– Benjamin e Gwendoline? O que fazem aqui?- Matthew não conseguiu evitar arregalar os olhos.
– Olha! Foi a maior frase que já ouvi você falar!- Gwen bate as mãos excitadamente.
Logo, Matt se recompôs e voltou a sua expressão de "odeia todo mundo".
– Bem, somos Elementares como você, suponho.- Ben logo toma a frente da conversa- Eu sou escolhido da Neve e Gwen é da Água. E você, é escolhido de quem?
Matt olhou nos olhos de Gwen e Ben e percebeu o que sua mãe dissera sobre as tonalidades de azul nos olhos dos Elementares da Neve serem diferentes dos Elementares da Água e do Ar. Os de Gwen, eram azuis destacantes, já o de Ben, era como se estivesse embaçado, mas não como um deficiente visual, era um azul meio acinzentado.
– Sou do...- Matt hesitou. Não seria muito irresponsável de sua parte falar que era escolhido do Psíquico entre mais de um século? Mas de qualquer jeito, todos iriam saber, aliás, na Academia precisaria treinar seus poderes- Sou do Psíquico.
Os olhos de Gwen se arregalaram e o espanto era evidente em sua face, mas tudo isso durou meros segundos, já a face de Ben, continuava a mesma, imóvel, como se estivesse petrificada.
– Mas...- Matt nunca pensara que Gwen poderia ficar sem palavras, mas dessa vez ela ficou- Mas... Psíquico...- ela pigarreou- O Lorde Psíquico não escolhe alguém há muito tempo. Tem certeza que é o que diz que é?
– Sim.
– Demonstre, então.- Ben disse.
Matt não era obrigado a fazer nada, nem conhecia aqueles dois. Mas ele também não queria ser conhecido por gostar de atenção- por conta de ser Elementar do Psíquico entre mais de um século-, coisa que odiava.
– Não treinei meus poderes, aliás, nunca os usei, somente uma vez que foi na ocasião onde os descobri.- ele olhou para os dois Elementares que o encarava- Pensem em algo, qualquer coisa.- ele olhou para Gwen- Começarei por você.
Ele encarou a garota Campbell. Se concentrou mais, porque não estava com a mão na cabeça dela como fizera com sua mãe. As vozes começaram a invadir sua cabeça, elas estavam longe, porém audível. Ele não conseguia entender ainda, mas com um pouco mais de concentração, conseguiu.
– Então?- Ben instigou- O que ela está pensando?
Matt se sentiu corar ao responder:
– Que ela acha o Jhon Black extremamente gato.
– Mas ele é mesmo! Ai meu Deus...- disse Gwen sonhadora se abanando com as mãos.
– Agora comigo.- Ben olhou nos olhos de Matt.
Matt se concentrou nele e rapidamente o pensamento de Ben o atingiu.
– "Estou sem pensamento criativo, então fique isso mesmo"- Matt sorriu de lado.
Gwen e Ben riram.
– Okay, Matt- Ben olhou para Matthew- posso te chamar assim?- Matt parou por um instante. "Eu não quero amigos", pensou, mas algo em seu peito, talvez carência, conduziu seu rosto a assentir- Ótimo! Enfim, nos desculpe por te fazer demonstrar é que Elementares de sua espécie são extremamente raros.
Matt assentiu e se voltou para a frente da Academia.
A entrada principal, possuia um arco de prata com uma tábua polida de madeira escrita "Academia Elementar" e uma grande cerca de prata, contornava os limites da academia. Logo após o arco, um jardim imenso conduzia a um prédio. Matt começou a andar, mas Gwen disse:

– Nos espere, Sr. Knight!

– É, cara. Parece até que tem medo de nós.- ele riu.
Matthew poderia simplesmente os ignorar e entrar sozinho na Academia, mas ele não queria. Sim, ele ainda estava com receio dos dois, principalmente de Benjamin por ele ser garoto e Matt se castigar mentalmente por não ser como ele, mas algo brotava em seu peito. Logo, viu que ele estava com medo de enfrentar a academia sozinho por não ser uma escola comum. Que mal poderia haver em fazer amigos? Então Matt fez uma coisa que nunca havia feito antes. Ele se juntou a pessoas.
