ao lado de Andy que parecia absorto nas notícias do jornal, ainda usava a calça do pijama e uma camisa de manga preta.

–Bom dia - Disse de má vontade, ainda não havia superado a discussão de ontem.

Me servi de morangos e banana, e depois peguei uma panqueca e suco de laranja. Já era de se esperar que a comida estivesse maravilhosa e totalmente apetitosa, não pude evitar um suspiro de satisfação. Ainda continuava o silêncio, pois como sempre, Andrew não me respondera.

–Você faz barulho enquanto come - Ouvi por detrás das folhas que escondiam o rosto de Biersack, a mesma voz monótona e rude de sempre - Precisa parar com isso.

Revirei os olhos, não deixaria o humor ranzinza de Andy me afetar hoje.

–Alguma notícia importante? - Perguntei me referindo ao jornal.

–CC vai te levar para escola, acho melhor se apressar - Respondeu abaixando o jornal e tomando seu café - Ele já está esperando.

–Quem diria que isso estaria na primeira página - Ironizei me levantando e ajeitando a mochila nos ombros - Maddie disse que iria conosco, desistiu?

Por favor diga que sim, gritei internamente.

–Tenho coisas pra resolver - Repousou a caneca na mesa e voltou para o jornal.

Corri até a entrada, comemorando silenciosamente e desci as escadas de granito da propriedade, pude ver o Audi Quattro SUV preto esperando por mim (um carro majestoso e provavelmente um dos 12 que Andy citara) e Christian estava encostado na lataria, falando ao celular. Fez sinal para que eu entrasse no carro, abriu a porta do passageiro pra mim e depois a fechou.

CC não parou de falar no telefone um segundo o caminho todo, falava sobre a festa que haveria hoje a noite e parecia montar o esquema de segurança com várias pessoas ao mesmo tempo. Talvez se eu estivesse com outra pessoa precisasse mostrar o caminho da escola mas o cabeludo sabia exatamente para onde ir e em que ruas deveria virar, o que era assustadoramente estranho também.

Assim que chegamos na porta da escola pude ver Kole no portão com sua mochila em mãos, provavelmente me esperando. Imaginei milhões de possibilidades e desculpas, mas nenhuma dela encobriria o fato de eu estar em um carro que custa mais do que tudo o que eu já tivera na vida!

E Christian como o minha sentença de morte fez questão de me deixar bem na frente do portão da escola. Abri porta e nem me despedi, meu amigo provavelmente notaria eu não estar usando minha bolsa cheia de rasgos e mais surrada que os armários da escola, essas roupas novas e engomadas, pois Kole já sabia todo o meu guarda-roupa de trás para frente (nunca fui de ter muitas roupas e a maioria delas vinham de doações da senhora Fray).

Tentei ser o mais discreta possível ao descer do carro, mas assim que me virei, o loiro já estava lá me encarando com seus olhos castanhos e escuros, o cabelo caindo um pouco sobre o rosto bronzeado, sobrancelhas franzidas, uma linha de tensão percorria sua boca e punhos fechados, ele havia descoberto.

–Eu posso explicar - Atropelei as palavras.

–Serviço social de novo Bela? - Disse e me abraçou, mesmo sendo apenas um pouco mais alto que eu, porém, muito mais forte, o abraço de Kole era reconfortante. - Não fique chateada, daqui a um ano não vai ter mais essa palhaçada e você vai poder mandar aquela gente se ferrar. Foi o Trevor?

Sorri, esse era meu melhor amigo: gentil, amável, cuidadoso e extremamente preocupado com meu bem-estar. Ele ainda havia pescado a desculpa sem nem mesmo eu ter precisado falar (o que era um alívio, odiava mentir para o mesmo), e sobre o fato do serviço social que ele sugerira, era porque meu pai foi classificado como incapaz de tomar conta de mim. Volte e meia o assistente Trevor visitava eu e meu velho, para ver como as coisas iam e para alertar ao meu pai que deveria estar sempre ativo na procura de empregos, caso o contrário eu seria levada para um abrigo e seríamos separados.

–Pois é, foi só uma visita de rotina - Fomos andando até o prédio dois para o começo de nossas aulas - Aproveitei e pedi uma carona.

–Tem alguma coisa diferente em você - Kole me analisava enquanto passávamos pela multidão de alunos, por favor não note.

–Não é nada demais, só cortei um pouco o cabelo - Dei um sorriso amarelo e comecei a andar um pouco mais rápido - Vou pra sala, a aula de literatura é com aquela professora japonesa super chata. Te vejo no treino!

Com um breve aceno, perdi o loiro de vista e fui pra sala 4A.

Depois do começo da aula, vi todos aqueles materiais de alta qualidade e me peguei pensando na primeira briga que tive com Andy na cozinha. Lembrar da fera que eu enxergara na mesa, olhos azuis gritantes, sobrancelhas arqueadas e a tensão fazendo sua expressão endurecer como pedra, depois a louça voando para o chão e o aperto agressivo de suas mãos sobre meus pulsos, eu nunca tinha visto a veracidade de ninguém como a do mais alto. Mas depois como um lampejo, lembrei do jeito que segurara minhas mãos quando fora me mostrar o estábulo e como havia falado comigo na cozinha.

''Você poderia me ensinar Srta. Jones, eu seria um aluno muito dedicado''.

