POV Liza
* * *

Eu e Mel conversávamos como se fossemos amigas a anos, agora estávamos em uma confeitaria, enchendo o corpo de calorias, mas ao mesmo tempo, nos divertindo.

Estávamos falando tudo sobre nós, uma pra outra. Afinal, temos que nos conhecer e recuperar o tempo perdido. Agora, estávamos falando de nossos pais.

— Bom... mamãe é meio difícil. Ela é aquela típica perua, insensível, mesquinha e sem coração da vida. Mas no fundo, bem no fundo, ela tem um bom coração. — Ela suspira tristemente, e eu tento imaginar como é a minha mãe. Pelo jeito que ela a descreveu, é o oposto do meu pai. Como eles podem ter e apaixonado um dia?

— O papai é completamente diferente! Ele é carinhoso, meigo, bondoso, e com certeza o melhor pai de todos. Já a Mary, minha madrasta, é uma versão da sua mãe... quer dizer, nossa mãe, um pouco pior. — Digo terminando de tomar o meu capuccino.

— Meu deus... como é que eles foram se apaixonar? Se é que se apaixonaram, pode ter sido coisa de uma noite só. Afinal, a gente ainda tem que descobrir como fomos separadas. — Ela fala, e por um momento começo a cogitar a ideia.

— Sim, mas como...? Será que a gente fala pra eles? Porque com certeza eles sabem que somos gêmeas, ao contrário não teríamos os sobrenomes de ambos. — Franzo o cenho, em sinal de confusão.

— Eu não sei... Precisamos pensar em algo, mas não podemos contar pra eles, vamos agir por conta própria primeiro. Se eu ao menos tivesse alguma idei... JÁ SEI! — Ela praticamente grita, como se uma lâmpada tivesse se acesso em cima de sua cabeça. Ixi... lá vem coisa. — Você vai me chamar de louca, mas é uma ideia e tanto! E vamos concordar, está saindo da mente da minha pessoa, então é coisa boa. Eu pensei... na gente trocar de vidas! — Ela continua, se esquecendo de respirar.

— Primeiro, respira! Segundo, como é que é? Isso é impossível Melody! Isso aqui não é um filme, em que as protagonistas trocam de vidas não. Estamos na vida real, não vamos abusar da sorte. — Discordo, balançando a cabeça em negatividade. Essa garota é louca mesmo, se ela não fosse meu xerox, não acreditaria que fosse minha irmã.

— Ei, respira também. Olha, estamos em um beco sem saída, foi a única ideia que eu tive. E não é tão ruim assim, é só por um tempo, somente pra gente conhecer nossos pais, depois a gente destroca, e conta pra eles. Vai me dizer que você não sonha em conhecer sua mãe? E outra, eles merecem isso, afinal, foram eles que nos privaram 17 anos juntas. — Ela praticamente suplica, em um tom digamos... até convincente.

— Ok, digamos que eu concorde com essa loucura. Como vamos trocar de vidas? Como vamos enganar nossos amigos? Nossos pais? Sem contar, que somos o oposto uma da outra. A gente vai simplesmente se tranformar numa a outra? E como vamos saber tudo sobre a vida uma da outra? Melody, você não pensou nas consequências. — Falo tudo de uma vez só, esquecendo-me de respirar.

— Meu deus! Assim você me abafa. Calma, eu admito que não pensei nas consequências, e que fui impulsiva. Mas vamos aos fatos, a gente consegue. É só a gente falar tudo que uma precisa saber da outra, o nome de todos os parentes, de todos os amigos, e de todos os conhecidos. Um mapa da casa, e da escola. E é claro, tudo que naturalmente faz no dia. Pronto! Problemas resolvido, o resto, é só encenação. — Responde, como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

— Tá... em parte está ok. Mas e nossos cabelos? Melody, eu amo o meu cabelo liso. — Resmungo indignada.

— Então, princesa, está na hora de descer do salto, e cacheá-los. Porque eu irei alisar os meus. — Responde, novamente simplificando tudo.

— Era só o que me faltava.... e quanto tempo vamos ficar trocadas? — Pergunto, já temendo a resposta.

— Bem, eu pensei em ficarmos de 14 a 14 dias, ficamos 2 semanas trocadas, depois destrocamos e ficamos 2 semanas em nossas vidas. Depois, trocamos de novo. Pra evitar problemas. — Responde, mordendo mais um pedaço de seu donut.

