Linda foi gentil como sempre e pareceu compreender a situação. Os pais de Felipe ficaram comigo por poucas horas e então nos deixaram sozinhos para conversarmos:

–E o que acontece agora?

– Eu me caso com Miguel e se tudo der certo em dois anos podemos ficar juntos.

–Tem que ter outro jeito.

–Não tem, Felipe. Acredite em mim.

***

Fui liberada do hospital no dia seguinte pela manhã. Cheguei em casa e minha mãe estava ao telefone. Gritando. Assim que me viu o desligou e veio ao meu encontro:

–Milena, que bom que você chegou. Eu sinto muito, mas seu pai me proibiu de te visitar no hospital. Como você está?

–COMO VOCÊ ACHA QUE EU ESTOU? EU PERDI MEU FILHO COM O HOMEM DA MINHA VIDA POR CULPA DE UM CONTRATO ESTÚPIDO QUE EU NUNCA ASSINEI.- Gritava tentando tirar todo aquele ódio de mim.

–Me desculpe, minha filha. Eu nunca quis que você passasse por isso.

–QUIS SIM. ANTES EU DO QUE VOCÊ, CERTO? - Ri sarcástica- Eu nasci pra sofrer no seu lugar.

–Isso é injusto, Milena.

–Eu concordo, é realmente injusto. - Disse já me encaminhando para o meu quarto.

***

As semanas seguintes passaram rapidamente. Mal podia acreditar que todo aquele drama já estava me consumindo há mais de um ano. Não comemorei meu aniversario. Ainda estava em luto pelo filho que tive durante poucas horas.

O dia de meu casamento chegou. Eu estava prestes a abraçar aquele contrato. Em dois anos eu poderia me separar de Miguel e seguir a minha vida em paz. Mal comi nas últimas semanas e dizia aos meus pais que era culpa do casamento. Noite passada eles me trancaram no quarto com medo de que eu fugisse. Eu tentei.

E eu estava ali. Pronta para entrar na igreja (http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=176340399) com o homem que eu amava bem longe de lá. Felipe foi proibido de me ver essa semana e eu estava desesperada por seu beijo, mas não era a sua boca que eu beijaria… Pelo menos até voltar da lua-de-mel. Nós conversamos no começo da semana antes de desligarem a minha internet… Foi bom saber que pelo menos ele continua do meu lado.

Eu entrei na igreja com todas aquelas pessoas que eu mal me lembrava de ter visto e aquilo me dava forças. Era apenas um contrato e em dois anos eu estaria livre para ser feliz. Tudo estava perfeito. A decoração, a comida, o espaço e a música estavam impecáveis. Não foi bem o casamento que eu sonhava quando era pequena, mas também, naquela época eu achava que poderia escolher com quem me casaria e ter o tão famoso “Felizes para Sempre”. Todos os convidados ficaram bastante satisfeitos com a comemoração.

Logo depois da festa entramos no avião rumo a frança. E mais uma coisa da minha vida não é como eu esperava. Eu estava na cidade mais romântica do mundo com alguém que eu não amava, mas a cidade continuava bela. Ficamos poucos dias, pois precisávamos fazer a minha mudança.

Depois de tudo ajeitado na casa a nossa vida como casal começou. Ele trabalhava, eu estudava, ele estava entrando no negócio da família e eu estava começando a entender o que era um negócio. Nos vamos poucas horas por dia, que eram suficientes para me aborrecer.

Depois de um mês casada eu finalmente pude me encontrar com Felipe. Assim que o vi, parado no meio de seu apartamento corri para seus braços e o abracei com força:

–Senti sua falta. - Ele retribuiu o abraço.

–Eu também, Milena. - Ele estava sério demais.

– O que houve? - Perguntei estranhando.

– Como foi de viagem?

–Bem… A cidade é linda.

–E a noite de núpcias? - Então era isso? Decidi fazer uma brincadeira.

–Incrível. - Ele me soltou e caminhou até o outro lado da sala em silêncio. Fui até ele e apoiei meu queixo em seu ombro.

–Tomei um ótimo vinho e peguei no sono lembrando de você. - Ele me olhou.

–Então você e ele… vocês não… - Balancei a cabeça em negativa.

–Felipe, quantas vezes eu tenho que falar que eu só quero você? - Ele sorriu. Veio até mim e me beijou.

Retribui o beijo e ele me levou até seu quarto para comemorarmos juntos a minha volta da viagem.

***

Ainda estávamos deitados e percebi que ele estava quieto demais. Eu estava deitada em seu peito em silêncio quando resolvi perguntar:

–O que aconteceu? Você está quieto demais.

–Antes de tudo saiba que eu te amo. - Comecei a me preocupar.

–Felipe, Me conte. - Disse ainda calma.

–Você vai me odiar pelo resto da minha vida, mas eu não vou conseguir viver com essa culpa. Ainda mais sabendo o que você me contou hoje.

–Felipe, me conte. - Eu estava ficando alterada.

–No dia do seu casamento eu estava mal. Comecei a beber as dez da manhã e não parei mais. Lá pelas nove da noite eu encontrei uma amiga na rua. Eu não estava lá muito consciente do que fazia. Eu achei que… Eu sei que… Talvez você… - Ele soltou um gemido de frustração e bateu na própria testa. - Me desculpe, princesa. - Me levantei e comecei a procurar minhas coisas.

–Eu não acredito que você fez isso comigo. - Meus olhos lacrimejaram.- E por ciúmes do meu marido.

–Exatamente, Milena, o SEU MARIDO. Eu não posso contra isso.

–Traição é uma coisa que eu não aceito, Felipe.

–E o que você estava fazendo aqui comigo enquanto seu marido te espera na sua casa? Todos cometemos erros. Eu me arrependo dos meus.

–Está dizendo que eu deveria me arrepender de te amar? A culpa não é minha se eu fui obrigada a casar.

–A culpa disso também não é minha, mas nós dois somos os que mais pagam por isso.

–Você quer terminar, Felipe? Por causa de ciúme?

–Não, eu quero terminar porque eu não posso ter você do jeito que eu quero. - Eu estava chorando e nem tinha percebido até agora.

–Se você quer assim eu não posso fazer nada. Só seja feliz, ok? Eu te amo e algum de nós dois tem que ser.

–Acredite ou não eu também te amo. - Lembrei de algo.

–Posso só te fazer uma pergunta? - Ele assentiu.- Quem era a amiga?

–Regina. - Por incrível que pareça eu consegui ficar aliviada por não ter sido Sophia. Apenas virei as costas e saí.