Recuperei a consciência, não seria um idiota como Andy que me daria mais um 'A' em literatura. Procurei me concentrar no resto da aula e não pensar na fera aprisionada dentro daquele ser humano, mesmo sentindo um pouco de remorso pelas coisas ruins que eu falara.

Após me esquivar o intervalo inteiro de perguntas do Kole e procurar uma boa desculpa para que ele não fosse no quarto de motel imundo - vulgo minha antiga casa - para falar com meu pai sobre como essa ''perseguição'' de Trevor conosco era pessoal, estava finalmente na hora de minha atividade extra curricular principal: vôlei. Muitos alunos escolhiam Matemática II, Espanhol, Fotografia e muitas outras matérias disponíveis, mas nenhuma me agradava tanto quanto o voleibol. Sentir a bola subir com apenas um encaixe de mãos, poder atacar com todas as suas forças e contar com o seu suor para fazer pontos, era uma maneira muito boa de extravasar e de lidar com a própria força.

Coloquei o uniforme e os velhos tênis azuis desbotados (e já bem gastos) que aprendera a jogar no ano passado, um rabo de cavalo apertado e estava pronta. Talvez eu não fosse a melhor menina do colégio, de longe a mais bonita com certeza, desastre deveria estar no meu sobrenome e todas as confusões que arrumo são a maioria minha culpa mesmo, mas ao entrar em quadra tudo parece mudar. Eu não sou mais a menina mais baixa do time, eu não sou a nerd que é totalmente pobre de cultura, não sou a menina que já dormiu no ginásio pois não tinha lugar pra ir e a única coisa que eu sei que eu realmente sou, é forte.

Cumprimentei minhas colegas de time, quatorze contando comigo. O treino físico era a parte mais chata, fazer abdominais, flexões e passadas de ataque/bloqueio. A treinadora havia deixado as instruções para fazermos um aquecimento, onde a levantadora colocaria a bola na rede para atacarmos, ela havia saído da cidade para tentar trazer um campeonato para a cidade.

E quando percebi eu já era a próxima, e os segundos passaram mais devagar, podia ver a bola vindo quase como em câmera lenta e a bola nunca pareceu encaixar tão bem e precisamente como naquele salto que eu dera. Sem medos ou inseguranças, só cálculos e um alvo: a quadra do adversário.

Um saque, olhos azuis.

Um ataque, lábios esculpidos.

Uma manchete, corpo esguio.

Agora era a vez de um jogo, mesmo sem ser nada sério e contra nós mesmas ainda era um jogo para ganhar. Meus um metro e sessenta e três nunca impressionaram o time de basquete quando tentei me juntar à eles, mas fico feliz que eu possa surpreender com alguns saltos (poucos) onde posso atacar e fazer a bola passar da rede (que media dois metros e vinte e quatro, cravado).

Era divertido treinar quando não tinha nenhum jogo se aproximando, nós ríamos de alguns erros e ajudávamos umas as outras apesar de não sermos muito próximas e da maioria delas já estarem praticamente dentro de alguma faculdade.

Acabei por errar uma manchete e a bola foi parar na arquibancada do lado esquerdo, foi quicando e subindo alguns degraus, percebi logo após que onde antes não havia ninguém... Encostado na parede em toda sua petulância e superioridade estava agora, Andy.

Engasguei com a surpresa, e ele pareceu adorar minha expressão, pois, estava com um sorriso debochado estampado naquele rosto idiota e sacana. Pegou a bola no degrau abaixo e começou a descer as escadas, passou a mão pelos cabelos e repuxou o piercing.

Podia ouvir os burburinhos das meninas e alguns suspiros, talvez eu não estivesse enxergando bem e precisasse de óculos, porque tudo o que eu via era um sádico arrogante na minha frente segurando uma bola.

–O que está fazendo aqui?! - Tentei sufocar a vontade de gritar, a frustração estava presente na minha voz.

O único lugar onde eu podia ser eu mesma e ele estava estragando tudo, estava atrapalhando o meu treino e o meu time. Afinal, as garotas estavam quase inundando o ginásio com saliva e corações avermelhados como nos desenhos, isso não podia estar acontecendo.

–Você esqueceu o celular em casa - Me devolveu a bola e parecia entretido com as reações embaraçosas das meninas - E vai precisar sair mais cedo, marquei hora com Paolo para você.

Queria poder argumentar com Biersack, mas aparentemente todas as minhas companheiras resolveram se apresentar e encher ainda mais o ego do de olhos claros, desisti de tentar furar a muralha que se formou e fui pro vestiário, lavei o rosto e peguei minha mochila, fui para a saída do prédio e quando passei pela quadra as meninas já desmontavam a rede e guardavam as bolas, pareciam ainda totalmente atraídas por Andy pelos comentários absurdos como eu deveria trazê-lo de novo e se ele era meu namorado ou estava disponível.

Abri a porta do prédio e atravessei o gramado em direção ao estacionamento, procurando o carrasco. Fumando perto dos portões, Andy estava usando calças jeans escuras, uma blusa social preta e jaqueta de couro por cima, ao me aproximar jogou a bituca do cigarro no chão.

–Suas amigas são bem animadas - Comentou rodando a chave que deveria ser do carro, no indicador - Sem falar desses shorts, deveria usá-los com mais frequência.