— E você acha, que eu vou ficar alisando e cacheando meus lindos cabelos, toda hora? — Resmungo, mexendo em uma mecha de meu cabelo.

— Mas você é patricinha mesmo né! Trocamos os cabelos só nas primeiras 2 semanas, depois a gente volta o cabelo normal, e fala pra família que resolveu mudar o visual. — E novamente, ela resolve o problema. Ela tem resposta pra tudo?

— Ok, então... quando vamos fazer a primeira troca? — Pergunto, já me rendendo a esse “plano”.

— Amanhã, até lá a gente prepara tudo, vamos falando tudo que conseguirmos agora, depois, em casa fazemos mais algumas coisas. Acho bom, fazermos uma árvore genealógica, porque não vou lembrar nome de todo mundo. E é melhor, fazer uma dos amigos também, dos mais próximos, aos inimigos. E não se esqueça, mapa da casa e mapa da escola. Não quero me perder em sua provável mansão, e muito menos em sua escola. — Responde, e eu concordo com a cabeça. Er... hoje o dia será longo...

* * *

POV Melody

Já estávamos a um belo tempo conversando, ela me falou praticamente tudo sobre a vida dela, e agora chegou em um assunto interessante: Peter.

— Eu não acredito, que você é apaixonada pelo bad boy do colégio. — Falo entre risos, enquanto ela me encarava com uma cara de poucos amigos.

— Olha quem fala, a garota que namora um. — Rebate, e eu paro de ri imediatamente.

— O meu namoro com o Mike, é pra negócios. — Me defendo desviando o olhar.

— Ahh não acredito que vocês namoram a 3 anos, e não tem nenhum sentimento. Sei lá... nem se “gostam”? — Pergunta incrédula.

— Por que todos me perguntam isso? Eu namoro o Mike por diversão, ele é gato, tira notas boas, o que me assegura a passar de ano, é bom de cama, e consigo agradar a mamãe namorando ele. — Respondo meio indelicada, me concentrando em minhas unhas, que no momento estão pintadas de preto.

— Nossa, isso devia ser crime! Namorar alguém, sem senti nada. — Reclama ela balançando a cabeça discordando, meu deus... aquelas típicas menininhas românticas, que acreditam que um dia um príncipe irá chegar em um cavalo branco. Iludidas! Pra mim, essa palavra com “A”, não existe. Este casais que andam por aí, só são pessoas iludidas, que tentam ter um relacionamento, no mínimo parecido com os de filmes de romances.

O fato, é que eu faço parte da pequena porcentagem que é sóbrio, e sabe diferenciar a realidade da ficção, e é claro, nunca vai se apaixonar.

— Oi!! Terra chamando Melody! Hello!! — Exclama Liz, estalando os dedos na minha frente, fazendo-me despertar dos meus devaneios.

* * *

Ficamos a tarde toda conversando, e nem vimos o dia passar. Já era umas 18:00, e resolvemos ir pra nossas devidas casas. Nosso último dia em nossas vidas.

Chego em casa, já tampando os ouvidos quando vejo minha mãe. Mesmo assim ela fala:

— Onde estava? Já estava chamando o FBI, e o seu namoradinho, o bonitinho, está lá fora te esperando. — Lhe mostro o dedo do meio, e vou em direção a piscina, onde supostamente Mike estava.

Assim que chego, ele abre um sorriso de tirar o fôlego.

— Você não devia tratar sua mãe assim. — Me reprende, logo depois me puxando pra um beijo.

O Mike não é a pior pessoa do mundo, ele é o mais popular do colégio, mas não é mauricinho nem almofadinha. E também não é o mais burro da classe, pois tira ótimas notas, mas não o suficiente pra ser chamado de nerd.

Conheci ele no 1 ano, com certeza não seria minha primeira escolha de namorado. Mas de tanto Clhoe me empurrar pra ele, acabou que em uma festa do colégio ficamos, e aí vocês já sabem...

— Ela é uma imprestável, mas acho que vamos nos divertir mais lá em cima. — Falo maliciosamente, e o puxo pra dentro da casa.

Ele me pega no colo, e subimos entre risadas pra dentro do quarto. Acabo lembrando do que Liza disse, e bem... eu não posso afirmar que AMO o Mike, mas ele me faz bem, me faz ri, e é com certeza meu melhor amigo. Eu confio nele, posso contar com ele pra tudo, e claro que sentirei falta dele. Não preciso nem explicar o que fizemos o resto da noite né?