Assim que percebeu que eu tinha acordado ele levantou a cabeça e me olhou. Eu olhei para ele e dei um sorriso tímido. Ele apertou um botão ao meu lado e me deu um selinho. Uma enfermeira e um médico entraram no quarto:

–Boa tarde, senhorita Depuleto. Como se sente? - Perguntou o médico.

–Cansada e com sono. - Respondi.

–Não se preocupe, este é o resultado do remédio que te demos para dor. Eu tenho más notícias. - Respirei fundo e me preparei para o que viria a seguir. Assenti. - Eu sinto muito, mas você perdeu a criança. - O chão se abriu.

Eu me sentia caindo. Felipe me segurou em seus braços e a sala entrou em foco novamente. Como assim? Eu tinha experimentado apenas algumas horas do que era ter uma família e meu pai conseguiu tirar a minha felicidade.

***

Já era tarde e eu ainda não conseguia dormir. Felipe não saiu do meu lado nem por um segundo. Eu continuava a pensar o que aconteceria agora e se isso poderia de alguma forma mudar o meu futuro. Muito provavelmente não. Era apenas um erro que meu pai tinha tratado de consertar.

***

No dia seguinte acordei com cochichos e vi Felipe conversando com seus pais. O que será que eles pensariam quando soubessem da verdade? Eles me odiariam. Eu era apenas uma criança mimada e irresponsável e ele era o filho perfeito. Eu tinha estragado tudo.