POV Liza

Depois daquele pequeno alvoroço, a diretora finalmente conseguiu nos colocar no ônibus. Me sentei ao lado de Mike, com Nina e Frank logo atrás, e Chloe sozinha na frente. Bem, até o professor Ben se sentar ao lado dela.

— Só eu que senti um clima entre eles? — Pergunta Mike sussurrando pra mim.

— Só foi perceber agora? — Pergunto fazendo-o revirar os olhos.

— Ei, parem de amor os dois, e vamos para coisas sérias. O que vamos fazer nesse acampamento? — Pergunta Nina se inclinando pra frente.

— Podemos fazer uma trilha, quando todos estiverem dormindo, vai ser muito foda. — Sugeri Frank também vindo para frente, e Mike concorda com a cabeça.

— Não sei não gente... Pode ser perigoso. — Falo meio hesitante.

— O que? Justo você achando perigoso? Esperava isso de Chloe não de você. — Comenta Mike, e eu me xingo mentalmente. É claro que Mel não sentiria medo de nada.

— Falaram meu nome? — Pergunta Chloe se virando para nós.

— Não.... Imagina... Pode voltar pro seu boy magia. — Responde Mike, a fazendo bufar e se virar de novo.

* * *

Já era noite, e a maioria estava dormindo ou mexendo no celular. Eu? Apenas observava o luar. Acabo sorrindo quando vejo que Chloe estava com a cabeça no ombro do professor, enquanto o mesmo lia um livro silenciosamente. Mike, estava roncando, com a boca aberta e uma pequena barba caindo. Ele parece um anjo dormindo. Já Nina e Frank estavam deitados de uma maneira estranha, mas pareciam confortáveis.

Não sabia ao certo como o resto estava, mas dava pra ver que a diretora assumiu o volante, já que vi o motorista dormindo em um canto. Como será que Mel está? Pensar nela me faz pensar se o que fizemos foi realmente certo. Será que devíamos ter feito isso tudo? Tecnicamente a ideia foi das duas, então se algo ter errado, levaremos a culpa juntas. E por que estou pensando nisso? Será que é porque estou começando a me apegar a essa vida e a essas pessoas? Será que é porque eu não esteja mais tão ansiosa pra voltar pra minha vida? É, talvez...

Mike se remexe ao meu lado, e abre os olhos me encarando. Lindos olhos azuis.

— Acordada a essa hora? — Pergunta sonolento. Sorrio e respondo:

— Insônia...

— Você nunca foi de ter insônias, sempre era a primeira a capotar. Mel, está tudo bem? Tenho notado algumas diferenças em você. — Observa, agora bem mais acordado.

— Estou ótima, como nunca estive. — Minto, sentindo uma pontada no coração. Por que me sinto tão mal ao mentir pra ele?

— Eu vou fingir que acredito, e você continua fingindo que está falando a verdade. — Fala me puxando para mais perto de si, e me aconchegando em seu peito. Mel nunca tinha me dito que ele era romântico, ou apenas ela que não percebeu...

Com o tempo, o sono foi me embalando.

Acordo com alguém me cutucando. Era Chloe.

— Já chegamos, você foi a última que sobrou no ônibus. Vem. — Fala me puxando para fora do veículo.

Acabamos saindo em um campo, o povo estava montando as barracas, e os responsáveis conversavam em um canto. Procuro Mike, e o avisto montando uma barraca e provavelmente é de casal. Já que iríamos dividir.

Chloe não parava de revirar sua “pequena” mala e parecia está frustrada.

— O que houve? Esqueceu algo? — Pergunto me acachando ao seu lado.

— Acho que esqueci minha barraca! — Responde bufando.

— Acho que Nina trouxe uma reserva...

— Não, ela vai dividir barraca com o Frank. E a barraca é de solteiro, não vai caber nem eles direito. E nem pense em pedir pra mim ir na sua, pois eu não vou ficar no meio de um casal. Tudo bem, eu me ajeito aqui em fora mesmo. — Me corta, falando tudo muito rápido.

— Tem certeza que vai ficar bem? — Pergunto para me certificar.

— Claro! — Responde sorrindo.

Professor Ben a chama, certamente para aquela “conversa”. Me viro e vou em direção a Mike. Com certeza Chloe me contará tudo depois.

— Precisa de ajuda? — Pergunto chegando ao seu lado. Sou recebida por um selinho rápido.

— É claro que não, eu sou ótimo em fazer barracas. — Fala, com a barraca desmoronando logo em em seguida. Abafo uma risada, e me ponho a ajuda-lo.

POV Mel

O resto do meu dia foi, compras, compras, compras. Com certeza minha mãe amaria saber que estou fazendo compras regularmente, mas eu não.