Os três Elementares, entraram na Academia. Enquanto isso, Ben contava que ele e Gwen sempre souberam sobre suas indentidades e seus elementos, por conta das cores dos olhos, mas que só confirmaram isso depois dos quinze anos. Ambos possuiam, ou melhor, possuiram, pais Elementares.
– Enfim, desde que me entendo por gente, o tio C- era assim que Ben chamava o pai de Gwen, supostamente "C" era de "Campbell"- nos contou sobre o mundo Elementar. Sobre criaturas mágicas e os poderes. E você? Sempre soube que era um Elementar?
– Não. Por alguma razão- que Matt acabara de perceber que deveria perguntar a sua mãe-, minha mãe nunca me contou nada sobre isso. Só que meu pai, que era Elementar da Água, morreu em um acidente.
– De que tipo?- Gwen perguntou.
– Não sei, ela não me disse também.- outra coisa para perguntar a sua mãe.
– Sinto muito.- disse Ben.
Matt se lembrou do que Ben disse mais cedo, sobre não ter nenhum laço afetivo com seus pais mortos. Matthew era diferente, mesmo não tendo conhecido seu pai, sentia algo que não sabia explicar, por ele.
– Obrigado.
– Chegamos!- disse Gwen animadamente.
O prédio, onde seriam as aulas teóricas, era todo branco, com alguns desenhos dos elementos. Na parte principal, a da frente, havia desenhos representando todos os elementos e tudo parecia se encaixar em volta das portas duplas de metal que se centralizava. Matthew achou o que representava o Psíquico. O Psíquico era diferente dos outros elementos por não ser algo visível, o Ar também não era, mas tinha suas personificações. O desenho que seus olhos dourados encaravam, possuia um traço e linhas o cruzavam. Matt não entendeu o desenho. Mais alunos se juntaram a ele. Olhos azuis, cinzas, verdes, pretos, castanhos, roxos, laranjas, vermelhos. Tudo junto e misturado. Matt percebeu que era o único com olhos dourados. Havia em média, aproximadamente oitocentos alunos ou mais. Uma voz grossa cortou o ar:
– Bem- vindos alunos!- um homem de cabelos pretos e olhos negros, saiu das portas duplas, trajava uma blusa social e calças jeans claras, e tinha o corpo em forma, um sorriso estampava seu rosto- Hoje é o primeiro dia de mais um ano de aulas! Sou o diretor e me chamo Alexander Smith, é um prazer recebe- los! Suas atividades começam hoje mesmo, mas vou dar somente algumas instruções, bem poucas. Temos alguns supervisores espalhados pela escola, vocês perceberão eles porque vão estar usando uma faixa vermelha no braço. Outro aviso é que, para vocês não terem que se acostumarem a coisas diferentes, a Academia funciona como uma escola regular, ou seja, tem o intervalo, o lanche e as aulas duram uma hora cada e são cinco aulas por dia de segunda a sexta. Vocês podem desfrutar da biblioteca a vontade. A academia fica aberta durante os finais de semana, se alguém quiser vir treinar e fazer pesquisas, ou seja, a Academia Elementar está a sua disposição todos os dias até as dez horas da noite. Qualquer dúvida fale com os supervisores ou funcionários da Academia, por agora é isso. Boas aulas, jovens Elementares!
As pessoas aplaudiram e Matt teve certeza que o diretor Smith, o encarou antes de se retirar.
As pessoas entraram na Academia guiadas por supervisores para cada ano. As pessoas do primeiro ano, estudavam no primeiro andar, as do segundo ano, no segundo ano andar e as do terceiro ano, no terceiro andar, mas a academia tinha mais que três andares.
Assim que entrou na sala de aula, Matt começou a pensar "janela, janela, janela, janela" e por fim havia uma mesa vazia ao lado da janela e se sentou lá. Gwen e Ben se juntou a ele, Ben na frente e Gwen do lado de Ben. Os três conversavam, isso incluia até Matt, e ele estava gostando. Ter amigos parecia ser bom, ainda mais amigos que é da sua "espécie". Gwen reclamava sobre uma roupa dela que era horrível por conta do material ser horrível, enquanto Ben insistia que ninguém ligava para isso.