Enrubesci, era o mais perto de um elogio que o moreno já me fizera.

–Olha, eu não ligo de ser sua namorada de mentira - Disse tentando esconder a vergonha - Mas você não pode interferir nas minhas atividades escolares. Ser uma boa aluna é tudo o que eu sei fazer e eu não posso prejudicar isso...

Ele parecia ouvir atentamente, mas ainda assim olhava constantemente para além de mim. Como se houvesse alguém vindo e seu rosto estava impassível, veio para mais perto e colocou a mão sobre o meu ombro e sorriu amigavelmente (o que eu achei parecer impossível).

–O que foi? - Estremeci ao virar para trás e ver quem estava lá.

Kole estava parado a poucos metros. A mesma jaqueta atlética de moletom com um 'C' estampado em azul e dourado abotoado, os jeans meio velhos e a bolsa que eu havia dado de aniversário completamente restaurada e tênis o especiais para esportes. Mas sua expressão não era de felicidade por me ver como sempre, era de surpresa.

–Quem é seu amigo, Moe? - Ele perguntou e deu mais alguns passos, ainda estava um pouco distante.

Talvez se eu fosse mais esperta ou especialista em mentiras tivesse saído daquela situação, mas as palavras estavam presas na minha garganta como a mão de Andy em meu ombro.

–Sou Andrew - Disse Andy e sua voz confiante me dava calafrios, sua mão desceu visivelmente para minha cintura e quis fechar os olhos mas não o fiz, o olhar que Kole me lançava era único - É um prazer.

O loiro conhecera todas as pessoas com quem eu falava desde que eu entrara na escola, ele saberia se eu conhecesse Andy pois provavelmente eu tagarelaria sobre o mesmo sem parar e ambos sabíamos que o atleta era meu único amigo homem. Olhei de soslaio e vi o a curva da boca de Andy se elevar, ele sabia o que viria a seguir e quase podia ouvir sua voz rouca em minha cabeça, fale pra ele.

–Esse é Andy Six - Disse tentando não focalizar em seu rosto desentendido, queria deixar minha voz estável, falhei - Meu namorado.

Talvez um ataque de nervos ou ele simplesmente virar e ir embora teria sido melhor do que o sorriso que Kole estava me direcionando agora, um sorriso sincero e alegre. Afinal, era essa a verdade: eu fui (ou sou) completamente apaixonada pelo meu melhor amigo secretamente, por cinco ou seis anos. Clichê, eu sei. Não queria que ele estivesse feliz por mim, pois eu mesma não estava.

–Agora entendi porque não queria que eu passasse na sua casa - Ele disse e ajeitou a mochila no ombro, estava descontraído como sempre - Podia pelo menos ter avisado, bem que notei que estava meio evasiva hoje. Não deixe essa menina escapar Andrew, ela é mais do que palavras podem expressar.

Sorri e agradeci um pouco envergonhada, Kole se despediu com uma piscada e um gesto para Andy.

–Ela é mais do que palavras podem expressar? - Andy encheu os pulmões para rir e eu deveria ter brigado com ele por isso, mas a tristeza se instalara e eu só queria ir pra casa - Deve te visto essa frase em alguma propaganda de sabão em pó.

Afastei a mão de Andy de minha cintura bruscamente e lhe dei um olhar raivoso.

–Podemos ir? - Impaciente, fui andando pro estacionamento e sendo seguida pelo idiota que ainda ria.

Em todo esse tempo que eu gostara de Kole, ele nunca pareceu perceber ou muito menos retribuir, fui obrigada a ver todos os tipos de menina passarem pelo coração do loiro, todas erradas e muito preocupadas com a aparência para servirem ao meu amigo. Mas quem era eu pra dizer que o faria feliz? Deixei o sentimento morrer, mesmo que não fosse o que eu queria.

No mar de carros de segunda mão e de populares carros de patamar mediano, se destacava o carro de Andy, só imaginaria como seria se todos os alunos estivessem saindo naquele horário e como haveria uma aglomeração em volta do Aston Martin One preto nem um pouco chamativo assim como o dono. Mais um carro para a lista: o valor de uma coisas dessas acabaria com a fome no mundo.

Biersack abriu a porta do passageiro mas antes que fechasse, fiz questão de puxar primeiro e com mais força, a porta fechou com um estrondo. Se eu não podia descontar no moreno, poderia descontar em seu carro.

A viagem para casa demorou um pouco, estava congestionado e Andy tamborilava os dedos no volante incessantemente, liguei o rádio e apertei play para o CD que já estava lá dentro. A música começava com uma bateria e logo após uma guitarra, o baixo grave e não parecia o tipo de música que um milionário escutaria, eu acreditaria mais se fosse uma sinfonia de Beethoven.

You say our love, is like dynamite - Cantarolou Andy, rouco e supreendentemente muito bem - Open your eyes, 'cause it's like fire and ice.

Continuei encarando a paisagem dos carros e as pessoas que passavam nas ruas de Cincinnati, preocupadas com as próprias vidas e os próprios problemas.

–Conhece essa música? - Perguntou Andy.

Neguei breve e isso pareceu incomodá-lo, ficou resmungando. Mas a música era legal e batida juntamente, talvez se eu soubesse a letra também cantasse.

