Desejo Duplo escrita por MegumiChan


Capítulo 18
Adeus


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem, de verdade. Eu passei por muita coisa, mas não é resposta pra eu ter faltado com minha palavra.
Mas como eu disse, nunca deixo história incompleta!

Obrigada por não desistirem de mim e por apoiarem ♥



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— Um demônio? – Edel perguntou.

— Isso mesmo – Respondi de cabeça baixa.

— Isso explica muita coisa. Sempre achei o Lupus estranho. – Azin disse com um sorrisinho irônico.

— Olha só quem fala. – Dio o provocou.

— E você então, senhor Asmodiano! Você não é praticamente um demônio?

— Para sua informação, queridinho, existe uma grande diferença entre Demônios e Asmodianos! – Rey entrou na discussão - Nós, Asmodianos, somos criaturas como vocês, só que BEM MAIS fortes! Os Demônios são as criaturas mais perigosas que existem. São criadas para não confiarem em ninguém. Eles fazem a mesma coisa durante a vida toda deles... Caçar recompensas.

— Se me lembro bem, ele conhecia Cazeaje, e ela a ele, isso não é estranho? Já imaginou se ele está trabalhando pra ela e estava tentando matar a Lin? – Dio continuou.

— Foi isso que mais me assustou... – Respondi. - Tive exatamente o mesmo raciocínio que vocês.

Holy foi até mim e me abraçou.

— Você ficou realmente chateada não é, Lin? – Todos me olhavam, esperando que eu respondesse. Porém, não disse uma palavra. – Lin?

— Desculpe. – respondi levantando- Mas agora já está tudo bem. Ele não vai mais nos preocupar por um bom tempo.

                Nesse momento a porta se abre. Todos mudam as expressões, que antes eram de preocupação, agora eram de ódio e raiva. Me virei para olhar, Lupus estava na porta. Seu rosto não demonstrava emoções. Edel se levantou num estrondo e, um segundo depois, estava com a espada no pescoço de Lupus.

— Você ainda tem a coragem de mostrar sua cara aqui? – ela disse sem soltar a arma.

— Prometi pra Lin que ajudaria vocês e iria embora em seguida. – Ele respondeu ainda sério.

— Isso é verdade?- Todos me olharam e assenti com a cabeça.

— Existe um portal lá onde eu vivo que....

— Vai nos levar pro inferno? – Rey o interrompeu num tom raivoso.

— Submundo. E esse portal tem o poder de ir para qualquer lugar de Ernas, ou vice e versa. Vamos usá-lo para chamar os outros. Mas temos que ser rápidos, pois o portal vai ser como um sinalizador e o inimigo descobrirá onde estamos.

— E desde quando isso é um bom plano? – Azin começou a questioná-lo com seu jeito malicioso de sempre. – Isso só vai nos matar. Mas acho que era isso o que você sempre quis não é?

— O plano é meu. – Respondi irritada. Todos agora me olhavam, aproveitei para explicar tudo. – O portal nos dará tempo. O tempo que perderíamos se fossemos atrás de todos. O tempo que não temos. Alem de que a viajem entre os portais diminui ainda mais esse tempo, então já teríamos perdido. Alem de que eu fiz uma promessa à Edel e quero estar viva para cumpri-la.

— Mas, Lin... – Azin começou a falar enquanto segurava meu ombro, mas eu o afastei, morrendo de raiva,

— SEM MAS! É ISSO E PONTO! – Levantei-me e olhei para o Lupus, ele se levantou também já sabendo o que lhe ia pedir. – Vamos.

                Todos se reuniram na frente da igreja. Lupus estava na nossa frente sendo encarado por todos nós. Eu estava arrasada. Aquilo havia me ferido muito.

                Lupus arregaçou a manga do braço que eu havia visto brilhar, e com um estranho movimento, estava novamente parecendo uma lanterna soltando faíscas. Foi quando um portal surgiu. Não era um portal como os outros, era negro com um pouco de vermelho, parecia sangue. Recuamos todos, menos Lupus, ele estava petrificado em frente àquele redemoinho sombrio. Estava nervoso. Mas ele finalmente se virou pra mim e disse:

— É só pular.

                Não esperei os outros falarem nada, iam me parar. Apenas fechei os punhos e me lancei lá dentro.

                Estava escuro, e frio. Muito frio. Como se tivesse voltado para dentro da minha cabeça. De repente, algo apareceu. Não tinha uma forma exata, mas parecia um menino. O menino do meu sonho. Ele me olhou e vi lagrimas em seu rosto, apesar de que sorria. Seus olhos estavam cobertos. Ele começou a correr até mim e me abraçou. Senti um choque, um calor. Quando abri os olhos estava caída. Olhei em volta e quase tive um ataque cardíaco. Estava na beira de um precipício que parecia não ter fim, numa “cidade flutuante” elevada por correntes, com construções destruídas e abandonadas e, ao topo de tudo, o portal. Maior do que tudo que já vi na vida, pairava sobre o reino dos mortos.