– Bom dia, alunos!- uma voz animada invadiu a sala- Sou o professor de vocês! Me chamo Richard Young e ensino a matéria Controle.- ele era alto e meio magrelo, alguns fios grisalhos e olhos com uma coloração leve de laranja.
Segundo o Sr. Young, a matéria Controle, diz respeito a, obviamente, controlar seus poderes e ensinava algumas técnicas para resultar em algo satisfatório. A Academia Elementar, não possuía muitas matérias, somente as aulas de Controle, Cura, Combate, Voo (para os Elementares do Ar) e Mergulho (para os Elementares de Água), somente essas, as matérias específicas, como Voo e Mergulho, são somente para os Elementares especificados e quando for aula delas, os alunos do Ar e da Água, têm permissão para se conduzirem para fora do prédio, para terem suas aulas práticas. Em consequência por ter poucas matérias, ás vezes, alguma matéria possuia duas aulas seguidas. Em Controle, o Sr Young fez os alunos a escreverem seus nomes com seu elemento, por exemplo, ele acendia um fósforo e um Elementar do Fogo teria que pegar a fonte do fogo e escrever seu nome em fogo. Alguns conseguiram, outros não.
– Agora você.-ele apontou para Matthew- Qual seu elemento?
Matthew pigarreou. Fazia tempo que não falava em público.
– Psíquico.
– Me desculpe, fale mais alto que não ouvi.
– Psíquico.- sua voz saiu firme.
Todos na sala o olharam. "Droga, droga, droga... atenção, odeio isso", pensou Matthew.
– Pode ter certeza disso, Sr. Young.- Ben se levantou- Ele provou a mim e Gwen antes de entrarmos na escola.
– Isso mesmo.- ela também se levantara.
– Bem... é algo bastante raro, mas o diretor Smith já havia alertado os professores sobre você.
"Uau... até o diretor sabia? Mas, como?", pensou Matt.
Em seguida, os três se sentaram.
– Já sabe usar a telecinese, meu jovem?- indagou o professor.
– Não. Descobri meus poderes recentemente.
– Entendo. Vamos ir ao próximo, então.- e com isso a sala voltou a seu ritmo normal, mas ele ainda ouvia vozes especulando sobre ele.
"Era só o que me faltava, todos falando sobre mim", então Matt olhou para fora da janela e deixou seus pensamentos fluirem.
Ele nem percebeu quando o sinal para o intervalo soou.
Ele não poderia ficar mais sozinho, porque Ben e Gwen estariam com ele. Ele gostava. Gostava de ter amigos. Os três se guiaram ao refeitório e se sentaram em uma mesa. Olhando em volta, podia perceber que todas as mesas estavam cheias.
– Com licença?- uma garota cutucou Matthew- Posso me sentar aqui?
Matt se virou para trás. Uma garota de cabelos castanho escuro e olhos verdes, o olhava com um sorriso de canto.
– Claro.- Matt disse.
Ela se sentou em frente a Matthew.
– Me chamo Elizabeth Miller, Elementar da Terra, prazer.
– Sou Benjamin Campbell,essa é minha prima Gwendoline e esse é nosso amigo Matthew Knight.- ele sorriu, mas não foi um sorriso normal, foi como se quisesse seduzir, e sim, ele estava fazendo seduzindo.
"Amigo", pensou Matt "Agora é oficial, eu tenho amigos". Parecia um pensamento bobo, e era, mas isso tudo era novo para Matt e ele só quis confirmar que Gwen e Ben eram seus amigos ao invés de criar ideias e expectativas em sua cabeça.
– Qual é o elemento de vocês?- a garota indagou, dando uma grande mordida em seu hambúrguer.
Ben se adiantou:
– Eu sou da Neve, Gwen da Água e Matt, bem, acho que já sabe, do Psíquico.- ele mais uma vez sorriu e Matt ficou impressionado em como seus dentes eram brancos.
– Psíquico, huh?- a garota encarou Matt- Espero que esteja preparado para ser uma celebridade, Sr. Psíquico.