–Qual é a banda?

–Motley Crue, uma das minhas favoritas - Ergueu uma sobrancelha - Nunca ouviu falar?

–Eu quase não escuto música - Dei de ombros.

Estava muito ocupada tentando ter dinheiro pra comida e estadia, não tinha tempo para rádios.

Ele estalou a língua em desaprovação.

–Vamos precisar mudar isso, você precisa de uma injeção cultura. Como uma pessoa pode não escutar música? É inacreditável.

–E por onde devo começar? - Perguntei, a música que tocava era realmente boa e não me incomodaria de ouvir mais.

Me entregou um IPod com fones brancos, um na orelha dele o outro na minha.

Quando chegamos na mansão branca, não pude nem me sentar à mesa para poder almoçar. Maddie me levou para o quarto onde Paolo me esperava e disse que levaria o almoço lá em cima para que eu pudesse comer. O quarto fora tomado por instrumentos de cabeleireiros e maquiadores, mas Paolo era um só. Caucasiano e asiático, Paolo era um pouco mais alto que eu e tinha os cabelos grisalhos arrepiados, vestia calças apertadas como as minhas e provavelmente da mesma cor também, uma blusa branca dizendo: ''Cabeleireiros fazem melhor'' e anéis pratas em quase todos os dedos.

Seus olhos brilharam estranhamente quando me encontraram e ele juntou as mãos.

–Como você é bonita! - Exclamou me dando um abraço surpresa e bem apertado - Esse rostinho vai facilitar muito meu trabalho.

–Também é um prazer te conhecer - Ri um pouco sem graça - Você é o Paolo?

–Eu mesmo, cabeleireiro particular dos Biersack - Piscou afetado, tive de segurar a vontade de rir das sobrancelhas super definidas do mais velho - Maddie me disse que é sua primeira festa como acompanhante de Andy, então vou te dar umas dicas e cuidar de você querida! A primeira festa glam, a gente nunca esquece. Não se preocupe com absolutamente nada.

Dos Biersack? Haviam mais deles? Primos? Tios? Eles estariam na festa? Eu conheceria eles?

O nervosismo fez meu estômago embrulhar, não poderia decepcionar Andy.

Quando Paolo disse pra não me preocupar com absolutamente nada, era porque ele já havia cuidado de tudo: vestido, cabelo, maquiagem, sapatos e jóias. Ele conversou comigo e disse como deveria me comportar e o jeito certo de desviar de perguntas que envolvessem a intimidade do casal (Andy devia ter contado à Paolo sobre o contrato), evitar falar sobre minhas escolhas pessoais e de dizer bobagens na frente dos convidados, principalmente os mais importantes. Não poderia falar nem muito alto e nem muito baixo, não ser muito melosa e nem muito seca, não ficar nervosa, não beber muito, não chamar por apelidos carinhosos e muitas coisas que eu não deveria fazer.

O que talvez fosse levar uma ou duas horas, acabou levando a tarde toda. Mesmo tendo almoçado o salmão com molho de aspargos de Maddie e ter tomado uma banho de banheira com os sais mais refinados de todo o país, já estava ficando impaciente e ainda mais nervosa. Paolo trabalhava fervorosamente na maquiagem, escovando meus cílios com rímel e pincéis distintos para os olhos, ele puxava meu cabelo e passava cremes que me faziam espirrar com o cheiro e ao mesmo tempo, me fazia elogios um pouco constrangedores como: a curva da sua cintura é espetacular, dá pra sentir que seu cabelo é virgem à quilômetros, só malhando muito para ter pernas como as suas.

Quando era quase seis horas, Paolo parou e me entregou uma cabide coberto com uma capa preta.

–É minha roupa? - Perguntei.

–Não querida, essa é a roupa do seu par - Disse enquanto procurava algo em uma das malas espalhadas pelo quarto - Ele me pediu para buscar com um conhecido e pensei que você pudesse entregar à ele. Enquanto isso vou dar últimos retoques na sua roupa, ok?

–Ok - Respondi vacilante.

Mesmo estando apenas com o roupão de seda azul e de lingerie, fui até o quarto de Andy com o pacote em mãos e os pés descalços no chão. Bati na porta e não ouve resposta, mas já estava acostumada a não receber de nenhuma resposta do moreno então fui entrando.

A casa parecia extremamente vazia e eu realmente estava dando falta de CC e Maddie, talvez também estivessem se arrumando para a festa.

O quarto estava aceso e pude enxergá-lo melhor do que a primeira vez que estivera ali, o piano negro e de cauda ficava perto das janelas, a cama era muito grande e tinha lençóis com aparência macia e depositei ali o que eu supus ser seu terno. O closet onde me escondera no dia anterior e algumas prateleiras com HQ's e livros de música, e uma prateleira só de CDS e vinis.

Não pude deixar de rir um pouco, o dono da empresa musical mais famosa dos Estados Unidos era apaixonado por música. Que irônico, não? Algumas figuras de ação do Batman e um Batmóvel, Andy até era um pouco normal, quem diria.

–Gosta do que vê? - Me assustei com a voz repentina que invadira o quarto, mas era só Andy de toalha.

No momento que me dei conta que estava provavelmente invadindo a propriedade alheia e ainda mais a de ver alguém seminu, cobri os olhos e enrubesci até os dedos dos pés, podia sentir o rosto fervendo.