Já devia ser umas 17:00, e eu tinha acabado de comer um delicioso café da tarde, preparado por Mandy. Lori tinha ido embora, mas avisou que voltaria já que íamos em uma festa. Deixou até uma roupa separada pra mim usar.

Bem, mil vezes uma festa do que um shopping. Depois que termino de olhar minhas redes sociais, quer dizer, as da Liza. Vou para meu banho. Cantarolo algumas músicas baixinho, e logo termino. Saio, e já vou vestindo a tal roupa.

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O vestido obviamente apertava, e o salto claro, incomodava. Mas, não era tão ruim assim. Passo uma maquiagem leve, já que não sei muito me maquiar. E pego a minha bolsa, esperarei Lori na porta de casa.

Desço as escadas, e encontro papai lendo um livro. Vou até ele.

— Pai, estou indo em um festa com a Lori. Não sei quando volto.

— Tudo bem, querida. Mas, chegue antes das 2:00, e por favor tome juízo.

— Eu sou o juízo em pessoa! — Brinco, dando um beijo em seu rosto e saindo de casa.

Foi só sair de casa, que a imagem do reluzente carro de Lori aparece. Ela buzinou, e eu fui até ele. Dentro, tocava Demons do Imagine Dragons, o que me fez pensar em Mike imediatamente.

Me sento ao seu lado, e ela começa a dirigir, cantarolando a música. Torcia fortemente para que a música acabasse, e meu pedido foi atendido. Logo depois, começou a tocar Problem da Ariana Grande, minha música favorita atualmente.

— A festa vai ser aonde mesmo? — Pergunto curiosa.

— Na casa da Jennifer. — Responde, e eu arregalo os olhos.

— Oi? A megera? — Pergunto perplexa.

— Mantenha os amigos perto, os inimigos mais ainda. — Responde sorrindo diabolicamente.

* * *

Chegamos na festa rapidamente, a casa da megera era enorme. Tinha milhares de gente fora e dentro, não duvido que a escola inteira esteja aqui.

— Uau! Nossa popularidade com certeza irá mudar depois dessa festa. — Exclama Lori admirada com tudo. Eu? Estava com cara de tédio.

Lori acaba se afastando de mim, quando vê que Tyler estava sozinho. Ela não perde tempo, Chloe devia ter aulas com ela. Vou até o pequeno bar que tinha, e peço um refrigerante. Não me admira, que tivesse menores de idade bebendo bebidas alcoólicas.

Logo, o barman chega com minha coca-cola. Tomo calmamente, observando a movimentação. Sou surpreendida com Peter se sentando ao meu lado.

— Você aqui? Achei que odiasse a Jennifer. — Fala se sentando ao meu lado, pedindo um refrigerante também.

— Na verdade, só fiquei sabendo que era aqui, no caminho. Fui sequestrada pela minha melhor amiga. — Respondo o fazendo ri.

— Digamos, que somos dois então.

— Por que? Veio obrigado também? — Pergunto interessada.

— Tyler me arrastou, ele não queria vir, mas é namorado da Clare que é prima da Jennifer, então... — Responde dando de ombros, agora era minha vez de ri. Ele explicou a história, como se eu fosse uma criança de 5 anos.

Logo, começou a tocar California King Bed da Rihanna, alguns pessoas foram pra pista dançar. Incluindo, Tyler e Lori. De longe, ela me manda uma piscadela, como se dissesse “Eu consegui!”.

Começou a cantar a música baixinho, mas Peter ouve.

— Quer dançar? — Pergunta estendendo a mão. Acabando a pegando.

* * *

Depois que a música acabou, ficou um clima estranho entre nós. Mas, parece que ele não ligou. Fomos para os fundos, e estávamos sentados em um balanço.

— Katie gostou de ver você lá, ela não parou de ficar falando como foi aquele dia. Os médicos disseram que ela poderá ir pra casa amanhã. Creio que foi por sua causa. — Fala de repente, com sua costumeira voz rouca.

— Nossa, que bom. Fico feliz em saber que pude ajudar. Ela é uma criança muito especial.

Viro o meu rosto, e sorrio para ele. Recebendo com um sorriso de volta, estávamos muito próximos. Conseguia sentir sua respiração, e acabou acontecendo. Foi mágico. Sua língua travava uma briga sangrenta com a minha, nunca me imaginei o beijando, quer dizer, talvez sim. Mas, não era minha intenção. Nunca foi minha intenção. Isso está errado.

Me separo dele, e deixo o local correndo. Chamo um táxi, e entro nele sem nem ao menos olhar para trás. Isso não devia ter acontecido. Isso foi um erro.