— Temos que ser rápidos. – Lupus estava em pé ao meu lado, mas não me olhava.  Esse lugar vai acabar com sua energia em menos de um dia. Não o respondo.

                Todos já estavam conosco e olhavam o lugar com a mesma expressão de medo e angustia que eu estava sentindo.

— Esse lugar tá bem caidinho ein. – Rey disse sarcástica, mas ninguém riu. Todos tinham muito medo para rir.

— Vamos logo. – Falei enquanto me dirigia àquele monstruoso ponto de luz.

                Lá em cima era ainda mais frio, e possuía muita energia negativa, em muitos momentos quase tive uma recaída. Em frente ao portal, Lupus explicou os termos para a mágica que estava prestes a fazer. Então, como havia explicado, demos nossas mãos e concentramos nossas energias. Comecei a pensar nos rostos de todos e o poder ficou mais forte. Quando abri meus olhos o portal estava brilhando e se movendo.

— Deu certo? – Holy perguntou incerta com suas mãos tremendo.

— Sim. – Lupus estava suando. – Agora temos que esperar.

                Uma ponta de exaustão bateu em todos e caímos no chão. Aquilo foi muito pesado para nós. Lupus ainda estava de pé e olhava para mim com receio, mas finalmente abriu a boca.

— Tem um lugar aqui perto que dá para descansar e é muito seguro. Se algo acontecer dá pra ficar escondido lá.

— Ótimo. – Respondi seca. – Você vai nos levar lá e... – Respirei fundo e contive as lagrimas com força. – Depois vai embora.

                O silêncio tomou conta do ar, Se prestasse atenção eu poderia ouvir meus batimentos cardíacos. Levantei meus olhos para olhar Lupus. Sua expressão me fez querer morrer, pois seus olhos estavam demonstrando tristeza e dor. Tentei desviar meu olhar,  mas era quase impossível. Com o canto do olho vi que ele começou a mover seus lábios.

— Certo. – Foi a única coisa que ele me disse.

                Chegamos no lugar. Era uma cabana, muito velha, mas ainda assim estava intacta. Não chamava atenção e era bem escondida. Dava para ver claramente o portal e conseguiríamos ver quando alguém chegasse. Acomodamos-nos pela casa que era extremamente sombria. Havia uma porta escondida no chão que levava para um túnel, como uma saída de emergência.

                Logo vi Edel parada em frente a uma porta.

— O que está fazendo? – Perguntei me posicionando ao seu lado.

— Esta é a única porta trancada. Estou imaginando o que tem atrás dela.

                Ficamos a encarando por um bom tempo, até que finalmente nos sentamos com os outros.

— Finalmente um pouco de sossego! – Azin comentou se jogando no sofá.

— Meu corpo já nem me obedece direito. – Holy disse já praticamente morta no tapete.

                Olhei para Dio e Rey que já estavam dormindo. Era uma cena muito linda. Rey estava encostada no ombro de Dio e ambos estavam de mãos dadas. Não pude conter um sorriso.

                Voltei à realidade quando ouvi a porta de entrada se abrindo. Lupus estava saindo. Apesar de tudo fui até ele. Ainda possuía perguntas mal respondidas.

— Lupus. – disse saindo pela porta. – Antes de ir quero te perguntar algumas coisas. – Ele se virou sério. Parecia querer esconder seus sentimentos, como sempre fez. – Não me disse ainda o que ouve com seu braço.

— Continua fazendo perguntas? – Ele disse sorrindo – Foi numa missão em que tive que matar um dragão. Não consegui matá-lo e por conseqüência perdi meu braço. Uso essa prótese que é como uma arma e também uma chave para vir até aqui. Foi meu único fracasso e tenho essa marca que nunca vai me fazer esquecer disso.

                Fiquei em silêncio imaginando, quando de repente a lembrança dele morrendo no bosque me voltou à mente. Ele queria me proteger? Realmente? Balancei minha cabeça tentando fazer a visão ir embora.

— E esta casa? Como a achou?

— Eu morava aqui. Há muito tempo. – Ele abaixou a cabeça. – Com meu pai...

                O pai dele o deixou. Por isso esse lugar é triste. A amargura, a decepção e o ódio pairam sobre essa casa, e sobre todo este lugar. Não tinha palavras para dizer. Não tinha o que falar. Apenas novamente um silêncio desconfortante.

                Eu olhei para ele. Tentei não chorar. Tentei ser forte. Tentei sustentar o olhar. Mas a dor só aumentou. Fiquei de costas pra ele finalmente, fechando os punhos, disse com todas as minhas forças com lágrimas saindo pelos meus olhos.

— Vá embora.


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