–Desculpe - Gaguejei débil, a toalha estava amarrada na cintura e o cabelo ainda estava molhado, parecia recém cortado - Achei que não estivesse aqui.

–Então ia ficar revirando minhas coisas até que me encontrasse, eu presumo - Disse passou a mão pelo cabelo como para colocá-los no lugar.

–Claro que não - Respondi espiando por entre as mãos - Só gostei das suas HQ's, eu também tinha um monte e a maioria era do Batman ou do Super Man.

Ele concordou e caminhou para perto, perto demais. Andy tirou minhas mãos dos olhos, mas eles estavam fechados e quase selados, não iria olhar dentro daqueles oceanos.

–Só estou de toalha, não é o fim do mundo - Ele estava com a voz divertida e rouca - Nem a terceira guerra mundial.

Abri os olhos e sua expressão era impassível, nunca saberia o que se passava na mente de Andrew. Ele apanhara algo na prateleira e percebi que era uma caixinha de veludo escura, assim que abriu a mesma, pude ver o fino e delicado anel de ouro.

–Vão ficar perguntando se não virem um anel ou algo que simbolize nosso compromisso - Ele suspirou e rolou os olhos, mas voltou a me encarar mesmo tendo que olhar para baixo. Pegou a argolinha e deslizou pelo meu dedo anelar direito.

Estar tão perto de Andy era horrível, não pelo sentido ruim do que estou falando, era como se fosse impossível não ficar inebriada pelos olhos, pelo jeito que arqueava as sobrancelhas, o sorriso mínimo que ainda não se revelara completamente. Era como querer odiar um anjo e querer odiar algo divino é quase próximo do impossível, tentava lembrar da raiva que sentira no dia anterior e não conseguia, era como se o Andy arrogante e idiota evaporara.

Corri os olhos por seu corpo como ele corria os olhos pelo meu, apertei um pouco mais o nó do roupão. Andy havia raspado as laterais do cabelo e talvez aparado um pouco o cabelo, seu corpo não era musculoso como o de Kole, era só definido, onde você podia ver um músculo aqui e ali e pela primeira vez realmente enxerguei Andy em toda sua glória: a curva de um sorriso que não fora dado, as tatuagens que fecharam completamente o braço esquerdo e que subiam para a lateral do pescoço (e que eu não tinha me dado nem o trabalho de perceber que estavam ali), o braço direito onde havia uma tatuagem de um Batman e o símbolo do próprio, agora eu realmente acordara do transe e da primeira impressão que tinha tido de Biersack.

Andy tinha olhos de anjo e corpo de demônio.

–Acho melhor ir terminar de se arrumar, ainda temos que resolver um assunto antes de irmos - Falou se virando e apontando para a porta, no mesmo segundo me arrependi de tudo o que havia dito e o jeito que havia olhado para ele.

Saí porta a fora e queria gritar comigo mesma, talvez se eu levasse uma bolada voltasse a me concentrar. Paolo reclamou da minha demora, mas disse que ia dar apenas ''toques finais'', que mesmo assim demoraram quase quarenta minutos. Ele fechou o vestido vermelho que ele mesmo escolhera, me ajudara a colocar as sandálias de salto e as jóias que Maddie havia instruído que eu usasse (que eram lindos rubis, dos quais fiquei morrendo de medo de perder ou de acontecer alguma coisa).

Quando finalmente me olhei no espelho, tive a sensação que estava vendo outra pessoa. O vestido valorizara meus seios e minhas pernas, que foram bem modelados pelo treinamento intenso de natação do ano passado mais o vôlei, o asiático tinha feito meu cabelo voltar à vida pois a cor castanho avermelhado estava como quando eu tinha sete anos assim como alguns cachos que se formavam, cílios longos e boca rosada. Outra Bela.

–Você está divina - Disse Paolo espirrando perfume em meu pescoço - Um diamante bruto que fora lapidado com perfeição. Não está elegante e não está simples, jovem mas adulta.

Piscou e me fez rodar na sua frente.

–Obrigada Paolo, eu adorei - O abracei e ele me deu dois beijos estalados na bochecha, me deu a mão e me conduziu até a escada.

Desci pé por pé, com o maior medo de rolar até o final mas por sorte Paolo me dera dicas de como me aguentar em uma sandália como essa. Lá embaixo estava Biersack, de costas segurando o blazer por cima do ombro, preto devia ser sua cor favorita, pois, era o que ele estava usando inteiramente. Virou-se quando ouviu o barulho dos saltos no piso e seu rosto parecia estupefato, como se não acreditasse que fosse eu que estivesse descendo as escadas, eu também não acreditava.

Estendeu a mão quando estava próximo o suficiente e só o que vi foi o par da aliança que colocara em meu dedo, brilhando no dele, os oceanos turvos estavam claros e pasmos.

–Você não... Gostou? - Desconfiei.

–Não, digo, sim! - E pela primeira vez novamente, vi Andy se embolar com as palavras - Você está diferente. Só isso, vamos.

