Seis meses se passaram desde que terminei com Felipe. Com o tempo e a distância do meu verdadeiro amor consegui me acostumar com a presença de Miguel. Conforme o tempo foi passando começamos a nos tratar mais como um casal. Se teríamos que passar por aquilo, que fosse da forma mais amigável:

–Milena, por que ainda não está pronta? - Eu estava sentada em minha escrivaninha estudando para uma prova que teria na semana seguinte. Eu não conseguia suportar este curso. Me virei para Miguel.

–Onde vamos? - Estava há tanto tempo estudando que nem tinha percebido que já havia escurecido.

–Uma festa na casa dos Donavan. Seu pai ligou e disse que não era um pedido.- Eu não sei se conseguiria encarar Felipe. E se ele estivesse com outra pessoa?

–Você tem certeza de que quer ir? Poderíamos fazer outra coisa… Qualquer coisa! - Disse suplicante.

–Se não irmos seu pai vai ficar bem bravo. Diz ele que os parceiros estão começando a suspeitar do casamento já que não temos filhos e a história dele pareceu a grande mentira que era.

–Eu não aguento mais nossos pais nos dando ordens. Nós já nos casamos, fazemos tudo o que eles querem e eles ainda nos obrigam a tudo isso.

–Eu também não aguento mais. Ainda mais porque do jeito que estamos eu sinto que se não fossem por todas essas obrigações nós poderíamos ser realmente um casal. - Ele se aproximou e colocou meu cabelo atrás da orelha. - Eu realmente te amo.

–Já conversamos sobre isso. Quando esse contrato acabar nós seremos livres e nunca mais nos veremos.

–Você realmente é ingênua a este ponto, Milena? Nós nunca seremos livres! Você nunca poderá fazer o que quiser da vida e nem estar com quem quiser. Estaremos presos a este contrato para sempre. - Parei para pensar. Ele tinha razão. - E se for pra ser assim, eu quero estar com você de verdade. - Ele se aproximou lentamente, como se me desse tempo para fugir.

Eu esperei para ver o que aconteceria. Nossos lábios se tocaram levemente no início e quando ele percebeu que eu não fugiria me puxou pela nuca e me beijou de verdade. O beijo foi intenso. Acho que depois de tanto tempo sem ninguém eu estava carente ou algo nele realmente me interessava. Quando estávamos sem ar ele se separou lentamente.

–Agora vá se arrumar antes que eu decida repentinamente não sair dessa casa. - Sorri e fui em direção ao banheiro.

***

Assim que estava pronta (http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=177035339) desci as escadas e me encontrei com Miguel que me olhou e sorriu. Saímos de casa e logo estávamos na porta da casa dor pais de Felipe. Toda a casa estava impecável como sempre. Linda nos recepcionou e me puxou para conversar tempo depois:

–Então querida, como você está? - Perguntou gentilmente.

–Eu estou bem… Foi um pouco complicado no começo, mas estou me adaptando. E vocês?

–Na verdade aquilo nos assustou um pouco. Foi um episódio marcante. Olha, querida, eu realmente gosto muito de você. Quase como uma filha, mas eu espero que tenha a consciência de que no momento está casada. E não é com meu filho. - Ela pareceu um pouco incomodada de ter que tocar no assunto.

–Não se preocupe, Linda. Felipe faz questão de não me ver há muitos meses. Nós não estamos juntos.

–Certo, mas por favor não leve para o lado pessoal. Eu só quero proteger ambos. - Disse ela pegando minha mão.

–Sem problemas, Linda. Eu entendo. - Disse e ela saiu para falar com um convidado que acabará de chegar. Procurei por Miguel e o encontrei com meus pais.

–Pai, Mãe, Como estão? - Disse formalmente. Desde meus casamento eu evitava ao máximo o contato com meus pais. Miguel foi compreensivo e se comunicava com eles na maioria das vezes.

–Bem, minha filha. Como vão os estudos? - É claro que para o meu pai não importa se estou bem.

–Na verdade, complicados e é por este motivo que precisamos ir para casa.

–Não podem ir ainda. Vocês têm que conversar com mais algumas pessoas.- Disse meu pai irritado. E na segunda-feira à tarde marcamos uma reunião com os Havonteccio. Estejam lá.

–Por que eu preciso ir? Eu não entendo nada de negócios ainda! - Perguntei a ele.

–Não é exatamente que negócios que conversaremos.

***

Estava com Miguel conversando com mais um casal que possuí algo que tem influência nas empresas quando ele entrou. Era quase como se um imã me obrigasse a olhar para ele. O terno azul escuro realçava ainda mais seus olhos e seu cabelo bagunçado passava uma expressão quase ingênua. Olhei para ele por vários segundos até que seu olhar encontrou com o meu e ele seguiu em minha direção. Quando ele estava quase chegando, Miguel virou e ele mudou de direção.

***

Me afastei de Miguel para ir ao banheiro e foi quando esbarrei em alguém. Era ele. Ainda mais perto, ainda mais bonito. Ele sorriu e meu mundo se iluminou novamente por um instante:

–Milena, que bom te ver novamente.

–Qual é o seu problema, Felipe? Você acaba com tudo o que a gente tinha, some por meses e depois chega com esse sorriso perfeito, esses olhos azuis e o “que bom te ver novamente” achando que eu vou sorrir e fingir que nada aconteceu? Eu sofri, e sofri muito! Você era a única coisa não programada que eu tinha na minha vida, a única pessoa que eu realmente gostei e você simplesmente me trocou e dormiu com outra por ciúme! Eu te amo, seu canalha! - Disse e saí andando de lá. Ok, a última frase eu não pretendia falar, simplesmente escapou, mas não deixava de ser verdade.

Depois desse encontro não necessário com Felipe eu fiquei mal. Fui até o banheiro e chorei. Não aguentava mais chorar por este motivo. Respirei fundo, passei água de leve no rosto e saí do banheiro. Dei de cara com Felipe apoiado na parede em frente a porta:

–Eu também te amo, princesa. - E me puxou pelo pescoço. Nossas bocas se uniram em um beijo indescritível. Como eu sentia falta daquele toque, daquele cheiro, dele.