– Eu não quero ser uma celebridade, eu odeio atenção e odeio o fato de todos estarem me olhando.- com isso, os quatro jovens na mesa olharam em volta e perceberam que a maioria dos alunos o olhavam.
– Liz!- um garoto gritou.
Elizabeth logo olhou.
– Ethan!- ela se levantou e abraçou um garoto que acabara de chegar.
O tal "Ethan", possuía cabelos pretos e seus olhos aparentemente eram pretos, mas se olhasse de perto, perceberiam que são roxos escuros.
– Venha se sentar com nós, Liz!- o garoto disse, sem olhar para os outros três ali presentes.
– Eu ia, mas não achei vocês, então acabei conhecendo esses três.- ela apontou para nós.
Depois de uma rápida apresentação- no qual o garoto confirmava que era escolhido do Elétrico-, Liz deixou a mesa e foi se encontrar com seja lá quem estava a esperando.
– Já vai tarde, queridinha.- Gwen sussurrou depois que Elizabeth se fora.
– O que foi, Gwen?- Ben perguntou.
– Essa garota...- ela disse- aposto que só veio aqui para saber da vida do Matt, por ele ser um escolhido do Psíquico.
– Você acha?- Matt perguntou.
– Claro! Eu tenho certeza. Aposto que ela fez um teatrinho com aquele "Ethan". - ela fez aspas com os dedos.
Então o sinal soou indicando o fim do recreio.
Os três seguiram para a sala e então Matt reparou que Elizabeth e Ethan eram de sua sala.
O professor já estava na sala. Ele era musculoso, careca e sério. Seus olhos eram azuis, da mesma tonalidade que a de Ben.
– Olá a todos. Sou o professor Robert Anderson e dou aula de Combate. As duas últimas aulas serão comigo, então se levantem que vou guiá- los até a arena.
Todos imediatamente se levantaram, o professor Robert tinha aquela voz autoritária que ninguém ousaria questionar.
Ele guiou todos os alunos para fora do prédio até uma arena a céu aberto. Possuia arquibancadas e todos se sentaram nela. Depois de uma leve introdução a como seria a aula de Combate, o que basicamente se resumiria a pancadaria, o professor "tranquilizou" os alunos dizendo que médicos estariam dispostos nas aulas.
A aula foi normal, os alunos fizeram duplas do mesmo sexo e tentaram usar os poderes. Ben explicou a Matt que é capaz de usar seu poder da Neve, simplesmente a "invocando" do ar, segundo ele, havia neve no ar, mas nem todos conseguiam ver ou perceber, daí ele simplesmente juntava algumas moléculas e criava a neve.
– Então, se entendi bem, você junta algumas moléculas presentes no ar, moléculas que existem na neve, e as juntam?
– Sim. Ninguém dos humanos sabem sobre essas moléculas, bem, não sabem tudo sobre elas. Enfim, em todo lugar há neve, ou pelo menos, o que precisamos para criar ela.
Matt sorriu. Ele não fez nada, basicamente. Tentou usar telecinese para levantar uma pedrinha, mas falhou. "Treino em casa", pensou ele. Ninguém estava fazendo nada mesmo.
Um barulho chamou a atenção de Matthew e Ben. Era Elizabeth. Ela estava juntando pedrinhas e fazendo uma pedra maior com elas e, por fim, jogando a pedra grande no chão, fazendo- a quebrar, e juntando tudo novamente.
Quando acabou as aulas, Matt, Gwen e Ben foram embora juntos, aliás, eles moravam um em frente ao outro.
Em frente ao grande "K", Matt parou quando Ben o chamou:
– Quer vir aqui em casa? O tio C não está agora e poderíamos fazer algo, quem sabe.
Matt hesitou. Nunca fora convidado a casa de alguém.
– Posso avisar minha mãe primeiro?
– Claro, te esperamos aqui.
Matt assentiu e entrou em casa. Sua mãe levantou uma sobrancelha quando Matt disse que alguém o convidara a ir visitar a casa, por fim, ela deixou contanto que voltasse antes das dez horas.
Matt estava feliz, aliás nunca fora convidado a casa de alguém. Talvez ele estaria indo rápido demais com as amizades, mas logo esse pensamento foi embora, aliás, que perigo haveria em ir visitar amigos?