Me guiou até a sala, a qual eu ainda não tivera oportunidade de experimentar (me jogar no sofá cinzento reclinável e macio que fazia par com uma TV de tela plana de sessenta e três polegadas). Pegou o controle e apontou para o rádio que ligou em uma melodia suave composta por piano e violoncelo, muito agradável e boa de se ouvir, colocou o blazer e parecia pronto para arrasar corações, e realmente estava. Parecia ter saído de um vídeo-clipe, o cabelo simetricamente cortado, o perfume maravilhoso, os olhos arrebatadores e o pior, era que eu seria eu que entraria de mãos dadas com esse ''astro'' no salão.

–Talvez nessa festa não tenha esse tipo de música - Pigarreou e me colocou uma das mãos na minha cintura e a outra em minha mão livre - Mas ainda vão ter outras que vão requerer que você saiba pelo menos o básico, então achei melhor te dar um aula rápida.

Assenti e Andy me mostrou como eu tinha que ser guiada, em um momento colou mais nossos corpos e pude sentir seu coração batendo, agradecia pelo salto alto que me fornecera dez centímetros a mais e ele já não precisava abaixar para falar comigo, nossos pés se deslocavam pela sala e nossos corações pela melodia envolvente. Pisara uma vez ou duas no pé do de olhos azuis, mas ele não fora rude e não brigara um momento sequer, me olhava nos olhos o tempo todo e me segurava firme como se eu fosse fugir a qualquer momento, girou minha mão e me fez dar uma volta completa, meus cabelos fizeram cócegas em minhas omoplatas e quando voltei para seus braços e para seu aperto, já respirava alto e podia sentir o hálito de nicotina e menta soprar em meu rosto.

Um, dois, três e um, dois, três.

Mas ele parou, de maneira brusca e inesperada. Parecia ter recobrado a consciência, ou nesse caso a compostura, pois se afastou e me encarou como se tivesse pisado no seu pé, mas jurava que não havia.

–Já está na hora, acho melhor irmos - Disse e foi andando para a porta, dei passadas rápidas para acompanhá-lo e me despedi de Maddie com um aceno, ela não iria conosco a festa mas disse para nos divertimos.

Perguntei se havia feito algo errado, mas o silêncio fora minha resposta mais uma vez. Descemos as escadas da casa e a noite já caíra, mas o clima estava agradável e a possibilidade de eu sentir frio com tanta pouca roupa era quase nenhuma. Uma Lamborghini Reventón cinza escuro estava com os faróis acesos e pronta para a partida, Andy não perdeu tempo e abriu a porta para eu poder entrar, talvez eu devesse parar de me impressionar com os carros caríssimos do mesmo, sempre haveria um melhor do que o anterior.

O trajeto fora silencioso e o nervosismo me fazia girar o anel de ouro sem parar, a expressão de Biersack estava tensa e gelada, quando chegamos na porta da empresa. Suspirou e mordeu o piercing, o carro seria estacionado por um chofer então logo saltaríamos e ele ainda não havia dito uma palavra sequer desde que saímos de casa. Precisava pensar em algo.

Peguei sua mão que repousava na marcha e acariciei no meu melhor gesto de boa-fé.

–Não precisa ficar nervoso, vai dar tudo certo.

–Eu sei - Perguntou passando o indicador pelos lábios e segurando minha mão de volta, me olhou sério - Não estou nervoso.

–Vou estar lá pra você. Pode confiar.

E como mais uma surpresa naquele dia, Andy que eu constatara sofrer de algum distúrbio de afeição, sorrira e beijara minha bochecha antes de abrir a porta e dar a volta para me buscar.

Eu entraria na festa com o rosto mais rosado.

A empresa que eu visitara com meu pai não se parecia nada com a que haviam feito para essa festa, decorada com luzes douradas e acessórios brancos. Muitas pessoas foram convidadas e podia dizer isso só pela fila do lado de fora (da qual não tivemos que enfrentar, pois quando viram que era Andy logo abriram caminho). O mais alto havia me dado sua mão e entrelaçara nossos dedos, colocou um sorriso mínimo no rosto e um olhar de matar.

Falou com alguns conhecidos, mas quando chegou no centro da festa (onde tinham mesas de comidas variadas, doces e cascatas de champanhe) todos começaram a cumprimentar Andy e falar comigo como se me conhecessem, estranhei alguns elogios e pessoas, eu não pertenceria aquele lugar nem se trabalhasse a vida toda, até os tapetes pareciam encaixar perfeitamente no mar de luxúrias, mas eu não.

Pediram pra tirar fotos de Andy e ele dispensou, falamos com o prefeito e com seus empresários que pareciam ser os segundos no comando.

Um garçom me ofereceu uma taça de champanhe borbulhante, mas antes que eu pudesse pensar em aceitar, Andy negara com um aceno.

–Ainda é menor de idade, nem pense em alcoól - Sussurrou em meu ouvido, tentei não transparecer que estava um pouco frustrada.

–Six! - Exclamou um homem robusto vindo para perto de Andy e vestido de forma pomposa e escandalosa, apertando sua mão afetuosamente - Como é bom vê-lo rapaz, quem é a jovem dama?

–Essa é minha namorada, Levi- Disse colocando a mão em minha cintura - Bela Marie Jones.

–É um prazer - Sorri e apertei sua mão.

–Mas é muito bonita, um verdadeiro homem de sorte - Piscou para mim e me senti desconfortável - Minha congratulações e felicidades ao mais novo casal.

Quando se afastou, Andy varreu o salão com os olhos e pareceu achar o que queria.

–Já volto, sente-se naquela mesa - Indicou uma mesa com apenas dois lugares - Não fale com ninguém e não saia de lá.

Esbocei um sorriso mesmo não querendo sorrir, ficaria sozinha?!

Você não vai me deixar... - E quando ia terminar a frase, ele já desaparecera.

Fui caminhando para a mesa e antes que pudesse chegar, fui interceptada por muitos convidados e convidadas a regra de não falar com ninguém deveria ser quebrada, seria rude deixar as pessoas falando sozinhas. Conversei com um grupo de moças que me perguntaram se realmente estava namorando com Andy (e tive que afirmar sorrindo como se fosse a melhor coisa do mundo) e elas perguntavam como ele era e como tinha fisgado um homem tão difícil.

–Ele é amoroso? - Perguntou a loira.

–Deve ser romântico por trás de toda aquela pose, não acha? - A morena riu baixo.

–Já não me imagino vivendo sem ele - Minto, consigo me imaginar claramente - Ele é o que eu preciso e talvez o que faltava em mim.

Com um pedido de licença, tentei mais uma vez ir para a mesa da qual Andy indicara. Mas dessa vez foi uma senhora que me parou e parecia assustadoramente velha.

–Posso ajudá-la? - Perguntei o mais simpática que conseguia.

–É verdade que Andy Six nega os direitos dos trabalhadores e os maltrata? - Disse sacando um caderninho e uma caneta - Vamos criança diga logo, não tenho todo o tempo do mundo.

–Perdão, o que disse? - Minha vontade era rir, mas a velha de olhos verdes e terninho fúcsia, parecia falar sério.

–Ele já te maltratou? Te bateu talvez? - Estava ávida por informações, os dedos ossudos batiam a caneta no papel - Algum segredo que queira revelar? Qualquer coisa?

–Pode ir embora Margot, não vai conseguir nada da menina - E quando me virei, vi que era CC em todo seu esplendor de um terno preto e um sorriso divertido.

–Ainda vou descobrir os podres do garoto Christian, não pode protegê-lo pra sempre - Margot parecia prestes a cuspir veneno na nossa direção - Ainda não esqueci o que aconteceu com a última garota.

–Pegue sua vassoura e voe pra bem longe Margot - CC revirou os olhos e me ofereceu o braço - Me acompanha?

Ri e encarei a senhora que saiu pisando com força para fora de nossa vista, dei o braço a CC.

–Achei que não fosse vir - Comentei o mais alto que pude, a música estava um pouco mais agitada agora.

–Estava meio ocupado, até me divertindo ainda tenho que trabalhar - Disse e estava me levando para a entrada que agora estava vazia e fechada - Tenho uma surpresa, mas você deve ser breve. Está muito bonita, Paolo deve ter enlouquecido com você.

–Com toda certeza, dei trabalho - Muito, muito mesmo. - Obrigada.

E atrás de um dos pilares brancos que Christian me fez dar a volta tinha uma figura baixa como eu, robusta e de olhos castanhos familiares.

Meu queixo caiu e a felicidade me inundou com uma enxurrada.

–Pai! - Corri até ele quase me jogando em cima do meu velho - Você está aqui, você está bem!

–Ah Moe, olhe só pra você - Ele tinha um sorriso lindo no rosto, estava usando uma macacão azulado e escrito 'Stayne' em uma plaquinha, as bochechas estavam coradas e parecia melhor, mais saudável - Como está linda. O Sr. Six está te tratando bem?

Depende da sua definição de bem, pensei.

–Não importa, quero saber se você está bem - Corri os olhos por suas linhas de expressão tão familiares e do baixinho que me criara - Está comendo bem? As instalações são boas?

Parecia que eu não o via fazia anos e era bom sentir o cheiro de limpeza bem-vinda do meu pai.

–É tudo ótimo, já até fiz alguns amigos por aqui - Ele olhou para CC e acenou breve - A comida é ótima e a cozinheira é muito gentil.

Mas CC interviu, quis brevemente matá-lo com os olhos.

–Precisa ir Bela, Andy não sabe que deixei ver seu pai - Ele colocou as mãos sobre os meus ombros, ele havia dito que eu deveria ser breve - E não quero que ele descubra.

Assenti triste e abracei meu velho forte mais uma vez.

–Por favor se cuide - Disse tentando não deixar as lágrimas embaçarem meus olhos - Vou descobrir um jeito de vir te visitar, ok?

Ele assentiu e me deu um beijo estalado na bochecha.

–Cuide da minha menina - Apontou para CC que meio envergonhado, assentiu.

Voltamos para o salão no exato momento em que Andy subia no palanque do palco que minutos atrás, estavam uma pequena banda agitando a festa, mas agora estava tudo silencioso e só o falatório no recinto permanecia.

–Boa noite a todos, esperam que estejam se divertindo - Sua voz era confiança pura junto da rouquidão que parecia enlouquecer as meninas na sala, luzes douradas melhoravam ainda mais o perfil de Andrew - É uma honra receber esse prêmio em nome de uma empresa tão bem sucedida, e eu devo tudo isso ao trabalho duro do meu pai. Espero poder dar continuidade e ganhar mais prêmios como esses - a plateia deu risadas - e gostaria de agradecer aos funcionários que dão duro e nos ajudam todos os dias, esse prêmio também é para vocês. E especialmente gostaria de agradecer à minha namorada, que pode comparecer a um evento tão especial como esse.

Congelei por um momento e todos os olhares da sala foram pra mim, sorri extremamente envergonhada e com o rosto fervendo. Ele estava fazendo aquilo de propósito, só podia me fazer ficar mais embaraçada do que usar o vestido vermelho escuro e curto na frente de quinhentas pessoas importantes.

–Que a noite seja inesquecível, obrigado - Encerrou.

Encarei CC e ele estava normal, parecia que nada demais tinha acontecido. A música voltara a tocar animada e os burburinhos faziam meus ouvidos zumbirem, mãos envolveram minha cintura e puxaram carinhosamente.

Antes que eu pudesse me assustar, Andy já sussurrara em meu ouvido.

–Calma, sou só eu. Precisa começar a agir com mais naturalidade, esse tipo de coisa precisa se tornar normal.

Isso nunca vai se tornar normal, nunca.

Girei me em seu abraço um pouco desconfortável, ficando de frente para o moreno.

–Realmente precisava me incluir no seu discurso? - Sussurrei sorrindo, talvez algumas pessoas pensassem que estávamos apenas conversando e trocando juras de amor.

–As pessoas precisam saber que estamos juntos, teria um jeito melhor? - Sorriu de volta e beijou mais uma vez minha bochecha. Duas vezes na mesma noite? As coisas estavam evoluindo.

–Acho que qualquer um, querido - Coloquei minhas mãos em volta de seus pescoço e a acariciei sua nuca. Poderia ganhar um Oscar, ou talvez dois depois disso.

–Mais quinze minutos e vamos embora - Tirou uma mecha de perto do meu rosto - Pode pedir pro CC pegar meu carro? Vou me despedir de uns investidores.

Assenti e fui procurar o cabeludo, assim que o encontrei ele já estava com as chaves prontas.

–Andy nunca fica mais de duas horas em uma festa - Comentou e me entregou a chave - O que é muito bom ou muito ruim. Algumas festas são realmente boas.

–Achei que fosse conhecer algum parente de Andy hoje, Paolo disse que haviam outros Biersack - Lembrei do que Paolo falara.

–Outros? - CC parecia contrariado - Não, só se a mãe dele viesse. E ela nunca vem.

Esperamos Biersack perto da saída e antes que eu pudesse perguntar o porque dela não vir, Andy veio ao nosso encontro com as mãos nos bolsos da calça. trazia consigo um fotógrafo com uma grande câmera pendurada no pescoço.

–Precisamos de uma foto pro jornal - Disse e fez sinal parar Christian sair de perto, preferiria que ele tivesse ficado.

–Essa foto vai sair no jornal? - Perguntei alarmada, todos os que conheço saberiam que eu estava em uma festa importante numa segunda-feira a noite. Bom ou ruim?

–Sim - E me deu um olhar sugestivo, precisa sair no jornal para todos saberem que o dono da empresa Six tem uma namorada nova.

Coloquei uma das mãos por cima do ombro de Andy o que ainda parecia um pouco difícil (mesmo estando com as sandálias altas), e ele laçou minha cintura. Sorri o mais sincera que pude e Andy ficara sério, como se tivesse sido pego saindo da festa e não quisesse ser fotografado.

Quando o flash foi disparado, o fotógrafo olhou pra máquina e sorriu de volta, era novo e parecia satisfeito.

–Vocês dois saíram muito bem - Comentou - Parecem combinar.

Agradeci e Andy se despediu de CC, ele não iria para casa agora. Entramos no carro que estava preparado bem na entrada e em vez de seguirmos para casa, Andy pegou um caminho diferente.

–Onde estamos indo? - Questionei quando ele dobrou a avenida principal e depois foi em direção para o centro.

–Estou com fome - Respondeu e realmente, não me lembrava de ter visto Andy comer nada na festa e eu também não o fizera, tudo parecia chique e diferente demais.

Ele parou em frente a Domino's, uma pizzaria muito boa e depois abriu a porta pra mim.

–Você vai comer aqui? - Dei uma risada e desci do carro.

–O que tem de engraçado? - Perguntou arqueando a sobrancelha teatralmente, como ele sempre fazia.

–Você poderia ir em qualquer restaurante caríssimo da cidade, mas escolheu pizza em vez disso - Fomos andando até a lanchonete vermelha e azul - É uma escolha esperta.

–Eu gosto de pizza - E assim que entramos e fomos direto pro caixa, pediu uma tradicional com queijo extra (minha favorita) e enquanto esperávamos, lembrei que deveria fazer uma coisa.

–Obrigado pelo material escolar, eu gostei - Disse tentando não ruborizar e colocando as no balcão.

Ele assentiu e parecia distante, quando pousou os olhos em mim mais uma vez e pude ver aquele sorriso pequenino mais uma vez.

–Você até que está bonita.

E depois da pizza, fomos pra casa mergulhados em um silêncio satisfatório. Não precisávamos conversar, a noite fora como esperado.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, vou ficar uma semana e três dias sem postar!
O capítulo foi grande né galera? Só uma folguinha, espero que tenham gostado e que comentem.
xoxo



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